Georg Friedrich Händel

G.F. Handel - Haendel - Hendel (1685 - 1759)

"Ele cantava para a multidão e, se quisesse ser ouvido, devia traçar em grandes linhas o plano de suas composições e fazer predominar o elemento rítmico e melódico, penetrante até suas mais complexas invenções de contrapontista. Daí a feição e o efeito por vezes extraordinário das grandes oposições frequentes na música de Haendel."

Beethoven disse que Handel era o maior compositor que jamais havia existido, e que diante de sua tumba ajoelharia e tiraria seu chapéu.

E aí, vocês concordam com Beethoven que Handel foi o maior dos maiores?

Bom, peguemos dois gênios da música barroca e suas respectivas obras-primas: Messias de Handel e a Missa em Si menor de Bach. Há muito já se especula sobre quem é o primeiro entre os compositores do Barroco, mas é complicado analisar com base em toda a obra dos dois gênios, então, analisemos as duas obras.
Eu, por minha parte (desculpe alguma ofensa rss), ainda fico com a "Symbolum Nicaenum" do Gênio de Eisenach.
Ainda que O'Messias tenha uma aura de intocável perfeição, a massa titânica da Missa é sobre-humana, quase celestial.
Há alguns anos, ela (a missa) foi votada como a obra prima da música de todos os tempos por internautas numa enquete da BBC, então...

Eu acho que no quesito ÁRIAS, Handel leva a melhor nO'Messias em detrimento à Missa de Bach, mas, como você mesma disse, temos que analisar todo o contexto em que os dois grandes mestres labutaram... e Handel (que criou óperas como Alcina - as árias das feiticeiras me enlouquecem ), era um expert neste gênero.
Realmente é complicado uma definição de pior ou melhor... fica meio imediatista.

E vale lembrar que Bach nunca escreveu uma ópera sequer. E a ópera foi o gênero por excelência do barroco. Seria o mesmo de Beethoven nunca ter escrito um quarteto de cordas sequer.

Bach pode não ter escrito óperas, mas sem dúvida é o pai da música, pois muitos compositores basearam-se nele e em seus métodos para compor suas músicas.

Peguemos então as duas maiores (na minha opinião) obras para cravo desses dois grandes gênios, The Harmonious Blacksmith de Handel e Goldberg Variations de Bach.

Dessas duas, fico com as Variações Goldberg, apesar de achar Harmonious Blacksmith estupenda e maravilhosa.

Variações Goldberg faz parte de uma coleção de obras escritas para teclado, criadas no período de grande maturidade do autor. Sobre o tema de uma Ária na forma de Ciaccona, Bach escreveu 30 variações dedicadas ao entretenimento da alma de conhecedores da arte musical.

Editadas em 1741, fato raro considerando a obra de Bach, dotada de estruturas arquitetônicas e de uma forma numérica, ela é também um dicionário de símbolos e retórica musical barroca.

Falando nisso, vocês conhecem as gravações do Keith Jarrett da música para cravo do Handel?
São muito boas! Estou ouvindo há uns dias. Material de primeira.

Trovador escreveu:Realmente é complicado uma definição de pior ou melhor... fica meio imediatista.

O mais importante é barrar a mania "idiossincrática" do homem em outorgar o que há de tendencioso no seu gosto pessoal, e entender que existem importâncias que ultrapassam o aferível e só calham em comparações descabidas e infelizes.

Eu fico tão triste que hoje em dia tem gente que nem sabe quem é Handel e no entanto endeusa Bach sem nem conhecer direito a obra dele mas só porque todo mundo fala nele. E pensar que naquela época Handel era bem mais famoso. Nossa, eu tô parecendo uma esposa com ciúmes do rival do marido.
Mas é revoltante...
Ainda mais que eu falo "Handel" e as pessoas fazem piadinhas do tipo "Mendel, o cara das ervilhas?"... Agora, se eu falar "Bach" todo vai falar, "nossa, ele é o melhor, o mais foda".

Handel com Mendel?
Acho que eu fazia parte deste grupo que desconhecia Handel, até uns 4 anos atrás. Meu grande erro, e acho que é o erro da maioria das pessoas é que só conhecem a música instrumental do Handel, e não a música vocal, que é onde está seu forte (na minha opinião, claro). Eu só conhecia as mais tocadas, a "Música Aquática" (Water Music), aquela outra para "Fogos de Artifício" (Music for the Royal Fireworks), e outras coisas, nem "O Messias " eu conhecia, e nunca me chamou muito atenção, achava uma música barroca basiquinha.
Até que eu comecei a ouvir a música vocal. Fiquei tão fascinado pelas composições vocais dele que fiquei ouvindo quase somente Handel por uns 3 anos - imagina a obsessão, ou melhor, a compulsão. Isso pra conhecer os principais oratórios e as principais óperas dele, ouvindo uma por uma.
Hoje eu acho o Handel o melhor compositor de música vocal que conheço, o maior criador de melodias da história da música. E olha que não dá pra dizer que o Bach é um mau compositor de música vocal, nem Mozart.
Mas J. S. Bach é também bem respeitável, acho na música instrumental, Bach é melhor que Handel.

Também gosto de Bach mas o que me impede de gostar mais dele é o fanatismo meio exacerbado que eu tenho por Handel.
Realmente, os trabalhos vocais de Handel são o forte dele. Eu também comecei assim, com a ópera Giulio Cesare pra ser mais exata. E aí viciei totalmente. Não vivo mais sem Handel. E talvez seja por isso que eu também goste bastante do instrumental dele embora eu saiba que, embora genial, tem outros melhores. Mas ópera e oratório? Ninguém barra. Quando eu digo ninguém me refiro às obras dos outros no geral e não a obras específicas.

Para aqueles que ainda não se aprofundaram na incrível obra vocal de Bach, apenas uma sugestão,

Cantata BWV 61 Nun komm der Heiden Heiland (Agora vem o Salvador dos povos).
Composta a partir de um antigo e conhecido hino latino, Veni redentor gentium, transformado por Lutero em um Coral, a Cantata BWV 61 foi apresentada no primeiro domingo de advento de 1714.
Era o período no qual Bach estava a serviço de Wilhelm Ernst, o Duque de Weimar. Foi reapresentada no primeiro domingo de advento de 1723, no início de suas atividades em Leipzig.
Embora criada por Bach ainda relativamente jovem, é uma obra que mostra o refinamento de sua escrita musical, onde percebemos forte relação entre texto escrito e música.

Alguém já assistiu este filme sobre Handel,

God Rot Tunbridge Wells - The Life of Georg Frederic Handel
?
Filme de 1985 de Tony Palmer sobre G. F. Handel. Como diz no início do filme, uma "tragicomédia".

Eu vi uns trechos do filme no youtube. Tem até um duelo ao cravo do Handel e do Scarlatti, que provavelmente nunca ocorreu - ainda por cima a música que eles tocam no duelo é um tema com variações do próprio Handel.
No filme o Handel aparece como alguém amargurado, cheio de rancores. Como no filme do Farinelli, que ele também aparece como algoz.

Tá aqui o trecho do duelo pra quem quiser conferir:

E por que deste nome, God Rot Tunbridge Wells, o que quer dizer? É a rua onde o Handel morava em Londres?

A casa onde Handel morou, 25 Brook Street, Mayfair, London W1K 4HB, é agora um museu em sua homenagem. Pouco antes de morrer, Handel assistiu a uma apresentação do Messias dada pela Tunbridge Wells Musical Society. O desempenho foi tão ruim que Handel saiu furioso e, voltando para casa, escreveu uma carta de protesto terminando com as palavras God Rot Tunbridge Wells (Deus apodreça Tunbridge Wells).

Eu já visitei a casa de Handel em Londres. Recomendo a visita a quem curte Handel e que esteja passeando pela capital inglesa, mas já aviso: não espere muito, pra não se decepcionar! A casa é bem vazia, e não há praticamente nada dele, no máximo uns manuscritos. O cravo e a mobília, pelo que me lembro, não são os dele, apenas foram colocados lá para compor o espaço... Fora isso, utilizam o espaço para pequenas apresentações musicais, e também passam vídeos sobre ele etc.

Localiza-se em Brook Street, uma das ruas mais caras de Londres hoje em dia, no chique bairro de Mayfair. Mas os folhetos que há no museu deixam claro que, na época de Handel, o endereço era apenas um local de classe média, bem diferente da sofisticação de hoje.

Não sei como deve estar hoje, mas quando eu fui lá tinha tipo um instituto com historiador e compositor de plantão, você levava a sua composição e ele dava sugestões... e a guia conta a história da época toda, como era a vida, como era a política, etc, todas as fofocas do Haendel. hehe

Sobre o filme, pois é... ele sempre aparece como alguém amargurado, rancoroso, arrogante ao extremo. Será que ele realmente era assim ou é intriga da oposição?
Mas não importa, continuo amando Handel do mesmo jeito, mesmo que ele fosse assim.
De qualquer forma, adorei o duelo no vídeo. Queria tanto ver o filme inteiro...

O que tenho lido nos livros é que o Handel era bem o contrário disso, era uma pessoa bondosa. Inclusive, já que ele se tornara rico nos seus últimos anos de vida, ele criou um "fundo para músicos falidos" - com a qual ajudava os músicos que estavam mal de vida, com problemas financeiros. Por causa da experiência que ele mesmo passou na metade de sua vida, quando faliu junto com a falência da sua Casa de Ópera em Londres.

Pelo que li nos últimos dias, aquele duelo ao cravo do Handel x Domenico Scarlatti realmente aconteceu, na época em que o Handel viveu na Itália antes de ir pra Londres.
E o Scarlatti, que era realmente um virtuose do cravo teria vencido.

Pobre Handel... é intriga da oposição mesmo! Só porque ele era o músico mais incrível e mais famoso da época. Inveja é uma problema...

Fabiano Venâncio escreveu:Falando nisso, vocês conhecem as gravações do Keith Jarrett da música para cravo do Handel?
São muito boas! Estou ouvindo há uns dias. Material de primeira.

A obra para cravo de Handel é maravilhosa e fenomenal, com especial destaque para a Suíte nº4 para cravo em ré menor HWV 437, com a Sarabande famosa.