Jean-Philippe Rameau

Desse compositor é muito difícil escolher apenas um "grand motet" predileto, diante de tantas opções belíssimas (por exemplo, "Dominus regnavit" ou o "De Profundis"), mas acho que o meu "grand motet" predileto é o "Venite exultemus". É impossível ficar de mau humor após ouvi-lo.

"De Profundis", com absoluta certeza!

Principalmente "Et ipse redimet Israel". Adoro a voz de Sophie Daneman! Este cd de William Christie (erato 1997) está sempre por perto do meu som...hehehe

Também gosto muito do "De Profundis" de Mondonville, sobretudo do "récit de hautecontre" sobre as palavras "Quia apud te". Estruturado em forma de uma aria de capo (ABA), a primeira parte (A) é escrita em um melancólico tom menor, contrastando com a parte intermediária (B), num brilhante tom maior. É belíssimo o efeito obtido por Mondonville com esse recurso!
Há uma outra gravação, também muito boa, com o London Baroque regido por Edward Higginbottom (pelo selo Hyperion).

Esqueceram de citar o famoso "Tratado de harmonia", de Rameau. Eu mesmo não o li, mas tenho conhecimento de que foi muitíssimo importante para sua época, pois sistematizou os avanços musicais conquistados no séc. XVII e determinou a base da música tonal do séc. XVIII e de seus posteriores.

Além disso, dizem que Rameau era um exepcional clavecinista.

Bem lembrado, Rameau era um ótimo cravista (clavecinista é galicismo), suas Pièces de clavecin são excelente música. Mas empalidece perto de Bach, ou mesmo de seu conterrâneo Couperin. Rameau foi genial mesmo na música dramática.

Ué, mas ele era clavecinista mesmo. Já o Bach era clavesinistra.
Galicista é quem torce para o Atlético de Minas.

Sim, é um galicismo porque veio do francês clavecin; no entanto, o Dicionário Houaiss aceita bem essa palavra, talvez por não ter o mesmo zelo do Flautista.

A lembrança de Necromante é importante: Rameau, como Schönberg (comparação imprudente?), foi um tratadista musical.

Eu amo as obras dos dois: Rameau e Couperin. A fantasia de Couperin é mais ousada, mas como não admirar as belas frases diatônicas de Rameau? Você que conhece mais o mundo barroco francês, poderia comentar sobre algumas suítes/ordens(?) dos dois?

Um dado interessante, que Roland de Candé conta em sua História Universal da Músic: o sucesso de Castor e Pollux, em 1737, levou o rival Mouret à loucura: teve que ser internado em Charenton.

Não posso deixar de ressaltar uma obra em especial do compositor Rameau: "Gavotte & 6 Double"
Absolutamente extraordinária.
É isso.

Aproveitando então este tópico: Conheci uma obra ótima de Rameau: La Naissance d'Osiris - uma suite de danças, absolutamente cativante, uma prova indiscutível da elegância e da beleza da música barroca francesa, que, por sinal, é difícil de se encontrar em lojas nacionais. O CD é da Naxos e a interpretação da Capella Savaria. Gostaria de saber se mais algum forista conheceria uma outra interpretação e, se possível, fizesse as suas sugestões de outros intérpretes. Sendo ainda mais específico, gostaria de saber se alguém conhece a Platée do Hans Rostaud (lançado pela EMI), se ela seria recomendável.
Outra pergunta: Les Fetes d'Hebe lançado pela Erato é uma boa pedida? Esta última não conheço a música.
Um abraço.

Nossa pessoal, ninguém vai comentar a opera Dardanus, considerada por alguns como Carpeaux como a maior opera de Rameau? Sem contar seus recitativos fabulosos, digno do verdadeiro patrono da opera francesa. Mil perdões para Lully e M.A. Charpentier (que no prologo de David et Jonatha transparece a verdadeira tragédia em teatro, superior a qualquer coisa de Lully).

Fabiano,
Estou aqui me deliciando com "les surprises d'amour", mais um de seus balés, esse em soberba interpretação de Marc Minkowski, o maior especialista em sua obra.

Quanto à gravação da Platée por Rosebud... vá com calma, há muitos cortes e não é uma execução que prima pela excelência, há Gedda no papel título, de fato, mas há muitos problemas. A gravação comercial da Platée que Minkowski fez em 1990 (a primeira de uma ópera em sua vida) é muito superior, embora peque nos dois papéis principais: Platée, com um Gilles Ragon anêmico e a Folie, com uma Jenniffer Smith pedindo água. A execução de Minkowski também está muito aquem de suas execuções recentes.

Há também uma gravação do Malgoire, mas não a conheço.

Trovador,
Dardanus é realmente muito boa ópera, está dentro daquele grupo das "cinco mais", que, dentre as 14 de Rameau, são realmente as mais interessantes e importantes: Castor et Pollux, Hippolyte et Aricie, Platée, Dardanus e Les Indes Galantes. A maneira com que ele trata os "clichês" dessa ópera é quase de inacreditável perícia, sempre me impressionei com essa característica, todo aquele crescendo de força no Prólogo que deságua justamente na reprise da abertura, a tempestade no quarto ato, os balés que têm função dramática, é realmente uma das óperas mais perfeitas do barroco francês. Vou até ouvi-la agora.

Olá Arcano,

Muito obrigado pelas dicas em relação a Plateé. Quanto a "La Naissance d'Osiris" pela Naxos, você com certeza não irá se arrepender se comprar.
Como estamos falando em Rameau, ouço agora uma peça fabulosa, um verdadeiro achado, não me canso de ouvir! "Pièces de Clavecin en Concerts" com o Trevor Pinnock, conhece?

Fabiano,
Com o Trevor Pinnock eu não conheço, deve ser fantástico, eu tenho com outro cravista em uma gravação que estava muito barata, o cravista é o Rousset, música realmente linda, francesíssima também, eheh.

Estou ouvindo a obra no site da naxos, é realmente linda. Mas, se você não conhece, deveria conhecer Les Surprises d'Amour, balé fabuloso.

Herreweghe, como se sabe, rege principalmente música barroca (mas também Fauré, Weil, Mozart...). Mas não a ópera barroca – ele a considera, segundo entrevista de 1997, como uma música de qualidade inferior, “a very good opera can be based on very feeble music”. Ele só lembra de livrar a cara de Monteverdi, Purcell, Mozart e Stravinsky, porque a música de suas óperas é poderosa. Embora tenha gravado Armide de Lully, ele não gosta... A música de Lully, compara-a com as trilhas de Nino Rotta – isto é, não sobrevive sem a imagem. E, de Rameau, gravou apenas trechos orquestrais de Les Indes Galantes. Vocês acham que esse anátema deve ser estendido às óperas de Rameau?

Herreweghe tem uma posição platônica frente a música.

Bem, considero a música operística de Purcell bastante inferior à de Rameau; com o agravante que os libretos de Purcell são horrorosos. Eu não li a entrevista, mas ele disse uma verdade, há óperas ótimas escritas com música de circo; vide Puccini, o Verdi de Rigoletto. O que não quer dizer que TODA ópera tenha música de circo, aliás, não tenho certeza se ele disse isso. Há vários exemplos disso, a começar pela própria música de Rameau, não acredito que ele diga que o quarto ato de Castor et Pollux seja má música, por exemplo.

Seria interessante comparar a opinião de Herreweghe com outros regentes barrocos, Christie, Minkowski, Gardiner, etc...

Rameau é menos encenado que Verdis e Puccinis porque O PÚBLICO GOSTA MAIS DE VERDI E PUCCINI.

Se o público gosta mais dos italianos o problema é dele e não do Rameau, perto deste Puccini é um tocador de realejo. O borguinhão (português de Portugal) é vital para a história da música, Verdi um grande compositor, não muito mais que isso.

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