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Relógios

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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:41

Máquina do tempo

Os primeiros relógios datam da primeira metade do século XIV. Com eles, criou-se a base de uma disciplina do tempo em lugar da obediência ao tempo.

Poucos inventos moldaram tanto o mundo moderno como o relógio mecânico, surgido no século XIV. Ele tornou possível a civilização industrial e fixou a ideia de desempenho na atividade humana.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:43

Certa vez, ao explicar como escreveu seu livro O nome da rosa, o italiano Umberto Eco revelou que as cem primeiras páginas do romance continham um truque. De propósito, ele as fez arrastadas, demoradas, difíceis de serem vencidas. Quem quisesse ler o livro tinha de superar essa barreira. Por quê? Porque, à medida que ultrapassava essas linhas, o leitor fazia outra travessia: a passagem do mundo moderno para um tempo ido, em que não havia segundos nem minutos e as horas escoavam como a vida. Enfim, um tempo sem relógios.

O nome da rosa se passa na Idade Média. Até então, o tempo era percebido como uma coisa natural. Ao inverno seguia-se a primavera, o verão; a manhã vinha depois da madrugada, que por sua vez sucedia à noite. Não havia precisão: a contagem do tempo se fazia por longos períodos — meses e anos, materializados nos calendários. Nos conventos, especialmente, nem hora existia. O dia era dividido de acordo com o ritual dos ofícios. Como não havia uma medida universal, cada convento tinha sua hora, assim como cada cidade vivia segundo seu ritmo.

Mais ou menos na época em que se desenvolve O nome da rosa, na primeira metade do século XIV, o relógio mecânico vai ser descoberto. Antes, os instrumentos para medir o tempo eram notavelmente precários. Havia o relógio de sol, mas quando não havia sol ele não funcionava. Havia o relógio hidráulico, mas quando era inverno a água congelava. Cada um, a sua maneira, tinha um inconveniente. E todos tinham o inconveniente comum da inexatidão. O advento do relógio mecânico fará muito mais do que corrigir as imperfeições técnicas de seus antepassados. Como disse o pensador americano Lewis Mumford, "o relógio não é apenas um instrumento para seguir a marcha das horas; é também um meio de sincronizar as ações dos homens".

Segundo o historiador, também americano, David Landes, autor de Revolução no tempo: os relógios e a formação do mundo moderno, ainda não traduzido em português, o relógio figura entre as supremas invenções da humanidade: "Ela talvez não se compare à do fogo e da roda, mas é da mesma ordem que a da imprensa, por suas conseqüências revolucionárias em relação aos valores culturais, às mudanças técnicas, à organização política e social e à personalidade".

De fato, a partir do momento em que medir o tempo deixou de ser privilégio dos poderosos e passou a ficar ao alcance de qualquer um, as relações entre as pessoas e entre os diversos grupos sociais mudaram. Com o relógio criou-se a base de uma disciplina do tempo, em lugar da obediência ao tempo. "Foi o relógio que tornou possível, para o bem e para o mal, uma civilização atenta ao tempo, portanto à produtividade e ao desempenho", diz Landes.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:44

Não se sabe exatamente quando surgiu o relógio mecânico nem quem foi seu primeiro criadoro ancestral de uma linhagem de técnicos e artesãos cujos trabalhos seriam muitas vezes autênticas obras de arte. O certo é que datam da metade inicial do século XIV os primeiros documentos que tratam inequivocamente de relógios mecânicos.

São dessa época, por exemplo, as descrições do complicado mecanismo-relógio criado pelo abade inglês Richard de Wallingford, em Saint Albans, e do relógio construído em 1344 pelo físico e astrônomo Giovanni di Dondi para a cidade Italiana de Pádua. Tão precisa é a descrição feita por cada um deles de suas obras, que é possível ver no Time Museum da cidade de Rockford, em Illinois, Estados Unidos, duas réplicas daqueles aparelhos, montadas exclusivamente a partir das instruções deixadas pelos inventores.

E o que diferenciou tecnicamente o relógio mecânico dos que o antecederam? Antes de mais nada, o relógio mecânico é movido por um peso. A energia da queda desse peso é transmitida através de um trem de engrenagem, formado por rodas dentadas que se encaixam umas nas outras e movimentam as agulhas do mostrador.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:45

O problema é que uma força aplicada continuamente produz uma aceleração. Logo, se nada se opusesse à descida do peso, ele imprimiria um movimento cada vez mais rápido à engrenagem. O que os sábios da Idade Média descobriram foi justamente um dispositivo de retardamento capaz de bloquear o peso e frear o movimento das rodas e agulhas, de modo a criar um movimento de oscilação com um batimento regular o vaivém continuo característico dos relógios.

Isso foi possível graças a uma pecinha composta de duas palhetas presa a um eixo horizontal móvel, que se engrenam alternadamente sobre uma roda em forma de coroa dentada (chamada roda de encontro), localiza da verticalmente sobre um eixo que se move sob o efeito do peso.

Os impulsos alternados provocados pela roda de encontro fazem a pecinha oscilar sobre seu eixo de maneira regular; este movimento, então, é transmitido ao trem de engrenagem, que movimenta as agulhas. O aparecimento, dos primeiros relógios mecânicos causou uma febre nas cidades européia que começavam a sacudir a modorra medieval. Cada burgo queria ter seu relógio não apenas por uma questão de prestígio, mas também porque a atração trazia viajantes, portanto dinheiro, para a localidade.

Já para os operários das cidade mais desenvolvidas, principalmente na Itália e em Flandres, onde já existiam uma florescente indústria têxtil, um movimentado comércio, a novidade não era assim tão boa. O relógio. passou a encarnar a autoridade que impunha as horas de trabalho e mais importante ainda exigia de terminada produtividade ao longo da jornada. Em algumas cidades, os operários chegaram a se rebelar contra isso. Por exemplo, em Pádua, em 1390, a torre que abrigava o relógio de Dondi foi atacada.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:46

Mas, se a delimitação da jornada de trabalho era ressentida pelos trabalhadores, por outro lado a existência do relógios trazia um beneficio nada desprezível: permitia separar o tempo que pertencia ao patrão daquele que pertencia a eles próprios. Em todo caso, a grande mudança na forma de medir e controlar o tempo só ocorreu no século XV, quando o relógio a mola tornou possível reduzir drasticamente o tamanho dos aparelhos.

No relógio a mola, o motor não mais acionado pelo peso e sim pela força da mola, enrolada em forma de espiral. Ou seja, o motor desses novos aparelhos passou a ficar dentro deles, permitindo que os relógios se tornassem portáteis. No início, eles não eram tão pequenos como o atuais relógios de pulso, mas suas dimensões diminuíram o suficiente para poderem ser carregados no bolso ou como um broche. O primeiro europeu cujo nome é citado como construtor de relógios portáteis é um artesão de Nuremberg, Alemanha, Pete Healein. Em 1512, ele fabricava pequenos relógios que funcionavam por quarenta horas e podiam ser carregados no pescoço ou dentro de uma bolsa.

Menos de meio século depois, em 1551, o francês Jacques de La Garde faz um relógio em forma de bola com apenas 8 centímetros de diâmetro Não se sabe por que, mas, naquele tempo, todos os relógios portáteis soavam as horas. Um código de boas maneiras publicado na França em 1644 alertava os gentis-homens da época para o que seria uma grande falta de educação: "Aqueles que usam relógios onde vêem as horas, as meias horas e os quartos de hora, podem servir-se deles algumas vezes para medir a duração de sua visita. No caso dos relógios soantes, eles são muito incômodos, porque interrompem a conversa. Por isso é preciso usar certos relógios novos, onde a marcação das horas e das meias horas é em alto-relevo e, tocando com o dedo, podemos reconhecê-las".

A multiplicação dos relógios, observa o historiador David Landes, tornou possível uma nova organização das atividades coletivas. "Mas foi particularmente em dois domínios", escreve ele, "que a medida de tempo abriu novas perspectivas: os transportes e as comunicações, de um lado, e a guerra, de outro."
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:47

De fato, preocupados em acelerar a circulação de passageiros e mercadorias, as companhias de transporte da Europa, em plena Revolução Comercial, passaram a estabelecer horários fixos de partidas e chegadas. Ao mesmo tempo, o modo de guerrear também mudou. A partir do momento em que os generais puderam predeterminar a hora H de uma ofensiva, a estratégia militar nunca mais seria a mesma. Até então, as ações eram limitadas geograficamente porque o controle era feito com base em sinais auditivos ou visuais (gritos, bandeiras, coros).

Em 1656, na cidade de Haia, Holanda, Christian Huygens concebeu um relógio de pêndulo, que substituiu o fuso como instrumento regulador da força da mola. Ao contrário dos outros progressos da relojoaria, porém, essa invenção foi antes de tudo teórica. No lugar do fuso regulador da mola-motor, Huygens imaginou um pêndulo, suspenso livremente por um cordão ou um fio. Esse achado reduziu a margem de erro dos relógios de cerca de quinze minutos por dia para meros dez ou quinze segundos no mesmo período Para todos os efeitos práticos, o relógio se tornara enfim um instrumento realmente confiável para medir o tempo.

Poucos anos depois, um novo tipo de peça veio dar ainda maior precisão ao relógio: a âncora. Como o nome indica, é uma peça em forma de âncora de navio, cujos braços serviam para bloquear e libertar a roda de encontro. A âncora tornou obsoletos todos os modelos anteriores de relógios. A Revolução Industrial do século XVIII na Inglaterra deu uma nova importância à hora. As relações de produção passaram a se fazer de maneira mais sistematizada, com a reunião dos operários dentro de fábricas.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:47

A vida nas usinas era regida pela disciplina dos ponteiros do relógio, a começar pelo relógio de ponto, cujos primeiros modelos são dessa época. "O relógio e não a máquina a vapor", afirma Lewis Mumford, "é a máquina vital da era industrial moderna." Nessa nova organização, virtualmente impessoal, os trabalhadores tinham de se apresentar ao serviço numa certa hora, cumprir uma jornada de trabalho predeterminada e até descansar e alimentar-se conforme o relógio. Habituados ainda a trabalhar segundo seu próprio ritmo, de acordo com a tradição herdada das corporações de ofício dos artesãos medievais, os operários se revoltaram contra as implacáveis máquinas do tempo.

Foi, de certa maneira, uma reedição daquilo que, séculos antes, ocorrera entre os trabalhadores da indústria têxtil, na Holanda e na Itália. Além disso, desconfiados de que os patrões "roubavam" no horário, atrasando ou adiantando os relógios das fábricas de acordo com seus interesses, os operários passaram a comprar, eles mesmos, seus relógios, para ter algum controle sobre a duração real da jornada de trabalho. Foi exatamente essa demanda que transformou os britânicos, no século XVIII, em comandantes da indústria relojoeira: nos 25 anos finais daquele século, a Grã-Bretanha produziu de 150 mil a 200 mil relógios pouco mais da metade da produção mundial à época.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:48

Os relógios estavam definitivamente incorporados à sociedade. Com a fabricação em série, passaram a ficar ao alcance de todos, por um preço cada vez mais acessível. A descoberta de novos materiais os transformou em objetos mais resistentes, podendo ser usados até debaixo da água, o que fez com que se tornassem companheiros inseparáveis do homem. Nada, porém, popularizaria tanto o relógio como uma descoberta de 1880.

Os irmãos Pierre e Jacques Curie, cientistas franceses, descobriram que um pedaço de cristal de quartzo, cortado na forma de uma lâmina ou de um anel e colocado a vácuo num circuito elétrico e em baixa temperatura, vibra 32 758 vezes por segundo, como um pêndulo ultra-rápido.

A primeira utilização dessa descoberta foi a instalação das frequências hertzianas, para a radiocomunicação. Em 1925, pesquisadores dos Laboratórios Bell, nos Estados Unidos, construíram o primeiro oscilador a quartzo. Mas, então, os relógios a quartzo eram ainda quase tão grandes quanto uma geladeira e assim permaneceriam por muito tempo.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:49

Pode-se considerar o 9º. Congresso Internacional de Cronometria, em Paris, em setembro de 1969, como a verdadeira data de nascimento da indústria do relógio a quartzo. Pois foi ali que a empresa japonesa Seiko apresentou seu primeiro modelo eletrônico. A partir de então, o mecanismo não cessou de evoluir e, com ele, a indústria. No Japão, a produção de relógios eletrônicos passou de 1,8 milhão em 1974 para 19,7 milhões em 1978.

O relógio a quartzo tinha dado um golpe mortal na indústria relojoeira clássica assim como o relógio atômico a césio tiraria do observatório de Greenwich, na Inglaterra, o privilégio de fornecer a hora oficial do mundo. Enquanto o consumo de energia dos relógios a quartzo baixava em 60 por cento, os produtores apresentavam modelos ainda mais eficientes e econômicos.

A principal mudança, porém, seria a quantidade de outras funções anexas à de marca, a hora: calendário, despertador, calculadora, agenda de telefonesenfim, toda a parafernália disponível nos relógios de última geração, que torna o homem moderno absolutamente dependente deles. Num mundo assim, nada mais natural que o cuidado do escritor Umberto Eco em preparar o espírito dos leitores de seu O nome da rosa. Pois, na era das máquinas digitais de contar as horas, quem ainda sabe como se dividia o tempo nos conventos?
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:49

Sol, água e areia

O mais antigo instrumento para medir a duração do dia foi o relógio solar, como o gnômon egípcio, datado de 3500 a 3000 a.C. Consiste em um mastro vertical ficando sobre uma base. O tempo é medido de acordo com a sombra projetada pelo mastro. Por volta do século VIII a.C., esses instrumentos se tornaram mais preciosos, à medida que marcas passaram a ser inscritas na base onde se projetava a sombra. Os gregos integraram os relógios solares a sistemas de considerável complexidade, nos quais se mediam os momentos do Sol, da Lua e das estrelas. Nasceu assim o relógio astronômico.

Os progressos na Astronomia ajudaram a aprimorar a medição do tempo. Com a invenção do astrolábio, por Ptolomeu, no século II d.C., tornou-se possível calcular, de acordo com a posição do Sol, a duração do dia ou da noite, assim como prever o levantar e o cair de um astro no firmamento e a hora do crepúsculo e da aurora. Media-se o tempo pelo ritmo de escoamento de um líquido. Os relógios de água eram usados pelos egípcios para marcar o tempo à noite, ou quando não havia sol. No Museu do Cairo existe um exemplar, fabricado na época do faraó Amenófis III, em 1400 a.C.

Era um recipiente cheio de água, com um pequeno furo no fundo, que deixava escorrer o líquido para outro recipiente, marcado com escalas. De acordo com o nível da água, podia-se saber a hora.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:50

Esses instrumentos foram aperfeiçoados por mecanismos que tornavam constante a pressão da água que escoava; por exemplo, a colocação de canos que jogavam continuamente líquido no primeiro reservatório. Um dos mais bem elaborados sistemas da Antiguidade foi a Torre dos Ventos, construída em 75 a.C. aos pés do Partenon, em Atenasuma torre de 20 metros de altura, com nove quadrantes solares, um catavento, uma clepsidra (o nome do relógio a água), além de outros instrumentos. Também os chineses apreciavam esse tipo de relógio. O que foi feito, já no ano de 1090, para o imperador Su Sung indicava as doze horas do dia, tinha um sino que soava a cada quarto de hora e era enfeitado com autômatos.

Mas foi só no primeiro século da era cristã que surgiu o mais conhecido dos medidores de tempo anteriores ao relógio mecânico: a ampulheta. Ela mede o tempo de acordo com a passagem da areia de um recipiente de vidro para outro, através de uma estreita ligação. Nos séculos XVI e XVII, foram feitas ampulhetas para funcionar durante períodos de quinze e trinta minutos. E, embora poucos exemplares desse tipo tenham sido construídos, havia alguns com quatro ampulhetas, ligadas de modo que todas fossem visíveis. Cada uma marcava um período de tempo: um quarto de hora, meia hora, três quartos e a hora inteira.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:50

Hora certa para inglês ver

Os progressos da relojoaria cravaram na paisagem das principais cidades do mundo verdadeiros monumentos à arte e ciência de marcar o tempo. Certamente o mais famoso deles é o Big Ben, de Londres, símbolo por excelência do lendário gosto pela pontualidade que se atribui aos britânicos. Ao contrário do que se imagina, porém, Big Ben é o nome do maior dos cinco sinos da torre de Santo Estêvão, e não propriamente do relógio.

Este, por estranho que pareça, foi projetado por um advogado, Edmund Denison, barão de Grimthorpe, e instalado, aí sim, pelo arquiteto Frederick Dent. Suas primeiras badaladas foram ouvidas em 31 de maio de 1859. Naquela época, dois homens tinham a ocupação de. três vezes por semana, dar corda no relógio, o que durava nada menos de seis horas.

Pelo que contam os londrinos, o nome Big Ben é provavelmente uma homenagem a Sir Benjamin Hall, parlamentar da Câmara dos Comuns, encarregado de supervisionar a construção do relógio. Outra história afirma que o som de seu carrilhão é baseado numa frase musical do compositor alemão naturalizado inglês Georg Friedrich Haendel (1685-1759). Mas a fama do Big Ben vem acima de tudo, de sua inabalável precisão. As raríssimas vezes em que atrasa ou adianta são corrigidas colocando-se ou tirando-se pequenos pesos de uma bandeja presa a um pêndulo.

Uma moeda de 1 penny, por exemplo, adianta o relógio em 2/5 de segundo, em 24 horas. Nada mais improvável para um londrino do que ver o Big Ben parado. Uma das raras vezes em que isso aconteceu foi por ocasião da morte do estadista Winston Churchill, em 24 de janeiro de 1965. No dia dos funerais, das 9h45 à meia-noite, os ingleses fizeram o tempo parar.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:51

Os ritmos do homem

De acordo com a cronobiologia, tudo pode ser regido em função do ritmo biológico, desde o amor até o trabalho; desde a saúde até a fecundação.

Uma nova ciência diz que o organismo funciona segundo o compasso da natureza. O amor, a saúde, o trabalho, tudo seria questão de ciclos.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:52

O calor alterna com o frio, a chuva substitui a seca, dias claros afastam dias cinzentos. Refletindo a caminhada da Terra ao redor do Sol, o cenário da vida se altera a cada estação, mudando o comportamento das espécies, que tratam de sobreviver da melhor maneira: assim, as plantas em certa época germinam, em outra desabrocham e em outra ainda perdem folhas, enquanto os animais migram em certos meses, em outros se acasalam. Os seres vivos também se adaptaram ao vaivém diário de luz e escuridão. Se há plantas que reservam para a fotossíntese os horários em que a luz é ideal, as abelhas por sua vez deixam seus vôos para quando as flores liberam mais pólen — algo que elas percebem como uma diferença na luminosidade do ambiente.

Em todas as espécies há fenômenos semelhantes por se repetirem de tempos em tempos com a regularidade de um relógio ou calendário. Os seres humanos não são exceção: também entram na dança dos chamados ritmos biológicos. Sair para o trabalho em determinada hora, almoçar sempre por volta do meio-dia, descansar ao menos um dia por semana — todas as pessoas têm noção dos ritmos necessários ao funcionamento da vida em sociedade.

Mas poucos percebem a rotina interna do organismo, onde cada função tem um ritmo próprio, determinando, por exemplo, momentos do dia em que nos sentimos mais dispostos e outros em que — asseguram os cientistas — ficamos mais vulneráveis a doenças.

Esses ritmos são estudados pela cronobiologia, área das ciências médicas e biológicas que foi reconhecida oficialmente em 1960. Mas, na verdade, o primeiro cientista a suspeitar da existência de autênticos relógios biológicos foi um astrônomo — o francês Jean-Jacques De Mairan, que, em 1729, observou que uma planta — a mimosa-sensitiva — ao lado do seu telescópio abria conforme a luminosidade. Intrigado, levou o vaso para o porão, dentro de um baú.

De Mairan verificou que mesmo nessas condições de total escuridão a planta continuava a se movimentar como se acompanhasse o dia e a noite. O astrônomo relatou a experiência à Academia de Ciências de Paris, que a tratou — e o seu autor — com soberano desprezo.

Afinal, para os cientistas da época os ritmos biológicos apenas deviam refletir as mudanças ambientais e não, como se acredita hoje, se manifestar em sincronia com elas. Os ritmos são herdados e os fatores ambientais, a que chamamos de sincronizadores, servem apenas para ajustar os ponteiros dos relógios biológicos, esclarece o neurofisiologista José Cipolla-Neto, um dos fundadores do grupo multidisciplinar que estuda o assunto há oito anos na Universidade de São Paulo. A cronobiologia afirma que a maioria dos ciclos biológicos humanos se dá num período de 25,2 horas — daí a expressão ritmo circadiano, cerca de um dia.

Existem, é claro, diferenças de pessoa para pessoa: a zero hora de uma não é necessariamente a de outra. Os matutinos acordam e dormem cedo, enquanto os vespertinos preferem ir para cama por volta das 3 da madrugada, para só acordar perto do meio-dia. Isso é muito significativo, pois os ciclos de todas as funções são arrastados pelo ciclo do sono.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:52

Em qualquer caso, os estímulos externos servem apenas para sincronizar os ritmos internos com o ambiente, pois o organismo não se comporta à noite como de dia, importando pouco o fato de se estar dormindo ou acordado. Nos seres humanos há um sincronizador muito particular: as relações sociais, ressalta Cipolla.

A luz, porém, é de longe o sincronizador mais poderoso para a maioria dos seres vivos. Impressionadas pela luminosidade, as células da retina disparam através dos nervos óticos uma mensagem elétrica que alcança o hipotálamo, na base do cérebro. Além de comandar as glândulas do organismo, o hipotálamo possui um pequeno núcleo onde se localiza o relógio biológico, considerado essencial à manutenção dos ritmos.

A luminosidade do dia impede de trabalhar a glândula pineal, localizada na área dorsal do cérebro e comandada pelo hipotálamo. Desbloqueada à noite — pois a luz artificial é muito fraca para produzir o mesmo efeito —, ela começa a liberar um hormônio, a melatonina, que, além de induzir o sono, age como uma espécie de mestre-sala para todos os ritmos biológicos.

É como se o organismo compreendesse que existe um antes e um depois da melatonina, tenta definir Cipolla. A melatonina, ainda por cima, estimula certas células imunológicas que combatem tumores — estes, descobriu-se recentemente, se desenvolvem mais depressa durante o dia. Algumas horas após o início da produção de melatonina, outra glândula — a hipófise — começa a segregar o chamado hormônio do crescimento, cujo pico no organismo se dá por volta das 3 da madrugada.

Estes são responsáveis, por exemplo, pela renovação das células, um processo que se repete noite após noite, ritmicamente. Outro hormônio, o cortisol, é produzido pelas glândulas supra-renais pouco antes de a pessoa despertar.

Faz sentido, porque o cortisol prepara o organismo para a atividade; é por isso que uma sessão de ginástica de manhã cansa menos do que à noite, quando aquele hormônio não é produzido. Interrompida a produção da melatonina pela luz do dia, outros hormônios passam a ser sintetizados, como os da glândula tireóide logo de manhã. O sobe-desce dos níveis hormonais constitui os ritmos biológicos das pessoas.

É o caso da preguiça que muita gente experimenta entre as 13 e 15 horas e que nada tem a ver com o fato de se ter ingerido ou não um farto almoço. Tem a ver, isso sim, com a maré baixa da atividade nas áreas cerebrais responsáveis pela atenção. A fome tampouco aparece por acaso no meio dia e à noite: é nesses períodos que o aparelho digestivo já está preparado, pois produziu enzimas.

Daí por que se recomenda manter o horário das refeições: quando isso não acontece, o alimento encontra o estômago despreparado e, por mais leve que seja, acarreta má digestão. Além disso, na falta do que digerir, as enzimas produzidas na hora marcada, pelo relógio biológico atacam o próprio aparelho digestivo, dando aquela conhecida sensação de ardor e, pior ainda, formando as dolorosas úlceras.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:53

Tudo é ritmo e nem a dor escapa disso — embora inevitável, ela varia de intensidade. Um chute na canela logo ao amanhecer pode ser mais suportável do que um chute igual à tarde, quando as células nervosas estão mais ativas. Já a madrugada é o pior momento para se ter uma sensação dolorosa.

Aliás, nesse mesmo período dá-se uma queda no sistema imunológico e os processos inflamatórios tendem a se acentuar enquanto se dorme — quem nunca teve a impressão de dormir com a garganta irritada e acordar mal conseguindo engolir? Não é à toa que as piores dores de dente — que beiram o insuportável por geralmente estar relacionadas à inflamação dos nervos — costumam pegar a vítima de pijama.

Os ciclos circadianos, porém, não são os únicos a governar os ritmos humanos. A menstruação é um exemplo típico de ciclo mensal. Existem ainda os ciclos circanuais, que duram, como o nome indica, cerca de um ano. Pesquisas mostram que em qualquer parte do mundo a taxa de natalidade tende a ser maior na primavera. Isso indica que até na gélida Finlândia — e não apenas em países ensolarados como o Brasil — os amores de verão costumam ser irresistíveis.

Os cientistas suspeitam que, assim como outras espécies costumam se acasalar em determinada estação para que as crias também nasçam em meses mais adequados à sobrevivência, por algum motivo desconhecido, ao longo da evolução, os homens escolheram a primavera como a época ideal para o nascimento dos filhos. Por isso, cerca de nove meses antes — ou seja, no verão —, aumentariam os níveis de hormônios sexuais que despertam o desejo.

Não seria pela temperatura que o organismo percebe a mudança de estações, e sim pela quantidade de luz, que varia conforme as estações. A cronobiologia responsabiliza a diminuição da quantidade de luz, típica do inverno, especialmente no hemisfério norte, pelo aumento de surtos de depressão nos meses frios. Por isso, em países europeus e nos Estados Unidos já se trata a depressão com fototerapia, em que estímulos de luz servem para acertar os ponteiros do relógio biológico.

O paciente é isolado num ambiente desprovido de qualquer sugestão da hora do dia, como uma janela, por exemplo.

Os médicos então medem alguns parâmetros fundamentais como o hormônio cortisol, que deve ser produzido nas primeiras horas da manhã, e a temperatura, que deve atingir seu ponto máximo às 18 horas. Assim, são determinadas as características dos ritmos biológicos naturais.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:53

Essas características dizem como está funcionando o relógio biológico - se está atrasado ou adiantado. Quando o estímulo de lâmpadas de 10 mil lux (unidade de luminosidade) é dado na passagem do dia para a noite, o relógio biológico atrasa, pois o organismo reage como se o dia tivesse continuado. Já quando o estímulo é aplicado na passagem da noite para o dia, o relógio se adianta, como se o dia tivesse chegado mais cedo.

Os resultados do tratamento — ainda não disponível no Brasil — podem durar pelo menos um mês; depois é preciso repeti-lo. A fototerapia também é usada para combater o chamado jet lag, expressão inglesa que designa a sensação de mal-estar que sofrem os passageiros de vôos de longa duração. Na realidade, a sensação é provocada pela passagem abrupta de um fuso horário para outro. A velocidade cria um descompasso entre o que ocorre no organismo e o mundo exterior. O relógio biológico fica por assim dizer desregulado em relação à rotina do ambiente.

Como o ciclo humano tem mais de 24 horas — 25,2 horas, como já se viu —, é mais fácil atrasar os ritmos do organismo do que adiantá-los. Ou seja, quem voa no sentido leste-oeste sofre menos, porque no leste é mais tarde: quando é meio-dia em Brasília, por exemplo, os ponteiros de Paris já marcam 16 horas.

Assim, um viajante da França se adapta ao horário brasileiro bem mais depressa do que o brasileiro desembarcando na França — três vezes mais depressa, calculam os pesquisadores. Uma das áreas de vanguarda da cronobiologia é o estudo do ajustamento entre os vários ciclos biológicos.

Após estagiar dois anos com o médico americano Franz Halberg — o inventor do termo ciclos circadianos —, o biólogo Nélson Marques, da USP, pesquisa a medicina dos ciclos de aproximadamente uma semana. Procura-se também saber como os pequenos ciclos de poucas horas formam os ciclos circadianos e estes formam por etapas sucessivas os circanuais.

Essa cadeia harmônica parece romper-se no idoso, que dorme poucas horas à noite e tende a cochilar várias vezes ao dia. Alguns acreditam que as conexões entre os ciclos se desfazem com o tempo, informa Marques. Mas existem os que acham que o próprio envelhecimento seria conseqüência e não causa desse desajuste.

Em todo caso, é pela falta de sincronia que os cronobiologistas explicam as doenças. O biomédico Luiz Menna-Barreto, do grupo paulista de cronobiologistas, exemplifica com o caso de trabalhadores noturnos, cujos ritmos não se invertem, e, conseqüentemente, poderiam ter uma estimativa de vida quase 10 por cento menor do que os outros. Um dos objetivos da cronobiologia, aliás, é aplicar o conhecimento dos ritmos ao estudo do desempenho humano, orientando as empresas no sentido de aproveitar os picos de disposição dos funcionários e, em compensação, admitir menor produção nos horários em que os ritmos caem.

Tudo isso — os cientistas fazem questão de advertir — nada tem a ver com os velhos biorritmos em moda na década de 70, invenção de um americano que calculava três ciclos — de 23, 29 e 33 dias —, correspondentes ao desempenho físico, emocional e intelectual, respectivamente. Tais ciclos partiam da data de nascimento de cada qual e os pontos de intersecção eram considerados dias críticos, sujeitos a desgraças de todo tipo. Tanto os cronobiologistas rejeitam essa idéia que até aboliram o termo biorritmo do seu jargão para evitar confusões.

Biorritmo é um caso típico do que se convencionou chamar pseudociência. Em primeiro lugar, nenhum ritmo poderia ser calculado a partir do nascimento, porque o feto já possui alguns ritmos próprios, como o dos batimentos cardíacos. Além disso, a duração de tais ciclos foi estabelecida a partir de ocultismos, como a numerologia. Enfim, nenhum teste hormonal ou de desempenho físico comprovou até hoje as alegações da teoria do biorritmo.

A área talvez mais quente de atuação da cronobiologia se refere ao uso de medicamentos. Descobriu-se que as drogas têm efeitos diferentes conforme o momento do dia, conta o médico José Cipolla-Neto. Não só uma droga é mais eficaz em certas horas como também em outras pode gerar efeitos colaterais mais intensos.

Assim, em vez de acreditar que o ideal seria manter uma droga em níveis constantes na corrente sangüínea até o final do tratamento, baseados em pesquisas os cronobiologistas apostam na teoria da dose certa no momento certo: as anestesias locais, por exemplo, durariam o dobro do tempo se aplicadas entre 13 e 15 horas, quando deveriam ser marcadas as cirurgias mais longas.

A cronobiologia é recente demais para que todas as suas descobertas sejam aceitas sem discussão. Mas parece no mínimo sensato afirmar, como ela faz, que também a saúde é uma questão de manter o ritmo - os altos e os baixos da atividade do organismo.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:54

Relógios para todos os gostos

Até há alguns anos, os cronobiologistas costumavam citar certas moscas arrítmicas- insetos que pareciam não obedecer a ciclos biológicos. Mais tarde ficou provado que, na realidade, essas moscas tinham ciclos tão breves que podiam se repetir até mais de vinte vezes ao dia. Caía de vez, então, a hipótese de que algum ser vivo poderia não ter ritmos.

Mas o fato de todos viverem ritmicamente não os torna semelhantes, muito ao contrário. O relógio biológico, de acordo com os cientistas, é uma espécie de carteira de identidade das espécies que combina tantas informações a ponto de tornar seu portador um indivíduo praticamente único.

Os ritmos da natureza variam muito: há insetos que batem as asas vinte vezes por segundo, como certas borboletas, e outros que as batem setecentas vezes no mesmo período, como a mosca-da-fruta; enquanto o coração do hipopótamo dá por volta de 20 batimentos por minuto, em passarinhos chegam a ser mil os batimentos num intervalo idêntico.

A única semelhança entre as espécies acaba sendo o sincronizador, conforme o ambiente em que evoluíram. Assim, caranguejos e algas, por exemplo, guiam seus ritmos principalmente pelas marés. Já para a maioria dos insetos e para todos os répteis, que não desenvolveram suficientemente o sentido da visão, é a temperatura ambiental o que mais regula seus ciclos. Em mamíferos e aves, porém, é a luz que acerta o relógio biológico.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:54

O enigma dos sete dias

Durante dois meses e meio, a bióloga Mírian Marques passou pelo menos oito horas por dia numa pequena sala iluminada por uma única lâmpada vermelha do Museu de Zoologia de São Paulo. Ali, um microscópio eletrônico ampliava-lhe a imagem de insetos Collembola — uma classe primitiva, sem asa, que não mede mais de 1,5 milímetro e vive sob a terra. A luz vermelha servia para que Mírian pudesse observá-los sem que estes recebessem o estímulo luminoso.

Livres assim de um sincronizador que poderia alterar-lhes os ritmos, verifiquei que eles têm ciclos biológicos de cerca de uma semana, pois trocam a cutícula (espécie de esqueleto externo) a cada três dias e meio e põem ovos a cada sete, explica a bióloga, para quem essa constatação poderá ser importante para a compreensão dos ciclos biológicos humanos.

De fato, há algum tempo se quer provar que existem também ciclos de sete dias - certas células do sangue humano, por exemplo, se multiplicam nesse intervalo. Seriam, por sinal, os únicos sem um correspondente no ambiente. Por isso, alguns cronobiologistas mais cautelosos afirmam que eles poderiam ter sido desencadeados por influência da organização social humana, que dividiu o tempo em semanas de sete dias.

Outra corrente supõe que na realidade a semana teria sete dias porque esse número respeitaria alguns ciclos biológicos, contrapõe Mírian. Tanto assim que algumas civilizações antigas, que experimentaram semanas de cinco, dez ou doze dias, acabaram se fixando em sete.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 19:59

Relógios 200px-Foucault_pendulum_in_the_Franklin_Institute

Relógios Foucault_pendulum_animated

Exemplo do Pêndulo de Foucault. Trata-se de um pêndulo gigantesco, construído em 1851 pelo astrônomo francês Jean Bernard Leon Foucault (1819-1868) para a grande feira de Paris. Esse aparelho constituiu a primeira prova do movimento de rotação da Terra, mostrando que um pêndulo oscilando, vai mudando lentamente o seu plano de oscilação. É interessante observá-lo em diferentes horários para verificar o movimento. Na realidade, é a Terra que se move na base do pêndulo, que tenta manter o seu plano de oscilação inalterado. Nos pólos, os pêndulos de Foucault descrevem um movimento de rotação completa em 24 horas — ou melhor, é a Terra que descreve esse movimento. No equador, o plano de oscilação se mantém inalterado em relação ao solo.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 20:00

O TEMPO

Dos relógios de sol, água ou areia, aos relógios cósmicos, passando pelos ritmos do homem

Parte II

Computadores de pulso
Análise dos novos relógios movidos a chips, que medem a temperatura do corpo, informam sobre o tempo, controlam os batimentos cardíacos e até armazenam dinheiro eletrônico.

São relógios, mas nem fazem tique-taque, porque não precisam. A cadência é dada pela oscilação do quartzo, um cristal piezoelétrico que se movimenta quando recebe a corrente elétrica provida pela bateria.

As horas, os minutos e os segundos são regulados pela eletrônica. Isso é simples demais para os eficientes circuitos integrados que hoje equipam os relógios de pulso. Cada vez menores e mais eficientes, os chips fazem dos relógios caixinhas de surpresas. Cada novo modelo oferece mais recursos que o outro.

Cronômetros, alarmes e calculadoras já são coisa do passado — os relógios de pulso dos anos 90 têm memória suficiente em seus chips para calcular altitudes e profundidades, temperaturas, ritmos cardíacos e performance de esportista.

A concorrência entre os relógios de quartzo e os mecânicos de molas tradicionais, complicados e dispendiosos, já foi decidida há muito tempo — os relógios de quartzo são bem mais baratos e muito mais precisos. Até mesmo um a quartzo dos mais baratinhos normalmente não adianta ou atrasa mais do que 30 segundos por mês. Isso significa precisão de 99.999984%. Os muito bons e muito caros são ainda mais exatos, e só adiantam ou atrasam no máximo 10 segundos por ano.

Com a incorporação dos minúsculos microprocessadores, o relógio deixou de ser apenas marcador de horas. Virou artigo esportivo, agenda de anotações, banco de dados, barômetro e vigilante da saúde. Tudo o que os relógios medem depende do computador neles embutido, e naturalmente também dos sensores que fornecem os sinais.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 20:01

Assim, os pequenos chips são capazes, por exemplo, de amarrar o homem do tempo ao pulso. Num dos mais recentes modelos, um sensor de temperatura mede os graus Celsius do momento, mostra-os no display e os armazena na memória por 24 horas. Chamando-se depois todos os dados, pode-se construir uma curva de temperatura do dia, o primeiro passo no caminho de um meteorologista amador.

A capacidade de armazenamento do computador não é saturada com esses poucos dados de temperatura. Para preenchê-la, introduziu-se no aparelho uma biblioteca meteorológica na forma de programação fixa permanente (a memória ROM - read only memory).

Esse banco de dados abrange temperaturas médias diurnas e noturnas de um mês inteiro, registradas em 23 cidades de todo o mundo. Ao consultá-lo, pode-se descobrir se no mês de março fez mais frio ou mais calor em Dubai, nos Emirados Árabes, do que em Auckland, na Nova Zelândia. Com isso, torna-se desnecessário perguntar em agências de turismo ou consultar tabelas meteorológicas. E se já é possível que as cidades informem sobre o seu clima, nada mais fácil do que permitir-lhes também que indiquem simultaneamente a hora local.

Outro instrumento de medição também é ideal para os meteorologistas amadores. Além da temperatura, também a pressão atmosférica é decisiva na previsão do tempo, e no pulso ainda há lugar para mais um sensor que se encarregue da pressão, pois ele não ultrapassa as dimensões de um botão de dar corda em um relógio de bolso. Esse barômetro mede a pressão atmosférica, indicando se ela cai ou sobe.

O pequeno observatório meteorológico eletrônico armazena automaticamente os valores das 18 horas precedentes, e calcula a partir delas a tendência: de queda da pressão atmosférica (significa piora do tempo), de elevação (significa melhoria) ou de estabilidade. Os prognósticos aparecem com indicações luminosas num segmento circular colorido do mostrador. Logo abaixo aparece a pressão atmosférica do momento, em milibares, num visor de cristal líquido.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 20:02

A pressão atmosférica não influencia apenas o tempo. Existe também uma relação simples entre ela e a altitude geográfica. Ou seja, quanto mais alta a montanha, mais leve é a coluna de ar que pesa sobre ela. Até 1000 metros acima do nível do mar, a pressão atmosférica cai 1 milibar a cada 8 metros de altitude. Um equipamento embutido no relógio-barômetro permite indicar também a altitude, em metros, ao se escalar uma montanha, calculando a diminuição da pressão.

Esses cálculos só estão corretos, porém quando o dono não esquece de calibrar o "relógio". Para obter um resultado mais preciso, digita-se a latitude conhecida, antes de começar a escalada. Com esse valor de referência, o computador é capaz de equilibrar mais facilmente as causas de erro. E quanto mais estáveis forem as condições atmosféricas, mais exata será a indicação da altitude. Se uma tempestade se aproximar ou se surgir um vento quente nas montanhas, lá se vai a precisão na medida.

O que e válido para os arejados cumes, também funciona em águas profundas. Nelas, o barômetro pode ser usado como medidor de profundidade. Tanto o relógio como o sensor são resistentes à pressão até 100 metros de profundidade, e à prova d'água.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 20:07

Esse relógio-barômetro já vem pronto da fábrica, mas os medidores de altitude e profundidade têm que ser adaptados à parte. São particularmente indicados para balonistas, pára-quedistas, planadores, pilotos de asa delta e planadores, alpinistas e mergulhadores.

O motivo é que o relógio, além de instrumento de medida, pode ser usado como instrumento de alarme. Armazenam-se em sua memória determinados valores de altitude ou de profundidade que, ao serem atingidos, fazem com que o alarme do relógio dispare.

Também os pilotos de planadores usam o relógio-barômetro. É importante que os pilotos conheçam a altitude alcançada por seus aviões de competição. Mas como é praticamente impossível a avaliação apenas visual, os pilotos eram obrigados a recorrer a difíceis medições e cálculos trigonométricos.

Agora os pequenos e médios medidores de altitude do relógio-barômetro são fixados em seus planadores. Depois de uma decolagem bem — sucedida, esses aparelhos se elevam, num intervalo de 18 segundos, até uma altitude de 350 a 500 metros e o relógio — barômetro registra automaticamente em sua memória a máxima altitude alcançada.

Termômetros e barômetros, ou seja, censores de temperatura e de pressão atmosférica, reagem a estímulos externos. Um terceiro instrumento de medição do relógio de pulso ausculta o interior do corpo humano. Esse sensor "controla as pulsações do portador do relógio. Ele lembra com sinais acústicos, de tempos em tempos, que é hora de medir o pulso. Na memória, ele guarda os últimos valores medidos permitindo assim a elaboração de uma curva do ritmo cardíaco.

O analisador de pulso funciona com luz no infravermelho. Um LED (diodo emissor de luz), fonte luminosa que emite radiações próximas ao infravermelho manda radiação eletromagnética através da polpa digital logo que o portador coloca o dedo sobre o sensor. Parte dessas radiações é refletida pelas partículas de ferro da hemoglobina do sangue.

Uma célula fotossensível, situada bem ao lado do diodo, capta a radiação refletida. Essa fotocélula transforma luz em impulsos elétricos e, quanto mais raios luminosos chegam à fotocélula, mais forte o impulso. A cada pulsação, nova quantidade de sangue chega através das artérias e, assim, uma simples contagem dos picos de impulsos elétricos estabelece a freqüência dos batimentos do pulso.

Tanto leigos como médicos não se interessam apenas pela freqüência cardíaca, mas também pela pressão sanguínea. Por isso, os engenhosos relojoeiros do ramo computadorizado acreditam ter encontrado uma brecha no mercado a ser preenchida, combinando instrumentos de medição do pulso e da pressão sanguínea.
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Mensagem por Lobo do Leste 10/2/2024, 20:07

O relógio executa diversas funções de sentinela: depois de armazenar valores normais em sua memória, ele é capaz de emitir sinais luminosos no mostrador, que alertam para a aproximação dos valores registrados aos valores limítrofes. Uma das possibilidades é a de se conhecer a freqüência do pulso no momento Outra é compará-la com valores do pulso em condições de repouso. Pode-se armazenar dados deste último e relacionar os dois. Para esportistas, por exemplo, é importante saber, quanto tempo a pulsação leva para voltar ao ritmo de repouso, depois de realizado um esforço.

Em direção oposta aos aparelhinhos de lazer e de saúde caminham os relógios que substituam o bloco de anotações do bolso do colete de executivos. Dependendo do modelo, neles podem ser armazenados muito mais do que uma centena de números de telefone, assim como anotadas datas de compromissos e registrados horários de aviões ou bens.

Quem se encontra em viagem de negócios anota nele horários de partida, de chegada, nomes dos que devem ser visitados e ainda incumbe o relógio de lembrar que deverá telefonar para determinado número na Califórnia exatamente às 17 horas. O dono de um relógio desses também poderá descobrir facilmente que horas são, naquele momento, na costas leste dos Estados Unidos: Com um simples saque na tela em seu pulso, ele faz com que o mapa mundial se desenrole da esquerda para a direita.

Como os pequenos computadores portáteis, do tipo palmtop, os relógios computadorizados podem até ser acoplados ao telefone e discar por si mesmo, contanto que a rede telefônica seja digital. Embora a memória do chip ainda seja pequena, é uma questão de tempo conseguir mais memória no mesmo espaço para que se transmitam dados armazenados no relógio via telefone.

O último inverno em várias estações de esqui da Europa lançou uma nova moda entre os chiques e endinheirados: um relógio com o qual se pode pagar teleféricos e elevadores que transportam os esquiadores até o topo da montanha. Ele substitui os cartões diários ou permanentes que os esquiadores levavam pendurados no pescoço, um tanto incômodos na hora de passá-los no aparelho de leitura.

Para pagar o elevador com o relógio, basta passar o pulso por cima de um transmissor, na distância máxima de 35 centímetros. Um simples esfregar do pulso por cima do aparelho já é suficiente para induzir a passagem das correntes elétricas que transportam os dados. O preço da passagem é eletronicamente descontado do crédito arquivado na memória do relógio. Naturalmente, é necessário que esse crédito seja previamente ali registrado por uma agência bancária.
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