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Órgão, o Rei dos Instrumentos

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Órgão, o Rei dos Instrumentos Empty Órgão, o Rei dos Instrumentos

Mensagem por Alquimista 30/4/2019, 16:01


Em praticamente todos os documentos históricos existentes, a invenção do órgão é atribuída a Ctesíbios, um engenheiro grego que viveu em Alexandria por volta do século III A.C. O novo instrumento foi chamado hydraulis, porque o mecanismo responsável pela produção do som era operado através de variações na pressão da água. O sucesso deste instrumento foi imediato. Plínio, o Velho, colocou-o entre as maravilhas do mundo listadas em seu livro História Naturalis (c. 70 D.C.), e Vitruvius oferece uma descrição detalhada dele em De Architectura (c. 14 D.C.); representações visuais do hydraulis aparecem em mosaicos, moedas e broches, permitindo-nos avaliar com precisão sua importância na vida cotidiana dos gregos antigos. Embora fosse essencialmente um instrumento doméstico, modelos maiores eram construídos para uso ao ar livre.

O órgão pneumático foi inventado durante o século IV, quando o mecanismo hidráulico foi substituído por foles. A mais antiga referência a este novo instrumento aparece num epigrama atribuído a São Juliano, o Apóstolo (c. 361), e sua primeira representação visual pode ser vista num obelisco erigido pelo imperador Teodósio em Constantinopla durante o século IV. Quanto às descrições do som deste instrumento, todas elas enfatizam o seu alto volume, conforme exemplificado por este comentário do filósofo Cassiodoro (c. 484-580):

O órgão é uma espécie de torre, consistindo num certo número de tubos; o ar proveniente dos foles produz um som de grande volume (vox copiosissima) ao passar por estes tubos. O som pode ser alterado através do uso de peças de madeira que controlam o fluxo de ar e que são manipuladas pelo executante. Este instrumento produz uma música possante e agradável (grandisonam et suavissiman cantilenam).

A introdução do órgão na cultura musical do Ocidente ocorreu durante o século IX, quando, em 812, os embaixadores do Imperador Miguel I Rhangabes, de Bizâncio, trouxeram um órgão para a corte de Carlos Magno. Este último ficou tão impressionado com o instrumento, que imediatamente deu ordens para que ele fosse estudado e que um exemplar fosse construído para ser usado em sua corte. Este projeto só foi completado catorze anos mais tarde, quando um clérigo veneziano, Georgius, construiu o instrumento, que foi então presenteado a Luís, o Piedoso. A julgar pelos documentos contemporâneos, este evento tece repercussões políticas consideráveis. Por razões não muito claras, a construção de um órgão passou a ser vista como um meio de supremacia e influência cultural na luta constante entre Bizâncio e os impérios ocidentais.

As técnicas de construção do órgão desenvolveram-se rapidamente durante a Idade Média. Instruções detalhadas para a construção das diversas partes podem ser encontradas em documentos do século X, como, por exemplo, o tratado De fistulis organicis quomodo fiant. Entretanto, há uma diferença fundamental entre a estrutura dos órgãos medievais e os instrumentos modernos: na Idade Média, os tubos eram todos do mesmo diâmetro e variavam apenas no comprimento; consequentemente, a qualidade do som variava consideravelmente devido à mudança constante da relação diâmetro/comprimento (a chamada Mensur). No órgão moderno, por outro lado, esta relação permanece constante em cada um dos registros, criando um timbre e qualidade sonora mais uniformes. Um exemplo perfeito do modelo medieval pode ser visto no famoso Retábulo de Gante (Ghent), de Jan Van Eyck.

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Foi durante a Idade Média que o órgão adquiriu as conotações religiosas com as quais ainda hoje é associado. Não devemos esquecer, contudo, que seu uso original era como instrumento secular, e esta função secular foi de certa forma revitalizada através do desenvolvimento de um vasto repertório durante os séculos XV e XVI. De início, este repertório consistia essencialmente de transcrições de obras vocais, tais como motetos e chansons, algumas das quais podiam ser tocadas em outros instrumentos de teclado, ou no alaúde. A expansão do repertório, entretanto, levou ao desenvolvimento de um estilo de escrita mais idiomática para o teclado, e que por sua vez se diferenciou entre obras especificamente escritas para cravo ou para órgão. O primeiro período de desenvolvimento do repertório organístico ocorreu durante o século XIV na França, Itália e Inglaterra; a contribuição destes países, todavia, cessou por completo durante o século XV, quando a Alemanha assumiu lugar de absoluto destaque na produção de obras organísticas. Algumas coleções importantes datam deste período, como o Fundamentum organisandi (1452), de Conrad Paumann, considerado o tratado clássico para o estudo do repertório organístico do século XV, e o famoso Buxheim Orgelbuch (c. 1470), considerado o último documento da música organística medieval.

Durante o século XVI, a música litúrgica para órgão mais uma vez assumiu lugar de destaque. Embora as tabulaturas de obras seculares fossem ainda bastante numerosas, a importância artística e histórica do repertório religioso foi o fator decisivo para o florescimento da música organística deste período. Este repertório, inicialmente vinculado à música da Igreja Católica Romana, foi também a base para o desenvolvimento do prelúdio coral Protestante típico do Barroco alemão, um novo tipo de composição que atingiu seu ponto culminante nas obras de Scheidt, Buxtehude, e J. S. Bach. A primeira coleção importante de prelúdios corais para órgão pode ser encontrada no Orgel oder Instrument Tabulatur, de Elias Nikolaus Ammerbach, publicado em 1571 e 1583. As peças desta coleção forneceram o modelo para composições importantes, tais como os corais que concluem as cantatas de J. S. Bach.
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Mensagem por Alquimista 30/4/2019, 16:19


A palavra ''órgão'' deriva do latim organum e, em última análise, do grego órganon. Ambos os termos eram usados indistintamente para se referir a qualquer instrumento musical, mas eventualmente o termo ''órgão'' passou a ser usado exclusivamente para o tipo de instrumento de teclado que hoje conhecemos. O processo de construção de um órgão varia bastante, de modo que cada instrumento é realmente único, não só no que diz respeito aos seus aspectos, mas também em relação à sua sonoridade.

O repertório organístico da música ocidental desenvolveu-se paralelamente à música litúrgica. Este repertório acabou por se consolidar numa grande variedade de formas, algumas rigorosamente estruturadas, outras bastante livres e improvisatórias.

Texto de autoria de Elisa Freixo extraído do CD Órgãos Históricos.
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Mensagem por Alquimista 30/4/2019, 16:40


Robertsbridge Codex: A mais antiga música escrita para teclado

O Robertsbridge Codex (1360) é um manuscrito musical medieval do século XIV. Ele contém as primeiras músicas sobreviventes escritas especificamente para o teclado.

Contém seis peças, três delas na forma de estampie, uma forma de dança italiana do Trecento, bem como três arranjos de motetos. Dois dos motetos são do Roman de Fauvel. Toda a música é anônima e tudo está escrito em tablatura. A maior parte da música é para duas vozes, muitas vezes em quintas paralelas. Muito provavelmente, o instrumento usado para tocar as peças no Codex era o órgão. Anteriormente, a data do Codex foi presumida por volta de 1330, mas pesquisas mais recentes sugeriram uma data posterior, um pouco depois da metade do século.

O manuscrito foi considerado italiano e ligado às correntes principais do Trecento italiano em seus conteúdos e em seu uso claro de puncti divisionis (pontos de divisão). No entanto, o consenso acadêmico considera agora a fonte inglesa.

O Codex está na Biblioteca Britânica (manuscrito adicional 28550).

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https://en.wikipedia.org/wiki/Robertsbridge_Codex
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Mensagem por Alquimista 30/4/2019, 17:12


O órgão de papel de Leonardo da Vinci

Leonardo da Vinci fez um órgão de papel? Mas como é isso? Pois sim. Leonardo da Vinci nunca deixa de nos surpreender. Onde esse homem conseguiu tanta criatividade?

Leonardo da Vinci deixou as instruções escritas para construir um órgão de tubos de papel. Joaquim Saura, construtor de instrumentos musicais e autor do completíssimo Dicionário Técnico Histórico do órgão espanhol, encontrou em 1992 os documentos em que Leonardo dava todas as instruções e construiu o órgão da maneira mais fidedigna aos escritos do mestre.

Órgão, o Rei dos Instrumentos Orgao_11

A descrição do órgão de papel encontra-se no Fol. 76r. do Códice de Madrid II, da Biblioteca Nacional de Madrid. A ideia de Leonardo era completamente nova e diferente dos órgãos construídos em sua época; e é isso... não poderia ser menos vindo dele!

Ele criou um fole original de dupla ação que consegue fazer fluir o ar sem interrupções através dos tubos. O teclado dispôs de forma vertical, antecipando 3 séculos antes da invenção do acordeão.
Além disso, para que o órgão não seja tão pesado, Leonardo propôs que os tubos fossem feitos de finas lâminas ou de papel, que além de tudo permitiam que o olhar do músico fosse direcionado para a frente.

Órgão, o Rei dos Instrumentos Orgao_12

http://asombroso.cc/articles/11892
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Mensagem por Alquimista 30/4/2019, 17:22


Órgãos Históricos de Minas Gerais - Parte 1

No século XVIII, Lobo de Mesquita auxiliou um padre organeiro na afinação do órgão construído totalmente ''in locco'' no Arraial do Tejuco (atual Diamantina), na Igreja de N. Sra do Carmo, e que existe até hoje. O mesmo padre já havia construído outro órgão de menores dimensões na matriz da cidade, que foi demolida em 1931 com o instrumento em seu interior, há também indícios de que seria dele a manufatura de outro órgão setecentista que ainda existe, na matriz de um pequeno povoado chamado Córregos que pertence ao município de Conceição do Mato Dentro, na antiga Estrada Real que levava ao Arraial do Tejuco. Todos os outros órgãos setecentistas que existem no Brasil são de fabricação europeia e o da Igreja do Carmo é especial não apenas por ter sido construído localmente e por ter sido executado por Lobo de Mesquita, mas também por suas dimensões ambiciosas.

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Ainda no Arraial do Tejuco (Diamantina), ao final do século XVIII assumiu o posto de organista uma mulher, e é o primeiro caso que se tem notícia de uma mulher atuando como musicista no continente americano, aliás, nem na Europa isso era comum. O nome dela era Ana Maria dos Santos Mártires, era branca (outro fato incomum entre os músicos da Minas setecentista, geralmente mulatos) e ocupou o lugar deixado por Lobo de Mesquita que partiu em 1798 para Vila Rica (Ouro Preto), este foi seu mestre e ensinou-a o ofício da música quando ela ainda era criança. Detalhe, Ana Maria era cega de nascença.
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Mensagem por Alquimista 30/4/2019, 17:23


Órgãos Históricos de Minas Gerais - Parte 2

TIRADENTES:

Em Tiradentes está um dos mais preciosos instrumentos musicais remanescentes da Minas colonial: o órgão da Matriz de Santo Antônio. Encomendado no ano de 1785, sob o reinado de D. Maria I, ao organeiro Simão Fernandes Coutinho, na cidade portuguesa do Porto, pelo valor de 202 mil réis, o instrumento foi trazido ao Brasil anos mais tarde.
O caminho percorrido não foi fácil: o órgão chegou ao Rio de Janeiro em um veleiro e foi trazido até a então Vila de São José del Rei em lombo de burro. Depois da fabricação da caixa e da montagem do maquinário em solo mineiro, em 1788 pode-se ouvir, pela primeira vez, o som do instrumento.
(Para se ter uma ideia de sua antiguidade, basta saber que em 1788 Mozart ainda estava vivo!)
Francisco de Paula Oliveira Dias (filho de Manoel Dias de Oliveira), foi o primeiro organista a tocar o órgão da Matriz.

Órgão, o Rei dos Instrumentos Orgao-10

São muitas as peculiaridades do órgão de Tiradentes. Uma é visual. Decorado em estilo rococó, ele é parte da magnífica concepção estética da Matriz, que se destaca pela talha joanina e pelo frontispício feito sob o risco de Aleijadinho. A caixa foi projetada por Salvador de Oliveira e esculpida por Antonio Rodrigues Penteado e Antonio da Costa Santeiro. Em 1798, Manuel Victor de Jesus confeccionou uma armação suntuosa para a caixa.
A outra é sonora. Construído em alta qualidade técnica, o instrumento mantém parte significativa dos tubos e da mecânica originais, além do teclado. O instrumento dispõe de um manual com 4 oitavas e 15 registros, sendo 8 para a região aguda e 7 para a grave, não possuindo pedal.
(É mister dizer que o órgão histórico de Tiradentes é exclusivo no gênero por ser o único instrumento integralmente construído pelo organeiro Simão Fernandes Coutinho que ainda se conserva, o que o torna um dos órgãos mais importantes do mundo.)
A restauração de todo o conjunto, empreendida pela sociedade, paróquia e patrocinadores, foi decisiva para que o órgão, mudo há mais de 10 anos, voltasse a soar como no século XVIII. Agora, ouvir os concertos na Matriz de Santo Antônio é mais que preservar a arte de Minas. É reviver toda efervescência musical do período barroco e, dessa forma, celebrar a nossa história.
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Mensagem por Alquimista 30/4/2019, 17:25

sombriobyte escreveu:https://mestredoconhecimento.forumeiros.com/t20p50-mundo-da-musica#2329
Alquimista, não conheço estes belos órgãos mineiros, só ouvi falar. Ainda fazem apresentações neles?
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Mensagem por Alquimista 30/4/2019, 17:26

sombriobyte escreveu:https://mestredoconhecimento.forumeiros.com/t20p50-mundo-da-musica#2330
Considero o órgão um dos instrumentos mais maravilhosos e com mais recursos. Ele teve seu ápice na figura barroca de J. S. Bach. Ele verdadeiramente caiu em desuso a partir do período romântico, sendo dificilmente usado pelos compositores como acompanhamento e muito raramente como instrumento solo em alguma obra. Atualmente é muito difícil encontrar alguém que toque esse instrumento e é raro até ver esse instrumento.

Minha favorita nesse belo instrumento é a Fantasia em Fá menor para órgão k 608, de Mozart. E de Bach é "Wachet auf, ruft uns die Stimme", BWV 645.
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Mensagem por Alquimista 30/4/2019, 17:27

sombriobyte escreveu:https://mestredoconhecimento.forumeiros.com/t20p50-mundo-da-musica#2331
Eu já li matérias relatando que o interesse pelo órgão realmente diminuiu. Os atuais mantenedores e organistas oficiais de locais como o Mosteiro São Bento, Igreja da Consolação (se não me engano é esta) e outros (cito os de SP) reclamam da falta de interesse e cuidado para com este incrível instrumento. Até mesmo a procura das pessoas por aprender a tocá-lo diminuiu bastante, o que acaba limitando o trabalho e a divulgação do mesmo. mas creio - opinião pessoal - ser este um problema maior aqui no Brasil que no exterior.

Porém o mosteiro de São Bento-SP promove o já famoso Festival Internacional de Órgão, no mosteiro, com apresentações de artistas de várias partes do mundo e lotação até nos arredores do mosteiro. No último não pude comparecer, mas neste ano tentarei ir a algumas apresentações. Assisti a uma missa com os monjes beneditinos com canto gregoriano e a augusta presença do órgão, cuja sonoridade de tão forte emociona. É uma ótima opção aos domingos pela manhã, acontece em dois horários. Em tempo: o órgão (Walcker) da mosteiro São Bento é um dos maiores e mais bem conservados da América Latina.

Abraços,
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Mensagem por Alquimista 30/4/2019, 17:33

Alquimista escreveu:https://mestredoconhecimento.forumeiros.com/t20p50-mundo-da-musica#2347
sombriobyte escreveu:
Alquimista, não conheço estes belos órgãos mineiros, só ouvi falar.

Ainda não falei sobre o incrível órgão Arp Schnitger de Mariana.


Ainda fazem apresentações neles?

Sim, sim, semanalmente!
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Mensagem por Alquimista 30/4/2019, 17:34

Alquimista escreveu:https://mestredoconhecimento.forumeiros.com/t20p50-mundo-da-musica#2348
Sombriobyte, o órgão não caiu em desuso a partir do período romântico.

Te aconselho a sair de Bach e Mozart e ouvir obras do século XX: experimente Volumina, de Ligeti, ou a Missa de Pentecostes e também A natividade do senhor de Olivier Messiaen. Você vai ver que o instrumento está mais vivo do que nunca...
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Mensagem por Alquimista 30/4/2019, 17:35

Alquimista escreveu:https://mestredoconhecimento.forumeiros.com/t20p50-mundo-da-musica#2349
Ouça também a monumental obra Commotio, para órgão, de Nielsen, versão do Kevin Bowyer. Há também uma gravação do Christopher Herrick para a Hyperion, além da integral para órgão de Nielsen da BIS.

E ainda os compositores Max Reger, Leon Boellmann, Marcel Dupré, Jean Langlais, Jehan Alain e Henri Mulet.
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Mensagem por Alquimista 30/4/2019, 17:36

Siegfried escreveu:https://mestredoconhecimento.forumeiros.com/t20p50-mundo-da-musica#2372
Nas épocas de Buxtehude, Bach e Mozart os órgãos de tubos eram as máquinas maiores e mais complexas de seu tempo.
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Mensagem por Alquimista 30/4/2019, 17:37


Órgãos Históricos de Minas Gerais - Parte 3

O incrível órgão Arp Schnitger de Mariana:

Órgão, o Rei dos Instrumentos Orgao_10

A catedral da Sé, ou de Nossa Senhora da Assunção, em Mariana (MG), possui um tesouro musical: um órgão construído em 1701, em Hamburgo (Alemanha), por Arp Schnitger (1648-1719), um dos nomes mais respeitados na história da fabricação deste tipo de instrumento em todo o mundo. O órgão chegou ao Brasil em 1753, como presente da Coroa portuguesa ao primeiro bispo da cidade, D. Frei Manoel da Cruz. Entre os órgãos da manufatura Schnitger que existem até hoje, este é um dos exemplares mais bem conservados e o único que se encontra fora da Europa. Todo policromado, tem 7 metros de altura por 5 metros de largura.

A produção de alta qualidade de Arp Schnitger foi exportada para vários países da Europa na época. De todas as suas obras, restam 30 no mundo inteiro, inteiras ou parcialmente conservadas, incluído o órgão de Mariana. O assentamento da peça no local coube a Manuel Francisco Lisboa, pai do escultor e arquiteto Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho. Desde sua instalação, o órgão foi o centro de uma intensa atividade musical na Sé de Mariana, cuja memória escrita compõe o acervo de partituras do Museu da Música, que abriga obras de compositores do período colonial. Mariana também é sede da Associação Brasileira de Organistas.

Depois da construção, o instrumento passou um longo período em Portugal, tendo sido colocado à venda em 1747. O rei D. João V adquiriu a peça do organeiro João da Cunha, a fim de enviá-lo a Mariana, mas faleceu antes. Coube a seu filho, D. José I, presenteá-lo à recém-criada Diocese de Mariana, que, já em 1748, contava com um organista em sua Sé, o padre Manuel da Costa Dantas. Há relatos do transporte do órgão, por navio e lombo de animais, feito em 18 caixões numerados com as advertências precisas para se armar e também em 10 embrulhos grandes e pequenos numerados.

O órgão é um instrumento de sopro, composto de tubos, um para cada nota musical, alimentados por um fole e acionados por um teclado, de acordo com uma definição clássica. Após longo período de uso ininterrupto, por volta da década de 1930 o órgão da Sé parou de funcionar. Somente na década de 1970, após pesquisas sobre a sua procedência e do reconhecimento de sua importância para o acervo de instrumentos musicais no Brasil e no mundo, mobilizaram-se esforços para a sua recuperação.

O organista alemão Karl Richter esteve, então, em Mariana, para fazer uma avaliação do instrumento. Os componentes musicais foram enviados a Hamburgo, para uma reforma. O móvel do órgão - estrutura interna e externa da caixa e as partes da decoração - recebeu restauração a cargo do Centro de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis da Universidade Federal de Minas Gerais (Cecor-UFMG), sob a orientação de Beatriz Coelho, que também esteve na Alemanha para ajustes na parte sonora. Em 1984, finalmente, houve a inauguração com grande festa na cidade.

Embora o órgão estivesse tocando e funcionando bem, algumas características importantes que não puderam ser reconstruídas foram deixadas para uma segunda etapa, feita por iniciativa da Fundação Cultural e Educacional da Arquidiocese de Mariana. O início se deu em julho de 1997, com a visita à cidade do especialista Bernhard Edskes, e a conclusão, em fevereiro de 2002, com a entrega oficial do instrumento.

Ainda hoje, mais de 300 anos depois da sua construção, o órgão Schnitger acompanha missas e celebrações litúrgicas, além de ser apresentado em concertos regulares e internacionais. São duas apresentações semanais, sempre às sextas-feiras e aos domingos.

Fonte: Site Órgão da Sé

https://www.mg.gov.br/conteudo/conheca-minas/turismo/orgao-da-catedral-da-se-de-mariana



Arp Schnitger (1648 - 1719), célebre organeiro hamburguês, construiu, em 1701, sob encomenda, dois órgãos que foram enviados a Portugal. Um deles se encontra ainda hoje na Catedral de Santa Maria, na cidade de Faro. O outro veio para o Brasil cinquenta anos depois de ter sido construído, por decisão do Conselho Ultramarino de adornar com sinos, ornamentos, livros e órgão a primeira diocese da Capitania das Minas do Ouro. A colônia experimentava, pela primeira vez, o reconhecimento, por parte da Corte e da Igreja, de que havia ali uma sociedade já consolidada.

O órgão Arp Schnitger é fruto do apogeu técnico do processo de mecanização da produção de ar, cujas primeiras tentativas remontam ao início da civilização ocidental. Na verdade, um órgão é um grande conjunto de flautas sopradas por um gigantesco pulmão. O instrumento de Mariana tem 964 tubos, acionados por teclas e registros. A decoração foi feita pelos portugueses, que pintaram motivos chineses - ''chinoiseries'', influenciados pela cultura de Macau, na época, colônia portuguesa no Oriente.

A articulação de dois conceitos sonoros - germânico e português - faz deste órgão um instrumento atípico, produto da tradição organária dos dois países - Schnitger era protestante reformado e conduziu a construção do instrumento considerando o Catolicismo predominante em Portugal e os princípios dos músicos deste país. Exemplo disto foi a ''sugestão'' do organeiro descoberta em 1977 quando o órgão foi levado para a restauração em Hamburgo: a arquitetura interna do instrumento continha uma estrutura de pedais. Assim, esta estrutura velada ganhou os pedais externos 276 anos depois da construção do órgão.

Schnitger está para a fabricação de órgãos como Stradivarius para a de violinos.
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Mensagem por Alquimista 30/4/2019, 17:44


Confiram essa bela reportagem do programa Terra de Minas sobre os órgão históricos de Minas Gerais:

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Mensagem por Alquimista 30/4/2019, 18:36


Eu tocando a introdução de Mr. Crowley do Ozzy Osbourne no meu Roland C-200 que emula muito bem o som do órgão de tubos:

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Mensagem por Flautista de Hamelin 30/4/2019, 23:40


Como você toca bem, Alquimista! Parabéns!
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Mensagem por Flautista de Hamelin 30/4/2019, 23:46


Se o piano é o príncipe dos instrumentos musicais, o órgão é o deus. Ele é o maior de todos - é só se lembrar de uma igreja para visualizar todos aqueles enormes tubos. O som do órgão é resultado de complicados mecanismos hidráulicos e de compressão de ar, mas toda a engenharia compensa. Seu timbre é majestoso, brilhante e às vezes espectral, mas sempre está ligado à ideia de religiosidade. O órgão aparece junto à orquestra em algumas obras corais, principalmente música sacra, para dar um tom "espiritual" à orquestração. Saint-Saëns o incluiu em sua Terceira Sinfonia, obtendo resultados grandiosos.

Órgão, o Rei dos Instrumentos Orgzeo10
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Mensagem por Alquimista 1/5/2019, 02:28


Muito obrigado, Flautista! Ok!
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Mensagem por Alquimista 1/5/2019, 02:40


A Trilha Sonora mortal dos Gladiadores

Imaginem gladiadores matando uns aos outros ao som de órgãos!

Sim, o Coliseu romano tinha um órgão, e ele não era movido a ar, como os modernos, mas por água. Era o hydraulis e já vimos a sua história na primeira postagem deste tópico.

O princípio de seu funcionamento era basicamente o seguinte: a água entrava por cima e descia até o fundo do tanque, absorvendo ar. As bolhas do ar absorvido faziam a pressão aumentar na medida apropriada.

Quase ninguém sabia que as lutas de gladiadores tinham um fundo musical, e que esse fundo musical era ao som de um órgão hidráulico, até os arqueólogos tomarem conhecimento de mosaicos romanos como esses que comprovam o que estamos falando:

Órgão, o Rei dos Instrumentos Mosaic10

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Mensagem por sombriobyte 1/5/2019, 15:01


Santa Cecília é a padroeira dos músicos e da música porque numa passagem da sua história está escrito: "Enquanto o órgão soava, ela orava a Deus...", e por isso foi associada ao órgão e depois a toda a música!

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Mensagem por Siegfried 3/5/2019, 15:49


Incrível o som desse pipe, Alquimista.
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Mensagem por Siegfried 3/5/2019, 15:50


Quem não conhece ainda a musica para órgão de Buxtehude deve desligar o micro agora e deliciar-se com esta música divina, e passar a entender porque Bach viajou até a sua cidade natal para ouvi-lo no órgão.
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Mensagem por Necromante 5/5/2019, 20:13

Alquimista escreveu:
A Trilha Sonora mortal dos Gladiadores

Imaginem gladiadores matando uns aos outros ao som de órgãos!

Sim, o Coliseu romano tinha um órgão, e ele não era movido a ar, como os modernos, mas por água. Era o hydraulis e já vimos a sua história na primeira postagem deste tópico.

O princípio de seu funcionamento era basicamente o seguinte: a água entrava por cima e descia até o fundo do tanque, absorvendo ar. As bolhas do ar absorvido faziam a pressão aumentar na medida apropriada.

Quase ninguém sabia que as lutas de gladiadores tinham um fundo musical, e que esse fundo musical era ao som de um órgão hidráulico, até os arqueólogos tomarem conhecimento de mosaicos romanos como esses que comprovam o que estamos falando:

Órgão, o Rei dos Instrumentos Mosaic10

Órgão, o Rei dos Instrumentos Mosaic10

Alquimista, engraçado que esse costume perdura ainda hoje nas arenas esportivas como estádios de baseball e hockey onde o órgão é soado com a música ''Take Me Out to the Ball Game'' e a fanfarra ''Charge''.

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Mensagem por Alquimista 6/5/2019, 01:59

Siegfried escreveu:
Quem não conhece ainda a musica para órgão de Buxtehude deve desligar o micro agora e deliciar-se com esta música divina, e passar a entender porque Bach viajou até a sua cidade natal para ouvi-lo no órgão.

É verdade! Bach andou a pé aproximadamente 400 Km até Lübeck só para conhecer o grande Buxtehude, e ainda prorrogou sua estadia que iria ser de quatro semanas para quatro meses.

Buxtehude deve ter se impressionado com o jovem Bach, pois ofereceu seu próprio emprego a ele como organista da Marienkirche. A condição, no entanto, era de que Bach se casasse com a sua filha. Ele negou. O interessante é que Buxtehude ofereceu o mesmo acordo para outro famoso compositor alemão, Handel, e ele também declinou. O próprio Buxtehude se casou com Anna Margarethe Tunder, filha de Franz Tunder, seu antecessor como organista da Marienkirche, e isto nos diz muito sobre o costume da época, no qual o sucessor do organista da igreja deveria se casar com a filha do seu antecessor.
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