Os Lusíadas

"Melhor é exprimentá-lo que julgá-lo;
Mas julgue-o quem não pode exprimentá-lo."

Eles veredes são
E tem por usança
Na cor esperança
E nas obras não.

CAMÕES - Rimas

As armas e os barões assinalados
Que, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram.

Eis a descrição de como os portugueses fizeram as grandes navegações e criaram o império ultra-marino de Portugal...

Em minha opinião, Camões é melhor poeta que Shakespeare...

Se você já leu um soneto de Shakespeare em Inglês sabe do que estou falando... Tá certo que Shakespeare era um ótimo dramaturgo, mas todo mundo idolatra o cara como se fosse o maior artista de todos tempos... Os Sonetos de Shakespeare são mui chatos comparados aos de Camões (aliás, eu nunca li um poeta em inglês que fosse melhor que nosso mestre, nem Yates, nem Faulkner... no entanto a crítica teima em dizer que eles são os melhores, vai entender...)

Pode ter certeza, Shakespeare é extremamente chato! Camões é o maior. Ninguém é comparável a ele. E digo mais, Shakespeare é chatinho em seus sonetos, mas nas peças é trágico!

Eu penso que não podemos rivaliza-los, mas equipara-los em suas genialidades.

Me desculpa, mas eu não gosto de comparar dois poetas. Cada um tem seu estilo de escrever. Eu, particularmente, não gosto de alguns poetas que são "idolatrados" por algumas pessoas. Cada um tem seu estilo de poesia. Não acho muito certo comparar dois poetas tão bem reconhecidos.

Fabiano, concordo em gênero, número e grau. Shakespeare foi o maior dramaturgo da História, suas peças são completamente hors-concours, mas os sonetos shakespearianos são, no máximo, interessantes. O que acontece é que, por ele ter esse lado maravilhoso como dramaturgo, as pessoas esquecem que ele não necessariamente era excelente em tudo a que se dedicasse.

Pessoa tentou chegar perto de Camões. Deve ser até frustrante tentar ser poeta num país que sempre vai tomar como referência Camões. Como ele, ninguém.

O desconcerto do mundo

"Os bons vi sempre passar
no mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.

Tentando alcançar assim
O bem, tão mal ordenado,
Fui mal,mas fui castigado;
Assim só para mim;
Anda o mundo concertado."

E nada mudou... O mundo está cada vez mais desconcertado... E por isso e por outras Camões estará vivo por muitas gerações...

Qual episódio de Os Lusíadas mais te apetece?

O Concílio dos Deuses;
Inês de Castro;
O Velho do Restelo;
O Gigante Adamastor;
Ilha dos Amores;

O Velho do Restelo, que, quando lido com atenção, confrontado com o final e acompanhado de algumas leituras, permite perceber a voz do próprio Camões e de parte importante dos portugueses da altura, que achavam mais importante conter a ameaça moura.

Eu penso também na força do episódio do Gigante Adamastor, pois, além de abordar um velho tema do amor impossível e toda a sua dramaticidade, apresenta inusitadamente um monstro dotado de sensibilidade, lirismo, a ponto de transparecer uma desesperada fragilidade. Não sai da minha mente sua exclamação, no final: "Que te custavas me manter nesta fantasia?". Preferir conscientemente a fantasia à realidade é de uma dramaticidade que me deixa tocado.

O episódio do Velho do Restelo é uma das passagens mais maravilhosas que eu já vi... Tem muita música na fala do velho... Ler em voz alta me dá uma sensação de força incomparável... Ontem à noite, eu e colegas fizemos um mini-sarau... Todo mundo lia coisas mais contemporâneas, mas na minha vez, eu saquei meus Lusíadas, abri na estrofe 94 do Canto IV e mandei ver até o final... A minha parte preferida é:

que promessas de reinos e de minas
de ouro, que lhe farás tão facilmente?
que famas lhe prometerás? que histórias?
que triunfos? que palmas? que vitórias?

Lindo demais...

Gigante Adamastor, Velho do Restelo, Os Doze de Inglaterra e Inês de Castro...

Os mais são Inês de Castro e Gigante Adamastor...
Simpatizo com A ilha dos amores, já que esta liga com o Gigante Adamastor...
Mas o que realmente me impressiona é a métrica de Camões, e também a ilusão que se passa do Vasco da Gama.

Adoro Os Lusíadas e escolher o episódio mais bonito é difícil...
Fico com Inês de Castro, pelo lirismo e pela tristeza, e com Adamastor, pela genialidade de imaginar um gigante com dor de amor, destruindo quem passa por ele, quando, na verdade, está se destruindo também...

Fica difícil, mas os que eu mais gosto são os finais do canto sexto e sétimo por causa que aí ele mostra seu lado mais humano.

Eu gosto do episódio de "Os Lusíadas" que narra a história de Inês de Castro, principalmente a parte que diz assim:
Se tua sede, fero amor
nem com lágrimas tristes se mitiga
é porque queres, áspero e tirano,
suas aras banhar em sangue humano ...

Camões é especial

Tentei encontrar, entre os escritos de Camões, O escrito. Não pude escolher, pois cada um que leio ou que me vem à memória, é um deleite! Nunca vi um poeta saber cantar tão bem o amor numa época tão adversa como foi a que viveu. E a mulher, então! Nunca a mulher foi tão evidenciada, tão lindamente vista que pelos olhos desse Poeta! Viva Camões!!!

"Nem que eu falasse a língua dos homens e dos anjos... sem amor nada seria..."

VIVA A LÍNGUA DE CAMÕES!!!

Pessoal, temos de nos orgulhar da língua portuguesa ser a terceira mais falada no mundo ocidental e a quinta do mundo. Somos mais de 200 milhões e língua oficial de oito países.
VIVA A LÍNGUA PORTUGUESA!

Martinho, acho, sinceramente, que o motivo pelo qual deveríamos nos orgulhar da língua portuguesa não é o fato de ser bastante falada, e sim, porque é uma língua muito rica e muitíssimo bem estruturada...

Todos os motivos expostos são motivo de orgulho para nós, lusófonos.

A favorita dos deuses

Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Se eu fosse dicionarista, colocava esse poema na definição de amor.

Monalisa escreveu:
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?

Nenhum poeta falou de Amor como Camões..Ele traduziu da melhor forma e simplesmente o que sente quem ama quando se apaixona... perfeito!