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Mensagem por Alquimista 20/2/2017, 07:06


Falarei um pouco sobre compositores para teclado com o selo ''descubram-me''. Alguns nem são mencionados nos melhores dicionários de música.

Começo com as fantásticas Pieces de Clavecin de Forqueray.
O compositor francês Antoine Forqueray (1671 – 1745)  foi um estupendo virtuose de viola da gamba. Diziam que só ele conseguia tocar suas peças de viola. Seu estilo enérgico o fez receber o apelido de ''o diabo'', em contraponto ao estilo angelical de Marin Marais (1656 – 1728), que era outro virtuose do mesmo instrumento.
Após sua morte, seu filho Jean-Batiste (1699 – 1782), que era tão bom quanto ao pai, publicou suas peças de viola e também uma versão para teclado, em que ele compôs algumas peças, com o intuito de popularizar a obra do pai. O resultado são peças brilhantes e únicas com muita energia e virtuosidade, além de um grande refinamento e complexidade harmônica. São obras que fazem o teclado soar imponente, com grandes efeitos técnicos. O milagre do cravo!!! Pode-se dizer que foi o Liszt daquela época. Gravação recomendada: Mitzi Meyerson.



Ainda com os franceses, temos o grande Pancrace Royer (1705 – 1755) , que compôs 14 peças num estilo semelhante ao de Rameau, mas com algumas bastantes fogosas, como é o caso de Le Vertigo, que lembra bastante o Inverno de Vivaldi, e a La Marche des Scythes, com sua escrita deveras virtuosística, incomum para aquele tempo. Sinais do amadurecimento da escola cravística francesa, que se encontrava no seu final. Gravação recomendada: Christophe Rousset.



Outro francês bem interessante e completamente desconhecido chama-se Simon Simon (1735 – 1787), que escreveu 3 livros de Pieces de Clavecin.
O favorito e professor da corte francesa, escreveu obras intrigantes e exóticas, recheadas de efeito. Suas partituras só se encontram na Biblioteca Nacional da França. Gravação recomendada (e a única): Jean-Patrice Brosse.

Da França, ainda deve-se citar Jacques Champion Chambonnières (1601/2 – 1672), o pai de toda a música cravistica francesa, que escreveu suítes num estilo bem introspectivo, Jean-Frédéric Edelmann (1749 – 1794), uma das vítimas da revolução francesa (morreu na guilhotina), escreveu interessantes sonatas, o grande Louis Marchand (1669 – 1732), Jacques Duphly (1715 – 1789), François D’Agincour (1684 – 1758), Jean-Henri D’Anglebert (1629 – 1691), Nicolas de Grigny (1672 – 1703), Jean-François Dandrieu (1682 – 1738), o mui interessante Christophe Moyreau (1700 – 1774), Jacquet de La Guerre (1665 – 1729), Claude Balbastre (1724 – 1799), Etienne-Nicolas Méhul (1763 – 1817), além de vários outros, como Louis-Claude Daquin (1694 – 1772).
As obras de Daquin são incríveis. Refletem uma época, o Iluminismo, em que o mecanicismo e a razão eram moda. É a época de grandes engenhocas, dos gênios da relojoaria, dos autômatos de Jaquet-Droz (1721 — 1790), da máquina de xadrez O Turco que assombrou a Europa… Isso tudo se reflete na música de Daquin, principalmente em seu Le Coucou, como em vários outros cravistas franceses.



Aliás, uma característica da música francesa para cravo é justamente a descrição, não no sentido de ser programática, mas exprimir estados de ânimo e ideias… Apanágio que a torna bem atraente. Prova disso é a música de Michel Corrette (1707 – 1795), que além de escrever obras de determinados gêneros, compôs criativas peças para teclado incluindo uma que acho especial, Combat Naval. Ele colocou nesta obra todos os efeitos de um verdadeiro combate naval. O cravo reproduz até sons de canhão!!!
Nomes mais conhecidos como François Couperin (1668 – 1733) e Rameau (1683 – 1764) não precisam ser explorados aqui, a não ser o Armand-Louis Couperin (1727 – 1789) e o tio de François, Louis Couperin (1626 – 1661) .

Indo agora para terras ibéricas, começo citando o grande compositor português Carlos Seixas (1704 – 1742) .
José Antônio Carlos de Seixas nasceu em 1704 em Coimbra e morreu em 1742 em Lisboa. Durante sua curta existência ele assumiu logo cedo o posto de organista da Sé Patriarcal de Lisboa e o cargo de vice-maestro da capela imperial, cargo este importantíssimo, já que o maestro era ninguém menos que Domenico Scarlatti (1685 – 1757) (era uma época em que músicos italianos dominavam as cortes ibéricas). Seixas compôs belíssimas obras instrumentais, mas destacam-se na sua produção suas sonatas para teclado. Consta que ele compôs mais de 700, porém somente umas 100 sobreviveram devido ao terremoto de Lisboa de 1755. Algumas são destinadas ao mero amador, outras exigem uma técnica avançada, com escalas e arpejos percorrendo todo o teclado, oitavas na mão esquerda rapidíssimas, não deixando nada a desejar para as melhores de Scarlatti. Tem força e originalidade!!! Algumas são diferentes de tudo o que se compunha na época, cheias de ousadia.
Enfim, se querem comprovar, ouçam a gravação da cravista e pianista brasileira Debora Halasz. Vocês irão se surpreender!
Pra encerrar esse capítulo sobre Seixas, certa vez Scarlatti foi chamado pelo infante Dom Antônio, irmão do rei Dom João V, para que desse umas aulas ao jovem compositor português. Todavia, assim que Seixas colocou as mãos sobre o teclado, o mestre napolitano falou: ''ele é que deve me dar aulas'', dizendo ainda que Seixas era um dos maiores músicos que ele já tinha visto.



Ainda em Portugal deve-se destacar Frei Jacinto (1700 – 1750), João de Sousa Carvalho (1745 – 1798), Manuel Rodrigues Coelho (1555 – 1635) e Pedro Antônio Avondano (1714 – 1782).
Para piano, temos o português Antonio Fragoso, que nasceu em 1897 e morreu em 1918, com menos de 21 anos.
Foi um pianista e compositor de talento raro que nos legou belas páginas, entre elas uma fantástica e arrebatadora sonata.
Em solo espanhol encontraremos o fantástico padre Antônio Soler (1729 – 1783).
Soler compôs muitas sonatas que são adrenalina pura, coisa típica da Espanha. ''Duende''!!! Muitas se utilizam de ''temas'' mouros e palos do flamenco, num linguajar bem espanhol. Exigem técnica apuradíssima.
Não deixem de escutar o seu Fandango para cravo. Vai ao máximo da adrenalina!



Ainda na Espanha temos as sofisticadas sonatas de Sebastian Albero (1722 – 1756) (uma ótima opção para aqueles que querem tocar sonatas além de Haydn e Mozart), Josep Gallés (1758 – 1836) e suas 23 sonatas dramáticas, profundas e harmonicamente ousadas, Manuel Blasco de Nebra (1750 – 1784), Mariano Cosuenda (1737-1801), Freixanet (1730 – 1762), Anselm Viola (1738 – 1798), Francisco Correa de Arauxo (1584 – 1654), entre outros.
Gravação obrigatória : Variações do Fandango espanhol, do virtuose Andreas Staier. Além de uma incrível interpretação do Fandango de Soler, esse CD contém sonatas de Ferrer, Albero e Gallés, que fazem o cravo pegar fogo.
Do renascimento e início do barroco temos Juan Cabanilles (1644 – 1712)  e Antonio de Cabezón (1510 – 1566).

Indo agora para a bella Itália, também encontraremos grandes compositores para teclas. Quem pensa que lá só sobressaíram nomes no violino, deveria conhecer os grandes Giovanni Benedetto Platti (1697–1763) e Giovanni Battista Pescetti (1704 – 1766). Ambos escreveram maravilhosas sonatas que soam como aqueles belos concertos e sonatas de Corelli, Vivaldi, Tartini e Torelli. Cheias de efeito e complexidade, além do famoso melodismo italiano que todos conhecem. Prova disso é o segundo movimento da Sonata em Dó Menor de Pescetti, sem dúvida um dos mais belos andantes já compostos.



Temos também o grande Giovanni Marco Rutini (1723 – 1797) (cujas sonatas influenciaram Mozart), Ferdinando Turrini (1745 – 1820), Azzolino Bernardino Della Ciaia (1671 – 1755) e suas sonatas de efeito, Carlo Francesco Pollaroli (1653 – 1723) e sua bela fuga, Pietro Domenico Paradisi (1707 – 1791), Francesco Durante (1684 – 1755), e o impressionante Padre Giovanni Battista Martini (1706 – 1784). Domenico Zipoli (1688 – 1726), que viajou para a Argentina a fim de trabalhar nas missões jesuíticas, compôs 6 suítes para cravo e várias obras para órgão.
Baldassare Galuppi (1706-1785), autor de belas óperas, escreveu também ótimas sonatas para teclado, e Domenico Alberti (1710 – 1740) , cujas sonatas levam o famoso Baixo de Alberti, nomeado em sua homenagem.
Ferdinando Medici (1663 – 1713), o Orfeu dos Príncipes, foi um ilustre membro da poderosa família florentina, também escreveu para teclado, além de ter sido um grande patrono das artes, tendo financiado Bartolomeo Cristofori, o inventor do piano.
Giovanni Battista Grazioli (1746 – 1828) e seu filho, Alessandro Grazioli (1780 – 1834), compuseram lindas sonatas para cravo e órgão.
Bernardo Pasquini (1637 – 1710), um dos maiores compositores para teclas. Destaque especial para sua Toccata con lo Scherzo del Cucco.
Michelangelo Rossi (1601/1602 – 1656), compôs várias tocatas num estilo semelhante ao de Frescobaldi.
Benedetto Marcello (1686 – 1739), um nome já bem conhecido, compôs várias excelentes sonatas para cravo que são pouco conhecidas.
Alessandro Poglietti (1600 – 1683), de origem toscana, trabalhou na Áustria para Leopold I, onde teve grande destaque na corte. É uma das figuras mais importantes para teclado do séc. XVII. Sua obra Il Rossignolo contém movimentos de música programática onde o cravo imita sons de pássaros e instrumentos musicais, além do folclore de alguns países.
Giovanni Battista Ferrini (1601 – 1674), Giovanni Battista Serini (1710/15 – 1765)  e Francesco Geminiani (1687 – 1762). Este é mais conhecido como compositor relevante para violino, porém também compôs maravilhosas obras para cravo que devem ser conhecidas.
Devo fazer justiça também para Lodovico Giustini (1685 – 1743), que compôs a primeira música impressa para piano (o Fortepiano de Bartolomeu Cristofori), páginas interessantes e belas que contém os primeiros sinais de dinâmica para teclado.
Do renascimento e início do barroco, temos Marco Facoli (1540 – 1585) e suas obras exóticas, Girolamo Frescobaldi (1583 – 1643) e suas tocatas monumentais, Giovanni Salvatore (1610 – 1688), Giovanni de Macque (1550 – 1614), que foi discípulo de Carlo Gesualdo (1566 – 1613), e vários outros.

Obviamente não podemos deixar de mencionar os venezianos Andrea (1532/33 – 1585) e Giovanni Gabrieli (1555/57 – 1612), cujas obras para teclado estão entre as melhores da Renascença italiana.

Dos ingleses já são bem conhecidos os virginalistas e o grande Henry Purcell (1659 – 1695), mas deve-se destacar as suítes de Matthew Locke (1621 – 1677), William Babell (1689/90 – 1723), as sonatas de Thomas Arne (1710 – 1778) e John Burton (1730 – 1782), que além de escrever sonatas para cravo, fez a primeira menção conhecida do piano.

Na Alemanha, destaco as Sonatas Bíblicas de Johann Kuhnau (1660 – 1722) e as sonatas de Johann Schobert (1735 – 1767), que influenciaram Mozart.
Wilhem Friedmann Bach (1710 – 1784) e Carl Philipp Emanuel Bach (1714 – 1788), ambos filhos do gênio J.S. Bach, compuseram impressionantes fantasias, suítes e sonatas que lembram bastante o que Haydn e Beethoven escreveriam mais tarde.
Johann Jacob Froberger (1616 – 1667), discípulo de Frescobaldi, compôs monumentais suítes, toccatas, fantasias, etc .
O gigante Johann Caspar Fischer (1656 – 1746), autor de incríveis suítes que influenciaram Bach.
Gottried Eckard (1735 – 1809), já tocava piano em Paris numa época em que esse instrumento ainda não era popular. Suas sonatas, que foram as primeiras escritas para piano em solo parisiense, são de alta qualidade, tanto que influenciaram Mozart ao ponto deste utilizar um tema num de seus primeiros concertos para piano. Recomendo a gravação da integral por Miklos Spanyi no clavicórdio.

Jan Pieterszoon Sweelinck (1562 – 1621), holandês, que escreveu obras estupendas. Seu alunos foi o grande alemão Heinrich Scheidemann (1595 – 1663). George Böhm (1661 – 1733), também alemão, compôs suítes e o bombástico Preludio, fuga e postlúdio em Sol menor, uma das obras mais fortes do barroco alemão para teclas. Uma grande interpretação dessa obra pode ser conferida no CD Hamburgo, de Andreas Staier .

Johan Helmich Roman (1694 – 1758), sueco, também escreveu lindas sonatas e suítes para cravo.
Os thecos Georg Anton Benda (1722 – 1795),  e Joseph Anton Steffan (1726 – 1797 ) com suas sonatas que impressionam pela criatividade harmônica.

O belga Josse Boutmy (1697 – 1779) também merece um destaque aqui por suas belas suítes.

No recém fundado Estados Unidos da América, temos compositores que atuaram no cravo. Sabe-se que o cravo fazia sucesso por lá e até a filha de Thomas Jefferson era uma grande cravista.
Benjamin Carr (1768 – 1831), o ''pai da música na Filadélfia'', Alexander Reinagle (1756 – 1809), W. Brown (séc. XVIII), William Selby (1738 – 1798), James Hewitt (1770 – 1827), A. Newmann, todos esses escreveram brilhantes peças para teclado. Recomendo o CD The enlightenment in the New World, por Olivier Baumont.

Dos mais modernos, destaco Dennis Bathory-Kitsz (séc. XX), um parente longínquo da “Condessa Sanguinária” Elizabeth Bathory, e Komitas (1869 – 1935), compositor armênio que escreveu 6 lindas e exóticas danças para piano.

Miklos Rozsa (1907 – 1995) , músico de origem húngara que se imortalizou ao compor a trilha sonora dos eternos Ben-Hur e Quo Vadis, escreveu muita música para piano com grande maestria técnica e beleza.

Gurdjieff / Hartmann: o primeiro, um místico, espião, escritor e pensador armênio. O segundo, um russo que teve suas ambições como compositor frustradas.
O resultado dessa união se deu em Paris com interessantes obras para piano baseadas na música oriental e da antiguidade.

Bom, deixei por último duas grandes surpresas do piano.

O primeiro é simplesmente um gênio, Johan Nepomuk Hummel (1778 – 1837).
Todos sabem que ele foi um prodígio do piano e que Mozart ficou tão impressionado com seu talento que se dispôs a ser seu professor. Mas suas obras para piano são hodiernamente pouco conhecidas e interpretadas. Pura injustiça, pois elas são das melhores escritas na transição clássico-romântico. Altamente recomendável suas sonatas, fantasias e outras peças.
O segundo é incrível! Trata-se do espetacular Jan Ladislav Dussek (1760-1812).
Esse compositor tcheco foi um pianista de grande sucesso, que viajou por toda a Europa causando admiração e furor por onde passava. Foi o primeiro pop-star do piano, muito antes de Liszt, e, ao contrário da crença popular, foi o primeiro (e não Liszt) a colocar o piano de lado para que as donzelas pudessem admirar seu belo perfil.
Este músico estava décadas a frente de seus contemporâneos. Revolucionário, enquanto Mozart terminava sua trilogia de sinfonias, Dussek já era moderno, mais ainda que Beethoven!!! Sonatas suas, como L’Invocation, Retour a Paris, Elegie Harmonique e a Fantasia op.55 já prenunciam absurdamente Chopin e até Liszt!!!! O fato é que Dussek já mostrava muitas coisas que Chopin, Schumann e Liszt ainda iriam fazer. Mas até que ponto ele influenciou todos esses românticos? Sabe-se que Chopin o admirava bastante e foi por ele influenciado. Poderíamos compará-lo a Carlo Gesualdo? Talvez não, mas com certeza Dussek, juntamente com Hummel, foi quem criaram uma nova linguagem pianística com harmonias extremamente modernas para a época, inovações técnicas e um virtuosismo que tiveram como consequência o melhoramento dos pianos.
No fim de sua vida, Dussek ficou esquecido. Sua fama se esvaiu. Entretanto, o piano nunca mais foi o mesmo. Ele morreu em 1812. Chopin e Liszt nem haviam colocados seus dedos num teclado ainda!!!
Sem dúvida ele é um dos segredos mais bem guardados do piano.
O que Forqueray é para o cravo, Dussek é para o início do piano.



Por que todos esses compositores ficaram esquecidos?
Alguns podem dizer que foi por causa de suas vidas terem sido pouco documentadas. É claro que biografias romantizadas ajudam a popularizar. Será mesmo?
Forqueray e Dussek, por exemplo, possuem biografias dignas de um filme. O primeiro foi vítima do ciúmes do pai, pois seu talento parecia superar o do seu genitor (ele era o único que conseguia executar na viola da gamba as dificílimas obras do pai). Como consequência, depois de ter sido brutalmente golpeado pelo pai, foi encarcerado numa prisão e depois banido da França por 10 anos. Mas no final triunfou!
O segundo esteve ligado a várias tramas românticas, casos amorosos, conspirações, aventuras, etc.
Outro argumento é que as gravações e partituras são de difícil acesso. Mas isso é consequência do esquecimento.
Fico mais com a hipótese do ''destino''. Enquanto alguns compositores tiveram sorte, outros tiveram o azar de se serem esquecidos. Só isso… Afinal, dizem que se não fosse por Mendelssohn, Bach e Vivaldi ainda estariam no esquecimento. Será?


Última edição por Alquimista em 11/9/2017, 06:18, editado 3 vez(es)
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Mensagem por Alquimista 20/2/2017, 13:49

A Harmônica de vidro e Benjamin Franklin:

Na verdade, a Harmônica de vidro não foi invenção de Franklin, este apenas a aperfeiçoou. Todavia, fez isso tão bem que o que surgiu pode realmente ser considerado um novo instrumento. Franklin foi também um ótimo intérprete. Dizem que certa noite sua esposa acordou com ele tocando e pensou que estava morta, no céu, devido aos sons celestiais da Glass Harmonica.
   
Tenho várias gravações de obras clássicas feitas para este instrumento, dentre elas, algumas peças de Mozart. Sim, o grande gênio de Sazlburgo compôs para este instrumento, bem como Beethoven, Haydn e alguns outros músicos do Período Clássico.
Outra figura notável que também era um executante da Glass Harmonica foi o médico austríaco Franz Anton Mesmer, que usava sua mística sonoridade nas famosas sessões de mesmerismo. Mozart e Mesmer chegaram a ser amigos em Viena, inclusive trabalharam juntos nesse instrumento (Mozart conheceu a Glass Harmonica ao frequentar a casa de Mesmer!).

Uma curiosidade: a Glass Harmonica chegou a ser proibida devido a crença de que a sua sonoridade era prejudicial aos nervos do executante e da plateia, e por causa do medo de ''contraírem'' a loucura, o instrumento acabou caindo em desuso.

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Mensagem por Alquimista 20/2/2017, 13:57

Os Golpistas e a Música:

A pegadinha de Fritz Kreisler

O vienense Fritz Kreisler (1875-1962) foi um dos maiores violinistas que o mundo já conheceu e suas criações "Liebesleide" (Sofrimento de amor), e "Liebesfreude" (Alegria de amor), são as mais executadas e conhecidas do público.
A história de seu sucesso gerou uma controvérsia, ou uma verdadeira anedota, que serviu para "pegar" grande número de críticos e "pretensos entendidos" em reconhecer estilos de compositores famosos do passado, no caso presente, do período barroco.
Nos primeiros anos de sua carreira como era ainda desconhecido, e não tendo condições de tocar seu repertório num concerto, Fritz Kreisler dava então recitais em pequenas salas onde apresentava suas próprias composições. Entretanto, havia o problema da repetição infindável de seu nome no programa e, como ele mesmo afirmava, "ninguém queria vir e ouvir suas criações musicais".
Então, para variar, Kreisler executava obras de sua lavra que eram imitações perfeitas e congeniais do estilo violinístico do "Rococó", obras essas a que dava denominações como "no estilo de" Pugnani, Cartier, Pórpora, Couperin, Bocherini e outros. Dessa forma, essas peças eram ouvidas e interpretadas com entusiasmo por seus colegas, pois suas transcrições e composições expressavam o encanto e o gênio de uma notável personalidade musical.

A DESCOBERTA DA FRAUDE
Durante muitos anos, Kreisler esperou com paciência que os "críticos" e musicólogos", todos aceitando suas "fraudes", despertassem do erro e reconhecessem seu talento. As obras sob a égide daqueles nomes famosos acrescentados a elas, tornaram-se tão populares que Kreisler não teve outra saída senão publicá-las tais quais eram.
Entretanto, o "esperto" compositor colocou em muitas cópias das partituras, uma nota bem evidente onde estava escrito seu nome por extenso. Finalmente o grande mestre Vincent D"Indy observou que uma peça executada como de Pugnani, não obedecia fielmente ao estilo desse compositor, que D"Indy conhecia muito bem. Kreisler instruiu seus editores a que publicassem essas obras que ele anotara provisoriamente como "Manuscritos Clássicos", como composições originais suas, nos seus catálogos de 1935.

A IRA DOS ESTUDIOSOS
Ficou como um mistério o desenvolvimento do tumulto dessa curiosidade musical que despertou a ira dos estudiosos, quando a "falsa fraude" foi trazida à luz, produzindo grande celeuma nos meios musicais. Apesar dessa ira despertada nos críticos e entendidos, que tiveram que "engulir" a "fraude", o caso Fritz Kreisler foi uma advertência: foi muito fácil imitar o estilo instrumental do "Rococó", porque a maioria dos ouvintes só prestava atenção a sinais exteriores daquele estilo, cheio de ornamentos e arabescos, levando muita gente a reconhecer como "mozartianas", muitas obras do século XVIII.

Fritz Kreisler, homem simples, generoso e alegre e suas músicas, permanecem no repertório atual, como obras excepcionais, e seu exemplo, pode servir até nossos dias como realmente, uma "advertência" a muito "entendido" ou "pseudo erudito" que exista por aí...


Autor Aristides A. J. Makowich       movimento.com
http://iaraalagia.com/conteudo.php?id=169

Quando falamos de falsificações nos vem à mente um quadro que tem sua autoria questionada. Lembramos, por exemplo, da dúvida a respeito da autoria de um suposto quadro de Rembrandt no MASP ou de um trabalho de um pintor que em 1936 foi vendido como um verdadeiro Vermeer (foto).O que gostaria de lembrar é que na música clássica também já atuaram inúmeros falsários, com produtos enganadores que levaram grandes intérpretes a “pagar o mico” de promoverem obras falsas. Eis uma breve lista:

Adagio de Albinoni

Exemplo de uma famosa falsificação musical é um Adagio em sol menor atribuído ao compositor barroco italiano Tomaso Albinoni (1671-1751). Esta partitura apareceu em Milão no ano de 1948, como um movimento perdido de uma sonata em três movimentos. Sua estética que se aproxima mais de um verismo italiano do início do século XX levantou dúvidas dos especialistas desde sua “descoberta”. No entanto o maior defensor da autenticidade, o musicólogo italiano Remo Giazotto (1910-1998), foi quem realmente compôs a chorosa página. Depois de um intrincado e policialesco caso de investigação descobriu-se que seu sonho era colocar Albinoni, por quem era apaixonado, no mesmo patamar de popularidade de Vivaldi e Corelli. O pior desta falsificação é que o famoso maestro Herbert Von Karajan caiu direitinho na armadilha. Gravou a obra mais de uma vez, mesmo sendo alertado que era uma grosseira falsificação.



http://operaeballet.blogspot.com.br/2015/04/falsificacoes-musicais-artigo-de.html#!/2015/04/falsificacoes-musicais-artigo-de.html
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Mensagem por Alquimista 20/2/2017, 16:51

A Música e alguns Cientistas:

O ”pai da ciência moderna”, Galileu Galilei, foi filho de Vincenzo Galilei, que foi um músico florentino, alaudista, e teve um importante papel na revolução musical da polifonia para a modulação harmônica.
A Camerata Fiorentina, que foi a academia da qual o músico fez parte, era composta de humanistas, poetas, músicos e intelectuais, onde se discutia literatura, ciências, artes e onde se executava música.
Claro que isso tudo teve um importante impacto na formação intelectual de Galileu Galilei.
Vincenzo estava à frente da Camerata Florentina, sendo que esta foi a responsável por ter criado o gênero operístico ao mal interpretarem os seus membros a música declamada da Grécia Antiga, que eles tanto almejavam resgatar.
A memória de Vincenzo está sendo revigorada e sua música novamente executada.
O outro filho de Vincenzo, Michelagnolo, irmão de Galileu, foi músico e alaudista também.




A MÚSICA DAS ESFERAS:
Na sua obra Harmonices Mundi (1619), Kepler imaginou um coro no qual Mercúrio, a voz mais aguda, seria o Soprano, Vénus e Terra os Contraltos, Marte o Tenor, enquanto que Júpiter e Saturno, as vozes mais graves, seriam os Baixos. Nesta sua teoria da música celestial, ao planeta Terra correspondia um intervalo musical de meio-tom, que ele associou ao modo eclesiástico de mi (modo frígio), levando-o a concluir que a melodia entoada pela Terra era “mi – fá – mi”. Kepler fazia esta descoberta durante a Guerra dos Trinta Anos, o que o levou a pensar que a Terra produzia um lamento constante, em nome da misere e fami (miséria e fome) que reinavam na altura (nas palavras de Kepler, Tellus canit MI-FA–MI ut vel ex syllaba conjicias, in hoc nostro domicilio Miseriam et Famen obtinere).
http://www.portaldoastronomo.org/tema_19_4.php

Albert Einstein, grande admirador de Mozart, quando queria achar uma solução para seus ”dilemas” tocava suas obras ao violino. Teria a ”genialidade” do físico alguma relação com o tão famigerado Efeito Mozart?
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Mensagem por Alquimista 20/2/2017, 17:28

Eis um artigo que escrevi e foi publicado num jornal no ano 2000 sobre a comemoração dos 300 anos do piano.

Nestes 300 anos de existência do piano, vale a pena recordar um pouco da história desse maravilhoso e versátil instrumento.
Inventado no início do século XVIII pelo italiano Bartolomeo Cristofori, o Pianoforte ficou ainda por esperar para ser o principal instrumento de concerto.
Durante o século XVIII, o cravo foi o instrumento musical predominante. O próprio Johann Sebastian Bach, autor de belas obras imortais, preferia compor para cravo, pois não o agradava o som dos pianos da época. Já Cristofori não dizia o mesmo, pois ele criou o piano por achar monótono o som do cravo.
O grande compositor austríaco do período clássico da música, Wolfgang Amadeus Mozart, considerado um gênio precoce, foi um dos responsáveis pela popularização do piano. Suas sonatas e concertos para o instrumento são provas disto.
Outro compositor que aumentou a fama do piano foi o alemão Ludwig van Beethoven.
Utilizando-se do piano para compor, ele revolucionou a composição, rompendo com os padrões rígidos do classicismo, marcando a transição para o romantismo.
No romantismo do século XIX, vale destacar o polonês Frédéric Chopin. Com uma percepção aguçada para compor ao piano, ele inovou técnicas como tocar com o polegar as teclas pretas.
Seus noturnos, prelúdios, poloneses, baladas e valsas ainda tocam vários corações românticos.    
Mas, nesse período, o preferido foi Franz Liszt.
Esse compositor húngaro inovou mais do que qualquer outro. Ele foi o primeiro a tocar sem olhar as partituras e com o piano de perfil para o público (EU ainda não conhecia o J. L. Dussek!). Liszt fazia também uma encenação dramática enquanto tocava, podendo ser considerado o ''popstar'' da época. Ele foi muito conhecido também por seus vários casos amorosos. Muitos o aclamam como o maior pianista de todos os tempos.
Influenciado pelo violinista Paganini, Lizt deixou um legado virtuosístico, como os estudos de execução transcendental, cujo nível técnico tornam suas obras umas das mais difíceis de serem tocadas.
No final do romantismo e início do modernismo, encontramos o virtuoso Busoni. Mais gênios do piano surgiram, como Rubinstein, Vladimir Horowitz, Martha Argerich, o russo Sergei Rachmaninoff e o canadense Glenn Gould.
Felizmente, o Brasil tem seus gênios do piano, como Arnaldo Estrela, Guiomar Novaes, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Nelson Freire, João Carlos Martins e muitos outros, que ainda continuam surgindo.
O piano é um instrumento de cordas e percussão que exige disciplina, dedicação, várias horas de estudo e um bom professor.
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Mensagem por Alquimista 20/2/2017, 20:09

A música do FIM DO MUNDO!!!!!!

O pai do psicodelismo morreu há 100 anos

Houve compositores “normais”, excêntricos e muito excêntricos. E houve Scriabin. O centenário da sua morte é ocasião para abrirmos portas para uma nova dimensão.
O compositor cujo génio vulcânico concebeu uma obra que iria desencadear um cataclismo universal foi impedido, por circunstâncias mesquinhas, de a terminar. Em 1914, quando dava uma série de recitais de piano em Londres, uma borbulha surgira no seu lábio superior. A borbulha desapareceu mas reemergiu após o regresso de Scriabin a Moscovo e desta vez infectou e degenerou em septicemia, causando a sua morte a 27 de Abril de 1915. Acaso a humanidade tivesse consciência do cataclismo que estivera prestes a desencadear-se, teria soltado um suspiro de alívio. Estando em curso um cataclismo “menor”, a I Guerra Mundial, a morte de Scriabin passou despercebida. Mas há que reconhecer que é impossível imaginar um fim menos apropriado para alguém que se julgava um Messias.
http://observador.pt/especiais/o-pai-do-psicadelismo-morreu-ha-100-anos/

Alexander Scriabin interessava-se pelos trabalhos de Nietzsche e pela teosofia, claras influências no seu pensamento musical, revelando-se um especial admirador de filósofos como Delville e Hélène Blavatsky. Foi grande amigo do Conde Lisounenko, que o introduziu no mundo do misticismo. Algum tempo antes de morrer planejou um mega-projeto a que chamou “Misterium”, um trabalho multimédia a ser apresentado nos Himalaias que desencadearia o Armageddon, uma «grandiosa síntese religiosa de todas as artes que faria nascer um novo mundo».
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alexander_Scriabin


Mysterium, a música que destruiria o mundo

Muito, mas muito tempo antes dos punks aparecerem com seu niilismo apocalíptico – ou do R.E.M. compor It’s the End of the World as We know it (and I feel fine) –, Alexander Scriabin, um dos compositores russos mais malucos do início do século XX, ansiava encontrar as notas musicais exatas para que sua obra definitiva ganhasse o poder que ele almejava. A composição final, intitulada Mysterium, teria tal força que, ao término de sua única apresentação, ela acabaria com o mundo como o conhecemos, substituindo a raça humana por “seres mais nobres”! Devo confessar que eu adoro esse tipo de história. Ela me remete a um tempo no qual os mistérios do mundo ainda possibilitavam termos uma esperança real que utopias como essa poderiam ser empreendidas. E, mais do que isso, que a arte seria o meio ideal de para que elas acontecessem. Scriabin começou a trabalhar no Mysterium em 1903, passando os doze anos seguintes até a sua morte recolhendo páginas e páginas de esboços tanto para a composição em si, como para todos os demais detalhes da apresentação, os quais eram igualmente importantes para atingir seu objetivo. Da obra final, o que existe para ser ouvido é “apenas” o prelúdio de 2h30 chamado Prefatory Action, que foi finalizado pelo compositor Alexander Nemtin mais de 60 anos após a morte do compositor. É uma pena que a composição de Mysterium não chegou a ser terminada. Talvez ela pudesse ter evitado duas guerras mundiais, inúmeras guerras locais, o Brasil ter perdido de 7 a 1 numa Copa do Mundo e diversas outras tragédias que o nosso planeta assistiu ao longo dos últimos 100 anos.
http://contraversao.com/cgi-sys/suspendedpage.cgi



Última edição por Alquimista em 5/4/2017, 16:13, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Alquimista 20/2/2017, 20:32

Outro gênero que agrada O ALQUIMISTA é o Rock Progressivo. Eis aqui três grandes sugestões para os (VERDADEIROS!) diletantes:









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Mensagem por Alquimista 1/3/2017, 00:36

A Supermemória de Mozart

Mozart tinha uma memória extraordinária, quase sobre-humana!
Ele conseguia memorizar partituras e músicas apenas ao vê-las e ouvi-las uma única vez. E logo após as reproduzia no piano com perfeição.
Há até uma história, com ares de lenda, mas que aconteceu de verdade, sobre uma visita que o compositor fez, em 1770, quando tinha apenas catorze anos de idade, na Capela Sistina, em Roma. Naquela época, durante a semana santa, costumava ser executada na Capela Sistina uma obra polifônica do compositor italiano Gregório Allegri chamada Miserere, que é uma peça para nove vozes e coro duplo. Tal obra era considerada tão sagrada para o Vaticano, que só podia ser executada dentro da Capela. Em outras palavras, o Miserere era propriedade exclusiva da Capela Sistina e sua partitura era intocável. Nem os cantores tinham acesso a ela. A pena para quem tentasse reproduzi-la fora do Vaticano era a excomunhão.
A excomunhão?!
Sim, o que prova que essa obra era proibida. E Mozart sabia muito bem disso! Mesmo assim, ele e seu pai, Leopold, não resistiram à sua fama e, aproveitando que estavam em Roma justo na semana santa, resolveram ir à Capela para ouvir de perto o Miserere. Daí, quando eles voltaram para a hospedaria, Mozart, de memória, transcreveu todo o Miserere para a partitura. E com apenas uma única audição!
Mas depois de dois dias ele voltou para fazer pequenas correções e logo o boato se espalhou, o que fez com que o Papa Clemente XIV o convocasse com a partitura para uma reunião. Então, depois que os clérigos verificaram através da partitura original que Mozart não havia errado uma única nota, em vez de ser excomungado, ele foi condecorado com a medalha da Ordem da Espora de Ouro, que era a maior comenda que um músico poderia receber!

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Mozart também tinha mania de falar as palavras de trás para frente!
Isto é uma coisa que é pouco falada sobre o compositor, mas é verdade. Mozart gostava de falar frases e palavras ao contrário, mormente em seus momentos íntimos. Ele também gostava de fazer jogos de palavras com seu nome e o soletrava de trás para frente para todos.
Uma vez, quando ainda era muito pequeno, ele chegou a criar um reino imaginário a fim de se distrair numa de suas viagens, reino este que ele deu o nome de “costas”, pois nele tudo funcionava ao contrário, os personagens, os lugares, as leis... Enfim, é como se tivéssemos que ler os diários de Leonardo da Vinci, que também gostava de escrever tudo ao contrário. Engraçado é que dois dos maiores gênios da humanidade tiveram exatamente a mesma mania!
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Mensagem por Alquimista 3/3/2017, 17:57

Mais um compositor interessante, o milanês Pietro Paolo Borrono (1490-c.1563).
Espião, este músico tocava alaúde para ocultar sua identidade no mundo da espionagem.

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Mensagem por Alquimista 15/3/2017, 15:11

Mozart Camargo Guarnieri

Mozart Camargo Guarnieri escreveu 10 Momentos Musicais, poucos anos antes de sua morte.

O Momento N. 5 “Desolado” foi dedicado a Cinthia Priolli, uma de suas interpretes favoritas.
Ele disse que ninguém sabia tocar “baixos” bonitos como ela, no mundo todo.
Ela faleceu, jovem ainda, de uma doença fulminante.

Além disso, ele contou a estória deste Momento n. 5.
Que é de ingenuidade pura e que seja um dos momentos mais “momento musical”, talvez, da estória da musica.

Certa vez, Guarnieri foi a casa de Cinthia e ela o levou para conhecer seu piano.
Quando ele o experimentou, se maravilhou com o som dele, e tocou.

Ao final, Cinthia disse-lhe: __ Que coisa linda, Guarnieri. Você tem a partitura dele?

Ele respondeu: __ Foi só um improviso que saiu agora. (por estar se divertindo com a sonoridade do instrumento).

Então, Cinthia disse para ele o escrever e a resposta dele foi:
__ Como? Nunca mais vou me lembrar dele.

Imediatamente, ela retirou um gravador de fitas K7 que estava o registrando, sobre uma mesa, sem que ele soubesse.

Guarnieri disse que não mudou uma única nota.
Só a Ricordi Brasileira teve o mérito de arrancar um bemol de sua edição.

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Mensagem por Alquimista 5/4/2017, 15:26

A música e os serial killers mais famosos

A trilha sonora do Zodíaco:
O famigerado Assassino do Zodíaco era obcecado pela ópera O Mikado, da dupla Gilbert e Sullivan, como consta nas cartas provocativas que ele escreveu para o San Francisco Chronicle.




A melodia da morte:
Segundo a lenda, Mary Jane Kelly cantarolava a canção folclórica A Violet from Mother's Grave momentos antes de ter sido completamente mutilada na madrugada de 9 de novembro de 1888, entrando para a história como a quinta e última (?) vítima de Jack, o Estripador.

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Mundo da Música Empty SUPER MÚSICOS RESILIENTES (ainda existem???)

Mensagem por MultiVerso 5/4/2017, 23:26

O mainstream musical ocidental das últimas três décadas resultaram em algo desprovido de conceito (para proteger a palavra “Conceito”), e sua estética oscila entre o razoável e o grotesco.

Apesar do monopólio da elite de alma suína das grandes gravadoras, todavia, existe desde os anos 80-90s um movimento musical (apesar de sua espontaneidade) resiliente e com elevado nível técnico de composição musical, virtuosismo, arranjos e harmonias tonais e modais muito ousadas. Este movimento resiste (pasmem!!!) no Brasil.

Esses brasileiros são herdeiros da linhagem dos grandes mestres do Brasil do Século XX como Vila-Lobos, e que também seguiram os gigantes da Bossa Nova como Tom Jobim, João Gilberto, Edu Lobo e Baden Powell, e outros; assim como bebem na fonte da Música Popular Brasileira da Velha Guarda e do Choro como: Pixinguinha, Garoto, Dilermando Reis, Cartola e outros que alongariam muito esta lista.

São super músicos e gênios indiscutíveis da interpretação sistemática ou improvisada, composição, arranjos e harmonias, e desafiam aos mais exigentes ouvintes.  Como exemplos marcantes eis alguns, dos violonistas: Rafael Rabello (finado), Paulo Bellinati, Guinga, Marcus Tardelli, Yamandu Costa, Daniel Murray; e pianistas como André Mehmari e Vitor Araújo, e outros a pesquisar.

Vale também destacar que seus arranjos e interpretações de obras dos grandes compositores citados, não raras vezes são turbinadas de virtuosismo e harmonias avançadas da Música Erudita Ocidental, do Jazz Contemporâneo, e também da complexidade das interpretações da MPB do Século XIX e XX.

Confiram esses caras.
https://www.youtube.com/watch?v=tqkl1wmg9Xg
https://www.youtube.com/watch?v=qkLempEHLSE
https://www.youtube.com/watch?v=H1T20-OTSc0
https://www.youtube.com/watch?v=0v7v3Nl-UIk
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Mensagem por Alquimista 7/4/2017, 03:25

MultiVerso, se liga só nas harmonias de Giovanni de Macque (ca.1550 - 1614), um discípulo de Carlo Gesualdo:



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Mensagem por Alquimista 6/7/2017, 02:48

David Bowie, discografia básica e obrigatória:

A trilogia Berlin:
- Low
- Heroes
- Lodger

O álbum do sinistro personagem Thin White Duke:
- Station to Station

O Thin White Duke é a persona mais enigmática, obscura e perturbadora, misto de vampiro meio fascista, ocultista e drogadicto de cocaína, e o Bowie meio que vivia o personagem. Nessa época, sua dieta consistia em cocaína, leite e pimenta.

O disco que sepulta a fase Ziggy/Glam, com temática do 1984 de George Orwell e Bowie fazendo todas as guitarras do disco, cru, mas com orquestras ao fundo:
- Diamond Dogs

Claro, os da fase Pré-Ziggy e Ziggy, com o guitarrista mais emblemático, Mick Ronson:
- The Man Who Sold the World (um dos mais pesados)
- Hunky Dory (dispensa comentários, Rick Wakeman nos teclados)
- The Rise and Fall of Ziggy Stardust and the Spiders from Mars (dispensa qualquer comentário)
- Alladin Sane (ultimo do personagem Ziggy em si)
- Pin Ups (de covers)

O disco Soul de Bowie, guinada radical na carreira deixando Ziggy de vez pra trás, inaugurando longa parceria com o guitarrista Carlos Alomar e contando com a guitarra também de Earl Slick, e John Lennon na coautoria e backings do clássico Fame:
- Young Americans

Da fase oitentista, além do Scary Monsters e do Let's Dance, tem o Tonight, com coisas interessantes

Os discos da banda Tin Machine.

Dos anos 90, os industriais/eletrônicos Outside e Earthling

Da década passada, antes do hiato:
- Reality

E os derradeiros, fantásticos e impressionantes:
- The Next Day
- Blackstar, genial até o fim.

E também os dois primeiros e dois pré-Mick Ronson/Ziggy, com destaque óbvio ao Space Oddity.

E músicas que não estão nos discos:
- All the Young Dudes
- Under Pressure
- This is not America
- Absolute Begginers

E os discos que produziu e co-escreveu de Lou Reed (Transformer) e Iggy Pop (The Idiot e Lust for Life)

Boa viagem!


A ''turminha'' de peso que acompanhou a longa carreira de Bowie:

Mike Garson, o virtuose do piano, os guitarristas Steve Ray Vaughan (no Let's Dance), Peter Frampton (que era colega de escola), Mick Ronson, Carlos Alomar, Earl Slick, Robert Fripp (King Crimson), Adrian Belew (King Crimson), Reeves Gabrels, só fera!
As parcerias, duetos, de John Lennon a Freddie Mercury, de Tina Turner a Trent Reznor, isso sem falar no Brian Eno na fase Berlin, e, claro, Iggy Pop.

Robert Fripp (que gravou as guitarras nos discos Heroes e Scary Monsters) e o Adrian Belew (guitarrista na turnê do Heroes e no Lodger, e na turnê que veio ao Brasil em 90), desde 81 são parceiros no King Crimson.
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Mensagem por Alquimista 6/7/2017, 14:20


Houve um tempo em que FILÓSFOS e ARTISTAS se empenharam em investigar a natureza, colocando a INTELIGÊNCIA HUMANA num patamar superior, sobrepondo o antiquado panteão de deuses mitológicos para por o SUPERHOMEM no mapa.
Homens como Pitágoras se empenharam em demonstrar matematicamente a relação harmônica entre intervalos musicais, criando assim o conceito de MÚSICA DAS ESFERAS, que tanto influenciou e impulsionou as ciências da cosmologia e astronomia.
Se não fossem os avanços dos ARTISTAS DA RENASCENÇA, como pintores, escultores e arquitetos que, imbuídos de um ideal estético de tornar a ARTE mais naturalista e realista ao estudar relações aritméticas e algébricas, ao dissecar cadáveres para entender a anatomia humana, enfim… ao simples ato de OBSERVAR e tentar copiar a NATUREZA, a CIÊNCIA NÃO TERIA EVOLUÍDO…
Se não fosse pelo MÚSICO e GRANDE ARTISTA INTELECUTAL DA RENASCENÇA Vincenzo Galilei, pai de Galileu Galilei, não teria sido possível para o PAI DA CIÊNCIA MODERNA ter recebido a EDUCAÇÃO ESCLARECIDA que recebeu, e este, provavelmente, passaria pela história como NOTA DE RODAPÉ.

Basta observar o histórico das sociedades antigas que investiam abusivamente em arte e cultura. Sociedades como a Atenas de Platão. Como eram evoluídas!!!!
Ninguém duvida que a RENASCENÇA foi a mola propulsora para o restabelecimento do conhecimento científico e tecnológico. Sim, a RENASCENÇA dos grandes artistas clássicos!  

É exatamente esse o motivo de países de PRIMEIRO MUNDO investirem tanto nas ARTES ERUDITAS. Ao contrário do que, infelizmente, fazem a ralé do TERCEIRO MUNDO (e seus representantes pseudocientistas).
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Mensagem por Alquimista 12/7/2017, 15:00


Vocês já ouviram uma composição musical de John Cage chamada 4'33"?

Não???!!!!!!!!

Nem EU!!!!!!!!!!!!!




A obra 4’33’’, é uma composição em três movimentos – sentar em frente ao instrumento, a cronometragem de 4 minutos 33 segundos, e o encerramento. A composição foi criada por Cage no verão de 1952, e foi concebida para ser executada por qualquer instrumento. No mesmo ano Cage a executa, permanece imóvel durante os 4 minutos e 33 segundos, a duração total da obra. Durante o tempo de realização foi a plateia que explorou o som do ambiente, o silêncio que passou a fazer parte da composição.

Cage manteve o mais íntimo contato com os ruídos do mundo. Ruídos transformados em composições musicais, performances, pinturas. Mas ao explorar as possibilidades do silêncio, desde sua estada na câmara anecoica, onde foi possível ouvir os ruídos de seu próprio corpo, podemos propor, assim como Cage, que o silêncio total só pode ser alcançado na ausência da vida.

A composição 4’33’’ de John Cage, tanto nos aproximam dos ruídos do mundo, como nos faz enfrentar o silêncio que há nele, simplesmente o notando, quando este surge.
https://digartdigmedia.wordpress.com/2013/05/19/do-ruido-constante-ao-silencio-impossivel-john-cage-e-433/


É possível plagiar o silêncio?

Para herdeiros de John Cage, silêncio é plágio!

O jornal inglês The Independent noticiou no fim da semana uma das disputas judiciais mais estranhas da história da música. Herdeiros do compositor vanguardista americano John Cage, que morreu há dez anos, estão movendo uma ação por plágio contra Mike Batt, produtor do grupo Wombles e da violinista Vanessa Mae. Batt encaixou um trecho de 60 segundos de silêncio entre duas faixas do último disco dos Wombles, The Planets. O silêncio ouvido no álbum soaria, segundo os herdeiros, muito semelhante a 4´33, peça silenciosa composta por Cage no auge de sua carreira. Batt brincou. Disse que recebeu uma carta dos editores de Cage e que a mostrou à sua mãe, que respondeu: "A qual parte do silêncio eles estão se referindo?" A faixa do CD The Planets chama-se Um Minuto de Silêncio. "Meu silêncio é original, não uma citação do silêncio de Cage", arremata Batts.
http://cultura.estadao.com.br/noticias/musica,para-herdeiros-de-john-cage-silencio-e-plagio,20020624p3902
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Mensagem por Alquimista 31/3/2018, 05:16


Cartas de Ludwig van Beethoven

Testamento de Heiligenstadt:

Ó homens que me tendes em conta de rancoroso, insociável e misantropo, como vos enganais. Não conheceis as secretas razões que me forçam a parecer deste modo. Meu coração e meu ânimo sentiam-se desde a infância inclinados para o terno sentimento de carinho e sempre estive disposto a realizar generosas ações; porém considerai que, de seis anos a esta parte, vivo sujeito a triste enfermidade, agravada pela ignorância dos médicos. Iludido constantemente, na esperança de uma melhora, fui forçado a enfrentar a realidade da rebeldia desse mal, cuja cura, se não for de todo impossível, durará talvez anos! Nascido com um temperamento vivo e ardente, sensível mesmo às diversões da sociedade, vi-me obrigado a isolar-me numa vida solitária. Por vezes, quis colocar-me acima de tudo, mas fui então duramente repelido, ao renovar a triste experiência da minha surdez!

Como confessar esse defeito de um sentido que devia ser, em mim, mais perfeito que nos outros, de um sentido que, em tempos atrás, foi tão perfeito como poucos homens dedicados à mesma arte possuíam! Não me era contudo possível dizer aos homens: “Falai mais alto, gritai, pois eu estou surdo”. Perdoai-me se me vedes afastar-me de vós! Minha desgraça é duplamente penosa, pois além do mais faz com que eu seja mal julgado. Para mim, já não há encanto na reunião dos homens, nem nas palestras elevadas, nem nos desabafos íntimos. Só a mais estrita necessidade me arrasta à sociedade. Devo viver como um exilado. Se me acerco de um grupo, sinto-me preso de uma pungente angústia, pelo receio que descubram meu triste estado. E assim vivi este meio ano em que passei no campo. Mas que humilhação quando ao meu lado alguém percebia o som longínquo de uma flauta e eu nada ouvia! Ou escutava o canto de um pastor e eu nada escutava!

Esses incidentes levaram-me quase ao desespero e pouco faltou para que, por minhas próprias mãos, eu pusesse fim à minha existência. Só a arte me amparou! Pareceu-me impossível deixar o mundo antes de haver produzido tudo o que eu sentia me haver sido confiado, e assim prolonguei esta vida infeliz. Paciência é só o que aspiro até que as parcas inclementes cortem o fio de minha triste vida. Melhorarei, talvez, e talvez não! Mas terei coragem. Na minha idade, já obrigado a filosofar, não é fácil, e mais penoso ainda se torna para o artista. Meu Deus, sobre mim deita o Teu olhar! Ó homens! Se vos cair isto um dia debaixo dos olhos, vereis que me julgaste mal! O infeliz consola-se quando encontra uma desgraça igual à sua. Tudo fiz para merecer um lugar entre os artistas e entre os homens de bem.

Peço-vos, meus irmãos assim que eu fechar os olhos, se o professor Schmidt ainda for vivo, fazer-lhe em meu nome o pedido de descrever a minha moléstia e juntai a isto que aqui escrevo para que o mundo, depois de minha morte, se reconcilie comigo. Declaro-vos ambos herdeiros de minha pequena fortuna. Reparti-a honestamente e ajudai-vos um ao outro. O que contra mim fizestes, há muito, bem sabeis, já vos perdoei. A ti, Karl, agradeço as provas que me deste ultimamente. Meu desejo é que seja a tua vida menos dura que a minha. Recomendai a vossos filhos a virtude. Só ela poderá dar a felicidade, não o dinheiro, digo-vos por experiência própria. Só a virtude me levantou de minha miséria. Só a ela e à minha arte devo não ter terminado em suicídio os meus pobres dias. Adeus e conservai-me vossa amizade.

Minha gratidão a todos os meus amigos. Sentir-me-ei feliz debaixo da terra se ainda vos puder valer. Recebo com felicidade a morte. Se ela vier antes que realize tudo o que me concede minha capacidade artística, apesar do meu destino, virá cedo demais e eu a desejaria mais tarde. Entretanto, sentir-me-ei contente pois ela me libertará de um tormento sem fim. Venha quando quiser, e eu corajosamente a enfrentarei.

Adeus e não vos esqueçais inteiramente de mim na eternidade. Bem o mereço de vós, pois muitas vezes, em vida, preocupei-me convosco, procurando dar-vos a felicidade.

Sede felizes!


Heiligenstadt, 6 de outubro de 1802.
Ludwig van Beethoven.




Minha Amada Imortal (Meine Unsterbliche Geliebte):

Manhã de 6 de julho [de 1812]

Meu anjo, meu tudo, meu ser. Apenas algumas palavras hoje, à lápis (o seu). Até amanhã, a minha morada estará definida. Que desperdício de tempo. Por que [sinto] esta tristeza profunda quando a necessidade fala? Pode o nosso amor resistir ao sacrifício, em não exigir a totalidade um do outro? Pode mudar o fato de que você não é toda minha nem sou todo seu? Oh, Deus! Olhe para a beleza da natureza e conforte o seu coração com o que deve ser. O amor exige tudo e com razão. Assim, eu estou em você e você em mim. Mas você se esquece facilmente que preciso viver para mim e para você. Se estivéssemos completamente unidos, você sentiria esta dor tão próxima quanto eu sinto.

A minha viagem foi terrível; só cheguei ontem às 4 horas da manhã, uma vez que na falta de cavalos, o cocheiro escolheu um outro caminho, mas que caminho terrível. Na penúltima parada fui avisado para não viajar à noite, fiquei com medo da floresta, e isso só me deixou mais ansioso – e eu estava errado. O cocheiro precisou parar na estrada infeliz, uma estrada imprestável e barrenta. Se estivesse sem os apetrechos que levo comigo teria ficado preso na estrada. Esterhazy, percorrendo este caminho habitual, teve o mesmo destino com oito cavalos que eu tive com quatro.

Senti algum prazer nisso, como sempre sinto quando supero com sucesso as dificuldades. Agora uma rápida mudança das coisas externas para as internas. Provavelmente nos veremos em breve, mas hoje não posso compartilhar contigo os pensamentos que tive durante estes poucos dias dias sobre a minha vida. Se os nossos corações estivessem sempre juntos, eu não teria nenhum deles. O meu coração está repleto de coisas que gostaria de dizer-te. Ah. Há momentos que sinto esse discurso não ser nada. Alegre-se. Você permanece [sendo] a minha verdade, o meu tesouro, o meu tudo como eu sou o teu. Os deuses devem nos mandar o restante, aquilo que deve ser para nós e será.

Seu fiel Ludwig.


Segunda, noite de 6 de julho [de 1812]

Você está sofrendo, minha querida criatura. Só agora percebi que as cartas precisam ser enviadas nas segundas ou quintas de manhã bem cedo. Os únicos dias em que o correio vai daqui para K [arlsbad ?]. Você está sofrendo. Ah, não importa onde eu estou, você está lá. Eu arrumarei isso entre eu e você para que possa viver contigo. Que vida!!! Assim!!! Sem você, perseguido pela bondade humana, o que pouco quero merecer é o que mereço. A humildade do homem diante do homem me machuca. E quando me considero em relação ao universo, o que eu sou e o que é Ele, a quem chamamos de maior, ainda assim, nisto reside a divindade do homem.

Choro ao pensar que provavelmente não receberá a minha primeira carta antes de sábado. Por mais que você me ame, eu te amo mais. Mas nunca se oculte de mim. Boa noite. Devo ir dormir. Oh, Deus! Tão perto! Tão longe! Não é o nosso verdadeiro amor uma construção celestial, mesmo assim é firme como as colunas do céu?


Bom dia, em 7 de julho [de 1812]

Embora ainda esteja na cama, os meus pensamentos vão até você, minha Amada Imortal, agora felizes, depois tristes, esperando para saber se o destino nos ouvirá ou não. Eu só posso viver completo contigo ou não viver. Sim, estou decidido a vaguear assim por muito tempo longe de você até que possa voar para os seus braços e dizer que estou em casa, e poder enviar a minha alma envolta em você ao reino dos espíritos. Sim, isto deve ser tão infeliz. Você será mais contida quando souber da minha fidelidade à você. Outra jamais poderá ter o meu coração, nunca, nunca, Oh, Deus! Por que um precisa estar separado do outro quando se ama. E, no entanto, a minha vida em V[iena] é agora uma vida miserável.

O teu amor me faz ao mesmo tempo o mais feliz e infeliz dos homens. Na minha idade eu preciso de estabilidade, de uma vida tranquila. Pode ser assim na nossa relação? Meu anjo, acabo de ser informado que o carteiro sai todos os dias. Por isso devo terminar logo para que você possa receber a carta logo. Fique tranquila, somente através da consideração tranquila de nossa existência podemos atingir o objetivo de vivermos juntos. Fique tranquila, me ame, hoje, ontem, desejos sofridos por você, você, você, minha vida, meu tudo, adeus. Oh, continue a me amar, jamais duvide do coração fiel de seu amado.

Sempre teu
Sempre minha
Sempre nosso.
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Mensagem por Alquimista 5/4/2018, 00:21


O Mecenato

Antes os Mecenas bancavam tudo porque era status ter uma parede pintada por um Rafael, uma estátua esculpida por um Donatello ou uma composição assinada por um Beethoven. Era chique. Por isso a arte era superior. Por causa do Mecenato.

Dinheiro era arte. Dinheiro era cultura. E cultura era sinônimo de poder. Hoje as coisas são diferentes. Bem diferentes!!!!!!!!!! O pragmatismo é outro.

É claro que a música de um Bach ou de um Wagner é muitíssimo superior do que a que existe hoje, pois essa pode ser resumida em apenas 3 acordes (e geralmente os mesmos).

Resumindo...

Antes o que as pessoas ouviam era ODE À ALEGRIA. Hoje elas escutam (PAG)ODE (D)A ALEGRIA!!!
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Mensagem por Alquimista 19/4/2018, 04:21


Nova modalidade musical:

HIPNOISE

Hipnoise consiste em determinadas técnicas para induzir ondas tetas no cérebro através do uso sistemático de sons e músicas considerados barulhentos e irritantes.

A música noise pode ser relacionada à música industrial, particularmente em seu momento inicial, compartilhando o espírito de independência e experimentalismo, o uso de fontes "não-musicais", e o fascínio pelas qualidades hipnóticas e "mágicas", da própria estrutura do som.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Noise

Alguns estilos musicais relacionados à HIPNOISE: punk, minimalismo, japanoise, noise rock, noisecore, etc...

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Mensagem por Alquimista 29/5/2018, 17:31


A Afinação Temperada

O Ciclo das Quintas:

Se saltarmos em 5ª justas consecutivas a partir de "C", vamos ter o seguinte:
C-G-D-a-e-b-f#-c#-g#-d#-a#-e#-b#...

Quantos saltos houve?

12 saltos.

A 5ª justa tem uma valência de 702 cents. Esse valor é para a 5ª pura (ou seja, perfeitamente afinada), então se multiplicarmos o 702 cents pelos 12 saltos, vai dar 8424 cents.

Considerando o valor em cents do intervalo de 8ª justa, que é 1200 cents, nesses 12 saltos de 5ª justa, quantas oitavas foram percorridas? Vão no piano e vejam: vai dar 7 oitavas. Então agora a gente multiplica 1200 por 7 e o resultado é de 8400 cents.

Essa diferença entre o nosso cálculo sobre o ciclo das 5ª, do ponto de vista dos intervalos de 8ª justas percorridas e 5ª justas, é de 24 cents. Esse é o valor da distensão. O famigerado Coma Diatônico.

Esse é o valor que falta para "fechar" essa sequência de 5ª justas.

Da mesma maneira, se a partir de "C" fizermos 4 saltos de 5ª justa, temos:

"C-g-d-a-e"

(Vamos observar que as extremidades da sequência marcam "C" e "E", que é um intervalo de terça maior.)

Agora vamos multiplicar por 4 sobre o valor em cents da 5ª justa, que é 702. O resultado dá 2808 cents.

E quantas 8ª justas existem dentro desses 4 saltos de 5ª justas? Duas.
Multiplicando pelo valor da 8ª justa em cents, dá 2400 cents.

Agora vamos diminuir o resultado das contas:

2808 - 2400 = 408.

Esses 408 cents que sobram é o que falta para "fechar" essa sequência. Lembram-se das extremidades deles? C – E, uma terça maior?! Mas esse valor não é de uma terça maior perfeitamente "afinada" (o valor é 386 cents... se você então diminuir esse valor dos 408, que é a terça "desafinada" que a gente achou, vai dar uma diferença de 22 cents.).

Essa diferença de 22 cents é o que chamamos de Coma Sintônico, ou mais conhecido como a Terça Pitagórica.

Então, o que fazer com isso?

Através da história, a "luta" foi (e está sendo) distribuir esse excedente, o "comma", através dos intervalos entre uma 8ª justa.

O primeiro sistema conhecido importante foi o Padrão Pitagórico. No padrão pitagórico as notas eram "afinadas" em onze quintas: c-g-d-a-e-b-f#-c#-g#-eb-bb-f... com o ciclo se fechando em "f-c".

As quintas vão sendo puras até C#-G#, pois o comma (aqueles 24 cents) é depositado, assim, entre o eb-bb (essa é a quinta "lobo").

Dessa maneira, as terças maiores serão pitagóricas (um pouco mais altas, mais "desafinadas" como as conhecemos), é por isso que se pegarmos qualquer "partitura" do Leonin ou Perotin a gente não vai encontrar muitas terças, sejam maiores e menores. Os intervalos "prediletos" eram os de 5ª justa, uníssono e 8ª justa. Podia até ir uma 4ª, mas para momentos secundários. Peguem o Sederunt Principes de Perotin e analisem e vão entender.

O tempo vai passando na linha da história da Música e de repente nos deparamos com toda aquela onda do Fabordão (inversões de terças, sextas, etc..), e quando você percebe já estão usando terças adoidado na música. A música chega a criar um corpo para o que mais tarde amadurece com o Tonalismo.

A essa altura do campeonato, as terças começam a ter o privilégio que antes não tinham na música: o intervalo 3-5 (a "quinta fissa" medieval, considerado uma combinação cadencial) passa a surgir nas grandes polifonias em momentos de repouso e ao mesmo tempo se consolida um novo padrão de temperamento, o Meantone, ou Temperamento Mesotônico.

O princípio passa a ser tentar manter as consonâncias "puras" entre as terças maiores em detrimento da "afinação" das 5ª justas (que não se tornam tão justas assim), o que dá em cents cerca de 386. Como foi feito isso? Distribuíram o comma entre as 5ª e tentaram ao máximo preservar a sonoridade "pura" das terças.

Distribuindo o comma para cada salto de 5ª justa, para cada 4 saltos de 5ª justa temos um intervalo de 3ª maior "pura" em 386 cents. Então dizemos que as quintas estão temperadas. O problema disso é que surgiria uma enorme discrepância de pouco mais 36 cents na 5ª "lobo" (G#-Eb). Isso tornará inviável a prática da música em todas as tonalidades, sendo esse tipo de temperamento muito usado em toda Renascença e parte do Barroco, pois tornará a música como prática em alguns grupos de tonalidades (como C, D, A e etc...).

A pendenga de Bach reside aí: o Mestre era apaixonado por contraponto e detestava a ideia de estar limitando sua absurda criatividade a apenas algumas tonalidades.

Ele ficou maravilhado com as possibilidades de um temperamento criado por um organista, Andreas Werckmeister, que não é o temperamento igual aos dos nossos pianos de hoje.

Quando Bach escreveu o CBT (Cravo Bem Temperado), era para demonstrar as diferenças funcionais que existiam entre cada tonalidade, mas que era possível e prático compor em qualquer uma delas.

Ou seja, BACH NÃO CRIOU O TEMPERAMENTO IGUAL!

Hoje em dia você encontra milhões de gravações nas mais diferentes afinações: pitagórica, mesotônica, etc... Me refiro aos CDs dos grupos de música antiga com performance historicamente informada.

Na verdade, essa questão é um tanto mais profunda que o que se pensa. Quando Bach escreveu seus prelúdios e fugas "bem temperados", ele não queria provar que dava pra dividir uma 8ª justa de 1200 cents em intervalos iguais (o que sabemos que não é possível até hoje).

CONCLUSÃO:

1. O temperamento igual não é "igual".

2. O que Bach estava buscando era uma maneira de se trabalhar contrapontisticamente "bem" em todas as 12 tonalidades, e seus prelúdios e fugas do CBT eram uma prova que se podia fazer isso.

3. Bach não criou o temperamento igual que conhecemos hoje. Não havia maneira para se medir frequências sonoras na sua época, nem quantificá-las exatamente.

4. Bach usou a afinação de um organista, Andreas Werckmeister, que não é o temperamento igual.
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Mensagem por Alquimista 8/8/2018, 03:18


Música é vida interior, e quem tem vida interior jamais padecerá de solidão...
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Mensagem por Alquimista 8/8/2018, 03:45


O Grande Arquiteto do Universo da Música

“Bach foi o mais profundo simbolista da história dos sons, o maior milagre de toda a música.”
Richard Wagner

Bach era um cientista, e, em vez de usar a matemática no seu trabalho, ele era um cientista lidando com a música.

Dominava o contraponto com tal perfeição que executava cânones e fugas livremente de cabeça, em improvisos de 2, 3 ou 4 vozes, como quisesse.

Dominou um novo tipo de música, dessa atmosfera bem temperada que possibilitava as 24 tonalidades. Ia de ré maior para dó sustenido menor, de dó sustenido menor para lá sustenido menor ou lá maior, por caminhos diretos porque usava toda uma linha de acordes de pequenas terças e transformava em escalas. Nem Corelli, nem Vivaldi, nem mesmo o ousado Rameau compunham um acorde em si bemol menor. Ninguém escrevia em fá sustenido maior, mas Bach conhecia todo o círculo das quintas. Ali passeava e se deleitava, e acabou dando início a um novo universo musical.    

Mestre absoluto do contraponto, nos legou as fugas mais monumentais e complexas que já foram escritas. Vejam a Arte da Fuga. Por que nunca foi terminada?

Nos últimos 200 anos, muita gente tentou, mas... convenhamos... é uma fuga dupla reversa!!!



Certa vez Bach expressou seu desejo de ingressar na científica Sociedade Mizler, que exigia ao postulante um retrato e uma peça de amostra, mas Bach lhes fez um cânone-charada.

Mundo da Música Johann_Sebastian_Bach

Mundo da Música 401px-Canon_BWV_1076


Alguém se habilita a resolver o enigma do Canon Triplex?

Demorou mais de 100 anos para que as pessoas entendessem...

Pintado em 1748 em Leipzig por Elias Gottlob Haussmann , este trabalho teve uma história notável.  Em 1952 pousou nos EUA, onde passou as décadas seguintes na casa de um grande erudito e colecionador de Bach, William H. Scheide , graduado em Princeton e o primeiro musicólogo americano a ser publicado no Bach-Jahrbuch em 1959. Em 2014 Scheide morreu aos 100 anos de idade e, desde que, generosamente, legou o retrato ao Arquivo de Bach, em Leipzig , em junho de 2015, o retrato voltou para casa .  Este é um evento significativo na vida de, não apenas uma obra de arte, mas também uma cultura global.  Como nossa contribuição para o "épico" de Bach, estamos publicando um texto do historiador musical e músico Alexander Maykapar contando a história por trás dessa pintura.

Existem vários retratos de Johann Sebastian Bach que sobreviveram.  Alguns foram pintados durante a sua vida, outros foram concluídos após a morte de Bach, mas nenhum depois do século XVIII.  O foco principal deste discurso será aquele pintado por Elias Haussmann em 1746 , que hoje pode ser visto no museu Altes Rathaus em Leipzig.

As circunstâncias que levaram à criação deste retrato estão ligadas a uma personalidade marcante na história da música e da musicologia.

Em 1738, o aluno de Bach, Lorenz Christoph Mizler (1711-1778), que tinha apenas 30 anos na época, fundou em Leipzig - a cidade onde Bach viveu e trabalhou - a Sociedade de Ciências Musicais , Correspondentende Societät der musicalischen. Wissenschaften (Mizler era um ávido defensor da tradição pitagórica na musicologia, transmitida do Mestre primeiro por Platão e depois por gerações de filósofos. Ele primeiro soube da conexão de Pitágoras com a música enquanto estudava a Musurgia de Atanásio Kircher). Esta foi a primeira sociedade musicológica da Alemanha, e existiu na forma livre de correspondências circulares, sem reuniões oficiais nem sedes. Quatro anos antes disso, Mizler defendeu sua tese de doutorado “Sobre a Relação da Música com a Educação Filosófica” (originalmente publicada em Leipzig em 1734 sob o título Dissertatio, quod Musica Ars sit pars eruditionis Philosophicae, mudada dois anos depois para Dissertatio quod musica Scientia sit et pars eruditionis Philosophicae). Em 1736, o jovem médico anunciou um ciclo de palestras sobre matemática, filosofia e música na Universidade de Leipzig.

As atividades de sua sociedade eram bastante profundas; por exemplo, publicou a revista Musical Library (Musikalische Bibliothek) para leitores interessados ​​em aprender “tudo o que está acontecendo no campo da música e ciências adjacentes”. Além disso, Mizler, que viu os trabalhos da Society como uma nova etapa na música, ordenou uma medalha com uma representação de (como ele mesmo descreveu) “um bebê nu flutuando no alto dos raios de um sol nascente, com uma estrela brilhante na cabeça e uma tocha acesa; ao lado dele, uma andorinha está voando, anunciando o advento de um novo dia na música. ”

Em 1740, dois anos após a fundação da sociedade “virtual” de Mizler, Georg Philip Telemann ingressou em suas fileiras e, em 1745, GF Handel foi eleito membro honorário.

A princípio, Bach, que era bastante indiferente a qualquer tipo de teorização, não tinha intenção de se juntar à Sociedade, embora Mizler estivesse implorando para que isso acontecesse. No entanto, Bach acabou sucumbindo às convicções de Mizler e, como exigiam os estatutos de entrada da sociedade, apresentou variações canônicas no hino de Natal “Vom Himmel hoch da komm itich” (BWV 769) e um triplo cânone em seis vozes, publicado posteriormente no Musikalische Bibliothek. Albert Schweitzer observa que “a posteridade deve uma dívida de gratidão à Sociedade Mizler. Em seu diário de 1754, publicou um obituário sobre Bach que contém o material biográfico mais antigo relacionado a ele”, e em seguida acrescenta: “Ou deveríamos dizer que a Sociedade está em dívida com Bach; se não fosse por ele, quem se lembraria desta antiga associação hoje?

Junto com essas obras musicais, como era também a exigência, Bach contribuiu para a Sociedade em seu retrato no qual ele segura na mão uma das obras submetidas, a “Canon triplex a 6 voc”.

Parece que neste retrato, Bach oferece este cânon para nós decifrarmos: o modo como ele segura a súmula, voltado para o observador, e nos permite lê-lo facilmente.  Todas as três vozes do cânon são escritas pelo próprio compositor, e mesmo nesta forma esta peça já é harmoniosa. Este cânon é chamado de "triplo", porque cada uma das vozes, por sua vez, constitui um tema para um cânone de duas vozes separado. Em outras palavras, encontrando o contraponto correto (ou seja, a melodia apropriada) para cada uma dessas melodias, primeiro obteremos três cânones separados. A única pista que Bach dá são os momentos em que essas vozes precisam começar, mas ainda permanece desconhecido qual das muitas regras existentes precisa ser aplicada a fim de encontrar apenas o contraponto certo.

Não vou dar-lhe um relato detalhado e entediante da busca da solução certa para esse enigma musical (existem cânones que exigiram que várias gerações de músicos fossem finalmente decifrados!);  Só lhe direi que cada um dos temas pressupõe a chamada "resposta especular", isto é, um contraponto em que cada volta da melodia que envolve um certo intervalo em cada uma das vozes precisa ser espelhado pelo mesmo intervalo, definido apenas na direção oposta.

E, finalmente, a coisa mais surpreendente sobre esta peça: todos os três pares de vozes (desde que você os tenha decifrado corretamente) se misturam perfeitamente na emissão simultânea, e não há uma única nota aqui que não esteja de acordo com o modo inicialmente definido para resolver este enigma.

http://www.projectawe.org/blog/2015/9/1/the-13th-canon-portrait-of-js-bach
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Mensagem por Alquimista 27/9/2018, 02:09


Algum músico aí já proko o fiev?
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Mensagem por Alquimista 27/9/2018, 02:35


Alaúde, curiosidades:

A palavra LUTHIER deriva de LUTH, que é alaúde em francês. Sendo assim, ao pé da letra, Luthier significa ''fabricante de alaúdes''.

AFINAÇÃO RENASCENTISTA: G - D - A - F - C - G

AFINAÇÃO BARROCA (Tiorba): F - D - A - F - D - A

Para emular um alaúde na sua guitarra (vulgo violão) e executar o repertório renascentista, basta apenas colocar um capotraste na terceira casa (terceiro traste) e afinar a terceira corda (G) em F#. Claro que a afinação não estará em 415Hz, mas dá para ler diretamente da tablatura sem problemas.
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Mensagem por Alquimista 6/10/2018, 04:12


Como um surdo influenciou a tecnologia musical

Foi a Sony que decidiu que um CD (Compact Disc) conteria 74 minutos de música (não 60, nem 70, mas 74!), pois um dos executivos da época, Norio Ohga, também era músico erudito e queria que a Nona Sinfonia de Beethoven coubesse no CD (a performance mais longa conhecida tem duração de 74 minutos e consta numa gravação em mono conduzida pelo maestro Wilhelm Furtwängler).



O Músico da NASA

Em 1986 Jean Michel Jarre trabalhou num projeto junto com a NASA para que o astronauta Ronald McNair executasse o solo de saxofone de Rendez-Vous VI enquanto estivesse em órbita no Ônibus Espacial Challenger. Seus batimentos cardíacos também seriam utilizados na mesma obra. Esta seria a primeira música gravada no espaço e iria constar no álbum Rendez-Vous. Após o desastre da Challenger, a música foi gravada com outro saxofonista, foi rebatizada como Last Rendez-Vous (Ron's Piece) e tanto a música, como o álbum foram dedicados aos astronautas mortos no acidente com a Challenger.
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