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Superfamílias linguísticas

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Mensagem por Dom Diniz 31/1/2024, 21:09

As superfamílias linguísticas

Metodologicamente correta ou não, a tentativa de Joseph Greenberg de agrupar as línguas ameríndias em superfamílias apontou um parentesco distante entre a maioria das famílias linguísticas faladas nas Américas, com algumas notáveis exceções - as línguas Na-Dené, do noroeste e sudoeste da América do Norte e as línguas esquimós e aleútas, no extremo norte. Como se acredita que a maioria dos indígenas, senão todos, descende de uma mesma população que imigrou da Ásia pelo estreito de Bering e seu parentesco genético também é claro, isso também era de se esperar, mas não se consegue provar pelo método comparativo tradicional.

Também parece haver um parentesco distante entre as línguas austro-asiáticas (cambojano, vietnamita etc., mencionadas no artigo anterior), como as línguas austronésias (malaio, javanês, havaiano etc.), as línguas daicas (principalmente o thai, da Tailândia), certos pequenos grupos de línguas do Sudeste Asiático e também o misterioso ainu dos aborígines do norte do Japão, o que faz sentido (pré)-histórico, antropológico e genético.

Na África, esses métodos também chegam a resultados pouco surpreendentes: a superfamília nilo-saariana, que corresponde aproximadamente ao tipo físico conhecido como "nilótico" - alto e esguio, como os dinka do Sudão do Sul e os tutsi de Ruanda; a níger-kordofaniana, mais freqüentemente associada ao tipo "negróide" mais conhecido. E a superfamília khoisan, associada ao tipo "capóide" dos povos do sudoeste africano conhecidos pelo Ocidente como "bosquímanos" e "hotentotes", pequenos, esbeltos, com olhos estreitos e oblíquos e cabelo extremamente encarapinhado - mas que outrora devem ter vivido em toda a África Oriental e do Sul, como mostram alguns remanescentes linguísticos e marcadores genéticos.
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Mensagem por Dom Diniz 31/1/2024, 21:11

A superfamília de línguas australianas coincide com os aborígines australianos, o que também é perfeitamente lógico.

Um pouco mais surpreendente é a superfamília indo-pacífica, na qual se incluiriam, as línguas hoje faladas nas ilhas Andaman, na Nova Guiné e nas ilhas Salomão, as línguas dos desaparecidos tasmanianos - e uma língua chamada Kusunda, do Nepal, o que sugere que essa superfamília, outrora, esteve difundida pela Índia e Sudeste Asiático. Os povos que falam essas línguas, vale notar, são os que fisicamente mais se parecem com "Luzia" - o que sugere que, antes dos ameríndios, talvez bem antes, chegaram a se espalhar pelo norte e chegar à América, pelo estreito de Bering.

No caso da Eurásia e dos indo-europeus, porém, os resultados são particularmente curiosos, ao menos em comparação com os conceitos populares (e mesmo eruditos) de "raça" e "etnia".

O proto-indo-europeu, por exemplo, é classificado por Illich-Svitych e seus seguidores em uma superfamília chamada Nostrática (do latim nostrum, nosso), que também inclui línguas de povos jamais classificados como "brancos".

Para começar, as línguas indo-europeias estariam relacionadas ao elamita e às línguas dravídicas - cujos falantes atuais têm, quase todos, pele muito escura, mais até que a maioria dos negros africanos. E também às línguas urálicas (finlandês etc.), às kartvelianas ou sul-caucasianas (georgiano etc.) e, o que é mais interessante, às chamadas línguas altaicas, incluindo o turco, o mongol de Genghis Khan - protótipo tradicional dos povos ditos "amarelos" - e, talvez, às línguas tunguses (principalmente o Manchu do nordeste da China), ao coreano e até ao japonês! Também haveria uma relação com as línguas conhecidas como paleo-siberianas (faladas, por exemplo, em Kamchatka) e com o Inuit, ou esquimó. Todas essas línguas poderiam ser agrupadas numa superfamília chamada eurasiática.
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Mensagem por Dom Diniz 31/1/2024, 21:12

Não é tudo: todas essas línguas eurasiáticas compartilhariam a superfamília nostrática, ainda maior, com as línguas chamadas afro-asiáticas - que incluem as línguas semitas (incluindo o árabe, o hebraico, o aramaico e as línguas faladas pelos antigos fenícios, assírios e babilônios), as línguas norte-africanas (incluindo o egípcio antigo e as línguas berberes), a maioria das línguas do nordeste da África (incluindo as principais da Etiópia e o somali), e também algumas importantes línguas da África central, notadamente o haussa ou hauçá, do norte da Nigéria.

Ou seja, os falantes de línguas nostráticas vão do negro mais retinto ao árabe de nariz recurvo ao nórdico pálido ao mongol de traços mais marcadamente "orientais". Entretanto, a nostrática é a mais sólida e bem estudada das superfamílias, a ponto de se ter reconstruído alguns traços da língua-mãe. Entre as cerca de duas mil palavras aparentemente identificadas, há termos para arcos, flechas, anzóis, couro e redes de pesca - mas não para cerâmica, animais domésticos ou agricultura. Por exemplo, não há diferença entre "cão" e "lobo", sugerindo que o proto-nostrático foi falado antes da domesticação do "melhor amigo do homem". Em proto-indo-europeu, "cão" era *kwon e em proto-afro-asiático e *khina em proto-tunguse, *kyn; mas em proto-urálico, küinä é lobo e qani em mongol é "cão selvagem", todos aparentemente derivados de um proto-nostrático *kuyna.

Se o lugar e a época em que viveram os proto-indo-europeus já é motivo de muita polêmica, encontrar a fonte do proto-nostrático é ainda mais difícil. Mas, em geral, se acredita que foi falada pouco antes do fim da Idade do Gelo, no período conhecido como mesolítico - transição entre o paleolítico ("pedra lascada") e o neolítico ("pedra polida"), por volta de 13.000 a.C. - o que corresponde razoavelmente ao contexto tecnológico descrito pela língua reconstruída. Supõe-se que isso se deu em alguma parte da região que vai do vale do Nilo ao Irã, passando pela Síria e Mesopotâmia.
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Mensagem por Dom Diniz 31/1/2024, 21:13

Segundo o modelo proposto pelo linguista russo Sergei Starostin, a divisão da língua em proto-eurasiático e proto-afro-asiático ainda seria anterior à invenção da agricultura na Síria ou Palestina, cerca de 8.000 a.C., após a qual esses povos "explodiram" em todas as direções: desse núcleo para toda a Península Arábica e o norte da África, dando origem às línguas afro-asiáticas; da Mesopotâmia para o resto do Irã e a Índia, dando origem às línguas elamo-dravídicas e do Cáucaso para o norte, noroeste e nordeste. Primeiro, se separariam as língua proto-altaica e proto-indo-urálica, depois esta última se dividiria em proto-urálico e proto-pôntico, depois este em proto-indo-hitita (ou proto-indo-europeu) e proto-kartveliano.

O leitor deve ter notado, entretanto, que estão fora desta lista da enorme superfamília como também, várias daquelas línguas "isoladas" como o basco, as línguas do norte do Cáucaso e as desaparecidas línguas não indo-europeias da antiga Europa - etrusco, récio, picto e outras já citadas. De onde vieram?

De um agrupamento ainda mais surpreendente que o nostrático, se isso é possível. De acordo com Sarostin, todas elas podem ser agrupadas numa superfamília que chamou de Dené-caucasiana junto com... nada menos que a família sino-tibetana (incluindo o chinês, o tibetano e o birmanês, além de outras línguas menos importantes) e a família na-dené de línguas indígenas do oeste da América do Norte que inclui, entre outras, o navajo (chamado dené pelos nativos). Sim, essas línguas estariam vagamente relacionadas com o basco, o circassiano e o checheno (norte-caucasianas), do outro lado do mundo, com o burushaski, uma língua ainda falada na Caxemira e com algumas línguas siberianas faladas às margens do rio Ienisei. E também com o sumério, pelo menos na opinião de Sarostin.
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Mensagem por Dom Diniz 31/1/2024, 21:14

Não que os bascos sejam descendentes de chineses ou tenham cruzado o oceano para invadir o Arizona: o que o quadro sugere é que o povo que deu origem a essa enorme superfamília um dia se estendeu pela Eurásia da Península Ibérica ao norte da China, por volta de 25.000 a.C. (provavelmente a partir da Europa, vindo da África ou da Ásia Central). Um ramo deles, mais tarde, teria migrado da China para a América do Norte, alguns milênios depois do povo que falou proto-ameríndio, mas antes dos esquimós.

Esse povo - possivelmente, "homens das cavernas" clássicos, à caça de mamutes e bisões - teria vivido ao norte das terras onde se falou o proto-nostrático (Oriente Médio) e o proto-áustrico (sul da China e Japão), regiões de clima mais ameno. Ao sul, na Índia e Sudeste Asiático, provavelmente se falou, como vimos, o proto-indo-pacífico.

Mais a leste - Sibéria Oriental e nordeste da China - pode ter sido, originalmente, a região onde viveram os precursores do proto-ameríndio, antes que seus descendentes migrassem para as Américas, seguindo o istmo que existia onde hoje é o estreito de Bering. Podem ter ocupado inicialmente a Ásia Central e se separado dos proto-nostráticos (com o qual têm um distante parentesco linguístico) e migrado gradualmente para nordeste, passando pelo Baikal, tendo nos calcanhares os proto-dené-caucasianos que, vindos da Europa, se espalharam pela Ásia Central, Mongólia e noroeste da China.

Segundo Starostin, proto-nostrático, proto-ameríndio, proto-dené-caucasiano e proto-áustrico poderiam ser relacionados numa mega-família "boreana", que abrangeria praticamente todos os povos que então viviam fora dos trópicos. Geneticamente, faz sentido: a maioria dos povos que falam essas línguas (inclusive os ameríndios) estão relacionados entre si mais do que, digamos, os povos ditos "amarelos" do norte da Ásia com os também "amarelos" do Sudeste Asiático e Oceania.
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Mensagem por Dom Diniz 31/1/2024, 21:15

Se isso ainda parece estranho é porque é difícil se livrar do preconceito de que as "raças" sempre foram "como são". Na verdade, elas não são necessariamente mais antigas do que agrupamentos linguísticos assim tão amplos.

Há vários casos em que os tipos antropométricos devem ter sido estabelecidos há dez mil ou quinze mil anos, no máximo. É o caso dos chamados nórdicos: habitam uma região que, antes do final da Idade do Gelo (10.000 a.C.), era coberta por uma espessa camada de geleiras e era tão inabitável quanto a Antártida de hoje. Os povos que então viviam na Europa, conhecidos como Cro-Magnon, tinham outro tipo físico, mais robusto e menos longilíneo (embora de estatura semelhante).

Também é o caso dos indígenas dos Andes, mostram adaptações à altitude que os diferenciam fisicamente dos índios das terras baixas, embora não possam ter se separado deles antes da chegada de seus ancestrais às Américas pelo estreito de Bering, por volta de 15.000 a.C. Mesmo a distinção entre africanos e eurasiáticos (incluindo povos da Oceania e Américas), a mais importante do ponto de vista genético, não deve ser anterior a 50.000 a.C., quando os primeiros Homo sapiens, provavelmente semelhantes aos atuais khoisan ou "capóides", devem ter deixado a África para se aventurar no resto do então novíssimo "Velho Mundo".

Além disso, a difusão de línguas, mesmo na pré-história, nem sempre significou genocídio. Em alguns casos, como foi sugerido para o indo-europeu, grandes famílias podem ter se expandido junto com a agricultura, "convertendo" com essa nova cultura e tecnologia povos que antes falavam outras línguas, com maior ou menor grau de mestiçagem, mas às vezes sem alterar radicalmente seu perfil genético e sua aparência física. Seria o caso, talvez, das famílias afro-asiática, elamo-dravidiana, sino-tibetana e áustrica, cuja expansão parece estar ligada à invenção da agricultura em suas respectivas regiões.
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Mensagem por Sir Galahad 31/1/2024, 21:19

A hipótese do Nostratico e outros supertroncos é o que mais chama minha atenção. Se realmente um pequeno grupo cro-magnon foi o que conseguiu sair da África, foi a língua deste grupo ancestral da maioria da humanidade hoje.
Não que seja possível descobrir uma língua de "Adão e Eva", já que haviam diversos grupos humanos/humanoides na África antes da saída.
Outra evidência favorável com esta hipótese é o fato que a África é o continente com maior numero de idiomas até hoje. Mesmo quando se cita a profusão de idiomas da Amazônia ou mesmo da América inteira é fichinha perto da diversidade linguística africana.
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Mensagem por Galego 31/1/2024, 21:20

Nas Américas também existem certas línguas indígenas que possuem sons que não existem em outras línguas do mundo inteiro...
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Mensagem por Velha Ordem Mundial 31/1/2024, 21:21

Uai.

É comum esse causo dos fonemas exclusivos de determinados idiomas.

Como o "ão" do português, ö, ü, ï em alguns idiomas europeus, "th", do inglês...
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Mensagem por Ave de Rapina 31/1/2024, 21:24

A língua da minha avó, que eu não sei falar, mas muitas vezes ouvi em conversas, que eu também não entendi. Nunca me ensinaram.
É uma língua gutural e tem sons que parecem ser feitos pelo nariz e não pela boca:
http://www.etnolinguistica.org/tese:jolkesky-2010
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Mensagem por Galego 31/1/2024, 21:26

Engraçado é que eu assisti há um tempo uma conferência do Emérito Prof. Sir Colin Renfrew sobre as línguas faladas na Bacia Amazônica...
E ele começou a conferência dizendo que não era especialista no assunto, e que achava o dito assunto extremamente difícil...
E falou, falou... Muita gente achou que ele simplesmente "choveu no molhado"...

Quando o professor considerado, atualmente, uma das maiores autoridades em linguística do mundo, diz que estudar as línguas dos habitantes das Américas é tarefa muito difícil, quem sou eu para dar qualquer pitaco????
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Mensagem por Sir Galahad 31/1/2024, 21:29

Colin Renfrew pode ter falado sobre algo que não domina muito, mas que o cara é fera é.
É dele a hipótese que o protoindoeuropeu nasceu na Anatólia, bem perto de protosemitas e protohurritas e não na Ucrânia, Índia ou Escandinávia e que se expandiu principalmente pacificamente, sem grandes migrações e nas mãos de agricultores. E não durante a cavalgada das Walkirias, para horror dos nordicistas, hehehe, bem feito.
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Mensagem por Galego 31/1/2024, 21:31

Exatamente.
E o próprio barão disse que as Américas, principalmente a região do Brasil, é o estudo linguístico mais difícil que possa existir atualmente, eu não posso desdizer. O homem é realmente uma fera...

A palestra dele foi boa.
Mas antes dele tivemos a palestra da professora Ruth Shady, aquela que está desencavando Caral há anos. E ela deu um banho em todos os outros palestrantes que vieram depois dela. kkkkk
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Mensagem por Eremita 31/1/2024, 23:53

Filologia, Literatura e Lingüística e os debates historiográficos sobre a Antigüidade clássica *


A amplidão do tema, “debates historiográficos sobre a Antigüidade Clássica e as ciências humanas: Filologia, Literatura e Lingüística” desaconselharia um exercício de estudo exaustivo, objeto não de um ensaio, mas, ao menos, de um livro. Caberia, portanto, tratar de algumas questões metodológicas centrais e de alguns casos, tanto paradigmáticos como de caráter didático, a começar da própria ligação umbelical, ab origine, entre a História e a Filologia clássica e não me refiro, aqui, apenas àquela referente à Antigüidade Clássica, mas à Historia tout court. De início, a própria História surge como um gênero literário no seio da narrativa literária grega, a começar de Hecateu de Mileto e sua “historicização do mito” (Meister, 1990, p.23) e, de maneira mais clara e ordenada, com Heródoto (Nesselrath 1996). Tucídides estabelece uma continuidade entre o que chamaríamos de “período mítico”e aquele histórico e não é casual que o mais recente estudo abrangente sobre o autor da “Guerra do Peloponeso” intitula-se, precisamente, zu Thukydides’ historischer Erzählung, “sobre a narrativa histórica de Tucídides”, pois é de um gênero literário que se trata, um estilo narrativo (Schwinge, 1996). Deste estilo narrativo faziam parte os discursos, os retratos, a retórica (Fox, 1993), e os historiadores antigos literatos antes que cientistas (Woodman, 1983, p.120), a História era concebida como opus oratorium (Marchal, 1987, p.42).


Este o sentido primevo do liame entre a História e a Filologia, enquanto gênero literário antigo. No entanto, a História que todos nós, historiadores lato sensu, praticamos, deriva, diretamente, da moderna reorganização do saber acadêmico, fenômeno resultante da Ilustração e da instauração das “ciências”, ramos do conhecimento, sentido preciso de Wissenschaften. De fato, strictore sensu, nossa disciplina não foi instaurada senão com Niebuhr e von Ranke (Lozano, 1987, p.79), em particular com a invenção da noção de documento a ser analisado, muito a propósito, more philologico, “à maneira da Filologia”, nascente disciplina que viria a fundar, em verdade, todas as Ciências Humanas. Von Ranke (1826), em seu clássico Geschichte der romanischen und germanischen Völker, “Histórias dos povos romanicos e germânicos”, viria a formular a frase fundadora da disciplina: Er will bloss zeigen wie es eigentlich gewesen, “ele scilicet o historiador quer claramente mostrar como, na realidade, aconteceu”. Para tanto, fazia-se necessário conhecer o documento, o texto escrito, a língua, o estilo narrativo, tratava-se, pois, de ser antes filólogo para, em seguida, poder tornar-se historiador (Historiker) (Funari, 1995, p.14-36). O próprio estudo da História foi chamada de Philologie, um tipo de Bildung “educação” (Niebuhr, 1828-1831).
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Mensagem por Eremita 31/1/2024, 23:53

A primeira História a surgir, no sentido moderno do termo, foi, desta forma, a História Antiga, cuja assimilação à Filologia levou a que se intitulasse “estudo do mundo clássico”, Altertumskunde, Altertumswissenschaft, Classics, études classiques, studi classici. História Antiga que surge indissociável da Filologia clássica, da qual continuaria a fazer parte (Bernal, 1991), à diferença de outros ramos da Historia, cuja ligação com a Filologia pode ser muito tíbia, senão inexistente. Em certo sentido, nunca delas se distanciou, como lembra V. Bejarano (1975, p.60): en realidad, nunca los filólogos dejan de ser historiadores y muchos grandes historiadores han sido al mismo tiempo excelentes filólogos, como Th. Mommsen, E. Pais, M. Rostovtzeff, J. Carcopino, Piganiol, R. Syme. É ainda verdade, portanto, que não há História antiga sem estudo do latim e do grego. Toda a moderna historiografia do mundo antigo está a demonstrar os elos entre o estudo da História antiga e o campo da Filologia, lato sensu. Qualquer estudo sobre a Antigüidade Clássica, e não apenas por parte de historiadores, como de outros estudiosos do mundo antigo, como arqueólogos e historiadores da arte, parte de uma análise prévia, de uma ou de outra forma filológica, do vocabulário antigo. Assim, as grandes sínteses, como todo o conjunto de obras de Vernant ou Finley, para citar dois estudiosos cuja ressonância ultrapassa em muito os confins da historiografia antiga, constróem-se a partir de estudos de vocabulário e do contexto de utilização de termos gregos e latinos. Assim, “trabalho e natureza na Grécia antiga” (Vernant, 1988, p.259-277), ainda que publicado, originalmente, no Journal de Psychologie, constitui obra mestra da hermenêutica histórica, fundada, passo a passo, no estudo dos termos gregos: pónos, pedíon nómos, tékhne, andreía, akhreía, thyraulein kaì ponein ... et j’en passe! Finley (1983), autor de trabalhos clássicos não somente para os estudiosos do mundo antigo, estando entre os mais citados por aqueles que estudam a escravidão moderna, também apresenta uma análise, antes de mais nada, filológica da escravidão: doulos, seruus, pelatai, laoi, clientes, coloni, dominus, erus, peculium, hektemoroi ...


Cabe, portanto, ao historiador da antigüidade conhecer o sentido original dos conceitos antigos (Momigliano, 1984, p.484) e pode dizer-se que isto tem sido feito un pò da per tutto (cf. a hermenêutica de Koselleck, 1979). Assim, pode estabelecer-se as bases para o estudo de espaços, como os anfiteatros, no trocadilho de Robert Etienne (1965), la naissance de l’amphithéatre: le mot et la chose: de spectacula a amphitheatrum, passando por théatron kynetikón; ou das uillae, com suas membra rustica, urbana ornamenta, partes urbanae, rusticae, fructuariae (Purcell, 1996); ou das casas: domus, taberna, cenaculum, aedes, pergula, às vezes colocas para alugar (locantur) (Pirson, 1997). Categorias de artefatos também precisam ser estudados, como é o caso dos vasos de cerâmica (Funari, 1987) ou dos instrumentos agrícolas (Guarinello, 1987). Conceitos capitais, como o de humanitas, também têm sido analisados (Veyne, 1989, Funari, 1996), bem como instituições essenciais e específicas, como annona, frumentatio, uectigal, praefectus castrorum, primus pilus, signifer, optio, beneficiarius etc (Remesal, 1997). Todas estes trabalhos não se constituem, apenas, em estudos de termos, mas tratam da História econômica, social, política e cultural do mundo antigo, sendo a análise do vocabulário o ponto de partida antes que a meta (Whittaker, 1996, p.17 sobre o estudo de Remesal sobre a annona). Um caso paradigmático talvez seja o estudo de Alfons Bürge (1990) sobre o mercennarius, categoria de trabalhador assalariado...no entanto, die Arbeit der mercennarius typische Skavenarbeit ist (“o trabalho do mercennarius é tipicamente trabalho de escravo”). As conseqüências desta ambigüidade, o assalariamento de escravos, não poderiam ser maiores para a compreensão da própria estrutura social do mundo antigo. Muitos outros exemplos poderiam ser citados, como o caso da controversa questão das diferenças, ou não, entre os juízos (Bolonyai, 1993) e culturas da elite e do povo (Funari, 1991; Horsfall, 1996).
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Mensagem por Eremita 31/1/2024, 23:54

Ainda no campo das línguas clássicas caberia mencionar os estudos sobre o linguajar utilizado pelos antigos, como é o caso do sermo humilis, o calão popular, tão revelador de traços culturais, apenas acessível pelo estudo da língua. O latim falado, representado por Petrônio, por exemplo (Boyce, 1991; Marmorale 1948; Maiuri 1948; Zehnacker, 1989), não pode ser dissociado do estudo dos tituli graphio exarati (grafites) de Pompéia, com sua latinidade vulgar, viva, está tão próxima dos vernáculos românicos (Väänänen, 1937), essa verdadeira “Civilização das formas literárias”, nas palavras de Marcello Gigante (1979). Da dupla negação (Perl, 1979) ao vocábulo mais polissêmico, como munus, em Munus te ubique (CIL IV, 8031; cf. Funari, 1991, p.83-86), há todo um universo semântico de conteúdo sócio-cultural a ser desevendado com a participação da análise filológica.


Antes de terminar este breve apanhado, não poderia faltar uma advertência: amicus Plato, sed magis amica ueritas. Não se deixe de mencionar, ainda que en passant, que esta ligação indelével entre a Historia e a Filologia nem sempre apresenta aspectos louváveis, pois tanto o racismo (Bernal, 1993), como o fascismo (Giordano, 1993) aproveitaram-se de um culto distorcido à Antigüidade Clássica para estabelecer interpretações, e políticas daí decorrentes, discriminatórias, pouco afeitas ao próprio espírito científico e, ainda menos, àquele humanista. Assim, a própria definição do grego e do latim como línguas clássicas é um recorte arbitrário em um mundo que se utilizava de outras línguas e escritas, a começar da mais conhecida e preservada, o hebraico/aramaico, cujo desconhecimento foi até mesmo programático: rabbinica sunt, non legentur (Cohen, 1987, p.130). Ora, toda a literatura rabínica, do talmude ao midrash, apresenta extensa documentação sobre a o mundo helenístico-romano e apenas recentissimamente tem sido estudada por “classicistas” (Banon, 1995; Goodman 1997).
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Mensagem por Eremita 31/1/2024, 23:55

Quanto à literatura, os estudos mais tradicionais direcionavam-se para a História a partir das obras literárias, ou para a busca dos autores antigos por outros meios, como inscrições. Este é o caso da coletânea de referências explícitas a Virgílio, encontradas nas paredes de Pompéia, levada a cabo por Franklin (1997). No entanto, a Historia dos últimos anos aproximou-se da Literatura, ou, como propunha David Harlan (1989, 581), “o retorno da Literatura lançou os estudos históricos em uma grande crise epistemológica”. O caráter narrativo da História aproximou ficção e História, res fictae e res factae, voltou-se a poder entender História como gênero literário (White, 1973). “O estilo não concerne ‘o jeito’ mas a própria ‘substância’ da Historiografia”, segundo Gay (1975, 3; Ankersmit 1986; Munslow, 1997, p.140-162, sobre Hayden White and deconstructionist history). Retomou-se a própria terminologia clássica para descrever este caráter literário da narrativa histórica, como sugere Paul Ricouer (1994, p.11), ao empregar inuentio, dispositio, elocutio, memoria, pronuntiatio: trata-se de uma narrativa , Erzählung (Kocka; Nipperdey, 1979; Baumgartner, 1979). Grandes temas da historiografia contemporânea têm sido a textualidade (Maier, 1984) e a linguagem do próprio historiador: die Sprache der Quellen und die Sprache der interpretierenden Historikers stehen in einem dialektischen Spannungsverhältnis, “a língua das fontes e a língua do historiador que interpreta estão em uma relação dialética” (Mommsen, 1984, p.66). Este mundo como representação (Chartier, 1989) apenas se pode exprimir por palavras, em textos, cuja expressão literária é inelutável, constituindo parte integrante e essencial da verstehen histórica (Funari, 1997; Kittsteiner, 1997).


No que se refere ao mundo antigo, inúmeras conseqüências resultaram dessas preocupações, a começar do estudo da própria “invenção” daquela Antigüidade por nós, modernos. Não é à toa que Mark Golden e Peter Toohey (1997) acabam de lançar um volume que organizaram sobre a “Invenção da Cultura Antiga”. De fato, como já havia lembrado Michael Shanks (1995, p.34), em outra busca etimológica, invenire e “invenção” significam, a uma só vez, “descoberta” e “invenção”. Do mesmo modo, as próprias “fontes literárias” têm sido perscrutadas de maneira a explorar temas como as relações de gênero ( Rabinowitz; Richlin, 1993), a espacialidade (Knights, 1997), ou mesmo a cultura alimentar de pronvinciais no mundo antigo (Carreras; Funari, 1998). Ressalte-se que, nos casos citados, não se trata de estudos apenas a partir da literatura antiga, pois que se juntam abordagens arqueológicas, históricas, antropológicas, mas sempre envolvendo um reexame da tradição literária antiga à luz daquilo que se convencionou chamar de linguistic turn (Schötter, 1997, com bibliografia anterior).
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Mensagem por Eremita 31/1/2024, 23:55

Isto nos conduz ao último aspecto deste ensaio, ligado aos dois primeiros: a Lingüística. De fato, todas as ciências humanas foram influênciadas pela Lingüística, como se observa nesta passagem de Gordon Childe (1960, p.15-17):


“Sendo a linguagem um veículo tão importante na formação e transmissão da tradição social, o grupo assinalado pela posse de uma ‘cultura’ distinta provavelmente falará também uma linguagem distinta...cada língua é produto de uma tradição social e age sobre outras formas tradicionais de comportamento e pensamento. Menos familiar é o processo pelo qual as divergências de tradição atingem até a cultura material.... ‘next Friday’, na Inglaterra, transforma-se em ‘Friday first’ na Escócia...Na Irlanda e no País de Gales os trabalhadores rurais usam pás de cabos longos, ao passo que na Inglaterra e na Escócia os cabos são muito mais curtos. O trabalho realizado é, em cada caso, o mesmo, embora o manuseio do instrumento seja, evidentemente, diverso. As divergências são puramente convencionais...As divergências lingüísticas devem ser tão velhas quanto as divergências culturais identificáveis no registro arqueológico” .


No entanto, foi a partir das década de 1960, com o estruturalismo lingüístico, que esta influência se generalizaria e já na década de 1970 podia afirmar-se que “a preocupação central das ciências do homem é a linguagem” (Vogt, 1989, p.62). A Lingüística, no entanto, passou a incorporar outras abordagens, em particular introduzindo uma noção sócio-histórica de discurso, de maneira que as condições sociais determinam mesmo as propriedades do discurso (Fairclough, 1990, p.17-155). A introdução das classes sociais e dos contextos históricos específicos (Kress; Hodge, 1979) e a valorização do exosemiótico, para usar um termo de Lagopoulos (1986, p.234), representou uma nova onda de influência lingüística, a partir de autores como Rossi-Landi (1986).
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Mensagem por Eremita 31/1/2024, 23:56

O estudo da Antigüidade Clássica foi influenciado muito diretamente por essa “tendência lingüística”, em particular com a adoção de esquemas analíticos derivados da analogia com a análise lingüística. Dois exemplos bastam para tratar desta questão: em primeiro lugar, o mais tradicional tema, que está na origem mesma da Altertumswissenschaft, a busca dos indo-europeus. Historiadores, arqueólogos e lingüistas debruçam-se sobre o mesmo material, a partir de conceitos da lingüistica histórica (Zvelebil, 1995; Dolukhanov, 1995; Häusler, 1995). Em outro sentido, estudiosos em busca de modelos analíticos para o temas complexos como as casas e a sociedade antigas têm se utilizado de esquemas derivados da Lingüística (Wallace-Hadrill, 1994, p.38 et passim).


Pode concluir-se que as relações entre a História da Antigüidade Clássica e as ciências humanas, em particular, Filologia, Literatura e Lingüística, têm-se mantido intensas, desde a origem do estudo moderno do mundo antigo. Nos últimos anos, estas interações foram se intensificando e, hoje, pode afirmar-se que não se pode deixar de conhecer e utilizar, de forma crítica, os aportes destas, como de outras áreas afins, ao estudo da História Antiga.
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Mensagem por Eremita 31/1/2024, 23:56

Notas

* Aula ministrada em 17/12/97, em concurso público de provimento de cargo, no Departamento de História, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Estadual de Campinas, Brasil, perante a seguinte comissão julgadora: Alceu Dias Lima, Ítalo Tronca, Jorge Coli, Maria Guadalupe Pedrero e Maria Stella Martins Bresciani. O tema foi sorteado no dia 16 e, no dia seguinte, apresentei aula, cujo conteúdo está reproduzido neste artigo. As únicas alterações devem-se a sugestões e indicações, quanto à Filologia latina, mui gentilmente oferecidas pelo professor Marc Mayer, catedrático da Universidade de Barcelona, quando estive como professor visitante convidado pelo Departamento de Pré-História, História Antiga e Arqueologia da Universidade de Barcelona, em janeiro de 1998. Agradeço, também, o convite do Prof. Hector Benoit para que publicasse esta aula no Boletim do Centro de Pensamento Antigo. Texto publicado em: Os debates historiográficos sobre a Antigüidade Clássica e as ciências humanas. Filologia, Literatura e Lingüística. Anuari de Filologia, Studia Graeca et Latina, 20, D, 8, 1999. p.29-38.
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Mensagem por Eremita 31/1/2024, 23:57

Bibliografia

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