O Nome da Rosa
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O Nome da Rosa
Homenagem a Sean Connery (1930 - 2020)
O Nome da Rosa
Em 1327, William de Baskerville (Sean Connery), um monge franciscano, e Adso von Melk (Christian Slater), um noviço, chegam a um mórbido e obscuro mosteiro no norte da Itália. William de Baskerville pretende participar de debates sobre a riqueza da igreja, mas sua atenção é desviada para a investigação de uma série de assassinatos que seguem a sequência das trombetas do Apocalipse. Intrigas, debates sobre a comédia, livros proibidos, labirintos dominam a cena neste filme.
Este espaço é reservado para analisar e debater essa obra prima do cinema.
Considerações sobre o livro também serão bem vindas.
Título Original: Der Name Der Rose
Gênero: Suspense
Tempo de Duração: 130 minutos
Ano de Lançamento (Alemanha): 1986
Direção: Jean-Jacques Annaud.
Prêmios
Ganhou dois prêmios no BAFTA, nas seguintes categorias: Melhor Ator (Sean Connery) e Melhor Maquiagem.
Ganhou o César de Melhor Filme Estrangeiro.
O Nome da Rosa
Em 1327, William de Baskerville (Sean Connery), um monge franciscano, e Adso von Melk (Christian Slater), um noviço, chegam a um mórbido e obscuro mosteiro no norte da Itália. William de Baskerville pretende participar de debates sobre a riqueza da igreja, mas sua atenção é desviada para a investigação de uma série de assassinatos que seguem a sequência das trombetas do Apocalipse. Intrigas, debates sobre a comédia, livros proibidos, labirintos dominam a cena neste filme.
Este espaço é reservado para analisar e debater essa obra prima do cinema.
Considerações sobre o livro também serão bem vindas.
Título Original: Der Name Der Rose
Gênero: Suspense
Tempo de Duração: 130 minutos
Ano de Lançamento (Alemanha): 1986
Direção: Jean-Jacques Annaud.
Prêmios
Ganhou dois prêmios no BAFTA, nas seguintes categorias: Melhor Ator (Sean Connery) e Melhor Maquiagem.
Ganhou o César de Melhor Filme Estrangeiro.
William de Baskerville- Mensagens : 397
Re: O Nome da Rosa
A trama começa com a narrativa sofrida do aprendiz do monge franciscano que revela ainda temer reviver o passado. Enquanto narra, as imagens cinematográficas mostram o mosteiro localizado no alto de uma colina, simbolizando o seu poder de dominação. Uma paisagem gélida e sem vida. Seu acesso não é muito fácil pela altura, porém mais difícil é o acesso à sua biblioteca, onde poucos têm a permissão de entrar; muitos até desconhecem a sua existência.
No mosteiro se encontram os monges da Ordem dos beneditinos que recebem os dois monges franciscanos: William, um monge observador, empirista, um intelectual de caráter racional e humanista, e mestre de Adso, um jovem aprendiz que seguia a tradição familiar da época, a qual os pais desejavam que seus filhos fossem noviços ou freiras.
A trama é envolvida pelos fantasmas da superstição, através da figura do demônio, e cheia de contradições. Uma delas é o paradoxo entre as imagens frias e sombrias constantes no filme em relação à ideia que deveria passar o mosteiro como sendo um lugar sacro, tranquilo, repleto de luz e paz.
No mosteiro se encontram os monges da Ordem dos beneditinos que recebem os dois monges franciscanos: William, um monge observador, empirista, um intelectual de caráter racional e humanista, e mestre de Adso, um jovem aprendiz que seguia a tradição familiar da época, a qual os pais desejavam que seus filhos fossem noviços ou freiras.
A trama é envolvida pelos fantasmas da superstição, através da figura do demônio, e cheia de contradições. Uma delas é o paradoxo entre as imagens frias e sombrias constantes no filme em relação à ideia que deveria passar o mosteiro como sendo um lugar sacro, tranquilo, repleto de luz e paz.
William de Baskerville- Mensagens : 397
Re: O Nome da Rosa
Considerações sobre o livro
Evidentemente, Eco desejava que seu livro fosse muito lido. Ninguém escreve para não ser lido. Entretanto, ele afirma que sua obra foi dirigida para um público surpreendentemente reduzido. "Se antes de O nome da rosa alguém me perguntasse para que público ele era destinado, eu diria que a quatro ou cinco medievalistas e talvez um ou dois cardeais" (U. Eco em entrevista à revista Veja 19/VII/89 p.5)
Agora, a questão: será que o que todos viram ou leram aparentemente condiz com a mensagem que o autor quis transmitir?
O negócio é mais embaixo...
Evidentemente, Eco desejava que seu livro fosse muito lido. Ninguém escreve para não ser lido. Entretanto, ele afirma que sua obra foi dirigida para um público surpreendentemente reduzido. "Se antes de O nome da rosa alguém me perguntasse para que público ele era destinado, eu diria que a quatro ou cinco medievalistas e talvez um ou dois cardeais" (U. Eco em entrevista à revista Veja 19/VII/89 p.5)
Agora, a questão: será que o que todos viram ou leram aparentemente condiz com a mensagem que o autor quis transmitir?
O negócio é mais embaixo...
William de Baskerville- Mensagens : 397
Re: O Nome da Rosa
Li esse livro há coisa de 20 anos e até hoje está na lista dos meus preferidos.
Apesar de ser um romance de tamanho considerável, a história, com requintes de trama policial, suspense e discussão teológica é extremamente envolvente. Lembro de quando eu lia... Acabava um capítulo, pensava em parar para iniciar no começo do seguinte quando voltasse ao livro, mas não resistia e seguia em frente...
O romance deu origem ainda a um bom filme, com mesmo nome, estrelando Sean Connery em magnífica interpretação. Engraçado é que eu sempre disse que o livro chega a ser melhor que o filme e as pessoas que não leram ficam espantadas, achando que isso não seria possível...
Umberto Eco sempre lastimou que seu maior sucesso foi justamente o primeiro romance que escreveu. Mas, tenho cá minha posição. Li outros romances dele, como ''O Pêndulo de Foucault'', ''A Ilha do Dia Anterior'' e mesmo ''Seis Passeios Pelos Bosques da Razão''. Foi o suficiente para não ler mais Umberto Eco. Realmente, ''O Nome da Rosa'' é o trabalho de uma vida. Os outros romances nem chegam aos pés...
Apesar de ser um romance de tamanho considerável, a história, com requintes de trama policial, suspense e discussão teológica é extremamente envolvente. Lembro de quando eu lia... Acabava um capítulo, pensava em parar para iniciar no começo do seguinte quando voltasse ao livro, mas não resistia e seguia em frente...
O romance deu origem ainda a um bom filme, com mesmo nome, estrelando Sean Connery em magnífica interpretação. Engraçado é que eu sempre disse que o livro chega a ser melhor que o filme e as pessoas que não leram ficam espantadas, achando que isso não seria possível...
Umberto Eco sempre lastimou que seu maior sucesso foi justamente o primeiro romance que escreveu. Mas, tenho cá minha posição. Li outros romances dele, como ''O Pêndulo de Foucault'', ''A Ilha do Dia Anterior'' e mesmo ''Seis Passeios Pelos Bosques da Razão''. Foi o suficiente para não ler mais Umberto Eco. Realmente, ''O Nome da Rosa'' é o trabalho de uma vida. Os outros romances nem chegam aos pés...
Ivanhoe- Mensagens : 128
Re: O Nome da Rosa
As diferenças entre o livro e o filme
Bem, considero o Nome da Rosa um livro de cabeceira, mas um livro perigoso, que enreda a maioria dos simples e das pessoas que conhecem pouco a Igreja Católica e a Idade Média.
Algumas diferenças que o filme explora e que contradizem o livro:
1 - Adso de Melk, o noviço, é franciscano no filme, junto ao seu mestre. Porém, no livro, ele, apesar de discípulo de William de Baskerville, é um beneditino, como todos os monges da abadia. Só que ele não pertence à abadia do crime. É do mosteiro de Melk;
2 - O nome de seu mestre no filme chama-se William. No livro é Guilherme (até que essa observação dá pra passar);
3 - Personagens importantes não aparecem no filme, como Bêncio de Upsala, Aymaro de Alexandria, dentre outros;
4 - O abade (Abonne) simplesmente desaparece depois do julgamento dos hereges, porém, no livro, ele fica preso em uma câmara secreta na biblioteca, e morre provavelmente por falta de ar ou queimado no incêndio da biblioteca.
5 - E falando nos hereges, as heresias são praticamente cortadas, com exceção da heresia dulciniana, que é mencionada como causa da condenação de Remígio de Varagine e Salvatore.
6 - Outra apelação: a queima dos hereges. No livro os hereges não são queimados. O livro diz que Salvatore, apesar de julgado poderia talvez ser solto ou assassinado longe da abadia, e que Remígio e a camponesa iriam ser queimados, o primeiro em Avignon, quando da chegada de um franciscano que tinha uma questão com o papa (lembra-se da disputa dos franciscanos e da delegação papal?), e a camponesa em algum lugarejo, para servir como repreensão para o povo.
6 - O inquisidor que morre horrivelmente no filme (quando o populacho o empurra desfiladeiro abaixo e ele cai na roda dentada da carroça) no livro não apenas permanece vivo, como leva embora os hereges para o veredicto final.
O filme foi ótimo, mas destoa em muito da realidade. Além de acusar a Igreja Católica gratuitamente...
Foi um bom filme, mas peca em muito em relação à obra.
Bem, considero o Nome da Rosa um livro de cabeceira, mas um livro perigoso, que enreda a maioria dos simples e das pessoas que conhecem pouco a Igreja Católica e a Idade Média.
Algumas diferenças que o filme explora e que contradizem o livro:
1 - Adso de Melk, o noviço, é franciscano no filme, junto ao seu mestre. Porém, no livro, ele, apesar de discípulo de William de Baskerville, é um beneditino, como todos os monges da abadia. Só que ele não pertence à abadia do crime. É do mosteiro de Melk;
2 - O nome de seu mestre no filme chama-se William. No livro é Guilherme (até que essa observação dá pra passar);
3 - Personagens importantes não aparecem no filme, como Bêncio de Upsala, Aymaro de Alexandria, dentre outros;
4 - O abade (Abonne) simplesmente desaparece depois do julgamento dos hereges, porém, no livro, ele fica preso em uma câmara secreta na biblioteca, e morre provavelmente por falta de ar ou queimado no incêndio da biblioteca.
5 - E falando nos hereges, as heresias são praticamente cortadas, com exceção da heresia dulciniana, que é mencionada como causa da condenação de Remígio de Varagine e Salvatore.
6 - Outra apelação: a queima dos hereges. No livro os hereges não são queimados. O livro diz que Salvatore, apesar de julgado poderia talvez ser solto ou assassinado longe da abadia, e que Remígio e a camponesa iriam ser queimados, o primeiro em Avignon, quando da chegada de um franciscano que tinha uma questão com o papa (lembra-se da disputa dos franciscanos e da delegação papal?), e a camponesa em algum lugarejo, para servir como repreensão para o povo.
6 - O inquisidor que morre horrivelmente no filme (quando o populacho o empurra desfiladeiro abaixo e ele cai na roda dentada da carroça) no livro não apenas permanece vivo, como leva embora os hereges para o veredicto final.
O filme foi ótimo, mas destoa em muito da realidade. Além de acusar a Igreja Católica gratuitamente...
Foi um bom filme, mas peca em muito em relação à obra.
William de Baskerville- Mensagens : 397
Re: O Nome da Rosa
Antes que eu esqueça...
Ubertino de Casale (que no filme é um franciscano velho, parecido com o venerável Jorge) na verdade é um espiritual herético que, para escapar da inquisição mudou-se para a ordem beneditina. No filme ele é retratado com o habito franciscano, o que não é verdade, embora ele levasse a sua causa - saída da ordem franciscana - com paixão.
O filme também apela contra a Igreja quando mostra Guilherme escondendo seus instrumentos - dando a entender que ele seria perseguido como bruxo e que a Igreja não permitia o avanço da ciência. No livro ele só possui as lentes, que não se quebram, como mostra o filme, mas ao contrário, são encontradas no momento em que o vidreiro da abadia FAZ LENTES NOVAS PARA ELE. Então, de posse de duas lentes, ele, no final de tudo dá a Adso uma delas.
Ubertino de Casale (que no filme é um franciscano velho, parecido com o venerável Jorge) na verdade é um espiritual herético que, para escapar da inquisição mudou-se para a ordem beneditina. No filme ele é retratado com o habito franciscano, o que não é verdade, embora ele levasse a sua causa - saída da ordem franciscana - com paixão.
O filme também apela contra a Igreja quando mostra Guilherme escondendo seus instrumentos - dando a entender que ele seria perseguido como bruxo e que a Igreja não permitia o avanço da ciência. No livro ele só possui as lentes, que não se quebram, como mostra o filme, mas ao contrário, são encontradas no momento em que o vidreiro da abadia FAZ LENTES NOVAS PARA ELE. Então, de posse de duas lentes, ele, no final de tudo dá a Adso uma delas.
William de Baskerville- Mensagens : 397
Re: O Nome da Rosa
Apenas uma informação, meu caro, quanto aos nomes (Guilherme no livro e William no filme), também me houve intriga, até ser-me elucidada a questão por um velho amigo historiador. É que William, em alemão, pode ser traduzido como Guilherme, em português.
Imhotep- Mensagens : 208
Re: O Nome da Rosa
Bem...
William de Baskerville era um frade inglês. Aliás, quem já leu o Cão dos Baskervilles e viu o perfil físico do Sherlock Holmes (o olhar, o nariz, a estatura) vai ver que Umberto Eco literalmente plagiou o personagem de Conan Doyle. Guilherme é um plágio não só pela aparência, mas também por ser um investigador, como Sherlock Holmes.
William de Baskerville era um frade inglês. Aliás, quem já leu o Cão dos Baskervilles e viu o perfil físico do Sherlock Holmes (o olhar, o nariz, a estatura) vai ver que Umberto Eco literalmente plagiou o personagem de Conan Doyle. Guilherme é um plágio não só pela aparência, mas também por ser um investigador, como Sherlock Holmes.
William de Baskerville- Mensagens : 397
Re: O Nome da Rosa
Perfeitamente, me enganei, a tradução é do inglês, do mesmo modo como se traduz o Rei William, para Rei Guilherme. Daí a ser plágio é um passo um tanto mais longo, prefiro chamar de influência, porque o plágio possui umas nuances com características um tanto quanto diferenciadas.
Imhotep- Mensagens : 208
Re: O Nome da Rosa
Tire você mesmo as conclusões: Plágio ou não?
Texto de Eco:
Era pois a aparência física de Frei Guilherme de tal porte que atraía a atenção do observador mais distraído. Sua estatura superava a de um homem normal e era tão magro que parecia mais alto. Tinha olhos agudos e penetrantes, o nariz afilado e um tanto adunco conferia ao rosto a expressão de alguém que vigia, salvo nos momentos de torpor, dos quais falarei. Também o queixo denunciava nele uma vontade firme. (...) vi-lhe sempre as mãos cobertas pela poeira dos livros, pelo ouro das miniaturas ainda frescas, pelas substâncias amareladas que tocara no hospital de Severino. Dava a impressão de não poder pensar a não ser com as mãos" (O Nome da Rosa. 26-27-28).
"Sua energia parecia inexaurível, quando o colhia um excesso de atividade" (O nome da Rosa, pg 26).
Texto de Eco:
Era pois a aparência física de Frei Guilherme de tal porte que atraía a atenção do observador mais distraído. Sua estatura superava a de um homem normal e era tão magro que parecia mais alto. Tinha olhos agudos e penetrantes, o nariz afilado e um tanto adunco conferia ao rosto a expressão de alguém que vigia, salvo nos momentos de torpor, dos quais falarei. Também o queixo denunciava nele uma vontade firme. (...) vi-lhe sempre as mãos cobertas pela poeira dos livros, pelo ouro das miniaturas ainda frescas, pelas substâncias amareladas que tocara no hospital de Severino. Dava a impressão de não poder pensar a não ser com as mãos" (O Nome da Rosa. 26-27-28).
"Sua energia parecia inexaurível, quando o colhia um excesso de atividade" (O nome da Rosa, pg 26).
William de Baskerville- Mensagens : 397
Re: O Nome da Rosa
Plágio?
Texto de Conan Doyle:
"Até seu físico era tal que despertava a atenção do mais descuidado observador. Quanto a sua estatura, passava de um metro e oitenta, mas era tão magro que parecia mais alto ainda. Seus olhos eram agudos e penetrantes, e seu nariz delgado e aquilino, acrescentava às suas feições um ar de vigilância e decisão. Também o queixo, quadrado e forte, indicava nele um homem resoluto. (...) Suas mãos andavam invariavelmente salpicadas de tinta e manchadas por substâncias químicas, (...) "Nada era capaz de ultrapassar a sua energia quando era tomado por um excesso de atividade"
(Conan Doyle, Um estudo em vermelho, Círculo do Livro, São Paulo, p. 17).
É claro que Eco quis fazer de seu Frei Guilherme uma cópia de Sherlock Holmes. O leitor ingênuo ficará encantado por ter encontrado um "plágio" de Eco, e pensará que a trama policial constitui o que há de mais importante em O Nome da Rosa. Quanta alegria na ilusão do entendimento superficial!
Texto de Conan Doyle:
"Até seu físico era tal que despertava a atenção do mais descuidado observador. Quanto a sua estatura, passava de um metro e oitenta, mas era tão magro que parecia mais alto ainda. Seus olhos eram agudos e penetrantes, e seu nariz delgado e aquilino, acrescentava às suas feições um ar de vigilância e decisão. Também o queixo, quadrado e forte, indicava nele um homem resoluto. (...) Suas mãos andavam invariavelmente salpicadas de tinta e manchadas por substâncias químicas, (...) "Nada era capaz de ultrapassar a sua energia quando era tomado por um excesso de atividade"
(Conan Doyle, Um estudo em vermelho, Círculo do Livro, São Paulo, p. 17).
É claro que Eco quis fazer de seu Frei Guilherme uma cópia de Sherlock Holmes. O leitor ingênuo ficará encantado por ter encontrado um "plágio" de Eco, e pensará que a trama policial constitui o que há de mais importante em O Nome da Rosa. Quanta alegria na ilusão do entendimento superficial!
William de Baskerville- Mensagens : 397
Re: O Nome da Rosa
Quanto a Adso...
O nome de Adso, por sua vez, pode muito bem ser derivado do verbo latino Adsum, que significa estar presente. É através de Adso - da testemunha presente aos fatos - que Eco narra sua história. Apesar de tudo ver, Adso - di-lo Eco - nada compreenderá do que presenciou, nem mesmo ao tornar-se velho. O propósito declarado de Eco foi "fazer compreender tudo através das palavras de alguém que não compreende nada" (Pós Escrito a "O Nome da Rosa, pg.32).
Estes dois personagens centrais são as máscaras pelas quais se expressa o autor da obra. Adso é a boca, enquanto Frei Guilherme é o pensamento de Eco, ou pelo menos o pensamento para o qual vão suas simpatias. "Uma máscara, era disso que eu precisava" (Pós Escrito, pg 20).
PS: Estou me baseando na Obra "Nos Labirintos de Eco", de autoria do Prof. Orlando Fedeli.
O nome de Adso, por sua vez, pode muito bem ser derivado do verbo latino Adsum, que significa estar presente. É através de Adso - da testemunha presente aos fatos - que Eco narra sua história. Apesar de tudo ver, Adso - di-lo Eco - nada compreenderá do que presenciou, nem mesmo ao tornar-se velho. O propósito declarado de Eco foi "fazer compreender tudo através das palavras de alguém que não compreende nada" (Pós Escrito a "O Nome da Rosa, pg.32).
Estes dois personagens centrais são as máscaras pelas quais se expressa o autor da obra. Adso é a boca, enquanto Frei Guilherme é o pensamento de Eco, ou pelo menos o pensamento para o qual vão suas simpatias. "Uma máscara, era disso que eu precisava" (Pós Escrito, pg 20).
PS: Estou me baseando na Obra "Nos Labirintos de Eco", de autoria do Prof. Orlando Fedeli.
William de Baskerville- Mensagens : 397
Re: O Nome da Rosa
Além dos ataques que falei, existe um muito maior que se esconde nas entrelinhas do livro, e que deixa os demais reduzidos a detalhes.
Trata-se do monge cego Jorge de Burgos, que representa uma caricatura perversa da Igreja, pois todos os atos deste monge levam diretamente à Gnose, a heresia por excelência, que tem uma visão extremamente pessimista da realidade, e que defende que o mundo é intrinsecamente mau e irredimível.
Isso jamais foi catolicismo, mas vai se unir a toda uma bagagem de preconceitos ideológicos que desde a Revolução Francesa não cessam de enlamear o catolicismo.
Leiam nas entrelinhas. Eco não apenas retratou a época, mas retratou também a sociedade de hoje.
Por isso eu digo que O Nome da Rosa é uma obra de mestre.
Só mais uma coisa: antes de atacar a Igreja baseados no "ouvi dizer", façam isso de forma mais inteligente. Utilizem bibliografia especializada, para saber até aonde termina a lenda e começa a realidade.
Trata-se do monge cego Jorge de Burgos, que representa uma caricatura perversa da Igreja, pois todos os atos deste monge levam diretamente à Gnose, a heresia por excelência, que tem uma visão extremamente pessimista da realidade, e que defende que o mundo é intrinsecamente mau e irredimível.
Isso jamais foi catolicismo, mas vai se unir a toda uma bagagem de preconceitos ideológicos que desde a Revolução Francesa não cessam de enlamear o catolicismo.
Leiam nas entrelinhas. Eco não apenas retratou a época, mas retratou também a sociedade de hoje.
Por isso eu digo que O Nome da Rosa é uma obra de mestre.
Só mais uma coisa: antes de atacar a Igreja baseados no "ouvi dizer", façam isso de forma mais inteligente. Utilizem bibliografia especializada, para saber até aonde termina a lenda e começa a realidade.
William de Baskerville- Mensagens : 397
Re: O Nome da Rosa
O livro é mil vezes melhor que o filme. Uma das partes, por exemplo, que o filme não mostra é no final quando Guilherme e Adso encontram Jorge dentro da biblioteca. Neste momento o abade também resolve entrar e acaba caindo numa armadilha do labirinto e fica preso lá dentro. Pra mim foi uma falha não terem colocado essa parte importante da história no filme.
Vlad Tepes III- Mensagens : 254
Re: O Nome da Rosa
Concordo com quando você fala que o filme deixa a desejar quando ao livro, mas sabemos que o filme demonstrou o mais importante que era a perseguição da igreja católica a todos que a desobedecia, e sobre a inquisição não importa a forma como ela agia, se queimava ou não seus hereges e sim devemos botar em pauta o quando a IGREJA atrasou o conhecimento científico para a humanidade, E ISSO TANTO O LIVRO QUANTO O FILME MOSTRAM BEM.
Illuminatus- Mensagens : 119
Re: O Nome da Rosa
Guilherme é a forma portuguesa do nome William, que corresponde ao Wilhelm germânico (Wilhelm quer dizer "protetor"), e em França é "Guillaume", Guillaume de Baskerville.William de Baskerville escreveu:
2 - O nome de seu mestre no filme chama-se William. No livro é Guilherme (até que essa observação dá pra passar);
Conde de Monte Cristo- Mensagens : 226
Re: O Nome da Rosa
Creio não haver comparação pois são artes diferentes, sendo assim é insensata qualquer comparação desse tipo. O livro abre espaço maior pra descrição e nisso todos nós sabemos que Eco foi genial. Já o filme nos dá o privilégio de contemplarmos imagens singulares, de rostos medievais e de uma biblioteca labiríntica, que mesmo não se comparando à genialidade que Eco a descreveu no livro, foi uma tentativa válida por parte do diretor do filme.Vlad Tepes III escreveu:O livro é mil vezes melhor que o filme. Uma das partes, por exemplo, que o filme não mostra é no final quando Guilherme e Adso encontram Jorge dentro da biblioteca. Neste momento o abade também resolve entrar e acaba caindo numa armadilha do labirinto e fica preso lá dentro. Pra mim foi uma falha não terem colocado essa parte importante da história no filme.
É isso, são artes diferentes.
Conde de Monte Cristo- Mensagens : 226
Re: O Nome da Rosa
O livro é melhor, claro, porque muito mais aprofundado. Mas concordo que são duas mídias bastante diferentes, em geral com públicos diferentes. Assim, a adaptação tem que levar em conta essa diferença. O livro é o meu favorito, mas o filme também está na minha lista de mais vistos, creio até que o diretor Jean-Jacques Annaud tentou fazer o melhor possível. No entanto, diante do nível de detalhamento do livro, o filme não ficou a contento. Com certeza, o livro é muito melhor.
Monalisa- Mensagens : 121
Re: O Nome da Rosa
Quase 100% das vezes o livro é melhor que o filme. Mas conheço 3 filmes que ficaram em pé de igualdade com o livro: (1) Laranja Mecânica, (2) 2001 - Odisseia no Espaço e (3) O Beijo da Mulher Aranha.
Monalisa- Mensagens : 121
Re: O Nome da Rosa
AJUDARUM NECESSARIUS URGENTIS!
Galera, alguém pode dar uma força em entender algumas das várias frases em latim que rolam no livro?
(A maioria aparece do nada... sem nem avisar...)
Tipo essa:
"omnis mundi creatura
quasi liber et pictura
nobis est in speculum"
Galera, alguém pode dar uma força em entender algumas das várias frases em latim que rolam no livro?
(A maioria aparece do nada... sem nem avisar...)
Tipo essa:
"omnis mundi creatura
quasi liber et pictura
nobis est in speculum"
Monalisa- Mensagens : 121
Re: O Nome da Rosa
Não dê importância aos trechos em latim. O que você entender, já é suficiente. Ao final, você verá que eles não fazem diferença para o aproveitamento (e fruição) do livro. A intenção de Eco foi justamente essa. Já na época em que a história se passa, as pessoas normalmente não entendiam latim - isso fica evidente várias vezes na narrativa. A vontade do autor foi exatamente essa, de passar uma sensação de estranhamento para o leitor.
O trecho que você refere significa "toda criatura do mundo, como se fosse um livro ou pintura, é para nós como um espelho".
Aproveite o livro. É um dos melhores do século XX.
O trecho que você refere significa "toda criatura do mundo, como se fosse um livro ou pintura, é para nós como um espelho".
Aproveite o livro. É um dos melhores do século XX.
Norman, o herege- Mensagens : 155
Re: O Nome da Rosa
Sem querer contrariar o colega na tradução, apenas tentando complementar, e lembrando que a ressalva dele sobre não se prender à tradução do latim é muito válida e bem colocada, eu gostaria de explicar como eu traduzi:
"omnis mundi creatura
quasi liber et pictura
nobis est in speculum"
ominis -> nominativo singular, toda, cada uma
mundi -> genitivo singular, do mundo
creatura -> nominativo singular, criatura
quasi -> como se fosse, assim como
liber - nominativo singular, livro
et -> e, também
pictura -> nominativo singular, pintura, figura, desenho
nobis -> pronome primeira pessoa do plural no dativo, para nós
est -> verbo ser, 3ª pessoa singular do indicativo, é
in -> preposição introduzindo acusativo (speculum, espelho, no caso) dentro de, de encontro à, em direção à
Minha tentativa de tradução é:
Cada criatura do mundo
é para nós como um livro e um desenho
em um espelho
Ressaltando que sou apenas um iniciante em latim, peço desculpas caso tenha cometido algum erro.
"omnis mundi creatura
quasi liber et pictura
nobis est in speculum"
ominis -> nominativo singular, toda, cada uma
mundi -> genitivo singular, do mundo
creatura -> nominativo singular, criatura
quasi -> como se fosse, assim como
liber - nominativo singular, livro
et -> e, também
pictura -> nominativo singular, pintura, figura, desenho
nobis -> pronome primeira pessoa do plural no dativo, para nós
est -> verbo ser, 3ª pessoa singular do indicativo, é
in -> preposição introduzindo acusativo (speculum, espelho, no caso) dentro de, de encontro à, em direção à
Minha tentativa de tradução é:
Cada criatura do mundo
é para nós como um livro e um desenho
em um espelho
Ressaltando que sou apenas um iniciante em latim, peço desculpas caso tenha cometido algum erro.
Martinho Lutero- Mensagens : 186
Re: O Nome da Rosa
O filme na minha opinião focou muito nos assassinatos, enquanto no livro este é um assunto secundário.
Outra coisa, no filme é mostrado o que aconteceu com a mocinha, mas no livro não mostra o fim dela.
Sinceramente, comparada ao livro, as grandes querelas teológicas e filosóficas presentes na obra não passam de uma briguinha de padres. Mas o que se podia exigir, condensar quase 600 páginas em um filme de 2 horas.
Outra coisa, no filme é mostrado o que aconteceu com a mocinha, mas no livro não mostra o fim dela.
Sinceramente, comparada ao livro, as grandes querelas teológicas e filosóficas presentes na obra não passam de uma briguinha de padres. Mas o que se podia exigir, condensar quase 600 páginas em um filme de 2 horas.
Ivanhoe- Mensagens : 128
Re: O Nome da Rosa
Minha parte favorita de "O nome da rosa" é o capítulo da discussão entre os franciscanos espirituais e os avignoneses sobre a pobreza de Jesus que é narrada na prima do quinto dia.
O debate começa com um tom solene (como o assunto e a época exigiam), porém termina no maior barraco "à moda italiana" com impropérios, xingamentos e quase violência física.
Achei o modo como Eco narra a briga muito hilário (curioso uma cena desta num livro que discute exatamente o riso...).
Da teologia às ofensas, com frei Guilherme suplicando a proteção de São Francisco enquanto seus filhos caem na vulgaridade total.
Lembra as brigas homéricas entre esquerda e direita na Itália contemporânea - eu não sei se Eco quis fazer esse paralelo pois comparações com o presente são perigosas neste tipo de obra - mas enfim... Eu adoro esse capítulo!
O debate começa com um tom solene (como o assunto e a época exigiam), porém termina no maior barraco "à moda italiana" com impropérios, xingamentos e quase violência física.
Achei o modo como Eco narra a briga muito hilário (curioso uma cena desta num livro que discute exatamente o riso...).
Da teologia às ofensas, com frei Guilherme suplicando a proteção de São Francisco enquanto seus filhos caem na vulgaridade total.
Lembra as brigas homéricas entre esquerda e direita na Itália contemporânea - eu não sei se Eco quis fazer esse paralelo pois comparações com o presente são perigosas neste tipo de obra - mas enfim... Eu adoro esse capítulo!
Giordano Bruno- Mensagens : 183
Re: O Nome da Rosa
Guilherme de Ockham, conhecido como o ''doutor invencível'' (Doctor Invincibilis) e o ''iniciador venerável'' (Venerabilis Inceptor), nasceu na vila de Ockham, nos arredores de Londres, na Inglaterra, em 1285, e dedicou seus últimos anos ao estudo e à meditação num convento de Munique, onde morreu em 9 de abril de 1347, vítima da peste negra.
Quando ainda em idade precoce, ingressou na Ordem Franciscana, onde estudou Filosofia.
Jovem ainda, foi para a Universidade de Oxford ensinar ciências filosóficas e matemática, teve contato com outro franciscano, o filósofo e teólogo, Duns Scot, do qual se tornou discípulo. Escreveu vários ensaios sobre as Sententiarum Libri (Sentenças) do teólogo Pedro Lombardo.
Um ponto drástico de sua vida ocorreu quando Occam chegou à conclusão de que o papa João XXII estava defendendo uma heresia acerca da pobreza evangélica.
Em função da controvérsia que surgiu, Occam fugiu para Pisa, e, em seguida, acompanhou o imperador Luís da Baviera para Munique. Em Munique, continuou a atacar a figura do Papa, redigiu vários ensaios abordando a infalibilidade papal, defendendo a tese de que a autoridade do líder é limitada pelo direito natural e pela liberdade dos liderados, esta afirmada nos Evangelhos, deixando sua situação com a Igreja cada vez mais difícil. Um de seus argumentos mais fortes foi a afirmação categórica que um cristão não contraria os ensinamentos evangélicos ao se colocar ao lado do poder temporal em disputa com o poder papal.
É um filósofo que deixa transparecer sua intensa luta pela liberdade e ao longo de anos desenvolveu uma teoria de liberdade baseada no sujeito. O indivíduo seria capaz de escolher e saber o que é certo e errado sem nenhuma intervenção exterior.
Conceito bastante revolucionário para a época, a Navalha de Occam (pluralidades não devem ser postas sem necessidade) defende a intuição como ponto de partida para o conhecimento do universo.
Quando ainda em idade precoce, ingressou na Ordem Franciscana, onde estudou Filosofia.
Jovem ainda, foi para a Universidade de Oxford ensinar ciências filosóficas e matemática, teve contato com outro franciscano, o filósofo e teólogo, Duns Scot, do qual se tornou discípulo. Escreveu vários ensaios sobre as Sententiarum Libri (Sentenças) do teólogo Pedro Lombardo.
Um ponto drástico de sua vida ocorreu quando Occam chegou à conclusão de que o papa João XXII estava defendendo uma heresia acerca da pobreza evangélica.
Em função da controvérsia que surgiu, Occam fugiu para Pisa, e, em seguida, acompanhou o imperador Luís da Baviera para Munique. Em Munique, continuou a atacar a figura do Papa, redigiu vários ensaios abordando a infalibilidade papal, defendendo a tese de que a autoridade do líder é limitada pelo direito natural e pela liberdade dos liderados, esta afirmada nos Evangelhos, deixando sua situação com a Igreja cada vez mais difícil. Um de seus argumentos mais fortes foi a afirmação categórica que um cristão não contraria os ensinamentos evangélicos ao se colocar ao lado do poder temporal em disputa com o poder papal.
É um filósofo que deixa transparecer sua intensa luta pela liberdade e ao longo de anos desenvolveu uma teoria de liberdade baseada no sujeito. O indivíduo seria capaz de escolher e saber o que é certo e errado sem nenhuma intervenção exterior.
Conceito bastante revolucionário para a época, a Navalha de Occam (pluralidades não devem ser postas sem necessidade) defende a intuição como ponto de partida para o conhecimento do universo.
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