Caminho de Santiago

Irei inserir nos próximos posts algumas lendas e histórias do Caminho Português de Santiago.

Aproveitem!

São Pedro de Rates é a maior freguesia do conselho de Póvoa de Varzim. Desconhece-se a sua origem no tempo, embora a maior parte dos estudiosos afirme como anterior à ocupação romana ou, pelo menos, do tempo desta (o que o termo "ratis" parece comprovar). Possui hoje cerca de 2.500 habitantes.
A título de curiosidade histórica brasileira, o primeiro a receber a Comenda da Ordem Cristo foi Tomé de Sousa, primeiro governador-geral do Brasil que nasceu em Rates.
Do passado histórico de São Pedro de Rates restam marcas assinaláveis: a Igreja Românica (século XI-XIII), monumento nacional e exemplar muito estudado do românico português; o Pelourinho, também monumento nacional, símbolo da antiga autonomia administrativa de Rates; a antiga Câmara (século XVIII), edifício de excepcional beleza arquitetônica; um conjunto de quatro capelas, construídas ao longo dos séculos XVII e XVIII, sendo de salientar, pela sua imponente arquitetura barroca, a do Senhor da Praça, situada no centro cívico do povoado e parte principal de um bem conservado centro histórico que se prolonga por toda a Rua Direita, onde tinham residência a fidalguia e a burguesia locais.
A Igreja de São Pedro de Rates é um dos mais importantes mosteiros beneditinos clunicenses e está ligado à lenda de São Pedro de Rates, mítico primeiro bispo de Braga, primaz das Espanhas.

Conta-se que até 1552 a igreja de São Pedro guardava o corpo de São Pedro de Rates antes de ter sido transferido para a Sé de Braga. São Pedro de Rates teria sido um bispo ordenado por Santiago Matamoros e decapitado quando celebrava uma missa. Um eremita chamado Félix deu sepultura ao corpo mutilado e decomposto do bispo.
Rates era um ponto de passagem de uma via romana, e aqui começa efetivamente uma das trilhas dos Caminhos de Santiago em Portugal. No livro "As Mais Belas Vilas e Aldeias de Portugal", é descrita como uma das mais formosas povoações portuguesas.
É nesta vila que está sediado o Albergue de Peregrinos de São Pedro de Rates, o primeiro albergue de peregrinos do Caminho Português de Santiago a abrir em Portugal. Por todos estes motivos é parada obrigatória de todo peregrino que percorre o Caminho Português.

De São Pedro de Rates a Barcelos são cerca de 16,5 km. com muitos trechos urbanos à margem de rodovias sem acostamento com poucas elevações a serem vencidas: Alto da mulher morta, Pedra Furada e Senhora da Guia. Nada assutador.
O ponto mais alto do trecho é a Senhora da Guia com cerca de 160 metros acima do nivel do mar. Depois a trecho é só descida até Barcelos.
Há algumas vilas ao longo do trecho como: Ferrado, Pedra Furada, Pereira, Pedrêgo, Carvalhal e Barcelinhos. Barcelos possui um albergue (em Tamel/Portela – uns 10 km. saindo de Barcelos) e também alguns hostais que atendem perfeitamente ao peregrino. Farta alimentação e boa receptividade. Coisa peculiar em Portugal, principalmente com brasileiros. Na entrada da cidade depois de passar por Barcelinhos há uma linda ponte gótica.

A cidade de Barcelos é conhecida pelas suas cerâmicas artesanais, especialmente pelo Galo de Barcelos – um colorido galo considerado um ícone nacional e muitas vezes usado como símbolo de Portugal. A cidade medieval fortificada estende-se numa colina acima do rio Cavado, e as suas ruas encantadoras são ladeadas por casas barrocas. A cidade tomou força e vigor no século XII, uma vez que a vila foi oferecida pelo rei D. Dinis ao primeiro Conde de Barcelos em 1298.

O galo em si é uma história a parte em muito parecida com a lenda de Santo Domingo de la Calzada, no Caminho Francês.
Segundo a lenda, foi cometido um crime em Barcelos e os habitantes locais estavam receosos, pois o culpado ainda não tinha sido descoberto. Um dia, um peregrino galego chegou à cidade e, como era um desconhecido, tornou-se um suspeito. As autoridades decidiram prendê-lo, apesar deste reclamar a sua inocência. Ninguém acreditou que este estranho estaria a caminho de Santiago de Compostela.
O peregrino foi condenado à morte por enforcamento, mas antes da sua execução, o galego pediu para ver o juiz que o havia condenado. Quando chegou à casa do juiz, este estava num banquete com os seus amigos.

O peregrino declarou novamente a sua inocência e, perante a descrença de todos os presentes, ele apontou para o galo assado que se encontrava em cima da mesa e disse: “Se eu for inocente, este galo irá cantar três vezes.”
O que parecia impossível tornou-se, porém, realidade! Quando o peregrino estava prestes a ser enforcado, o galo ergueu-se e cantou três vezes. O juiz ficou tão assombrado por este milagre que libertou o peregrino. Alguns anos depois, o peregrino regressou a Barcelos e fez erguer um monumento em louvor à Virgem Maria e a São Tiago.
Desde então, os coloridos galos de cerâmica têm sido vendidos por todo o país como símbolo de boa sorte.

Para ser visto há a Igreja de Nossa Senhora do Terço, o Centro de Artesanato de Barcelos e as ruínas do Paço dos Duques de Bragança, datado do século XV, que foram convertidas num museu arqueológico ao ar livre. Este local também exibe um cruzeiro que descreve a história do Galo de Barcelos.

Muitos brasileiros optam em começar a caminhar a partir de Barcelos, (para fugir dos trechos urbanos) chegando na localidade de ônibus ou trem.

De Barcelos a Ponte de Lima serão 33,6 km. a serem vencidos. Destes mais 10 km.são feitos ainda em trechos muito urbanos, mas sem risco de se perder pois a sinalização é excelente. Mas dois pontos de referência são importantes, o contorno de um estádio de futebol que fica sempre a esquerda do peregrino e a travessia obrigatória da linha férrea. Pouco depois á direita fica o albergue de Portela já numa subida. Uns 2 ou 3 km. depois fica a ponte da tábuas (medieval) sobre o rio Neiva que dá até vontade de tomar um banho pois há uma praia pequena e a água é cristalina.
Em seguida o caminho passa por Balugães, uma pequena vila onde há uma igreja românica tardia, que fica na saída de um bosque após atravessar a rodovia.
Caminhando entre terra cultivadas, vai ser fácil identificar a casa de Fernanda e Jacinto, que recebem e acolhem peregrinos. Para aqueles que não querem ir até Ponte de Lima e acham que 21 km. de caminhada já está de bom tamanho para uma etapa pode ser uma boa oportunidade.
Mais adiante em ritmo de subida há uma igreja em Vitorino e passa-se por Portela e Albergaria. Caminhando depois entre vinhedos, há uma no meio dos campos cultivados, e novamente o Caminho começa a ficar mais urbano, onde há uma indicação com uma vieira de que Ponte de Lima fica a 1 km. e logo adiante o peregrino atravessa uma pequena ponte sobre o rio Trovela para depois divisar o majestoso rio Lima e sua moderna ponte. A direita antes de chegar a avenida dos Plátanos fica o Albergue da Juventude e seguindo margeando o rio Lima e atravessando a ponte medieval fica o albergue de peregrinos junto a uma magnífica igreja. O conjunto igreja-ponte medieval é um cartão postal. Ponte de Lima tem excelentes restaurantes, e ficar admirando o tempo passar na beira do rio é um programa imperdível. Recomendo dois restaurantes: A Cavalheira e a A Encanada, e para não correr riscos pode pedir um bacalhau e vinho verde da Adega de Ponte da Barca.

Ponte de Lima com cerca de 2 800 habitantes é caracterizada pela sua arquitetura medieval é a vila mais antiga de Portugal, tendo recebido o foro por Dona Teresa em 04/03/1125. Até então chamava-se Terra de Ponte.
No século XIV, D. Pedro I, atendendo à posição estratégica de Ponte de Lima, mandou construir muros, que resultou no desenvolvimento de um burgo medieval cercado de muralhas com nove torres, das quais ainda restam duas, vários vestígios das restantes e de toda a estrutura defensiva de então, fazendo-se o acesso à vila através de seis portas.
A ponte, que deu nome a cidade era a única passagem segura do Rio Lima, em toda a sua extensão, até aos finais da Idade Média. A primitiva foi construída pelos romanos, da qual ainda restam vestígios na margem direita do Lima, sendo a medieval um marco notável da arquitetura. Diversos livros descrevem a passagem por ela de milhares de peregrinos que peregrinavam a Santiago de Compostela e que ainda nos dias de hoje a transpõem com a mesma finalidade.

Rubiães - Sem querer assustar, mas assustando, esta é a etapa mais dura do Caminho Português, mesmo com uma etapa não muito longa de 22 km. até Rubiães. Mas tem um lado positivo. A natureza é plena. Todas as calorias providas pelo vinho e o bacalhau da noite anterior vão ser desgastados no transcorrer deste dia.
A saída se dá pela ponte gótica-romana e passando pela porta da igreja de Santo Antonio da Torre Velha rumo a Arcozelo, onde invariavelmente há um trecho bastante enlameado entre vastos parreirais.

Há que se atravessar uma ponte improvisada sobre o rio Labruja.

Mais adiante há a de Ponte Arco de Geira. Não muito distante à esquerda do Caminho temos um simpático Pesque e Pague com uma agradável e convidativa lanchonete. Um luxo pois no Caminho Português, isso não é muito comum.


Depois da Ponte do Arco, junto a capela de N. S. Neves há um bar onde o peregrino poderá adquirir alguns suprimentos e água, e um pouco mais a frente temos a Fonte das 3 bicas. Até aqui o peregrino terá caminhado cerca de 8,5 km e logo adiante começa a subida na direção da travessia da serra de Labruja. Serão quase 4 km. de subida muito forte com pedras soltas que exigirá um esforço acentuado do peregrino. Se a subida foi forte a descida não é menos íngrime, forçando bastante os joelhos do peregrino.

A Cruz dos (mortos) Franceses do lado esquerdo da trilha quase no topo da serra assinala o local onde a população local emboscou os retardatários franceses, na invasão de 1809. Logo a seguir está o ponto culminante do Caminho Português com 436 metros de altitude que é Portela Grande, onde há uma bica improvisada e onde está á Casa do Guarda Florestal que oferece uma vista deslumbrante daquilo que o peregrino já andou e o quanto que terá que andar.

Há também a Ponte de aqualonga (romana), e já chegando em Rubiães vemos uma construção de padrão mais moderno que é a Pensão São Roque (repouso do peregrino), uma opção para o peregrino que não quer ficar no albergue. Mais uns 15 minutos chega-se a São Pedro de Rubiães. O albergue bem equipado com 17 beliches dispõe de cozinha, sala de leitura, etc. Mas é melhor andar uns 500 metros à frente e jantar em um dos restaurantes que tem na localidade, pois os peregrinos deixaram os apetrechos da cozinha completamente enferrujados. O atual hospitaleiro é uma simpatia, e normalmente vê a chegada dos peregrinos pois é lavrador cujas terras ficam à magem do Caminho.

A atual igreja de Rubiães é bem moderna - do seculo XVII - reconstruída, mas há registro que a igreja original é de 1257, sendo monumento nacional desde 1913. Além da igreja pouco há para se desfrutar da localidade, que é um povoado voltado essecilamente à agricultura.

Serão 17,8 km. De Rubiães até Valença do Minho em Portugal e mais 3 ou 4 km. até o albergue de Tuí na Espanha. A saída do albergue é pela margem da estrada e a cerca de poucos metros você poderá tomar seu café num modesto bar que se encontra à margem do Caminho logo após cruzar a Ponte Nova de Rubiães. Pode também comprar alguns suprimentos básicos para o lanche no mesmo local.

Depois de atravessar o Rio Coura o ritmo será de subida não muito forte até São Bento onde há um bar, e ainda em terreno montanhoso passamos pelas ruínas da capela de Nossa Senhora da Guia em Gontomil, e já em descida teremos Fontoura e logo a seguir, já em nível plano a travessia do rio Pedreira por uma ponte romana. Até aí já terão sido vencidos cerca de 11 km. entre campos de cultivo.
Outro fato interessante é que ao lado da igreja Fontoura há um fantástico museu de acordeons. Procure por Carlos Pedrosa, e se ele estiver de bom humor é bem provável que ele toque uma canção para você

Em Pereira, uma casa em ruinas do lado esquerdo há uma imagem de madeira do Nosso Senhor dos Caminhos.
Logo a seguir está Tuido onde também há um bar onde o peregrino poderá fazer uma parada para abastecimento, logo a seguir estarão as primeiras casas já em Valença. Ao cruzar o viaduto da linha férrea, o peregrino encontrará um centro de cidade moderno. Após o contorno de uma rotatória ajardinada, será avistada a grande muralha da fortaleza que foca no alto de um morro. O albergue está bem ao lado dos Bombeiros Voluntários, aos pés da fortaleza de Valença. Difícil a escolha de pernoite, pois tanto Valença como Tui são cidades grandes que oferecem todo o tipo de serviço para o peregrino. Também há muito para se ver em ambas cidades.

Valença, com cerca de 14 mil habitantes, tem como principal monumento a fortificação datada (praça forte) dos séculos XII e XI que foi restaurada. A magnífica construção domina o visual do alto da colina. Dela consta como estrutura militar 3 grandes baluartes (Santana, São Jerônimo e Santa Bárbara), 2 meio-baluartes, fossos e relevos em talude, Revelins e mais outros sete baluartes (Carmo, Faro, Esperança, Lapa, São Francisco, São João e Socorro).

Há acomodações para todos os gostos desde o albergue inaugurado em 2005 até hotéis de categoria turística.

Seguindo pela lateral da muralha do forte em descida o peregrino depara com a ponte de ferro sobre o rio Minho que separa Portugal da Espanha. Para os que tem vertigem, o rio pode ser atravessado de barco no cais do Arinho até Lavacuncas. Hora de ajustar o relógio, e se despedir de Portugal, já que na Espanha há diferença de menos uma hora em relação a Portugal. Já do outro lado do Minho o peregrino pode contemplar a vista maravilhosa onde se despede de Portugal. A entrada em Tuí pelo casco Antigo é toda em subida até chegar ao albergue que possui 40 leitos em boas instalações restauradas onde antes era a casa reitoral situada na zona monumental de Tuí, entre a Capela da Misericórdia e a Igreja barroca de San Telmo. Da mesma forma que Valença, Tui (os romanos a batizaram como Tude) oferece todos serviços ao peregrino e há muito a ser visto na cidade, como por exemplo dois museus, um dedicado à arqueologia e à arte sacra, e o outro é o museu diocesano. Tem aproximadamente 17 mil habitantes e já foi Sé do antigo reino da Galécia, e foi capital de uma das sete províncias da Galicia. A visita a catedral de Tui, românica em sua excelência é um programa imperdível.

De Tuí a O Porriño é uma etapa curta e a explicação vai adiante. Aquela que seria quase um passeio pela curta distância a ser vencida é extremamente desgastante.

A título de informação, afirmam os puristas que o marco zero do Camimho Português já na Espanha é extamente o embarcadero de lavacuncas, também conhecido como Puerto de la fábrica, que era a entrada original e primitiva dos peregrinos em Tui.

A travessia da cidade não é problema, já que saindo do albergue o peregrino sempre encontrará as setas amarelas ou outros símbolos jacobeus o orientando.
Antes de abandonar a cidade o peregrino rumam sempre na direção norte pelo convento das clarissas enclausuradas e pelos conventos de São Domingo e o de São Bartolomeu, onde poderá ter-se uma bela visão panorâmica do vale do Rio Minho.
Já nos arredores da cidade vemos à nossa direita a Ponte do Veiga, uma bela ponte medieval romana, mas o Caminho segue para a esquerda, chegando logo adiante ao cruzamento da linha férrea onde mais após um pequeno bosque alcança-se a capela da Virxen do Camiño. Após transpor o cruzamento dos sete caminhos, deparamos com um lugar mítico, a ponte das febres (ponte de São Telmo), lugar onde este faleceu quando se dirigia peregrinando à Santiago de Compostela. Ali há um cruzeiro e uma placa com a seguinte inscrição:
Caminante: aquí enfermó de muerte San Telmo, en abril de 1246. Pídele que hable con Dios en favor tuyo".
São Telmo é o patrono de Tuí e também da cidade de Fromista (no caminho francês). A seguir chegamos em A Madalena após transpor uma região de bosques. E depois da igreja de Santa Columba passamos pela ponte também medieval de Orbenlle sobre o rio Louro, e entramos em ritmo de subida pequena mas forte no antigo paso de inverno onde há um local para descanso, para já na descida ingressar na travessia de 3 ou 4 km. do polígono industrial de Las Gándaras de Budiño (ou polígono de Porriño).

Este é um trecho sem nenhuma sombra, com muitos caminhões, muita fumaça, muito barulho..... e não há outra alternativa.
Aqui a paciência, e a tolerância peregrina vão ser testadas ao limite.
Ao final de quase uma hora de caminhada nesta reta imensa e cercada de fábricas de toda a natureza atravessamos uma passarela por cima da linha férrea e entramos no perímetro da cidade Porrino. Logo após a passarela há um bar à direita (havia uma bandeira brasileira enorme estampada no vidro) onde pude descobrir que a mulher do dono é brasileira de Goiás. Uma cerveja gelada ali estimula os últimos passos até o albergue. Logo após passar pela Igreja de N. Sra. da Guia entra-se à esquerda, atravessa-se a ponte sobre o rio Louro e vê-se o albergue junto à margem do rio e bem próximo da auto-estrada.
Porrino é uma cidade moderna com 17 mil habitantes sem grandes atrativos para o peregrino.

O albergue é excelente com dois dormitórios grande, uma ampla sala para bater papo, e em local muito aprazível com um gramado à margem do rio convidativo para um justo e merecido descanso. Cozinha com todos os apetrechos em bom estado, Supermercado a cerca de 200 metros. Ótimos restaurantes, e outras opções de hospedagem. Onde funciona o concello de Porrino é a antiga casa consistorial que possui uma bela arquitetura. Vale uma visita.

Na saída de Redondela passamos pela porta da igreja de Santiago. Após a travessia por uma pequena ponte sobre o rio Raxeiro curza-se uma estrada bem movimentada e a seguir linha férrea e logo mais a frente começamos uma ligeira subida em direção ao Alto da Lomba onde no início da subida temos uma fonte de água (fuente outeiro de penas). Todo esse trecho é feito por um belo bosque de eucaliptos. No topo da colina há mesas de pedra convidativas para um lanche, onde há uma fonte de água potável. Já na descida também cercados pelo bosque poderão ser avistados a Ria de Vigo e a ilha de San Simon. Ao fim da descida depois de caminhar à margem da estrada (N-550) chegamos a Arcade, que segundo dizem possui as melhores ostras da Galícia. Curiosamente poderão ser observados muitos pés de limão laranjas e camélias. Neste povoado quase cidade, o peregrino encontra de tudo. Saindo à direita atravessando a estrada logo chega-se a Pontesampaio, uma grande ponte que une Árcade ao povoado do mesmo nome no outro lado da margem do rio Verdugo. Aqui o povo galego derrotou os franceses sob o comando do marechal Ney pela guerra da independência. Corre o boato na localidade que todo cão de caça galego que se prezasse desde então fosse batizado com esse nome: Ney ou de outros oficiais franceses. É só checar.....

A saída de Pontesampaio é por ruas estreitas em subida, passando por dois cruzeiros (Ballota e O Souto), para adiante admirar uma ponte medieval. A seguir passa-se por um dos mais pelos trechos do Caminho Português em subida suave, A Canicouba, com abundante vegetação. A descida também suave até encontrar com dois povoados seguidos: Arcouce e Boullosa. Aos poucos percebe-se que a paisagem rural é substituída pela urbanização. É a chegada na cidade de Pontevedra.

Chega-se ao albergue sem se perceber, passando por baixo de um viaduto e girando quase 360 graus para chagar ao albergue mais moderno do Caminho que fica junto à estação ferroviária e à estação de ônibus, estrategicamente no centro da cidade.

Pontevedra (antiga Pons Véteris) é a cidade da virgem peregrina, mas há muito a ser visto como por exemplo velhas praças: de Teucro, de La Leña, de la Ferraría, e as antigas igrejas - Santa María (XIV), Convento de San Francisco (XIII-XIV), Capilla de la Peregrina(XVIII).
A cidade em si tem muita história.... Sobre o nascimento da cidade de Pontevedra, existe uma lenda, de origem renascentista, que dá Teucro, um dos heróis da Guerra de Tróia, como fundador da cidade, mas estudos arqueológicos não demonstraram uma presença humana anterior à época romana. Turocqua na ribeira sul do rio Lerez teria sido o primeiro assentamento romano, que prosperou e ficou conhecido como Dvos Pontes (Duas Pontes, uma construída para fundar Turocqua e outra posteriormente) ou por Pontus Veteri (Ponte Velha, em referência à primeira ponte).
Da idade média até o final do XVI, Pontevedra era um dos principais portos da Galicia. Chegando a ser o seu burgo mais populoso, caindo na decadência face ao abandono da Coroa de Castela e também das sucessivas guerrras.
Até 1833 a zona norte da província pertencia a Santiago de Compostela e a zona sul à Tuí. que na divisão da antiga Gallaecia feita pelo império romano formava parte do Convento Bracarense.

Tirando a travessia de alguns centros urbanos feitos à margem da estrada é quase um passeio de 18,2 km. pelos campos.

Uma dica. Por volta de 19 horas sempre há uma fisioterapeuta voluntária que faz massagem nos pés e pernas dos peregrinos. Mas tem que agendar na portaria do albergue com o hospitaleiro. Há internet no albergue. Há uma ampla cozinha, mas em frente ao albergue tem um restaurante convidativo. E na rodoviária tem um menu peregrino por 6 euros.

Saindo do albergue é só seguir em frente pela rua paralela a do albergue – tem seta amarela – é a rua Virgem Del Camino. E depois seguir pelas ruas Soportales, Real e a Rua del Puente que vai deixar o peregrino em frente a magnífica ponte del Burgo, na saída sobre o rio Leréz na saída norte da cidade. Depois deverá seguir pela Rua da Santiña, e continuar caminando paralelamente a linha do trem.
O Caminho depois de abandonar a cidade segue em suave subida entre pinheiros e eucaliptos até a igreja de Santa María de Alba. Aquí o peregrino está próximo de Goxilde, local onde o arcebibispo Xelmírez descansou a camino de Compostela, depois de efetuar o famoso "Pío Latrocinio" das reliquias em Braga.

Uma pequena estrada leva o peregrino até San Caetano onde entra por um dos mais auténticos do traçado que será facilmente identificado pela existencia de uma granja avícola. A partir daí caminha-se entre parrerais e pinheiros que passam por pequenas aldeias e cada vez mais se interna pelos boques ouvindo ao longe o rumor de água que nasce em diversos manaciais. A saudade e o silêncio será companhia constante neste trecho. Uma antiga e pequena ponte no lugar conhecido como Pozo Negro dá passagem em uma subida até encontrar de novo a estrada de ferro entre um campo de flores.

Aqui estará o peregrino em Lombo da Maceira para entrar em seguida na aldeia de San Mauro onde há uma área de descanso e uma fonte de água. Pela margen de uma estrada secundária passa-se por San Mamed de Portela, onde um antigo cruzeiro indicará o Caminho. A seguir teremos Ponte Valbón um dos lugares míticos del Camino Portugués, - o Cruzeiro de Amonisa, onde Santiago, no fuste, indica o Norte olhando para Compostela. Mais adiante vemos a esquerda e no alto a igreja románica de San Martiño de Agudelo, envolvida em um ambiente de paz rural.
Capilla de Santa Lucia, te sacan de la carretera.

A partir daqui o Caminho faz um zig-zag em função das invasões das propiedades rurais até que novamente caminha-se entre pradarias e vinhedos, chegando até a aldeia de Tibo onde há uma boa fonte e passará por um cruzeiro. Já estamos próximos a Caldes de Reis por onde se entra pelo pórtico românico de Santa Mariña de Caldas. Já em Caldas, uma vez transposta a ponte sobre o rio Umia, o Caminho entra pelo casco antigo de Caldas de Reís. À esquerda passamos por uma enorme banheira com água termais (fuente das burgas) e à direita vemos também uma fonte termal dentro de a um hotel do início do século XX. A “Calle Real” leva o peregrino até a Ponte Bermaña, magnífica e bem conservada ponte medieval, onde há ao lado uma fonte com agua fresca e o albergue recentemente inaugurado. O albergue é pequeno e com instalações modestas. Tende a ficar repleto. Cem metros adiante há o hostal Lotus que oferece bom preço ao peregrino.
Antes de Caldas de Reis (5 km.) há um albergue no povoado de Briallos, que normalmente fica vazio, já que a maioria prefere ficar em Caldas que tem maiores serviços ao peregirno. Mas para quem quer repouso é uma boa alternativa.

Caldas oferece bons restaurantes a preços convidativos bem próximos ao albergue.
Na Idade Média Caldas de Reis foi lugar de repouso de peregrinos ilustres, como Tomás Becket, arcebispo de Canterbury e chanceler de Inglaterra, que em 1167 pernoitou nesta vila.
Nos fins do século XIX o povo de Caldas decide construir com rochas da torre medieval da rainha Urraca o único templo galego dedicado ao arcebispo de Canterbury em comemoração à sua passagem e estadia na vila.

Como em outros lugares da Galícia, Caldas possui águas termais de grande qualidade embora hoje um tanto decadente. Celtas e romanos fisseram desta a zona do seu assentamento graças aos benefícios hídricos do lugar.

Os romanos chamaram-a de “Aquis Celenis” e constitui uma cidade de final de etapa para os peregrinos, que aproveitam as propriedades curativas das águas, para justo e merecido repouso no caminho.

Ao lado da ponte medieval sobre o rio Bermaña, está a Casa de Donha Urraca, casa blasonada do s. XVIII que dispõe de pilares sobre o próprio rio. É um dos recantos mais charmosos da cidade, e fica ao lado do albergue.

A saída de Caldas é atravessando a Ponte Bermaña, depois de encher as garrafinhas na fonte que fica bem ao lado da ponte. Logo a seguir nos despedimos da cidade passando pela capela de San Roque.

Serão cerca de 19 km. até Padrón. No início caminamos ao lado do vale do rio Bermaña cercado de bosques e vegetação ribeira.

Sobe-se suavemente até encontrar novamente um cruzeiro e quando encontrar um relógio de sol é hora de cruzar a estrada.

Adiante poderá ser visto conjunto de construções de Santa Mariña de Carracedo.
As setas amárelas como sempre levarão o peregrino até o campo de futebol de O Pino.

Aqui as setas e um mojón da Xunta de Galicia situam o peregrino no meio de um bosque profundo onde o silêncio é par constante. Muito próximo estão um conjunto de moinhos e acompanharão o perergrino o rio Valga: Moinho de Xan Gago, da Insua, do Nabal, de Salleiros...

Aqui estamos próximos de San Miguel de Valga e mais adiante em Cimadevilla, onde em curto espaço de tempo encontrará a recém reformulada igreja de San Luís de Cesures. Já estamos chegando em Pontecesures.
A ponte sobre o rio Ulla encaminha o peregrino na direção de Padrón, seguindo a mesma direção por onde transitaram os restos mortais do apóstolo Tiago em sua barca de pedra.Logo após a ponte há uma réplica do Padrõn (padrão ou pedrão).

Passamos pelo mercado a seguimos por uma avenida de plátanos à margen do rio tendo ao fundo a igreja de Santiago e a esquerda o convento do Carmo. Atravessamos o rio por uma ponte também medieval, passamos pela fonte e subimos em direção ao albergue, bem ao lado da igreja.

Padron é, segundo a lenda, o local em que aportou a barca que transportou os restos mortais de Santiago do Oriente Médio até a Península Ibérica. A pedra - ou padrão - a que foi presa a barca ainda hoje existe, encontrando-se colocada por baixo do Altar da Igreja de Santiago de Padron. Num monte não muito longe do centro da Vila, do outro lado do Rio Sar, encontra-se um outro lugar de culto a Santiago: a pedra em cima da qual, de acordo com a lenda, Santiago celebrou missa.
A Vila de Padrón é também conhecida devido à sua principal especialidade gastronômica: os pimentos (pimentões) fritos. Estes pimentos, que na verdade sãocultivados na aldeia vizinha de Herbón, são internacionalmente conhecidos, e podem ser adquiridos facilmente no mercado.
Além da visita à igreja de Santiago, conhecer a colegiata de Iria Flávia é quase que obrigatório. Construida entre os séculos XII o XVII sobre um templo do século I d.C. que foi destruido por Almanzor no ano 999, tem como um de seus principais atrativos a representação da Adoração dos Reis Magos na portada da fachada principal, as torres ogivais escalonadas e os vitrais.

Padrón é o epicentro de todas as tradições jacobeas, sendo imprescindível a visita ao "pedrón" que fica sob o altar na igreja de Santiago e uma subida a Santiaguiño do Monte.

Os últimos 23 km. do Caminho Português iniciam pela porta do albergue voltando na direção da ponte por onde o peregrino chegou ao albergue e passando pela lateral da porta da igreja de Santiago, e sai de Padrón pela rua Bordel. Em pouco tempo caminhando por ruas estreitas o peregrino contornará a antiga colegiata de Iria Flávia bem junto a linha férrea. Daqui, reza a lenda, saiu o bispo Teodomiro para admirar as luzes que brilhavam no monte Libredón, ao que no futuro seria Santiago de Compostela.

Voltando alguns passos o peregrino poderá caminar entre as velhas casas de Iria Flávia. Passando pela antiga estação de trem e pela casa dos Cela-Trulock, não haverá outra alternativa que seguir pela magem da velha conhecida estrada N-550 por curto espaço de tempo. A seguir por uma pista de concreto chega-se a Romaris. Agora estaremos em pleno caminho medieval pasando por aldeias que mantém o sabor da rota sagrada na Galícia. O peregrino atravessará aldeias de extraordinario valor etnográfico como: Rúa, Rueiro, Cambelas, Anteportas, Tarrío, Vilar... para penetrar em outro território sagrado: A Esclavitude, com sua fonte milagrosa e o esplêndido exemplar do barroco que é o Santuário de la Eslavitude (XVII-XVIII).
As setas amarelas, a uns 100 metros do santuário apontam para uma pista asfaltada entre muros que levam o peregrino a outra bela igreja - Santa María de Cruces. A seguir mais pinheiros, e caminhos de terra entre vales conduzem a Angueira de Suso, onde teremos que cruzar a linha férrea chegaremos em Areal onde novamente entraremos em caminhos de terra para desembocar novamente na N-550. Logo em seguida vislumbramos O Faramello , onde os italianos Piombino e Gambino montaram uma fábrica de papel em 1710.

Logo adiante está o albergue de Teo envolto em um pequeno bosque. Não deixa de ser uma opção para aquele peregrino que quer chegar bem cedo em Santiago, mas é uma etapa a mais no Caminho. Na rua de Francos numa leve subida há também um lugar lendário: El Castro Lupario onde a malvada Rainha Lupa da lenda jacobéia perseguia os discípulos do apóstolo. Em não mais que uma hora não teremos a companhia das antigas aldeias, já que a proximidade de Santiago é percebida pela presença de modernas casas até chegar ao alto de O Milladoiro de onde já se avista as torres da catedral, onde voltamos ao velho traçado entre pinheiros até Agro dos Monteiros. Passamos ao lado de uma estação elétrica em uma subida. Estamos a mais ou menos 250 metros de altitude, tal e qual o monte do Gozo.

O ingresso na cidade é um tanto caótica, e seguindo as últimas setas amarelas passamos por Santomil e Amañecida e pelo Hospital Geral após passar por baixo de uma autopista. Após A Choupana já estamos no núcleo urbanos de Compostela. A rua Rúa Rosalía de Castro leva o peregrino até onde havia a porta Porta Faxeira à entrada do Caminho Português em Santiago. Atravessando a Rúa del Franco
ela te deixará na praça do Obradoiro.

CURIOSIDADE: Tradução da COMPOSTELANA

"O capítulo desta Venerável Igreja Apostólica e Metropolitana Compostelana, guardiã do selo do Altar do bem-aventurado Apóstolo Tiago, que a todos os Fiéis e peregrinos vindos de todo o Orbe terrestre, por sentimento de devoção ou por motivo de promessa, à moradade Nosso Apóstolo Patrono e Protetor dos Espanhóis, São Tiago fornece autêntico certificado de visitação.
A todos e a cada um que vier examinar esta presente, faz saber que ............................
visitou devotadamente este sacratíssimo templo por motivo de fé. A ele confiro o presente documento como testemunho, munido do selo desta mesma Santa Igreja.
Data da Compostela, dia ... do mês de ... do ano do Senhor...

Secretário capitular

E no selo do documento está escrito:
"Selo do Capítulo de Saõ Thiago de Compostela"