Legados do Colonialismo

Na verdade eles foram bem longe (dentro dos limites espanhóis) nos "caminhos gerais", mas a batalha de M'bororé, nas Missões Ocidentais, os fez mudar seu "carreiro" para o Sul e Sudoeste...

Não confundir famílias gaúchas descendentes de Paulistas com descendentes de bandeirantes.

No meio do século XVIII a Coroa Portuguesa passou a distribuir "Cartas de Sesmaria" a militares que se estabelecessem ao Sul do Rio Mambituba (atualmente a divisa RS/SC), processo que se intensificou APÓS as batalhas da Guerra dos Sete Anos...

Vieram muitas familias de Sorocaba (SP) e Laguna (SC), não necessariamente bandeirantes que vieram juntar-se aos açorianos que começaram a colonizar o litoral gaúcho algumas décadas antes.


PS. Alguns destes militares-estancieiros tomaram MUITAS terras além das doadas pela Autoridade Portuguesa como o caso de Rafael Pinto Bandeira, que partindo da "Tranqueira Invicta" foi massacrador de espanhóis em várias campanhas e que ao morrer teria 33 mil hectares LEGALIZADOS fora as terras que possuía sem título. Acusado de usurpação fora absolvido pela própria rainha D. Maria (louca) que disse: "como agora nos é necessário, não há outro remédio senão deixa-lo fartar-se".

Não diria nem a questão de "bons e maus".

Deixando de lado ''bons'' ou ''maus'', talvez o Brasil exista hoje por causa dos bandeirantes e posteriormente os tropeiros paulistas que ligaram economicamente (e em alguns casos culturalmente) sul, sudeste, centro-oeste e até nordeste.

O problema é se não tivesse a exploração territorial do Bandeirantes, dificilmente iria iniciar uma expansão colonial no centro Oeste e Norte e parte do Sul do Brasil.

Os Bandeirantes não matavam apenas indígenas, fundavam vilas que se tornaram núcleos de colonização portuguesa no Interior.

Se não fosse os Bandeirantes talvez o Brasil se resumisse a sul, sudeste e Nordeste, cercado pelo Grande Paraguay ao Sudoeste, pelo Grande Peru ao Oeste e pela Gran- Colômbia ao norte.

Foram os Paulistas que descobriram Ouro em Minas, que fez o Brasil se tornar a principal colônia Portuguesa de forma definitiva.

Os bandeirantes eram na prática nativos que sendo mais pobres tocavam suas plantations de cana com mão-de obra escrava também nativa, já que não tinham a riqueza (para importar africanos) e o solo melhor pra cana dos latifundiários nordestinos. Resumindo, eles eram índios que perceberam rápido pra onde sopravam o vento e se lusitanizaram mais rápido. A maioria era de vicentinos, alguns eram judeus cristianizados superficialmente!!
Olhe um relato de um deles:
"preamos os "negros-da-terra" pra remediar nossa pobreza".
Não eram santos, eram homens de seu tempo. Sua origem indígena e judaica estão na raiz da coragem com que peitaram agentes da ICAR!
Tiveram dificuldades com os primeiros paulistanos (jesuítas e índios-alunos do colégio de S. Paulo de Piratininga).
Se deram mal militarmente contra guaranis europeizados pelos jesuítas na bacia do Paraguai-Paraná. Aqui as aldeias cobiçadas porque os índios já estavam europeizados (fabricavam até violinos e cantavam em latim) só foram esmagadas depois que tropas regulares de Espanha e Portugal no século XVIII se meteram. Tudo isto dentro do contexto das questões fronteiriças envolvendo Sacramento e oeste de RS. E da saída da prata de Potosi.
Se deram mal também com governo central de Lisboa quando finalmente descobriu-se ouro em MG. Houve a guerra dos Emboabas e os bandeirantes se deram mal. O território mineiro foi separado em capitania a parte da capitania de SP.
Os talentos militares dos bandeirantes foram notados pelo governo português e foram contratados para extinguir cariris e os quilombolas palmarinos.
O périplo de Antonio Raposo Tavares é digno de comparação com circunavegação do globo por Magalhães ou da expedição trans continental de Lewis e Clark!!
Os paulistas atuais tem que admirar bandeirantes mesmo, pois se tratam de primeiro exemplo de iniciativa privada de sucesso neste país.

Galahad...

Os bandeirantes conseguiram muitas vitórias contra os guaranizados nas reduções do "Tape'', ou primeira etapa missioneira (como professor Aurélio Porto apud Diversos Autores, os jesuítas e sua ação civilizatória no Rio Grande do Sul) como São Nicolau ou Caaro.

A maioria dos índios destas 16 reduções foi obrigada e emigrar em virtude da virulência dos ataques de Raposo Tavares e seus remanescentes foram os fundadores da etapa seguinte, mais famosa, mais brilhante e mais poderosa, os SETE POVOS DAS MISSÕES - que viriam a ser destroçados nas Guerras Guaraniticas por um exercito luso-espanhol.

Bom, diferenciar as duas fases!
A batalha de Mboror'e pertence a que campanha?

Reduções do Tape...


Detalhe... O local exato de m'bororé é desconhecido....

A localização da batalha foi provavelmente em território argentino, na atual província de Misiones, visto que, a maioria dos combatentes guaranis pertencia a Missão de São Francisco Xavier.

Quando a bandeira de Raposo Tavares se estabeleceram num arraial na entrada do território de Guairá, dali comandou violentos ataques às aldeias e missões espanholas daquela região, e também em Tape e Itatim (atual Mato Grosso do Sul). Conta o jesuíta Ruiz de Montoya que os paulistas destruíram onze missões com populações de três mil a cinco mil índios, o que resulta num total de 33 mil a 55 mil índios capturados.

Para o historiador Luiz Felipe de Alencastro, na zona de Guairá e Tape as bandeiras capturaram aproximadamente 100 mil indígenas, em uma das “operações escravistas mais predatórias da história moderna”.

Na província do Guaíra (atual território paranaense) os bandeirantes dizimaram 13 reduções jesuíticas e duas vilas espanholas: Ciudad Real del Guaira e Vila Rica del Espíritu Santo. Nestas os colonos espanhóis não aldeavam os indígenas como nas reduções, os escravizavam nas encomiendas.

Tiradentes e a bandeira da Conjuração

Quem propôs o triângulo para a bandeira da nova república idealizada pelos conjurados de 1789 foi Tiradentes. O Alferes Joaquim José da Silva Xavier nutria profunda devoção para com a Santíssima Trindade. Os documentos da época e abalizados historiadores mostram como foi sua intenção enfocar o mistério trinitário. No auto de perguntas a ele dirigidas se registra este tópico: “E falando ele respondente, em que a nova República que se estabelecesse devia ter bandeira disse que, como Portugal tinha na suas armas as cinco chagas, devia a nova República ter um triângulo, significando as três pessoas da Santíssima Trindade [...]”


No auto de perguntas ao Coronel Ignácio José de Alvarenga Peixoto se constata que este não estava certo em casa de quem surgiu a conversa sobre as bandeiras, “que o Alferes Joaquim José da Silva Xavier tinha ideado para servirem na nova premeditada República, que eram três triângulos enlaçados em comemoração da Santíssima Trindade [...]”


No auto de perguntas a Álvares Maciel se verifica que “o Alferes Joaquim José da Silva Xavier [...] tinha ideado o modo da bandeira, que haviam de ser três unidas em uma (sic) significando as três Pessoas da Santíssima Trindade [...]”. Na reflexão prévia que antecede a “Memória do êxito que teve a conjuração de Minas [...]” há neste trecho referente a Tiradentes:


Atestam os religiosos franciscanos e entre eles os de melhor autoridade, testemunhas oculares de todos os fatos da cadeia, que este homem se mostrava convencido da gravidade de seus pecados [...] Quando se tratava com ele de oferecer a morte como sacrifício a Deus, apressava-se, e era necessário detê-lo; quando se lhe dizia que aquilo era o tempo precioso e os bons instantes necessários para amar a Deus, detinha-se e nisso se empregava. Confessando o inefável mistério da Trindade, transportava-se e aproximando-se à forca pediu que só nele falassem.


Dos “Últimos momentos dos Inconfidentes de 1789 pelo frade que os assistiu de confissão” esse trecho:


Consta da sentença que os infames cabeças da revolução queriam levantar uma república livre e independente, cuja capital seria a vila de São João del Rei, a sua bandeira teria por armas três ângulos em alusão à Santíssima Trindade, cujo mistério era da maior devoção de Tiradentes, se bem que ao réu Alvarenga parecia mais próprio o emblema seguinte: Um índio quebrando as cadeias com a letra Libertas quae sera tamen”.


A estas fontes primárias aditem-se as declarações de historiadores de comprovada competência. Ernesto Ennes, da Academia Portuguesa da História e do Instituto de Coimbra, assevera: ”Decidiu-se sobre a Bandeira que “Tiradentes” propôs ter por símbolo um triângulo, em honra da SS. Trindade”. Lúcio José dos Santos assim se expressou: “Quanto às armas da República, Tiradentes propôs e foi aceito o triângulo, representando a SS. Trindade de que era ele especialmente devoto”. Joaquim Norberto de Souza e Silva diz que a questão da bandeira da Conjuração foi tratada na casa de Cláudio Manoel da Costa, quando “propôs o alferes Joaquim José que se tomassem por símbolo três triângulos entrelaçados em comemoração da Santíssima Trindade”. Fritz Teixeira de Salles também afirma que “a bandeira seria um triângulo, inspirado no símbolo religioso da Santíssima Trindade, devoção predileta de Tiradentes”. Oiliam José escreveu: “Quanto à bandeira para o novo país com que todos sonhavam, aceitou-se, em princípio, a significativa sugestão de Tiradentes no sentido de que ela tivesse um triângulo em honra da Santíssima Trindade, embora Alvarenga divergisse disso e outros circunscrevessem seu desacordo à escolha do dístico destinado a figurar no futuro símbolo nacional”.


Inúmeros outros depoimentos poderiam ser arrolados, como os de K. Maxwell, José Pedro Xavier da Veiga, David Carneiro, todos unânimes a declararem ser uma homenagem ao mistério trinitário o triângulo da bandeira idealizada pelos Conjurados de 1789 por iniciativa de Tiradentes. Ao ensejo do dia 21 de abril tal importante aspecto não pode ser olvidado, pois revela a mentalidade cívico-religiosa do protomártir da independência brasileira.