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A Trilha Sonora do Holocausto

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Mensagem por Alquimista 19/4/2019, 00:04


Richard Strauss 1936 Olympic Hymn



Premiere at the Berlin Olympic Games

The premiere was held on August 1, 1936 at the opening ceremonies of the 1936 Summer Olympics at the Olympic Stadium (Berlin), with the Berlin Philharmonic Orchestra augmented by the National Socialist Symphony Orchestra and a chorus of one thousand members attired in white. From the distinguished visitor section on the opposite side of the stadium to the musicians, Theodor Lewald stepped onto a rostrum to address the nearly 4,000 athletes from 49 nations who had just marched in. His remarks concluded with the news that the Olympic Committee had decided the day before to make Richard Strauss's Olympic Hymn the hymn for all future meets. He expressed his thanks to the composer. After a short opening proclamation by Adolf Hitler, and an artillery salute and the release of several thousand white pigeons; Richard Strauss conducted the Olympische Hymne at 5:16 p.m.

The duration of the work is approximately three and one-half minutes. A piano-vocal score was published by Fürstner in Berlin in 1936. Strauss’s hand-written full orchestra score was dedicated to Theodor Lewald “in memory of 1 August 1936”. This score was located after the war by the German National Olympic Committee, and copies were made for the organizers of the 1968 Summer Olympics in Mexico City and for IOC President Juan Samaranch in 1997 for the Olympic Museum in Lausanne. A full score was published in 1999 by C.F. Peters as part of the Richard Strauss Edition.
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Mensagem por sombriobyte 19/4/2019, 00:20


Boa noite amigos,

Eugene Hector, concordo plenamente com o Alquimista e o Siegfried, pois entendo ser essencial para compreendermos a música de uma época, conhecê-la dentro de seu contexto histórico, vale dizer, as circunstâncias que redundaram no nascimento daquela obra, bem como o período da vida do compositor quando a compôs. Sem este conhecimento, acho que não valeria a pena apreciar e discutir a música erudita.

Acho que esse tipo de conhecimento pode enriquecer muito nossa experiência como ouvintes e amantes da música.

Há momentos que ficam imortalizados. Como a gravação do 1o concerto do Furtwängler ao poder reger de novo a filarmônica, quando ele subiu no pódio bem devagar (em contraste com o que fazia no tempo do Hitler para evitar a saudação) e foi aplaudido de pé durante 15min por isso.

Ou talvez o registro de Rostropovich, um russo, tocando o concerto para cello de Dvorak (Tcheco) em Londres na noite do dia da invasão russa em Praga.

Ou mais recentemente, o concerto de 1989 sob o portal de Brandemburgo, logo após a queda do muro de Berlin.

Acho que isso no fundo é uma prova de como a música pode reinar sobre as diferenças.

Parafraseando o Schiller da nona - reunir sob suas asas o que os costumes separaram.

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Mensagem por sombriobyte 19/4/2019, 00:24


Um dos momentos mais sufocantes da música é o Dies Irae do Penderecki, escrito para as vítimas de Auschwitz. É música que lhe deixa sem ar, uma música das mais angustiantes. Se a tirarmos do contexto - que é o que se discute aqui no momento - ela perde totalmente a sua dramaticidade. Toda música tem um fim, um objetivo, que lhe dá sentido. A história nos diz qual é.

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Mensagem por sombriobyte 19/4/2019, 00:27


Outro grande momento histórico foi o retorno de Rafael Kubelik à ex-Tchecoslováquia depois mais de 30 anos de ausência. Não tenho aqui a data correta, mas na oportunidade ele regeu a Nona de Beethoven e Má Vlast de Smetana com a Filarmônica Tcheca, gravação esta preservada pela Supraphon em discos fenomenais. No filme Kolya existe algumas referências sobre este concerto, inclusive algumas montagens onde o personagem principal, que era violoncelista da Filarmônica, toca neste concerto.

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Mensagem por Alquimista 19/4/2019, 00:35


A música e a história humana sempre andaram juntas. Talvez o homem primitivo, ouvindo os pássaros, o vento, e o som produzido pelo bater ou soprar dos ossos em toscos troncos, viu que eles, cuidadosamente trabalhados, poderiam produzir sons agradáveis a ele e, em especial, às divindades, e exprimir sua alegria e mesmo tristezas e, junto com sua voz, descobre a musica!

Como disse Nietzsche: O mundo sem a música seria um erro!
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Mensagem por sombriobyte 19/4/2019, 00:38


Poxa, este tópico está sendo desenvolvido de maneira muito interessante. A cronologia colocada pelo Siegfried é excelente.
Interessante ressaltar que a unica obra de arte que foi criada no seio do nazismo e que permanece com prestigio é a Carmina Burana de Orff. De resto, pintura, musica , e literatura criadas nesta época dentro da Alemanha não apresentam qualquer qualidade que tenham feito delas obras interessantes.

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Mensagem por Eugene Hector 19/4/2019, 14:12


Caros amigos, o que eu quis dizer é que tanto faz a posição política do artista. Não quis denegrir a discussão, até porque ela está num ótimo nível. Se Wagner, Richard Strauss, Furtwaengler foram ou não nazistas isso não torna sua arte nem um pouco menor. Daqui 500 anos é a música que vai ser lembrada e não o que achavam de Hitler. Claro que a compreenssão do momento histórico do artista é fundamental para o entendimento de sua obra, sim, mas acho que sua arte não pode ser patrulhada e nem desqualificada por causa de suas posições políticas.
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Mensagem por Siegfried 19/4/2019, 14:49


Puxa, Eugene, agora estamos no mesmo barco.
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Mensagem por Siegfried 19/4/2019, 14:57


Sombriobyte, obrigado!

Na verdade eu não sou um cara de grandes ideias, não sou da filosofia, da análise musical profunda. Eu sou mais da pesquisa histórica, do colecionismo, do culto às velharias... Eu gosto dessa coisa de cronologia, de ver o que acontecia em tal época na música, na história, no teatro... Então dentro desse pequeno mas útil segmento eu vou dando minha pequena colaboração aqui dentro. Acho que finalmente eu me encontrei no fórum (risos).

Sombriobyte, é verdade o que você disse sobre a arte no terceiro reich. Pouca coisa sobreviveu. Mas havia bons pintores que, infelizmente, por se engajarem, foram esquecidos. Alguns poucos de seus expoentes, apesar da linguagem muitas vezes conservadora e banal, conseguem - pelo menos a mim - impressionar. Há um quê de renascença, um não-sei-quê de Dürer, essas coisas... Há quadros com a vida comum das pessoas, coisas do campo, danças, muito bonitos, muito expressivos, apesar de limitados pelo regime. Acho sinceramente que essa arte deveria ser examinada com mais carinho. Ver o que cada pintor conseguiu fazer para tentar se soltar das amarras... Há um museu em Berlin, não lembro qual, que está com os porões repletos de pinturas e esculturas da época, simplesmente guardadas até não sei quando , talvez para uma época em que a Alemanha perca a vergonha de seu passado e resolva reavaliar a arte desses tempos negros da história. Há coisas na música que devem ser interessantes também, o que iremos com certeza debater mais pra frente neste tópico. Acho que deveríamos ouvir e reavaliar a música do terceiro reich assim como ouvimos a Entartete Musik. Podemos descobrir alguma coisa boa ali, acho. Nem tudo era política e ódio racial. Com certeza ouviremos alguma coisa interessante. No cinema, Leny Riefehnstal mostrou novos caminhos e técnicas e sua arte, apesar de engajada com o terceiro reich, é reconhecida universalmente. Muito do que ela fez foi absorvido por Hollywood mais à frente. Mas isso já é outra história.
Se aproveitamos os cientistas de Hitler para ir à Lua e, infelizmente, construir armas nucleares, podemos muito bem aproveitar a BOA musica do período. Que pelo menos possamos ouvi-la e julgar. Não quero de modo algum ouvir a peça que Pfitzner fez para o carrasco da Polônia e nem hinos e odes fascistas. Mas com certeza deve haver alguma coisa aproveitável.
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Mensagem por kbr 19/4/2019, 20:29


Tempos atrás vi e ouvi uma reportagem sobre o nazismo (não tinha nada a ver com musica) falava das indústrias alemãs durante o regime nazista, o progresso, a criação de empregos e aquecimento do desenvolvimento da economia alemã no período. (algumas firmas Krupp, Bosch, Thyssen, Siemens).
Em uma delas os trabalhadores ouviam atentamente a apresentação da Orquestra da Radio de Berlim, sob regência de Hans Schimidt Insertedt (não sei se grafei certo) um concerto de Brahms para violino, o opus 77. a filmagem estava muito ruim (preta e branca) mas o som estava ótimo!
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Mensagem por Alquimista 19/4/2019, 23:44

sombriobyte escreveu:
Zweig escreveu um belo livro sobre nossa terra, ''Brasil, País do Futuro''...

O título correto do livro do Zweig deveria ter sido: Brasil, País do FATURO!
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Mensagem por sombriobyte 20/4/2019, 00:13


Alquimista, gostei muito da referência à obra de Zweig, ''Brasil, País do FATURO''. Se foi piada, muito boa!

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Mensagem por sombriobyte 20/4/2019, 00:15


Siegfried,
vi uma apresentação de Tiefland há uns dois anos. tem muuuuuita música boa ali dentro. Aliás, essa apresentação virou disco, com Bertrand de Billy regendo a sinfônica (ou a rádio, não me lembro mais) de Viena, Johann Botha como Pedro e a brasileira Adriane Queiróz, excelente no papel de Pepa.

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Mensagem por sombriobyte 20/4/2019, 00:30


Fuçando na Net deparei com esta matéria.

A desnazificação em Bayreuth

''Depois de Auschwitz, o nome de Hitler não será mais pronunciado em nossa família''
-Wieland Wagner-

Assim que assumiu o poder, Hitler passou a ter um segundo lar em Wahnfried. Era lá que ele se hospedava durante suas visitas a Bayreuth. Intimo da família Wagner, ele ficou muito apegado à Wieland e Wolfgang, filhos de Winifred. Aceitava ser tuteado por eles e gostava de ser tratado por Wolf, seu apelido de infância. No início da 2ª guerra, liberou Wieland do serviço militar, já que ele seria o herdeiro do legado de Richard Wagner. Wolfgang ingressou no exército e participou da invasão da Polônia, sendo gravemente ferido em batalha.

A partir de 1940, tiveram início os chamados Festivais da Guerra, que recebiam como convidados do Führer, os soldados feridos e em licença, além dos trabalhadores das fábricas de armamentos. Esse esquema não passava de mais um golpe de propaganda cultural, já que a presença dos participantes era compulsória. Para os escolhidos, que prefeririam gozar das folgas junto à suas famílias, era uma provação viajar até Bayreuth, desfilar da estação de trens até o teatro e enfrentar por quatro horas um espetáculo que não era de seu agrado. O último festival que contou com a presença de Hitler foi o de 1940, onde por ironia, ele foi assistir ao Crepúsculo dos deuses (Götterdammerung).

Por não ter significado estratégico, Bayreuth não foi alvo dos aliados durante os primeiros anos da guerra. Os quatro bombardeios realizados sobre o santuário musical de Hitler, ocorreram no início de abril de 1945. Eles arrasaram dois terços da cidade, que foi tomada pelos americanos no dia 14. O quartel general das forças de ocupação foi instalado na casa de Winifred Wagner, anexa à vila Wahnfried, que estava parcialmente destruída.

O teatro dos festivais foi ocupado e passou a funcionar como uma casa de espetáculos populares, onde os soldados americanos assistiam shows com a orquestra de Glenn Miller e outras bandas americanas. Até as famosas Rockettes do Rádio City Music Hall, mostraram suas pernas no palco do teatro, que havia sido consagrado apenas para as músicas de Richard Wagner.

Em junho de 1945, a família Wagner começou a negociar seu destino com o Capitão Miller, governador militar da cidade. O processo de desnazificação de Winifred Wagner foi aberto no dia 25 de junho de 1947. Sua acusação foi a de ter sido uma das mais fanáticas apoiadoras de Hitler, e de ter auxiliado o Partido Nacional Socialista a transformar o legado musical de Richard Wagner, em arma de propaganda. Winifred escapou de receber uma rigorosa punição do tribunal, pelo fato de ter intercedido junto a Hitler na libertação de vários músicos judeus. Alguns compareceram ao tribunal, para testemunhar a seu favor. A sentença constou de uma reclusão de dezoito meses, além da proibição, por um período de trinta anos, de falar em público e dar declarações a imprensa sobre temas políticos.

Conforme o escritor Frederic Spotts, a família Wagner, Wahnfried e o Teatro dos Festivais, foram dessacralizados e se transformaram no Walhalla da cultura alemã, ou seja, moralmente corrompido e fisicamente em ruínas.

A música de Wagner continuava a ser interpretada nas principais casas de ópera da Europa e dos Estados Unidos, mas já não se fazia escutar na Alemanha. Em 1949, as forças de ocupação entregaram a direção do teatro para um conselho internacional. Ele era presidido por Thomas Mann e secundado por Sir Thomas Beecham, Paul Hindemith, Bruno Walter e Richard Strauss. O prédio passou a ser utilizado para a apresentação de concertos, recitais e óperas. Pela primeira vez em sua história, a acústica do teatro começou a refletir a música de Fidelio, Madame Butterfly e La Traviata.

O período de provação da família Wagner acabou em abril de 1950, quando Winifred assinou um documento público, informando que jamais participaria da direção, organização ou qualquer função de liderança que envolvesse os festivais de Bayreuth. Essa foi a solução imposta pelo governo, para que Wieland e Wolfgang Wagner, recebessem a posse do teatro e o comando dos festivais. Caberia a eles, a tarefa de livrar Bayreuth e o legado de Richard Wagner, de seu passado desastroso.

No dia 30 de julho de 1951 aconteceu o primeiro festival sob o comando da nova geração. Após a apresentação da ópera Parsifal, produzida por Wieland, a imprensa internacional foi unânime em afirmar que uma nova Bayreuth estava se reerguendo das cinzas. O crítico e escritor Ernest Newman escreveu no Sunday Times: “Este não foi apenas o melhor Parsifal que assisti, como foi uma das experiências mais comovedoras de minha vida”. Wieland abandonou as velhas montagens de Alfred Roller e Emil Preetorius e inovou com modernas técnicas de cenografia. Suas produções livraram o palco dos velhos adereços e cenários pesados, onde apenas as luzes e sombras passaram a valorizar o trabalho dos solistas.

Até 1966, ano de sua morte, Wieland foi o dono absoluto dos festivais de Bayreuth. Seu irmão Wolfgang ficou relegado a um segundo plano, cuidando das tarefas administrativas.

Winifred não se corrigiu. Apesar de ser “patrulhada” pela família, não hesitou em compartilhar seu camarote, no festival de 1968, com as amigas Ilse Hess e Edda Göring, respectivamente a esposa de Rudolf Hess e a viúva de Hermann von Göring.
Decorridos os trinta anos de sua pena de silêncio, Winifred concedeu uma entrevista ao cineasta Hans Jürgen Syberberg. O documentário, com quatro horas de duração mostra uma mulher que seguia fascinada pelo Führer. Ela não teve o mínimo pejo em afirmar que, se Hitler estivesse vivo e aparecesse em sua casa, seria recebido de braços abertos. Winifred faleceu em 1980 e Wolfgang dirige os festivais até hoje. Apesar de estar com 84 anos ele se recusa a passar o cetro do poder para os novos herdeiros de Richard Wagner. Seu filho mais velho, Gottfried, que se insurgiu com o passado nazista do pai, está proibido de colocar os pés em Bayreuth. Os filhos de Wieland foram marginalizados do processo sucessório.

Enquanto isso, em Israel, a polêmica deve continuar. Ehud Gross, diretor musical da Rishon Letsion, segunda melhor orquestra do país, programou o Idílio de Siegfried, para os sete concertos que abrirão a temporada do próximo outono. Ele declarou que “Está na hora de esquecermos a figura de Wagner. Sua obra é o que importa”. A platéia decidirá se a música indesejada deverá soar novamente em Israel. Ela não é executada publicamente, desde o ano de 1938, quando ocorreu a malfadada Kristallnacht.

Fonte: Arthur Torelly Franco

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Mensagem por sombriobyte 20/4/2019, 02:11


Dentre os maestros que colaboraram acintosamente com o III Reich, dentre os quais destaca-se Karajan (de carteirinha), poucos sofreram as consequências, como Mengelberg; entretanto um foi literalmente alijado da vida musical, inclusive morrendo envenenado, não se sabendo até hoje se de morte morrida ou de morte matada: Oswald Kabasta.
Alguém sabe mais alguma coisa sobre esse bom (como músico) maestro ?

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Mensagem por sombriobyte 20/4/2019, 02:18


Pessoal,

A matéria abaixo tem algumas notas interessantes a respeito do Furtwängler, deixo abaixo só a título de curiosidade.

Abraços,

(...)

Quando as batutas se afinam com as ditaduras
Grandes músicos alemães alinharam-se com o nazismo e defenderam Hitler

SÉRGIO AUGUSTO
Especial para o Estado

Na segunda década da ditadura aqui entronizada em 1964, o humorista Henfil lançou no legendário Pasquim o Cemitério do Caboco Mamadô, alegórica necrópole em cujas sepulturas eram enterradas todas aquelas notórias figuras que de algum modo apoiavam ou davam mole para o regime militar. Até sua futura grande amiga Elis Regina lá ganhou um túmulo.

Participara de um show patrocinado pelo governo, e o Caboco Mamadô decretou sua morte simbólica. Perguntei, na época, ao Henfil se teria feito o mesmo com Villa-Lobos, num hipotético Pasquim do começo dos anos 40. Não me lembro ipsis litteris de sua resposta, mas posso jurar que Villa-Lobos não se livraria de uma tumba no Cemitério do Caboco Mamadô, pelos corais que regeu sob as asas do Estado Novo. Henfil era implacável.

O cemitério do Caboco Mamadô - o mais divertido patrulhamento ideológico dos anos 70 - me vem sempre à memória quando livros, filmes, peças ou meras conversas me transportam para outras ditaduras, todas elas ricas em Mephistos e pusilânimes que tais. Já me perguntei também se Henfil teria enterrado Jorge Luís Borges por sua acochambração com os "gorilas" argentinos, e se igual infâmia atingiria Amália Rodrigues, a fadista chapa-branca do salazarismo, e Leni Riefenstahl, a cineasta favorita de Hitler.

Não, não, esta seguramente não teria escapatória. Riefenstahl ganharia enterro de luxo no Cemitério do Caboco Mamadô, assim como os demais artistas e intelectuais (à frente, o filósofo Martin Heidegger) que baixaram a crista para o nazismo ou dele se tornaram corifeus.

Há três semanas, quando a centenária cineasta alemã afinal morreu e as discussões de sempre sobre as promíscuas relações da arte com a política voltaram à tona, os americanos começaram a assistir à versão para o cinema da peça Taking Sides (Tomando Partido), do sul-africano Ronald Harwood, que de outro assunto não trata. Até o contexto é o mesmo: a Alemanha nazista. No lugar de uma cineasta fora-de-série, como sem dúvida foi Riefenstahl (comprove assistindo ao documentário Leni Riefenstahl: A Dama Imperfeita, de Ray Miller, que o canal a cabo GNT reprisa hoje e amanhã, às 23h30), um maestro igualmente formidável: Wilhelm Furtwängler (1886-1954).

Drama de idéias de feitio tradicional, marcadamente influenciado por David Hare e Tom Stoppard, Taking Sides, que vi na Broadway há sete anos, com David (filho de Raymond) Massey no papel de Furtwängler e Ed Harris encanando o major americano encarregado das investigações preliminares sobre o comportamento do maestro na Alemanha de Hitler, ganhou na tela novos intérpretes (Stellan Skarsgard e Harvey Keitel) e um diretor mais adequado: o húngaro Istvan Szabó, autor de Mephisto.

Furtwängler era um alemão estóico e meio aparvalhado, totalmente absorto pelas musas da música. Como Riefenstahl, acreditava na superioridade da arte sobre a política. Alegou ter ajudado vários judeus a fugir da Alemanha e defendeu sua permanência à frente da Sinfônica de Berlim para evitar que Herbert Von Karajan dela se assenhorasse. Nada disso é mentira, mas ele só ajudou músicos judeus que considerava talentosos. Acabou anistiado pelos Aliados, defendido por desafetos do nazismo, como Arnold Schönberg e Yehudi Menuhin, e é indultado em Taking Sides. Ronald Harwood, vale lembrar, foi quem escreveu o roteiro de O Pianista.


O ataque nazista às artes foi amplo, geral e irrestrito. A turma do jazz sofreu muito mais, já que seus clássicos não eram germânicos e seus gênios falavam inglês e nada tinham de arianos. Há dez anos Michael H. Kater publicou um ensaio precioso sobre as agruras dos jazzistas no 3º Reich, Different Drummers-Jazz in the Culture of Nazi Germany (Oxford University Press), em que por duas vezes cita Theodor W. Adorno, o sumo pontífice da Escola de Frankfurt, cujo equivocado desprezo pelo jazz alimentou, involuntariamente, a intolerância dos nazistas com a música dos negros americanos.

Em 7 de abril de 1933, o recém-instalado governo nazista exonerou todos os judeus de instituições do Estado. Milhares de músicos e funcionários de teatros líricos, escolas de música e orquestras foram para o olho da rua, sem direito a indenização. Quem tinha alguns marcos guardados raspou o tacho e picou a mula. A maioria, sem fama nem grana, teve se conformar com a situação. Em 15 de novembro do mesmo ano, Goebbels, o plenipotenciário leão-de-chácara da cultura alemã, anunciou outra novidade: a partir daquela data, quem quisesse trabalhar nas artes ou em radiodifusão teria de registrar-se na Reichskulturkamer, a Câmara de Cultura do Reich. Era o cabresto. No pentagrama e na batuta.

Por mais que o próprio Hitler relativizasse o potencial subversivo dos artistas ("Nunca deveríamos julgar artistas por suas idéias políticas", pontificou o Führer, complementando: "A imaginação de que precisam para seu trabalho os priva da capacidade de pensar em termos realísticos."), Goebbels, patologicamente sedento de poder, mantinha a classe artística sobre controle absoluto, fazendo pressões, chantagens, e trocando favores.

Schönberg foi um dos primeiros a raspar o tacho e emigrar. Otto Klemperer, judeu convertido ao cristianismo e o mais jovem protegido de Mahler, largou correndo a Ópera Kroll quando Hitler virou chanceler e mandou-se para a Suíça, rumando logo depois para os EUA. Seu rival Bruno Walter, outro cristão-novo, demorou um pouco mais e só expulso trocou a Alemanha e Áustria pela América. Outros, por razões várias, inclusive por se afinarem ideologicamente com o nacional-socialismo, preferiram ficar. Karl Böhm, subalterno de Walter no Teatro Nacional de Munique, não só permaneceu como assumiu a Ópera de Dresden, no lugar de Fritz Busch, demitido pelos nazistas. Revelou-se um dos mais leais sabujos de Hitler, o que muito facilitou o seu reinado em Viena.

Richard Strauss, Hans Pfitzner e Furtwängler também ficaram. Strauss cairia em desgraça por se corresponder com o escritor Stefan Zweig, seu libretista exilado no Brasil. Furtwängler poderia ter-se livrado dos dissabores por que passou se tivesse engrenado carreira em Nova York em 1927. Boicotado pelo italiano Arturo Toscanini, já naquela época por cima da carne seca na América, o regente alemão voltou para a Alemanha, jurando nunca mais pôr os pés nos EUA. Se soubesse o que aconteceria na Alemanha seis anos depois, Toscanini talvez tivesse refreado um pouco a sua ciumeira e facilitado a vida do alemão em Manhattan. Empenhou-se ao máximo para tirar do Reich todos os músicos desempregados e perseguidos pelos nazistas. Foi quando brigou feio com Furtwängler, que insistia em separar os bons dos maus músicos judeus. Mas em 1936 Toscanini recomendou Furtwängler como seu sucessor na Filarmônica de Nova York.

Tamanho foi o protesto da colônia judaica, que desistiu da indicação.

Inimigo mortal de Mussolini - mortal mesmo (chegou a dizer que se fosse capaz de matar um homem, escolheria o duce) -,Toscanini era em quase tudo o oposto de Furtwängler. Baixinho, moreno, mediterrâneo, sedentário e modesto de origem, com o alemão (alto, esguio, louro, desajeitado, esportivo e bem nascido) só tinha em comum o talento para reger, o amor pela música e o temperamento explosivo. Enquanto italianos como Pietro Mascagni e Beniamino Gigli puxavam o saco dos fascistas e seu líder supremo, Toscanini tratava-os com acintoso desdém. O polonês Paderewski adorava Mussolini. Fritz Kreisler varou noites tocando piano para ele.

Em 1935 Stravinsky regeu, a pedido do duce, o hino fascista Giovinezza.

Toscanini só faltava cuspir no ditador italiano.

Ao saber que Furtwängler regeria Os Mestres Cantores, de Wagner, na inauguração do 3º Reich, Thomas Mann xingou-o de bajulador. Outro exilado na Califórnia, Hanns Eisler, parceiro musical de Brecht, acusou-o de usar sua arte e abusar das grandes obras dos compositores clássicos alemães para "petrificar o regime dos verdugos sangrentos de Hitler". Seus devotos, contudo, consideravam-no a negação mais forte e vital do espírito de Buchenwald e Auschwitz. "Um concerto de Furtwängler a cada uma semana ou duas era uma razão para permanecer vivo naquele caos", revelou um deles.

Furtwängler acreditava que o governo nazista, apesar de tudo, preservava os valores alemães. Ingênuo, deixou-se manipular pelo Führer e seus Gauleiters.

Norman Lebrecht, autor de O Mito do Maestro, caudaloso estudo sobre "os grande regentes em busca do poder", traduzido ano passado pela Civilização Brasileira, não tem dúvida: Furtwängler contribuiu para a pantomima de Hitler como legítimo guardião da herança musical da Alemanha. E a música foi um elemento-chave na invenção do Volksgemeinschaft, a comunidade do povo que iria aglutinar a sociedade pagã, ariana, numa unidade indivisível de adoração do líder.

Pulha sem remissão, Herbert von Karajan - que Goebbels só chamava de "Das Wunder Karajan" - inscreveu-se duas vezes no partido nazista. Mesmo desobrigado de registrar-se na Reichsmusikkamer, por ser austríaco, fez questão de lá preencher sua ficha. Sonhava com ser o Führer da música alemã e trabalhou bem nesse sentido. Regeu Fidelio, à frente da Filarmônica de Berlim, na noite de 30 de setembro de 1938, quando Hitler selava o destino da Tchecoslováquia em Munique. Outro Fidelio regeria para selar a anexação da Áustria. Pôs sua batuta a serviço de vários tributos ao aniversário de Hitler, armou intrigas contra Furtwängler, deu uma rasteira em Böhm em Dresden. Amargou 30 meses de desemprego depois da guerra e renasceu profissionalmente graças ao inglês Walter Legge, que o levou para gravar na EMI de Londres.

Sua vida também daria assunto para Ronald Harwood, assim como a dos vários músicos que se escafederam da ditadura stalinista ou a ela se submeteram.

Não me refiro apenas aos russos (Prokofief, Shostakovich e Yevgeny Mravinsky), mas também ou especialmente, já que falamos da Alemanha, dos conterrâneos de Furtwängler que, com a divisão do país, ficaram do lado oriental, expostos à sanha dos Stalins e Zhdanovs teutônicos. Kurt Masur, por exemplo. Embora presenteado com uma sala de concertos por Erich Honecker (o Willy Brandt da Alemanha Oriental), Masur tomou atitudes corajosas em seu feudo. A Filarmônica de Nova York, que poderia ter caído nas mãos de Furtwängler em 1936, foi, de certa forma, um prêmio à sua conduta.

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Mensagem por Siegfried 20/4/2019, 14:39


Meu cordial e prezado Sombriobyte,
Meus cumprimentos !
Segue uma breve Biografia do grande OSWALD KABASTA .

OSWALD KABASTA - Chefe de Orchestra Austríaco , nascido em MISTELBACH na data de 29 de dezembro de 1896 , tendo falecido em KUFSTEIN , na data de 06 de fevereiro de 1946.
Após seus estudos musicais na Academia de Vienna e também em Klosterneuburg, Kabasta estreou como Chefe de Coros em Florisdorf.
Simultaneamente, passou a ser Professor de Canto em Vienna.
Em 1924, ele foi nomeado Chefe Permanente no Teatro de Baden, e logo após, passou a ocupar o mesmo cargo também em Vienna.
De 1926 á 1931, ele foi Diretor Geral de Música em Graz , e convidado regular da Sociedade Dos Amigos da Música, em Vienna ( Wienner Singverein).

Logo em seguida, em 1935, foi nomeado Diretor Musical da Wienner Singverein.

Logo após, em 1938, assumiu a Direção da Münchener Philharmoniker Orchester, cargo no qual permaneceu até 1945.
Ele manifestou vivas simpatias pelo Regime de Hitler, e foi interditado de exercer a direção de orchestra em 1945, pelas autoridades de ocupação.
Uma situação desesperadora que o levou ao suicídio, por envenenamento.
Porém, há quem diga que o suicídio dele foi igual ao do General von Rommel.
Só que praticado pelos Ingleses.
Franz Schmidt lhe dedicou a sua Sinfonia de no. 4.

Espero ter-lhe atendido.
Saudações,
Siegfried
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Mensagem por Siegfried 20/4/2019, 14:41


Acho que a matéria do Sérgio Augusto é um resumo desconexo do livro do Lebrecht, que ele inclusive cita. Certamente a especialidade do jornalista passa longe da música dita ''erudita''.
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Mensagem por Gigaview 20/4/2019, 19:45


Caros foristas, gostaria de parabenizá-los pelo excelente debate de qualidade que está tendo aqui.

Vocês gostam da música Yerushalayim Shel Zahav (Jerusalém de Ouro) que toca no final do filme A Lista de Schindler?

Eu particularmente acho ela linda.
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Mensagem por Alquimista 21/4/2019, 00:54

Gigaview escreveu:
Caros foristas, gostaria de parabenizá-los pelo excelente debate de qualidade que está tendo aqui.

Concordo! Alto nível o debate aqui!
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Mensagem por sombriobyte 21/4/2019, 01:35


Siegfried,

seu comentário é interessante. Eu postei o artigo exatamente para ver se alguém aqui iria contestar o conteúdo da matéria, é interessante ver os dois lados da história. Já tinha ouvido falar a respeito do livro do Lebrecht, mas escutar outras opiniões é bastante saudável.

Fico igualmente revoltado quando dizem que o Shosta era um covarde a serviço do Stalin, quando na verdade muitos amigos e parentes declararam sua posição contrária ao regime que oprimia sua atividade.

Saudações,
Sombriobyte

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Mensagem por sombriobyte 21/4/2019, 01:44


Confesso a vocês que detesto estes juízos retrospectivos a respeito do caráter das pessoas.

Todos incidimos em erros graves de avaliação ao apreciar partidos, contextos e ideários políticos. Que muitos tenham se deixado seduzir em principio pelo Duce ou até mesmo subestimado o que havia de nefasto em suas ideias e governo me parece perfeitamente humano e, portanto, escusável.

Por outro lado, é preciso sempre avaliar a capacidade de resistência das pessoas. O exilio não é sofrimento de pouca monta, ontem mais do que hoje. Não foi a toa que um filho de Thomas Mann optou pelo suicídio. A vida em Hollywood para Erich Korngold, mesmo com um bom emprego como autor de trilhas sonoras, foi um sofrimento atroz (exatamente pela frustração artística e a falta de um verdadeiro ambiente cultural). Para seu pai, o grande crítico vienense Julius Korngold, uma espécie de morte. Isto somente para citar aqueles que não passaram pelo pior (mais numerosos, diga-se de passagem, no campo soviético, onde ''cair em desgraça'' era um processo muito mais rápido e aleatório).

O que me parece evidente, por maior que tenha sido o grau de seu erro ou fraqueza em que tenha incidido, e que Furtwängler jamais foi um colaborador sistemático ou consciente do nazismo e muito menos de seus crimes. (Furtwängler foi antes de tudo um funcionário do Governo alemão, que se recusou a deixar seu país mesmo quando a maioria dos artistas se refugiava na América. Agiu diferentemente de ''Wunder'' Karajan ou Orff, que eram partidários declarados do regime nazista.)

Gente como Furtwängler estava muito distante de rematados cafajestes como Von Karajan, que nunca limitou a sua exuberante canalhice a fichinha do ''velho e bom'' Partido Nazista.

Enfim, sobreviver e muitas vezes o único ato heroísmo que nos permitem as circunstâncias. E entre o herói e o canalha há um território muito vasto, onde todos nos poderíamos viver com certa dignidade.

sombriobyte

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Mensagem por Siegfried 21/4/2019, 14:49


O livro "O Mito do Maestro" de Norman Lebrecht é bom até o capítulo sobre Karajan, cujo o título é "o caso Karajan", como se fosse uma aberração ou uma doença rara.

Sou um admirador, senão um fã, do maestro, mas fiquei impressionado pois no livro não havia nada que mencionasse nem que Karajan fosse um bom músico, a coisa mais parece um texto da inútil Revista Caras, sendo que o livro só fala mal.

Tirando este fato que não desabona o restante do livro, mesmo questionando a existência e necessidade da figura do Maestro, só dá mais elemento à tese do "Mal" necessário. Na minha opinião uma orquestra sem um regente, ou com um regerente fraco é igual ao socialismo: não funciona nem na fachada.
Siegfried
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A Trilha Sonora do Holocausto - Página 2 Empty Re: A Trilha Sonora do Holocausto

Mensagem por sombriobyte 21/4/2019, 17:35


Karajan era um extraordinário músico, assim como Bohm, Furtwängler, Masur, etc.

HEIL, DER GNADE WUNDER HEIL..

Obs: Trata-se apenas do final da Ópera Tannhauser, só isto.

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Mensagem por Alquimista 22/4/2019, 01:06


Caro Siegfried, não entendi o livro da forma como você o leu. Lebrecht não quis fazer uma análise propriamente musical da regência de Karajan. O objeto do livro são o tráfico de influências e as relações políticas e econômicas que estão por trás dos regentes. Nesse ponto, claro que Karajan foi um grande mal - ter boicotado Bernstein, Solti e Harnoncourt, não obstante os méritos que você reconheça a esses regentes, foi uma atitude extremamente antiética e completamente oposta ao espírito pluralista que é próprio da arte. Trata-se de poder, não de música. Outro exemplo, fora da regência, foi o de ter impedido Maria Callas de filmar a Tosca com Zeffirelli. Como se sabe, ela não deixou nenhum filme de ópera (há o do Pasolini, claro, mas fora do campo da ópera, e um segundo ato da Tosca, mais nada, além de alguns concertos e flashes). Karajan comprou os direitos de filmagem da Tosca para que ela não pudesse fazer o filme, a não ser que fosse com ele na regência... E ela já tinha gravado com o Prêtre.
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