Kabbalah

O Nightside Of Eden é exatamente o livro que está ocupando minha cabeceira nesse momento, numa versão traduzida bastante esclarecedora. Estou mergulhando fundo nas considerações do Kenneth Grant, fiquei bastante empolgado com as palavras dele dentro do conceito judaico e não-judaico, sendo que ele e eu preferimos este último. Acredito que você também.

Eu tenho raízes pagãs muitos fortes no meu conjunto de crenças, eu vejo o mal como forças rebeldes advindas de uma causa justa, se é que você me entende. No estudo da Cabala somos obrigados a entender o mal negativo do mal positivo. Eu não acredito no maniqueísmo, eu acredito no junção das duas forças para um trabalho mágico proveitoso e completo.

Eu adoraria falar mais de filosofia oculta aqui, mas eu e você sabemos que o manejo das duas forças é o ideal para qualquer trabalho mágico. A própria imagem do nosso venerável andrógino mágico, o Baphomet, exprime com extrema erudição o trabalho na Mão Direita e na Mão Esquerda. Não existe um só caminho no meu ponto de vista. Equilibrar e jogar com as duas forças é o íntimo da minha crença.

Eu gosto muito, mas MUITO das considerações do Eliphas Lévi sobre isso em muitos de seus livros. Acho importante quando ele diz que devemos trabalhar com a dita analogia dos contrários todo o tempo, para evitar a inércia. ISSO TEM MUITO SENTIDO, TANTO OCULTO COMO PRÁTICO. Se jogarmos com a mão esquerda, lá estará a mão direita para equilibrar estas jogadas sem cair no ócio.

Ok, sendo mais objetivo: eu espero poder trilhar e conhecer essas forças e direcioná-las de acordo com a minha VONTADE. É simples. Não vejo motivos para expôr detalhadamente o que eu quero com esse ritual, mas não é difícil deduzir. Não é exatamente poder, mas trabalhar essa energias para fins de conhecimento desses mundos ocultos, vivenciar essa dimensão de verdade, sem quaisquer amarras impostas pelos dogmas judaico-cristãos.

Vou dar um exemplo prático: quando alguém deseja fazer um ritual para a deusa Afrodite já dá para termos uma ideia de que a pessoa quer harmonia, afeições, dotes artísticos e tudo o que esta deusa poder proporcionar, na medida do seu poder.

Com as qliphoths não é diferente. Eu busco conhecer cada caminho que leva a elas para poder usufruir dessas energias ditas 'perigosas', 'proibidas' para os fins que a minha vontade julgar como úteis. Eu não tenho nenhum desejo de poder gratuito, nada disso. Antes de qualquer coisa, eu quero vivenciar esses mundos todos, projetando essas emanações para o que eu mesmo tiver vontade mais pra frente, com a experiência nesse caminho. Tudo bem, A Árvore da Morte é a morada dos demônios, lá encontraremos desde Gamaliel até Samael. Contatar essas entidades será de extremo agrado pra mim, visto que estou mergulhando nesse universo.

Você já ouviu falar em elementais artificiais? É mais ou menos isso. Não é difícil criar um elemental artificial e alimentá-lo, difícil é conter a energia desse elemental para que o mesmo não cause problemas e coloque nossa vontade preliminar por água abaixo.

Na tradição judaica, as Qliphoths fazem parte da Árvore da Vida, não são um "caminho oposto", são uma face da mesma expressão.

As Qliphoths são emanações excessivas ou restritivas das Sephirots. Mas isso não está "fora" dos planos da Criação, muito pelo contrário! Todos os Arcanjos Rebelados, ou "Arcontes", como chamam em algumas tradições, são expressões necessárias para a evolução dentro da própria Árvore da Vida!

Então pegando um exemplo prático, da atriz desenvolvendo Netzach... ela em evolução dentro desta sephira, compreendendo seus conceitos e vivenciando seus desafios.

A Árvore da Morte está "inserida" dentro deste aprendizado, no sentido que ela representa tudo aquilo contrário a esta Sephira. Então, para aprender o verdadeiro conceito de Netzach, ela irá vivenciar todos seus aspectos contrários, a luxúria, o vício, a sedução, irresponsabilidade, expansividade excessiva... ela entrará em contato com tais aspectos, e somente poderá se "iniciar" nesta Sephira, na medida em que compreende estes aspectos, tanto os aspectos da Sephira em si, como os aspectos opostos.

Os Arcontes, Demônios das Qliphoths, são em essência energias arquetípicas representando os "guardiões" de cada Qliphoth. Eles são, em essência, os guardiões dos segredos de cada Sephira, e para você compreender ela como um todo, deve compreender principalmente seu oposto! É como se desafiassem você, como um enigma, uma charada, uma perdição oculta que busca te desafiar para, que no fim, se encontre o rumo.

Quando se diz que a Árvore da Morte também representa o oculto, isto é muito verdadeiro. Alguns estudos dizem que seu acesso se dá através de Da'at, que é a origem de todo o conhecimento denominado "oculto".

Então, cultuar e realizar rituais na Árvore da Morte, é fazer algo, de certa forma, incompleto, nesta visão. Pois ela representa um espelho, um co-aspecto deste caminho.

Vou dar um exemplo bastante prático, mas não se trata de minha opinião pessoal, trata-se de uma verdade dentro da Psicologia e da própria Psicanálise.

Uma vez Freud disse que o comportamento dito "endiabrado" é vital para a existência, porque apenas isso seria capaz de nos libertar das amarras do que é politicamente correto. Esse desequilíbrio momentâneo não é eterno, mas necessário para que possamos eventualmente sair dos trilhos "tradicionais", visando nossa liberdade.

Como eu disse, isso é um fato dentro da Psicanálise e também da Psicologia, não se trata de uma opinião exclusivamente minha.

Eu discordo que as sephiroths 'libertem', o que liberta na verdade são as qliphoth. Libertam justamente porque nós nos desequilibramos temporariamente, a fim de desfrutar, de fato, determinada experiência.

O caminho politicamente correto, o caminho coerente e estável é o caminho sefirótico. O caminho politicamente incorreto, o caminho caótico e "endiabrado" é o caminho qlifótico. Ou seja, se quisermos de fato nos libertar de verdade, teremos que ultrapassar (não transcender) o caminho politicamente correto da Árvore da Vida, a fim de experimentar o chaos.

Outra coisa: a liberdade e a libertação NÃO RESTRINGEM! Não precisa ser muito inteligente para perceber que as sephirots restringem e as qliphoths libertam. Como eu poderia me julgar livre de verdade se há uma restrição com o outro lado da Árvore? Existem obrigações morais dentro da cabala como um todo, isso não é restrição?

Quando se compreende a "trindade" Freudiana de Ego, Super Ego e Id, você vê que ele não pende pra lado algum, apenas analisa.

Aliás, a Árvore da Vida e a Árvore da Morte são, assim como Ego-Superego-Id, aspectos de algo uníssono, e não um "embate cósmico" ou "agentes ordeiros x agentes caóticos".

O Caos é necessário para a Ordem, e vice-versa, a própria analogia do momento da Criação segundo a Árvore da Vida é essa... a emanação da dualidade, a força que se repele e se atrai ao mesmo tempo, balanço suave entre o Caos e a Ordem... tudo faz parte, já é inserido nessa leitura.

Por fim, gostaria apenas de enfatizar a excelente dica do livro do Kenneth Grant (NightSide of Eden) como também sugerir aos maiores interessados no assunto, uma outra obra, essa de um brazuca... a Cabala Draconiana, do Adriano Camargo (esse cara está mandando muito bem).

Mais uma dica de livro:

A CABALA TEÚRGICA

A busca da essência do homem está intimamente ligada às leis metafísicas que regem e explicam a origem de tudo o que existe. Somente aquele que compreende a dinâmica do Universo e aprende a agir conforme esses preceitos pode alcançar a verdadeira plenitude.

Ao longo de sua história, a Cabala assumiu grande número de aparências. Exprimiu-se inicialmente em sua tradição de origem, a hebraica; depois, diferentes adeptos a integraram progressivamente ao Cristianismo. Os cabalistas cristãos estabeleceram uma estreita reaproximação entre sua tradição religiosa e as antigas iniciações oriundas do culto aos Mistérios. Eles certamente deram uma nova face ao que se tornou a Cabala cristã e que podemos também nomear a Cabala hermética. A partir daí, os iniciados e os ocultistas se apropriaram dela e fizeram desta um verdadeiro instrumento de evolução espiritual. Essa herança cabalística se encontra hoje em certas escolas iniciáticas ocidentais e, às vezes, está presente de forma essencial-mente simbólica, como na Maçonaria. Ainda assim, ela é explicitamente utilizada, tanto como prática mística quanto como técnica ritual. É o caso, por exemplo, de certas correntes rosacrucianas ou teúrgicas. Numerosas práticas apresentadas nesta obra, tais como a da Rosa de Luz ou a da Roda Ardente, permitem realizar verdadeiramente a experiência desta viva tradição.
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O livro Cabala Teúrgica - A Tradição das Escolas Iniciáticas da Antiguidade, de J. L. de Biasi, acaba de ser lançado em português e está disponível no site da Editora Madras. Certamente um marco na literatura disponível em terras brasileiras a respeito de Cabala Hermética e da Tradição Ocidental.

Sobre o autor

Filósofo, conferencista e escritor, Jean-Louis de Biasi estuda os diversos domínios da tradição há mais de 30 anos. Ele é especialista em tradições espirituais e religiosas do Ocidente e coordena diferentes ensinamentos e formações internacionais sobre os temas abordados em suas obras. Atento a conciliar as exigências críticas da razão com as contribuições das tradições e do trabalho prático a que elas conduzem, sua análise didática permite a qualquer um compreender facilmente o funcionamento desses domínios. Iniciado nos graus mais elevados das principais tradições iniciáticas ocidentais, ele é Grão-Mestre da Aurum Solis e Grande Patriarca da Ordem Cabalística da Rosa-Cruz. Também é maçom, membro de várias Grandes Lojas, iniciado no Grau 32 do Rito Escocês (S. J. Estados Unidos) e no Arco Real. Neste livro, Jean-Louis de Biasi mostra que, há mais de 1.500 anos, a Bíblia é, para os cristãos e para grande parte da sociedade ocidental, o funda-mento da tradição religiosa. E, como todo texto sagrado fundamentador de uma religião, considera-se que a Bíblia possua um sentido literal e um sentido oculto. É sobre esse esoterismo que se fundou a tradição cabalística. E é erguendo o véu da alegoria e utilizando as técnicas rituais e espirituais que remontam a mais distante Antiguidade que você poderá encontrar nesta obra o espírito e a alma de nossos mestres do passado, Hermes e Pitágoras, assim como numerosas personalidades que iluminaram a tradição hermética.

Konx om Pax!

Nehushtan - A Serpente de Bronze

4=7 Avançado no Caminho do Philosofus.

O 29º Caminho de Qoph.

Hierofante: Esta é uma imagem da Serpente Ne-hush-tan, que Moisés fez para curar todos que olhassem a ela quando YHVH/Yahweh mandou os Seraphins sobre as Crianças de Israel e foram picadas pelas Serpentes do Fogo no deserto.

Para nós, é a Serpente dos Caminhos da Árvore da Vida: Nahushtan se envolve sobre Asherah, que é a Árvore, como força e forma se combinam e trazem manifestação. Como tanto é a Serpente da Sapiência Celestial.

Nahushtan se enrosca em um eixo em forma de cruz reconhecido como o cetro do Hierofante, dizendo o seu significado e poderes: O cetro é o Todo da Árvore da Vida, o inteiro Cosmos, a qual movida pelo Verdadeiro Adepto confere a Bêñção do Todo, a essência da Iniciação do Neófito. A serpente Nehushtan é o Poder que se envolve no cetro como a Árvore e traz, com o comando do Hierofante, aquela Bênção.

Bem, li isso em um site da Aurora Dourada, na parte de livros. É apenas a menção feita no ritual. Eu gostaria de saber se esta Serpente de Bronze tem alguma relação com o Thelema em si, porquanto li no mesmo texto que seria a Serpente nada mais nada menos que Hadit. Aí entra minha dúvida. Qual a relãção com o Thelema? Por que esta Serpente de Bronze é utilizada neste Ritual? Qual seu real significado na ordem, além deste que escrevi acima? Estou muito curioso, gostaria de saber qual a relação de tudo isso com o fundamento bíblico, a origem da Serpente.

Muito Obrigado a todos que se dispuserem a me ajudar.