Curiosidades extremamente inúteis

Achei curioso - não sabia disso - é que segundo Séverine Farget-Vissière (historiadora especializada em estudos medievais) Joana D'Arc foi julgada no cemitério de Rouen.

Também não sabia... Mas é mais uma comprovação de que os cemitérios eram as únicas áreas grandes de livres de construções na Idade Média. As cidades tinham as casas todas grudadas umas nas outras, as ruas tinham a largura necessária para dois cavalos passarem em sentidos contrários. E deviam ser incrivelmente fedidas. kkkkkk

Tem a ver com espaço sim, Alquimista.

Por exemplo, as cerimônias de Finados e a missa de Ramos, que dá início à celebração da paixão e morte de Jesus, aconteciam na necrópole, lugar espaçoso, e reunia muita gente, deve ser por aí. Tem também o lado triste, segundo a mesma historiadora "era na necrópole que se pronunciava a pavorosa sentença de 'morte civil' dos leprosos, cerimônia que copiava fielmente os ritos fúnebres. Expulsavam-se os leprosos da comunidade dos viventes, entregando-lhes os instrumentos de sua nova condição: as luvas, a gamela e a barulhenta matraca, com que anunciavam sua passagem para que as pessoas sãs se afastassem." No filme Ben-Hur - com Charlton Heston, um épico - a gente tem uma noção de como viviam os doentes de Hanseníase na antiguidade e isso perdurou até o medievo.

Já que o FIAT LUX abordou o tema "leprosos no cinema", podemos citar então o leproso que segue os cavaleiros em "O Incrível Exército de Brancaleone", a excelente atuação do rei Baldoin IV de Jerusalém em "CRUZADA", e a antológica e insuperável atuação de Stenio Garcia como o Aleijadinho na célebre minissérie da Globo, nunca mais reprisada...

Engraçado, imagine onde era o açougue?! Imagine você comprando "carne" no cemitério!! Era chamado banca de carniceiro. Conta Séverine que os comerciantes gostavam do lugar que era isento de impostos. Imagine mercadorias expostas sobre solo de ossadas humanas.

"Em 1402, Paris proibiu os comerciantes de expor mercadorias sobre os túmulos. Em vão. Até o século XVIII, as lojas se alinhavam no cemitério dos Inocentes, tanto que se falava no 'ossário dos vendedores de roupa' e no 'ossário dos escreventes'. Um viajante descreveu esse lugar incrível, no qual se via 'uma fila dupla de lojas de escreventes, de vendedores de roupa, de livreiros e de mercadores de panos. (...) Em meio a essa confusão, procedia-se à exumação, abertura de um túmulo para substituir cadáveres ainda não totalmente consumidos'."

Um dos maiores cemitérios do mundo fica em Paris. E é justamente o dos Inocentes. Existem ossários imensos, da época da Peste Negra. Eles foram exumados para dar lugar a novos túmulos. Mas hoje em dia é proibido o comércio dentro desse cemitério. Mas nas ruas adjacentes não... hehehe

Isto faz lembrar as empadinhas vendidas pelos canibais de Garanhuns...

E, para mim, faz lembrar a obrigação que algumas famílias impõem, de visitar o cemitério no dia de Finados... Com direito a feiras com vendedores desde flores e velas até de pastel... kkkkk

Parece que comida tem tudo a ver com cemitério... haviam também práticas agrícolas nos cemitérios, Fargette-Vissière conta que no século XI a cevada era abundante no cemitério de Saint-Gervais, e na Normandia a igreja condenava a população caso os cemitérios não fossem cultivados. Fico imaginando que para cultivar cereais e legumes obviamente é preciso água, então tinham que fazer cisternas no cemitério, e que qualidade de água era essa? Escavada num solo com organismos em decomposição? Uma cidade próxima de onde resido, teve o lençol freático comprometido, a população começou a reclamar de mau cheiro na água que abastecia as casas, e o problema foi o cemitério que estava bem acima desse lençol freático, os técnicos tiveram como solução mudar o "campo santo" (como era chamado no medievo) de lugar.

O Conde de Monte Cristo escreveu:Isto faz lembrar as empadinhas vendidas pelos canibais de Garanhuns...

Dá pra imaginar o recheio...

Quanta utilização do campo santo! O local também servia de pastagem para o gado, refúgio em tempos de guerra e esconderijo dos bens de habitantes em algumas localidades. Estou lendo com curiosidade sobre tudo isso. À noite não era bom passar pelo cemitério, François Rabelais escreve que mendigos e foragidos da lei por lá vadiavam. Lugarzinho movimentado no medievo, quem diria?

Cemitérios...para quem gosta... sempre foram pratos cheios... Você já leu sobre os cemitérios no HAITI....???????

Somente no contexto do Tantra, aghorins meditam nos campos de crematório, e agora descobri no contexto da idade média. O que tem os do Haiti?

Apenas uma sugestão para pesquisa...

Alguém já ouviu falar de Renee de Vendome, que foi confinada no cemitério pelo assassinato do marido?

E os cemitérios mexicanos, com os banquetes fúnebres dos mais alegres, nos dias de Finados?

Mas, Bafomé... Essa é uma tradição de origem Maia. Inclusive os eméritos sacerdotes católicos espanhóis, que quase acabaram com toda a cultura maia, não gostavam muito dessas comemorações tão alegres para os mortos...

Morrer é tão natural quanto nascer, faz parte do ciclo.

Também acho... Aliás, quem tem medo da morte é porque não sabe o que é estar vivo...

Bela frase!

Alquimista escreveu:Mas, Bafomé... Essa é uma tradição de origem Maia. Inclusive os eméritos sacerdotes católicos espanhóis, que quase acabaram com toda a cultura maia, não gostavam muito dessas comemorações tão alegres para os mortos...

O bom é que essa tradição jamais acabou! O dia de Finados que vi na Cidade do México foi muito mais divertido que qualquer carnaval brasileiro que eu tenha visto um dia!

Obrigado, FIAT LUX. E Bafomé... Existem algumas cidades da região montanhosa do México que fazem essa comemoração de forma muito bonita, enfeitando os cemitérios e levando verdadeiros banquetes para comemorarem a data. Passam a noite lá.

Nada supera os cemitérios do medievo... apesar do que vocês escreveram sobre as festividades mexicanas. No século XII, um bispo fundou um cemitério que não admitia cadáveres, rsrss... mas os monges locais que queriam ser enterrados lá, tiveram ganho de causa. Os vivos desalojando os mortos, parece piada. Pena que o texto não conta onde se deu o fato.

Em Père-Lachaise aconteceram os mais badalados eventos no túmulo de Jim Morrison... E se um brasileiro vai lá, dizem que o guia logo de cara vai informando onde fica o jazigo de Allan Kardec... kkkkkkkk