Filosofia Medieval

"Pela oração se obtém todos os bens e a libertação de todos os males".

"Assim como o rei julgaria traidor o capitão, que sitiado em uma praça, não lhe pedisse socorro, assim Deus considera traidor aquele que, vendo-se assaltado pelas tentações, a Ele não recorresse pedindo auxílio".

"Em um dia ganha o homem, pela oração, mais do que vale o mundo".

"Às vezes, se obtém mais depressa com uma breve oração, o que dificilmente se alcançaria com boas obras"

"Assim como nunca cessa a luta, assim também nunca devemos deixar de pedir a misericórdia divina, para não sermos vencidos".

"Quem não se ilumina com o esplendor de coisas tão grandes como o mundo e as coisas criadas, é cego. Quem com todas essas coisas não se põe a louvar a Deus, é mudo. Quem, a partir de indícios tão evidentes, não volta a mente para Deus, que é o primeiro princípio, é tolo"

"A oração é conversão da alma a Deus. Queres saber como hás de converter tua alma a Deus? Pois então ouve. Quando estás a orar deves recolher-te todo em ti mesmo e entrar com o Amado no aposento do teu coração e ali permanecer a sós com o Só, esquecido de todas as coisas exteriores e erguer-te acima de ti mesmo com todo o coração, com toda a alma, com todo afeto, com todo desejo, com toda devoção. E não hás de afrouxar o espírito de oração, mas por longo tempo hás de subir para o alto, por meio do ardor da devoção, até
entrares no tabernáculo admirável, até a casa de Deus. E ali, visto de algum modo o teu Esposo com os olhos da alma e tendo saboreado de certa maneira a suavidade do Senhor e a grande afluência de sua doçura, cai nos seus braços e com os lábios fechados oscula-o com beijos de íntima devoção a fim de que, de todo alheado de ti mesmo, totalmente arrebatado ao céu, transformado todo em Cristo, não possas deter teu espírito, mas que digas, exclamando com o profeta Davi: 'Recusou a minha alma consolar-se, lembrei-me de Deus e me
deleitei'".

"É pobre quando nasce, mais pobre durante a vida, pobre em extremo quando morre sobre a cruz".

"Morramos, pois, e entremos nas trevas; imponhamos silêncio às solicitudes, às concupiscências aos fantasmas; passemos com Cristo crucificado deste mundo ao Pai".

"Segundo os seis graus da ascenção a Deus, são as seis potências da alma, pelas quais ascendemos do último ao sumo, do exterior ao interior, do transitório ao eterno: os sentidos, a imaginação, a razão, o entendimento, a inteligência e o ápice da mente, ou a centelha da consciência. Esses graus, nós os temos em nós, plantados na natureza, deformados pela culpa, reformados pela graça, e devemos purificá-los com a justiça, praticá-los com a ciência, aperfeiçoá-los com a sabedoria".

São Boa Ventura, Ora pro nobis!

Sugestão de leitura:

Ramon Llull
O Livro dos Mil Provérbios

Em O Livro dos Mil Provérbios (1302), o mestre catalão Raimundo Lúlio (1232-1316) resume o que, de forma mais ampliada e detalhada, escreveu e ensinou ao longo de suas obras. Os provérbios reunidos nesta obra refletem sobre temas diversos, tais como filosofia, teologia, natureza e moralidade, e trazem as verdades mais secretas que devemos conhecer a respeito de Deus, dos Amigos, dos Vizinhos, da Mulher, dos parentes, assim como da Vida e da Morte.

Foi editado em português, em uma coleção popular, dois livros de Raimundo Lúlio, O LIVRO DAS BESTAS e também O LIVRO DO AMIGO E DO AMADO. São da Coleção Grandes Obras do Pensamento Universal - Editora ESCALA.

Os livros são em edição popular e custam bem baratinho.

Um abraço

Caros participantes,

Estou à procura da obra Sic et Non de Pedro Abelardo. Alguém saberia me dizer se existe alguma edição em português - ou outra língua - e onde posso encontrá-la?

Será que alguém poderia me dar informações sobre livros que falem / analisem o pensamento de Pedro Abelardo?

Procure em obras de História da Filosofia. Em todos eles sempre tem um capítulo sobre Pedro Abelardo.

Sugestões:

Para uma pesquisa muito ampla e complexa: o 1º volume da História da Filosofia, de Giovanni Reale e Danilo Antiseri; História da Filosofia Cristã, de Philotheus Boehner e Etienne Gilson; A Filosofia na Idade Média, de Etienne Gilson. Estes três são com bastante conteúdo.

Se quiseres algo mais sucinto e breve, podes pesquisar em: História da Filosofia, de Umberto Padovani; Noções de História da Filosofia, de Leonel Franca; Filosofia Medieval, de Carlos Arthur Nascimento; o 3º volume da História da Filosofia, de Nicola Abbagnano; o 1º volume da História da Filosofia, de Juan Manuel N. Cordon e Tomas Calvo Martinez.

Ainda podes pesquisar em Sciacca, Brehier, Copleston, Fraile; todos livros de História da Filosofia, que trazem material sobre Pedro Abelardo.

Uma dica ótima: o filme EM NOME DE DEUS, que traz a história do amor infeliz entre Pedro Abelardo e Heloisa (sua amada).

Do próprio Abelardo, recomendo a Ética e sua auto-biografia ("História das minhas calamidades").

Não por concordar necessariamente com as ideias propostas (segundo ele, a bondade ou maldade de uma ação depende apenas da intenção com que é feita, embora "intenção" adquira um significado bem mais amplo do que parece à primeira vista).
A auto-biografia é bem emocionante e ilustrativa de sua época.

Muito mal se fala de Pedro Abelardo, creio eu que injustamente.

Sombras ou Luzes?

Quando se fala em Idade Média surge, indevássavel e gingantesca, a imagem da sombra, das trevas, da ignorância. Sabemos só poderia haver um século das Luzes caso sua antípoda fosse criada. Portanto, quando falamos em filosofia medieval essa ranço vem à tona ainda mais forte e incisivo. Será um período que produziu conceitos já ultrapassados ou tratou de maneira consistente muitos problemas com os quais ainda nos deparamos hoje, fornecendo-nos respostas pertinentes aos mesmos?

Minha resposta:

LUZES!

Um período que preservou a cultura clássica e a transmitiu para o futuro. O período onde surgiram as Universidades; onde algo dava um profundo sentido à vida humana e apaziguava, em grandes partes, os conflitos humanos (a fé); um período em que o homem vivia em sociedade o que cria com a sua mente, onde o homem não era esquizofrênico. Um período onde viveu Santo Anselmo, São Domingos, Santo Tomás de Aquino, São Francisco de Assis, São Boaventura, etc poderia por acaso ser chamado de período de Sombras? Mais absurdo do que isso é chamar a nossa época de época das luzes! Ou a Idade Média foi um período de grande avanço da humanidade ou nós perdemos totalmente a noção de progresso!

Obrigado.

E quem foi, na opinião de vocês, o filósofo mais influente do período medieval? Justifiquem a resposta esclarecendo o critério empregado na escolha.

Agostinho e Aquino são muito influentes, mas para mim o melhor é Guilherme de Ockham.

A propósito, estou trabalhando sobre o nominalismo de Ochkam pra a conclusão do meu curso e para a apresentação do TCC...

Se alguém tiver material sobre Ochkam e quiser me mandar, por favor. Abraços...

Essa pergunta não é pertinente uma vez que todos deram contribuições de grande valia. Existem, é claro, pensamentos que atendem interesses mais hegemônicos... contudo, esse esquema top linear, fruto de uma educação positivista, fere o espírito dialético da filosofia...

Será?

Influência não exclui validade. A pergunta não expressa um juízo de valor depreciativo, mas parte da premissa de que, alguns nomes, influenciaram as escolas e períodos posteriores de maneira mais permanente e incisiva do que outros. Em nenhum momento beiramos a dita impertinência ao solicitarmos uma tola lista de eleitos. Aliás, a própria pergunta solicita o critério empregado, fato que favorece o debate e não a pretensa caça às bruxas ou quebra do caráter cumulativo da filosofia sugerido pelo colega.

rsrsrs... Tudo bem, Ave de Rapina, aceito sua argumentação.

Em tempo...

Adquiri recentemente o livro de Karl Jaspers sobre Nicolau de Cusa, mas ainda não tive tempo de começar a ler. Vocês conhecem o material?

Gostaria muito de saber mais sobre os nomes divinos em Nicolau de Cusa, especialmente no que se refere à herança que este autor toma do Pseudo-Dionísio e ao tratamento conferido à linguagem nas questões místico-teológicas.

Quem tiver algum material, ou queira trocar ideias sobre esse assunto, pode entrar em contato comigo. Será um prazer.

Olá!

Pessoal, alguém pode me indicar onde posso conseguir "A Summa contra Gentiles", ficarei muito grato.

E sobre Política em Tomás de Aquino, gostaria de ajuda para obter bibliografia. Ok?
Obrigado!

Ele possui a obra: Do Governo dos Príncipes ao Rei de Cipro, editada no Brasil pela Empresa Editora A B C Limitada, em 1937, já esgotada. Creio que a obra possa ser encontrada em muitas bibliotecas de instituições católicas.

Por falar em São Tomás de Aquino, vocês sabiam da conexão dele com a Alquimia?

No próximo post vou transcrever trechos do livro de Jacques Sadoul (O Tesouro dos Alquimistas) que fala sobre isto, inclusive vou colocar em negrito uma informação bem relevadora.

"A partir de 1244, Tomás de Aquino - um dos futuros santos da Igreja católica - tornou-se aluno particular de Alberto o Grande, que o iniciou não somente nas ciências que ensinava abertamente, mas também na alquimia, pois possuímos muitos escritos herméticos do punho de Tomás de Aquino. Aliás, em uma de suas obras (Suma Teológica), este se pergunta se a utilização de ouro alquímico é legítima e conclui que não vê nenhuma razão de preferi-lo ao ouro nativo, o que mostra bem que ele assistiu a transmutações efetuadas por Alberto.

...

Uma outra prova de que Alberto o Grande conseguiu persuadir Santo Tomás de Aquino da realidade da alquimia pode ser encontrada no Tratado Aurora Consurgens deste último.(...) Nesta obra, Tomás de Aquino estuda o problema dos opostos em alquimia e sobretudo faz um julgamento muito pessimista sobre o conjunto de sua obra teológica indicando brevemente que fez nela um falso caminho e que a Arte alquímica era a via verdadeira da glória de Deus."