O Nome da Rosa

A instituição deve seguir o que a religião prega. Um pouquinho mais de austeridade não faz mal a ninguém.

Meu personagem favorito é o Salvatore.

ich bin Salvatore! ich amo tutti gli vögel et le soleil...

nessun segno de belle scriptura além de zwei... und jetzt, drei! schreiben Sie plus! je veux voir noch einmal!

buono, buono! jetzt sind six!

...la vita non è l'amore...

Penitenziagite! Vide quando draco venturus est a rodearla a tua alma! La mortz est super nos! Implora que venha o santo papa liberar-nos a malo de todas las peccata! ah, ah, vos praz ista nicromancia de Domini Nostri Iesu Christi! Et anco jois m'es dols e plazer m'es dolors... Cave el diabolo! Semper m'aguaita num canto qualquer para adentarme os calcanhares. Mas Salvatore não est insipiens! Bonum monasterium, e aqui se manja e se reza dominum nostrum. Et el resto valet um figo seco. Et amém. Não é?

Pedante.

Ivanhoe escreveu:O filme na minha opinião focou muito nos assassinatos, enquanto no livro este é um assunto secundário.
Outra coisa, no filme é mostrado o que aconteceu com a mocinha, mas no livro não mostra o fim dela.

Sinceramente, comparada ao livro, as grandes querelas teológicas e filosóficas presentes na obra não passam de uma briguinha de padres. Mas o que se podia exigir, condensar quase 600 páginas em um filme de 2 horas.

Bem... o caso não é bem assim... Os diretores dirigem. Os roteiristas fazem o que lhes é encomendado. Nem sempre um diretor conhece a História. E nem sempre há o interesse de realizar um filme histórico. Pode-se fazer um filme de ação, e muita ação, respeitando a História. Assim como pode-se criar um roteiro romanceando a História. E etc, etc. Quem paga (em se falando em Hollywood), geralmente dá as cartas. Eu, por exemplo, adoro certos filmes, que usam a História apenas como mote para desenvolver outras histórias. Quando um diretor é bom, pode-se dar ao luxo de fazer o que quiser... e muitas vezes dá certo! Mas tem outros... que devem ter faltado às aulas na Academia de Cinema!

Umberto Eco dá um tom de história de detetive (ao bom estilo Sherlock Holmes) à trama. O monge, Guilherme de Baskerville, interpretado por Sean Connery, foge completamente ao estereótipo esperado, em uma época onde o que prevalecia era uma lógica dogmática e mística; e se empenha a desvendar os mistérios através de uma lógica de associações racionais e baseadas em questionamentos, inclusive realizando reconstituições (passo a passo) e analisando tudo sob um prisma muitas vezes próximo ao racionalismo cientifico.

No final o monge mais novo (na posição de narrador) se mostra satisfeito por sua opção de acompanhar seu mestre por esse ter lhe contemplado com conhecimento (no filme é explícita a ideia que a ênfase na busca ao conhecimento muitas vezes supera a ênfase nos valores espirituais. Os simbolismos favorecem o valor na busca ao conhecimento e as experimentações e não as questões espiritualísticas-religiosas - como esperado... Embora seja passada a ideia que o conhecimento não seja para todos, e que sem o devido cuidado ao manipula-lo se torne perigoso)...

A ideia central do filme foge completamente à ideia do contexto histórico onde a máxima era a de que a dúvida era a inimiga da fé e da verdade (verdades absolutas - dogmatismo)... No caso especifico da trama, a dúvida e os questionamentos deram luz à verdade, situação totalmente destoante do CONTEXTO HISTÓRICO e posição do personagem (Monge Detetive vivido por Sean Connery)... Os conceitos para ciências já existiam, mas não se baseavam em premissas racionalistas, cientificistas, entre tantas outras que formulam nossos métodos investigativos (científicos) atuais...

Claro que existiram figuras como Guilherme de Ockhan ou Roger Bacon, que inclusive elaboraram proposições que influenciam nosso conceito de ciência atual, mas mesmo eles apresentavam uma perspectiva de ciência diferente das apresentadas pelas técnicas cientificistas e forenses do Monge detetive... Eco propõe um romance que remonte o clima de discussões lógicas da filosofia nominalista em contraposição às ideias anímicas a respeito das nomenclaturas (nomes - verbos - predicados), que encerravam todo o simbolismo de um poder místico... (''A rosa originária consiste num simples nome, só ficamos com meros nomes'')... Nisso a atmosfera do romance é condizente com o referencial historiográfico, contudo a perspectiva das discussões do personagem central, até por ser representado em uma leitura que remete a um pensador renascentista (humanista e racionalista), ora ou outra, apresentam enfoques em conceitos, que embora não fossem modernos, seriam retomados (e copilados) bem a posteriori, não sendo tão explícitos à época e dificilmente cabendo a atmosfera proposta no romance... Até expressado em suas análises e interpretações associativas com um foco de grande abrangência (baseadas em um quase relacionismo epistemológico), destoando ao reducionismo e simplificismo que tendiam os pensadores da época (e um bom exemplo dessas tendências pode ser observado no postulado da Navalha de Ockham)...

Dom Diniz tem toda razão e soube explicar claramente.
O monge chamava-se William of Baskerville, uma referência a William of Ockham.
Mas há outras contradições além do caráter científico, das drogas e autópsias. Alguém já disse que não é que a idade média é a idade da ignorância, nós é que ignoramos acerca dela. Eu tenho muitas dúvidas. Por exemplo, o amor que sente Adso de Melk. Não é sabido que o amor romântico só era possível por mulheres casadas? Entretanto, algumas coisas interessantes são tratadas, como a querela da ordem dos franciscanos, quase considerada herética.