Fenícios

Ser ou Não Ser escreveu:Morro da Gávea e suas inscrições podemos esquecer.

Essa história dos fenícios na América do Sul é uma piada sem graça, feita ainda na época do Imperador Pedro II...

Fenícios na América está fora de possibilidade porque não sabiam barlaventear e não podiam contar com barcos de propulsão mista (vela e remo) para atravessar oceano por conta de autonomia (muito espaço ocupado com bocas e pouco com comida e água).
Já a circunavegar a África seria difícil, mas plausível. Seria uma viagem demorada, com barcos parando e semeando e colhendo novas colheitas e suplicando provisões a cada povo que encontrasse. Talvez quando os fenícios voltassem ao Egito pelo costa noroeste, o faraó já não fosse mais o Nekao!
O almirante romano Agricola circunavegou a GranBritania e TALVEZ a Irlanda.
O semihistórico grego Pitias de Massilia PODE ter chegado a Escandinávia.
Os fenícios/cartagineses alcançaram a Nigéria e as Canarias, numa circunvavegação parcial em sentido oposto ao narrado pela expedição bancada pelo Necao.
Os egípcios propriamente ditos realmente não gostavam de navegar pelo mar, embora fossem exímios na navegação fluvial. O período de maior poder naval egípcio foi durante a dinastia ptolomaica.

Interessante...

Alguém pode me dizer mais sobre os fenícios?

Os fenícios antigos eram cananeus que viviam entre o Mar e o Monte Líbano (rico em florestas de cedro, ótima fonte de madeira). Pra povo de terra árida, o pico eternamente nevado dos Montes Líbano lembrava coalhada, que é algo branco. Na língua cananeia, aramaica, hebraica e árabe a palavra "lbn" é branco.
Espremido pela geografia e por vizinhos poderosos, cedo,eles se dedicaram a navegação, talvez após contato com povos do Mar.

Os atuais libaneses (pelo menos a elite ocidentalizada) gostam de se achar fenícios. Similarmente a elite ocidentalizada (e exilada) do Irã que gosta de se achar PERSA.

Na época em que viveram, foram grandes navegadores e construtores de barcos, o que foi facilitado pela existência de enormes florestas na Fenícia. Extrairam tanta madeira que hoje ela está quase extinta lá.
Na atualidade, a influência foi o alfabeto fenício, que (até a presente data) foi o primeiro a usar 22 letras, cada uma simbolizando um som da linguagem falada.
Chama-se Alfabeto Fonético (fonós em grego quer dizer som). Essa foi, naquela época, uma inovação. E alguns cientistas explicam que os fenícios, como comerciantes, anotavam todas as transações que faziam e precisavam de um alfabeto que fosse fácil tanto de escrever quanto de ler. Desse alfabeto surgiu o grego, mais tarde o romano e o nosso, atual, descende dele também.

O próprio vidro não é invenção fenícia?

Tenho a impressão (não tenho certeza) que o vidro veio da vitrificação de tijolos que os Mesopotâmios sabiam fazer, bem como os Egípcios. Na Mesopotâmia temos a porta de Isthar, da Babilônia, que está, se não me engano, no British Museum e, no Egito, as câmaras internas da pirâmide de degraus, ou do Faraó Djoser.

Uma dúvida sobre nomes:

Os romanos chamavam a Fenícia de Phoenitia. Esse nome me parece algo relacionado com Phoenix. Phoenix pode tanto ser aquele pássaro legendário que se atira ao fogo para renascer das cinzas, como também pode ser o nome latino para as tamareiras, uma das mais importantes fontes de alimento no Oriente Médio desde sempre.

Deve haver alguma conexão aí. Alguém sabe se o mito da Phoenix era corrente entre os fenícios, ou se a Fenícia na verdade herdara o nome pelo qual os ocidentais a conheciam pelas tamareiras que poderiam habitar aquelas terras?

A palavra grega para a Fenícia era Phoiniki também era um sinônimo de púrpura, provavelmente devido ao fato dos Fenícios comerciarem tintura púrpura extraída de um caramujo, muito valorizada pelas classes altas das civilizações em contato com o mediterrâneo, na época. Segundo Aristóteles, esta tintura valia vinte vezes seu peso em ouro.

Segundo as informações que encontrei, chamamos a ave mitológica de Phoenix justamente pelo nome dado à ela pelos gregos, que significa "púrpura-vermelho", ou, mais precisamente o que chamamos de escarlate (crimson em inglês, se não me engano).

O adjetivo em latim para designar os fenícios era punicus, e veio do grego. E daí deriva o nome "Guerras Púnicas".

Uia, legal, eu não sabia sobre o nome grego da tintura.

Aliás, o processo de extração dessa tintura era a coisa mais nojenta, e praticamente extinguiu esses moluscos no Mediterrâneo.

Fênix
...o mito original da Fênix pode ser a ave benu da mitologia de Heliópolis/On, a ave seria uma metáfora de Rá, o sol. Pássaro de fogo que morre, mas renasce. O contato da Fenícia com o Delta do Nilo é antiquíssimo. Curiosamente os fenícios (das metrópoles sírias e das colônias líbias) se chamavam de cananeus até bem depois das guerras púnicas.