Hipnose

Bibi escreveu:
Vamos estabelecer o seguinte para não confundirmos

Técnicas de indução rápida: o nome já se explica.

Não existe indução instantânea, a não ser que:
- se aproveite um estado de crise e reverta-se numa letargia;
- a pessoa já foi hipnotizada antes e agora caiu em transe devido a um sinal pós-hipnótico (âncora).
Eu considero transe rápido quando ele ocorre de 10 a 20 segundos - pois foram os que eu consegui até o momento com menor tempo (1%). 90% dos que induzi demorei um pouco mais de um minuto, os demais chegaram até mais de 5 minutos.
Já conversei com hipnotistas de palco (do exterior) e todos eles revelaram que os "voluntários" foram experimentados ou na primeira vez (no palco mesmo) é feita a indução tradicional, lentamente - só que a maioria dos vídeos pulam essa parte!

Me consultei com hipnóloga aqui na minha cidade, então ela me pediu que antes de começarmos as sessões, seria bom que eu começasse a tomar Florais de Bach, segundo ela isso facilitaria no induzimento.
O que vocês acham? Por favor opinião de um especialista.

Bem, vou dar a minha opinião de leigo e que já tomou os florais....
Para mim, nenhum floral de Bach teve efeito prático... Posso estar enganado, mas não passa de efeito placebo...

Não entendo nada de Florais de Bach, mas me questiono o porque de complicar (e encarecer) algo que pode ser feito de forma mais fácil (e mais barata) que é a indução hipnótica.
Se é possível induzir alguém só pela voz então para que usar os florais, ou seja lá o que for? Para facilitar o transe?
Mas que "facilidade" é essa que exige que algumas etapas complexas (usar florais) sejam necessárias?

Gigaview escreveu:
Me consultei com hipnóloga aqui na minha cidade, então ela me pediu que antes de começarmos as sessões, seria bom que eu começasse a tomar Florais de Bach, segundo ela isso facilitaria no induzimento.
O que vocês acham? Por favor opinião de um especialista.

Estabelecendo:

1º Hipnose nada tem a ver com florais, não vamos entrar no mérito se floral funciona ou não. Aqui não é pra isso.
2º Sua terapeuta deve ter as duas formações e faz uso das duas como se ela fosse acupunturista, poderia te espetar e facilitar a indução liberando pontos de acumulação de energia.
Só peça a ela para que explique a você essas diferenças e a não dependência das técnicas... porque o jeito que ela falou ou você entendeu permitem associar uma coisa com a outra.

O que é hipnose ericksoniana?

Quais os tipos de transe que existem?
Como eu sei se a pessoa entrou em transe?

Marley escreveu:
O que é hipnose ericksoniana?

A Hipnoterapia Ericksoniana foi desenvolvida por Milton H. Erickson, M.D., (1901 – 1980), que é considerado o pai da Hipnose moderna, e que é divulgada e utilizada no mundo todo por sua eficácia.

Milton H. Erickson desenvolveu uma nova forma de terapia elegante e respeitosa, levando sempre em consideração o indivíduo e a realidade individual.

Sua metodologia de trabalho ia além do ambiente terapêutico, levando a terapia para o cotidiano do paciente, fazendo-o assumir o compromisso com a mudança e responsabilizando o paciente por estas.

Erickson era muito procurado e obtinha ótimos resultados com suas formas de trabalhar o Ser Humano, considerando a sua dinâmica de funcionamento.

A Hipnoterapia Ericksoniana nos mostra que é possível fazer terapia levando em consideração que cada indivíduo é único, e por isso deve ser tratado como único. Agindo desta forma, os resultados serão mais rápidos porque se vai direto ao ponto ou dificuldade, criando-se estratégias para a mudança e a transformação do indivíduo. Possibilitando uma vida mais saudável, tranquila e segura.

Marley escreveu:
Quais os tipos de transe que existem?
Como eu sei se a pessoa entrou em transe?

O transe hipnótico é apenas um, sendo que o que se difere dentro dele são os graus de profundidade do transe, que na verdade são 5 (hipnoidal, leve, médio, profundo e sonambúlico). Quanto a saber quando um sujeito está realmente hipnotizado, depende da experiência do hipnólogo e também de uma série de sinais dados pelo sujeito hipnotizado também conhecidos como constelação hipnótica.

Existem várias coisas que você deve ficar atento na pessoa durante a indução. Uma delas é o movimento dos olhos. O REM (rapid eyes moviment) demonstra se a pessoa está entrando em transe. Os olhos também servem de indicador, pois quando a pessoa está em transe profundo os olhos ficam virados para cima.
Também é um bom indicador a leveza do corpo. Em transe, se você pega a mão de uma pessoa, levanta ela e depois solta ela cai em queda livre, o que só acontece em pessoas que estão em transe profundo.

Gostaria de abrir um parênteses aqui... Muitas pessoas confundem hipnose com meditação.

Nem toda meditação é de esvaziamento da atenção. Existe meditação dinâmica, como é ensinado, por exemplo, na Raja Yoga, onde se pratica a plena atenção sobre um conceito, uma ideia, um mantra etc. Pode-se dizer que o estado meditativo da meditação dinâmica é bem similar ao da auto-hipnose.

Na minha opinião, o fenômeno neurológico envolvido é o mesmo: hipnose e meditação requerem da mesma maneira uma excitação controlada e regulada, tanto hipotalâmica quanto do SRA (sistema reticular ascendente) e uma sincronização inter-hemisférica do córtex pré-frontal. E este tipo de procedimento neural é uma habilidade aprendida e desenvolvida, seja por orientação de um hipnotista, seja por prática pessoal.

Mas não posso garantir: não li suficientes pesquisas a respeito para ter certeza de que se trata do mesmo fenômeno.

Perfil de pessoas altamente sugestionáveis.

Gostaria de saber se existe ou não um perfil ou pelo menos alguns traços de personalidade que caracterizem uma pessoa altamente sugestionável. Empiricamente eu posso dizer que não, porque já observei pessoas altamente sugestionáveis com perfis aparentemente bastante distintos, mas como ainda estou iniciando os estudos em hipnose, não sei bem o que ocorre. O que eu venho notando surpreendentemente é que irmãos tendem a ter a mesma sugestionabilidade (ou pelo menos próxima), queria saber se existe um componente genético envolvido...

Em minha opinião o que facilita a entrada em transe hipnótico:

- uma boa imaginação;
- uma razoável capacidade de atenção;
- um bom acesso às próprias emoções;
- uma dose de empatia;
- não ser por demais auto-centrado, egoísta;
- respeito pela opinião alheia.

Esta lista, obviamente, não está em ordem e não é uma descrição técnica, e sim apenas uma lista de traços de personalidade, a ser mais testada.

Hipnose é um estado de superatenção que facilita o aprendizado, e envolve a ativação hipotalâmica (emocional). Logo, as pessoas mais frias e indiferentes terão mais dificuldade. Mas não, necessariamente, serão impossíveis de entrar em transe.

O respeito pelos outros é uma capacidade de se abrir à opinião alheia - o que facilita o aprendizado, tanto em crianças quanto em adultos. E, em último grau, facilita a hipnose.

Convém lembrar que o transe é uma habilidade humana, quiçá de todos os animais, e é um recurso extremo, de superaprendizagem.

O mesmo estado - ou similar - pode ser visto em um show de rock ou religioso, onde os fãs ou crentes se entusiasmam tanto por um cantor/cantora/preletor que entram em paroxismos de emoção, chorando ou rindo. É um tipo de transe também, não é?

Incógnito,

Interessante sua questão.
Pelo que eu saiba, ainda não existe um indicador 100% preciso que indique imediatamente qual o grau de sugestionabilidade da pessoa. Por isso o teste de sugestionabilidade ainda existe.
Li sobre pesquisas que visavam achar características comuns entre as pessoas sugestionáveis; na época procuravasse o que chamaram de "Fantasy Prone Personality (FPP)" que seria exatamente isso.
A principal conclusão é que não há nenhum traço na personalidade da pessoa que induza ela como mais sugestionável ou menos sugestionável. Isso também para ser independente do grau de instrução da pessoa.
Realmente nota-se uma influência da genética na sugestionabilidade das pessoas. Há a indícios que pessoas que facilmente criam um rapptor com outras são mais sugestionáveis, assim como pessoas que facilmente "se perdem" em seus pensamentos geralmente são mais sugestionáveis também.
Mas como eu havia dito antes, ainda não há um indicador 100% preciso que indique com clareza qual o grau de sugestionabilidade da pessoa.

Acrescentando...
O importante mesmo é o "rapport", então que o indivíduo vai entrar em Hipnose ou não dependendo de quem é o operador, do momento. Hipnose é essencialmente expectativa e contexto, e a técnica propriamente dita é muito menos importante. O segredo é motivar, criar potencial de resposta... Pense sempre que hipnotizar é seduzir.

Outra coisa a discutir é que rapport é um fenômeno mais amplo do que "cooperação". Há outras situações "menos terapêuticas" onde as pessoas estão em rapport. Exemplos: torturador/torturado, dançando a 2, lutadores em embate, sequestrador/sequestrado, etc. Rapport é atenção focalizada e padrão de resposta - não só "pacing e leading".
Agora complicou, não é?

Sofrologia

Sofrologia é o termo francês para a hipnose... Mas no fundo é hipnose clássica.

Explicando: na década de quarenta e cinquenta a hipnose sofreu um grande retrocesso na Europa, devido a ficar "espremida" entre a divulgação da abordagem psicanalítica de um lado e, do outro, o incremento da pesquisa comportamental, behaviorista.

A hipnose era vista como algo pertencente apenas aos "charlatões de palco". O avanço dos medicamentos anestésicos reduziu o interesse pelos efeitos analgésicos da hipnose, e seu uso inadequado por showmen começou a criar uma aura de descrédito.

Para preservar a sua imagem e seu público, os hipnotistas franceses cunharam o nome "Sofrologia", e revestiram as técnicas hipnóticas de uma roupagem mais adequada ao século vinte. Inclusive os livros de Sofrologia franceses, muitos traduzidos aqui no Brasil, fazem questão de afirmar que Sofrologia não é hipnose. Mas é só começar a ler as técnicas e perceberá as semelhanças.

A Sofrologia, ao que eu saiba, só teve sucesso na França e aqui no Brasil, que seguia de perto a cultura francesa.

Na década de oitenta os avanços da pesquisa médica trouxeram um novo olhar para a hipnose. O ferramental tecnológico mais moderno foi posto a estudar os fenômenos da mente. E o termo começou, aos poucos, a voltar a moda através dos EUA, que nunca deixaram de usar o termo "hypnosis", ignorando totalmente a Sofrologia...

Milton Erickson modernizou a hipnose, da década de cinquenta até 1980, quando morreu. Deixou bastante literatura, mas não pode ser considerado o único inventor de uma modalidade sutil, indireta, de induzir a hipnose. Mas pode ser considerado o mais habilidoso praticante desta modalidade, que chamou de Hipnose Estratégica, e seus discípulos de Hipnose Ericksoniana.

PS: A Sofrologia começou na Espanha, não na França. Eu me lembrava mais dos autores franceses, mas começou com Caycedo, na Espanha.

O que é hipnose instantânea?

A hipnose instantânea se baseia na ideia de surpreender a pessoa com uma forte sugestão de sono. Isso é feito com o método de choque neurológico. Nele a pessoa é posta a se concentrar numa condição. Bruscamente se retira essa condição, o que durante uma fração de segundos deixa a pessoa extremamente sugestionável. Nesse momento se diz com um tom forte e autoritário "DURMA" ou outra coisa que transmita essa ideia. Existem inúmeras técnicas que usam isso. É fantástico como você pode hipnotizar uma pessoa em apenas 7 segundos com apenas 8 ou 9 palavras.
Porém, essa técnica leva a pessoa a um estado hipnótico muito superficial que requer imediato aprofundamento com as técnicas tradicionais de aprofundamente hipnótico. Também possuem a desvantagem de seu sucesso serem muito sensíveis a crença que a pessoa possui que vai ser hipnotizada e a confiança que o hipnotizador possue em si mesmo. Dizem que na vedade é isso que hipnotiza a pessoa.

Hipnose instantânea existe, mas é necessário um pre-talk antes...

Tem pessoas que acreditam piamente que só existe hipnose gerada por cansaço no nervo óptico, mas isto é irreal.

Um bom início é o livro "HIPNOTISMO E AUTO-HIPNOTISMO DE INDUÇÃO RÁPIDA" de Arnold Furst, ele ensina várias técnicas de indução rápida, inclusive a técnica de choque, um Handshake básico.

Charcot usava um método parecido de quebra de padrão, é uma relação de hipnose e histeria.

Certa feita eu li em algum lugar que Sigmund Freud chegou a utilizar a hipnose, no entanto gostaria de saber o por que do mesmo ter deixado a hipnose para desenvolver a psicanálise.
Faço tal pergunta porque também já li que a hipnose é muitíssimo mais eficaz do que a psicanálise.

O Dr Freud queria criar uma nova terapia, que não precisace usar a hipnose,porque na sua época era a unica terapia mais utilizada, ele queria cria algo nova,para tratar as pessoas que ele não conseguia hipnotizar..

Entendo. Mas qual a vantagem em criar um método que seja tão inferior ao mais utilizado?
Como a psicanálise conseguiu se tornar tão conhecida sendo uma técnica tão inferior a hipnose? Pois já li que através desta última a recuperação é 93% em 6 sessões, enquanto que por meio da psicanálise a recuperação seria de 38% em 600 sessões, ou seja, uma diferença absurda!

Art3mis, Freud deixou a hipnose simplesmente por não ser sua praia, ou seja, não interessou-se em ser um bom hipnotizador, dedicou-se ao estudo da teoria psicanalítica.

Psicanálise e hipnose, na minha opinião, não devem ser comparadas, pois se tratam de coisas completamente diferentes.

De forma grosseira:

Hipnose é um estado psíquico, vivencial, que faz parte da natureza humana...

Psicanálise é uma matéria de estudo sobre...

Algumas observações:

A teoria psicanalítica é uma coisa, a pratica é outra.

Hipnose é uma grande e eficaz ferramenta para terapias. Mas não quer dizer que um bom hipnotizador seja um bom terapeuta. Ser um hipontizador é uma coisa, ser um terapeuta é outra. Um show de hipnose não tem a ver com terapia.

Para tratar pessoas é necessário conhecimentos específicos.

O importante, que percebo, é o domínio da técnica. Um hipnoterapeuta sem um domínio de técnica não vai ser melhor que um psicanalista, e vice versa.

Quem vai fazer a diferença é sempre o profissional, e como ele se utiliza de suas ferramentas de trabalho.

Sim, Freud usou a hipnose. Abandonou. Voltou a usar algo. A técnica naquela época era limitada se compararmos com os modelos de hipnose atuais. Portanto, também pode ter sido a eficiência em alguns casos.