Domenico Scarlatti

Domenico Scarlatti (1685-1757)



Um exame da harmonia de Scarlatti mostra porque, embora não necessariamente um dos maiores, ele foi um dos mais originais compositores do século XVIII. Sua Obra vocal segue os ortodoxos princípios do século XVIII, mas suas sonatas para cravo criaram novas concepções de harmonia e de forma tonal, que ainda não foram adequadamente avaliadas.

Domenico Scarlatti nasceu em Nápoles no ano de 1685 (ano em que também nasceram Häendel e Bach), e morreu em Madrid em 1757, consagrado como um dos maiores compositores para cravo do séc. XVIII, a par de Bach e Couperin.

A sua primeira formação musical obteve-a de seu pai, Alessandro Scarlatti, e depois de Pasquini e Gasparini. O cardeal Ottoboni entretanto torna-se seu patrono, e em 1709, quanto conhece Häendel, é-lhe proposta uma competição com este último. Devido ao virtuosismo dos dois, a competição termina em empate.

Mais tarde, torna-se maestro di capella da rainha da Polônia, e para ela compõe óperas. Entretanto, vem para a corte portuguesa, permanecendo em Portugal nove anos, e torna-se professor de Maria Bárbara, filha mais velha de D. João V. É em 1729 que parte para Espanha para acompanhar Maria Bárbara ao seu casamento com o herdeiro da coroa espanhola, e é em Madrid que permanece para o resto da sua vida.

Com efeito, Scarlatti é um dos grandes, se não o maior virtuose do período tardio do barroco. As sonatas que em Espanha viria a compor são testemunhos da grande capacidade de composição e execução de Scarlatti, e nelas inova de uma maneira nunca vista, introduzindo habilidades como mãos cruzadas, dando maior liberdade de composição e execução aos compositores vindouros.

A sua música é extremamente inventiva, e as suas sonatas para cravo são densas experiências auditivas, devido à sua complexidade. Um testemunho de um recital por Scarlatti afirmou que dentro do cravo se encontravam mil diabos, tal era a chama que saía daquele gênio.

MAIOR TECLADISTA DE TODOS OS TEMPOS!

Tecladista???

Chamar o Domenico Scarlatti de tecladista é uma heresia...

kkkk

Será que ele tocava mais que Bach?

A Aline d'Ambricourt, a cravista francesa, lançou um DVD só sobre o D. Scarlatti, com sonatas dele tocadas no cravo, órgão, pianoforte, piano e cembalo. E aspectos da sua biografia e dos instrumentos semelhantes ao cravo que existem. Então ela vai em uns museus, fala com uns colecionadores destes instrumentos... Enfim, é interessante.
Uma das coisas interessantes que comentam no DVD é que possivelmente o Alessandro Scarlatti, seu pai, que era um compositor renomado na época, principalmente no campo da música vocal, depois de lhe ensinar música, tenha causado em efeito castratório no D Scarlatti. Porque este, desde os 16 anos de idade era um virtuose do teclado, mas só foi compor as tais 555 sonatas para cravo na fase tardia de sua vida, quando o pai estava fora do caminho. Antes, tentou trabalhar na linha do seu pai, compondo óperas, música religiosa. Talvez seu pai o tenha sufocado neste aspecto, não permitindo ou estimulando que seu filho compusesse aquilo que ele sabia fazer de melhor, que era música para cravo solo.

Pausa magistral!

A fermata que aparece em várias sonatas, encerrando uma parte e conduzindo a uma outra oposta é magistral. (K.141, belíssima!)

Conservadorismo?

Não sei se é pelo fato de ser extremamente barroco, mas as interpretações das sonatas de Scarlatti ao piano são inaceitáveis pra mim... tenho uma paixão extrema pelo cravo, e mesmo o piano sendo o mestre da expressão e da tonalidade, as sonatas só parecem reais e verdadeiras ao cravo.
Não imagino D. Scarlatti sentado ao piano, mas sim ao cravo!!!!

Enfim, que vocês acham de Scarlatti ao piano?? E ao cravo??? Claro, também já ouvi ao violão, que lembra levemente o cravo por ter também as cordas 'pinçadas', mas mesmo assim, o cravo reina absoluto quando o assunto é Domenico Scarlatti!!!!

O problema é que a falta de cravos nos força a ter de tocar no piano, infelizmente.

É, mas supõe-se que algumas de suas últimas sonatas possam ter sido compostas para fortepiano, já que Scarlatti entrou em contato com este instrumento nos seus últimos anos de vida.

Eu prefiro as sonatas tocadas ao cravo também, mas o curioso é que o estilo do D Scarlatti não é totalmente barroco, ele tem algumas coisas de estilo já do primeiro período do Classicismo, de CPE Bach, por ex. - período este em que o fortepiano já está bem presente.
Cada vez me convenço que Scarlatti é compositor híbrido, meio barroco, meio clássico, apesar de ter nascido no mesmo ano que Bach e Handel que são totalmente barrocos.

Há sonatas quase rococó! Como estamos habituados a ligar a sonoridade do cravo ao Barroco, talvez somos induzidos a 'treinar' nossa audição dessas obras ao cravo.

Infelizmente o cravo não é mais tão famoso quanto na era barroca, então só nos resta o piano (só nos resta, olha que maldade!!).

Gostaria de saber qual a composição de Scarlatti que vocês mais gostam.

Eu acho muito bonitas a K 490 e a sonata K 178. Não sei se essas obras têm algum nome em específico.

Não tenho uma preferida... mas várias, pela originalidade e genialidade.

L.107 L.98 L.37 L.39 L.84 L.89 L.29 L.32 L.209 L.335

etc, etc, etc...

K.141, que possui, para mim, a mais bela pausa da música barroca.

Podem me confirmar se o "K" que codifica algumas composições de Scarlatti deve-se à mesma pessoa que catalogou as obras de Mozart dando-lhes como referência de código a letra K?

Não, não é não. Köchel (K) é para Mozart e Kirkpatrick (K) é para Scarlatti.

Isto mesmo: o K de um não é o K do outro.

Johann Wolfgang escreveu:Gostaria de saber qual a composição de Scarlatti que vocês mais gostam.

Eu acho muito bonitas a K 490 e a sonata K 178. Não sei se essas obras têm algum nome em específico.

K 490, K 380 e K 208, sem dúvida.

Johann Wolfgang escreveu:
Não sei se essas obras têm algum nome em específico.

O grande cravista Roberto de Regina nomeou as sonatas de Scarlatti.

Freud explica escreveu:Isto mesmo: o K de um não é o K do outro.

Nas sonatas de Scarlatti, L é a numeração do catálogo Longo, K é Kirkpatrick.

É uma confusão mesmo isso de haver 2 classificações tidas como certas. A gente tem que andar sempre com aquela tabelinha na mão pra se achar nos Longos e K.

O dedilhado em Scarlatti é uma aventura, os efeitos que imprimiu nas sonatas eram decerto característicos de outros instrumentos e outra cultura, obrigando o instrumentista a movimentos inusitados e jogos digitais às vezes complexos.

Tive a oportunidade de tocar num cravo as poucas sonatas que tento reproduzir. Definitivamente, o que é para o cravo não é para o piano, apesar de tudo. Os ornamentos e os efeitos exóticos das sonatas ganham sentido, pedem uma delicadeza e colorido que o piano não alcança.

O que me chama bastante a atenção nas sonatas para cravo do D. Scarlatti foi a Fermata usada brilhantemente para dividir a sonata ao meio, com dois temas opostos. Brilhante!