Existem bons Maestros no Brasil?

Amigos, para um trabalho musical, de arte musical, uma orquestra não pode tocar sozinha. O regente será aquele que concebe a obra, o que quer dizer a interpreta à sua maneira, definindo predominância de naipes, burilando sons, exigindo mais ou menos ritardandos e accelerandos e smorzandos, prolongando pausas e coronas, ligando ou destacando notas, dando a medida dos tempos, cuidando de afinações, e muita coisa mais. Sem a concepção de um regente e maestro "concertatore", não pode existir música de orquestra. Aquelas que tocam sem maestro, tiveram antes a presença de alguém que fez o papel de maestro e regente, marcando o indispensável. Em matéria de atuação como regente, acho o Karajan fabuloso, pois conseguia passar sua concepção aos musicistas da orquestra e ver a obra executada a seu modo, como ele queria. Isso é que é importante. O resultado nunca é do gosto de todos, o que é óbvio. Mas ninguém pode negar a autoridade do Karajan, o que se reflete na música regida por ele.

Fui assistir alguns ensaios de orquestra no Brasil. Não consegui nunca ver exatamente aquilo que sobra no Karajan: autoridade, ideias musicais sendo passadas aos instrumentistas. Só vi tapinhas nas costas, intimidades de bar, chalaça e burocracia. O Brasil não tem regentes. Para sê-lo, é imprescindível saber mandar, e brasileiro acha que mandar é agredir.

Gente, vamos falar de regentes, de maestros. Vocês acham que no Brasil existem bons regentes?

Prezados:

Conheço dois grandes regentes:

- Osvaldo Colarusso
- Roberto Duarte

Há, sem dúvida, outros...

Frederico Gerling, Aylton Escobar, Abel Rocha.

(Note-se que NÃO CONSIDERO aqueles que, presunçosamente, têm gestos caricatos e exagerados, fazem-se passar por "grandes maestros").

(Vide a regência clara e objetiva - sem fazer questão de ser o centro das atenções - dos citados acima!)

Amplexos

Prezados:

Ah, sim...
Faltou o Diogo Pacheco!

Amplexos

penso que o maior regente brasileiro de todos os tempos foi Schnorrenberg. José Penalva o admirava muito e vivia citando passagens de sua vida. Tenho algumas gravações não muito boas mas que mostram seu vigor.
Outro que fez muito sucesso lá fora é o Karabtchevsky.
Lógico que há outros mais.

Faz algum tempo a Filarmônica de Viena apresentou um concerto com a Metamorfoses para cordas do Strauss, árias de Mozart e Salieri com a Cecilia Bartoli e a sinfonia para sopros do Stravinsky. Sem maestro! Não pude assistir, mas não tenho dúvidas da qualidade do resultado.

E, tá bom, tá bom eu sei, não é a orquestra da esquina, é a Filarmônica de Viena. Top de linha. Uma das melhores. Mas que se eles quiserem eles dispensam o maestro.

O maestro não tem nada de desnecessário... Não sei como são as coisas em orquestras, mas conheço coral. Experimentem tirar o regente de um coral e vejam a lástima que fica!...

kbr, um dia a minha ex-colega de balé veio me perguntar pra que é que servia o maestro... Eu penso que, se a orquestra não for "a" orquestra, sem o maestro o pessoal vai se perder... pra tocar sem maestro, tem que ser um grupo muito coeso, que esteja trabalhando junto há bastante tempo. Não é questão de ser ou não "orquestra da esquina", e sim questão de quanto tempo faz que aquele grupo trabalha junto.

Se for um grupo que tenha muita gente nova, e tentar fazer isso, vai dar chabu...

Tem o João Carlos Martins, é claro.

Muitas vezes já se criticou Karabtchevsky, mas a melhor 9ª sinfonia de Beethoven que eu já ouvi ao vivo (ouvi quatro) foi a dele. Aliás essa foi uma das melhores nonas que eu já ouvi, incluindo aí as melhores gravações.
Conheço também Roberto Duarte pelos maravilhosos cds do selo Marco Polo, em que ele rege várias obras de Villa-Lobos.

Quanto à crítica do Siegfried aos regentes brasileiros, me calo, pois não conheço tal âmbito, contudo acho que toda afirmação generalizada é perigosa.