Paradoxo EPR

Você parece não ter levantado nenhuma objeção à minha conclusão:

"b deixa de ser conseqüência de não(a). A simples existência de um argumento que me permita explicar F sem usar b me faz chegar a essa conclusão."

Tal argumento só precisa existir. Podemos usar as hipóteses mais loucas possíveis, contanto que eu não use a hipótese b.

Você concorda comigo nesse ponto?

Concordo que a mera existência de uma hipótese alternativa (c) --- por mais louca que seja --- não nos permite dizer que "não(a) -> (b)" após a observação do fenômeno F. Mas, se a(s) única(s) alternativas (c) forem realmente muito loucas, podemos dizer que "se não(a) então é muito plausível que (b)". E, nas Ciências Naturais, "muito plausível", "muito muito plausível", é tudo que podemos esperar de uma teoria (podemos apenas aumentar o número de "muito"'s na frente de "plausível", mas não podemos esperar chegar em "logicamente demonstrada e fim de papo").

Seria "(b)=não-localidade", não?

Sim, eu me enganei.

Eu só vou entrar na discussão para por a outra alternativa de resolução do paradoxo EPR, que até agora ninguém postou mas que é amplamente aceita, ao menos por aqui onde estudo. E deixo claro que li toda a discussão precedente...

Na verdade existe sim uma alternativa (c) bem forte para resolver o "paradoxo" EPR de maneira a manter a localidade e sem variáveis escondidas. Alternativa essa a defendida pelo Aspect e pelo Dalibard (dita por eles mesmos em aula).

Essa alternativa diz que na verdade em nenhum momento do proposto paradoxo EPR existe uma troca REAL de informação entre os dois lados da medição (Alice e Bernard, ou como chamem dependendo do autor). É simples assim: para que Alice (de um lado da medida - na Lua por exemplo) tenha alguma INFORMAÇÃO sobre a medida do Bernard (outra medida - na Terra por exemplo) essa tem que viajar na velocidade da luz, respeitando assim a localidade.

É possível provar (através do formalismo de operador densidade) que uma medida efetuada por Bernard, e o "colapso da função de onda" que se segue, não tem nenhuma influência sobre o valor médio dos resultados obtidos por Alice nas suas medições. Isso garante que não existe transmissão de informação instantânea numa experiência do tipo EPR. Portanto nós REALMENTE temos uma escolha teórica de tomar uma teoria "não-local com variáveis escondidas", ou uma "local sem variáveis escondidas", ou uma sem um nem outro. Aí vai depender o quê você quer "salvar" na sua teoria. O Aspect e o Dalibard escolheram salvar a localidade...