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Miranda do Douro

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Mensagem por Senhor Galandum 6/2/2024, 21:29

A Incrível Arte dos Pauliteiros e Tamborileiros de Miranda do Douro

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Mensagem por Senhor Galandum 6/2/2024, 21:47

MIRANDÊS – APRESENTAÇÃO

Etnografia - Outra língua

Em terra de boas e ricas tradições, num canto do Nordeste português, fala-se uma língua com um corpo gramatical perfeito (fonética, fonologia, morfologia e sintaxe próprias) que, sem ser portuguesa, vem do tempo da formação de Portugal (século XII): é o mirandês ou língua mirandesa.

De raiz latina (latim falado no Norte da Península Ibérica) e fazendo parte do grupo dos dialectos leoneses, manteve-se, até hoje, por ter vivido à margem desse grupo linguístico e do país a que pertence (acasos da História e entraves geográficos). Em finais do século XIX, descrevia-a José Leite de Vasconcelos como “a língua do campo, do trabalho, do lar, e do amor entre os mirandenses”.

Hoje, é usada no dia a dia por 15.000 pessoas das aldeias do concelho de Miranda do Douro e de três aldeias do concelho de Vimioso, num espaço de 484 km2, estendendo-se a sua influência por outras aldeias dos concelhos de Vimioso, Mogadouro, Macedo de Cavaleiros e Bragança

Esta Segunda língua oficial de Portugal já tem uma convenção ortográfica.
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Mensagem por Senhor Galandum 6/2/2024, 21:51

BARRAGENS – APRESENTAÇÃO

Texto retirado da publicação "BARRAGENS EM PORTUGAL: DE VILARINHO DA FURNA À ALDEIA DA LUZ, COM PASSAGEM PELO DOURO INTERNACIONAL"
de Manuel Antunes, Lucinda Duarte e João Pedro Reino

O grande impulso para o sector eléctrico em Portugal surgiu nos anos de 1940, com a definição das linhas mestras da electrificação do país.
Foi neste âmbito que, a partir da década de 1950, se realizou a construção de grandes empreendimentos hidro e termo eléctricos, nomeadamente em Vilarinho da Furna, Picote, Miranda do Douro, Bemposta e, finalmente, em Alqueva, com a submersão da aldeia da Luz.
O grande impulso para o sector eléctrico em Portugal surgiu a partir de 1940, nomeadamente com a Lei 2002, de 1944, que definiu as linhas mestras da electrificação do País.
O que levou à criação das primeiras grandes empresas hidroeléctricas portuguesas: a Hidroeléctrica do Zêzere, para fornecer energia a Lisboa; a Hidroeléctrica do Cavado, para abastecer a cidade do Porto; a Hidroeléctrica do Douro; a que se juntou a Companhia Nacional de Electricidade, com a concessão das linhas e subestações de transporte, e a Termoeléctrica Portuguesa.
As referidas empresas viriam a fundir-se, em 1969, na Companhia Portuguesa de Electricidade (CPE), a qual acabou por ser nacionalizada, dando lugar à Electricidade de Portugal (EDP), em 30 de Junho de 1976, ficando esta com o monopólio da produção, transporte e distribuição de energia no Continente.
A construção das barragens do Douro Internacional constituiu uma marca de uma época, são uma experiência precisa, rigorosa e, para além do mais, grandiosa, que ficou oculta nas escarpas do Douro Internacional.
São elementos de afirmação do poder proteccionista do Estado. Era um período de euforia para os engenheiros e um ambicioso projecto de exploração hidroeléctrica num percurso de cerca de 40 kms do Douro.
A construção de barragens era sinónimo de orgulho e progresso tecnológico.
Era uma fase de assombro, na qual este tipo de empreendimentos eram um requisito obrigatório para o processo de industrialização/desenvolvimento local/nacional.
O caso do Douro Internacional é uma situação sui generis.
A construção das barragens de Picote, Miranda do Douro e Bemposta não implicou a submersão de nenhuma aldeia, logo não envolveu a sua relocalização e também não teve impactos directos sobre as comunidades. Com a edificação das barragens, os impactos foram essencialmente ao nível do património natural. No caso do Douro ainda existe um outro simbolismo de extrema importância. A edificação destas três barragens significava a conciliação do Movimento Moderno da Arquitectura com os aproveitamentos hidráulicos. Isto supunha que o processo de industrialização estabelecesse um diálogo entre os elementos arquitectónicos e a paisagem.
Estas barreiras de betão foram construídas na «época de ouro» das barragens. Estávamos em 1950. Primeiro Picote, depois Miranda do Douro e, por fim, Bemposta, já nos anos 60.
A construção de barragens significa a alteração da paisagem, ou seja, os paredões moldam e contribuem para um processo de modificação do horizonte. No entanto, esta conciliação entre Arquitectura e Engenharia, fez com que houvesse um esforço de fazer as barragens «como parte integrante» da paisagem. Isto implica que, nestes três casos, as barragens eram elementos de representação do Poder mas, também, elementos de produção da paisagem, ou seja, as barragens como uma componente que vai reconstruir a paisagem.
As barragens de Miranda do Douro, Bemposta e Picote simbolizam uma etapa da história da Arquitectura Moderna que se mantém desconhecida, tendo havido, por parte da equipa de arquitectos, uma preocupação de plena integração e inserção na paisagem, no contexto, isto é, uma perfeita relação entre a função e a forma. A construção destas barragens permitiu que nascesse um conjunto de equipamentos de invulgar valor, produto de uma admirável modernidade e de um excepcional cuidado, tanto no traço como na articulação com a paisagem natural, tendo-se conciliado as preocupações estéticas e a necessária funcionalidade.
Picote, Miranda do Douro e Bemposta são um exemplo paradigmático, por todo o contexto envolvente. Como apoio a essa construção, foi edificado um conjunto de equipamentos colectivos, O Moderno Escondido (Cannatà, 1997). Estas edificações foram feitas como uma estrutura de serviços auto-suficientes, uma cidade ideal, a cidade dos tempos modernos:
Foi criado um centro urbano de raiz. O objectivo era oferecer aos trabalhadores as condições de habitabilidade nos espaços residenciais, situados junto da obra. Construíram-se moradias, escola, centro comercial e uma capela. Todas estas edificações foram obra dos arquitectos João Archer, Nunes de Almeida e Rogério Ramos, responsáveis pela construção da cidade ideal, da cidade moderna, da «cidade à colher». Um trabalho notável, mas esquecido e ignorado. A cidade moderna tinha três elementos chave: o local de trabalho, de residência e o espaço comercial (onde se incluía a escola, posto médico, o centro social e as lojas). Consistia numa arquitectura geométrica, modulada, afirmativa, de forte presença visual.
Mas, sempre articulada com as linhas de paisagem, numa sabedoria de implantação atenta às formas naturais que parece directamente herdada da tradição helenística. As edificações eram um marco racionalista, onde tudo foi pensado até ao mais pequeno pormenor do mobiliário.
Todas as barragens têm elementos comuns: uma central, um edifício de comando, de descarga e um parque de linhas.
A princípio todas seguiriam o mesmo modelo de construção (no que se refere às edificações de apoio à construção da barragem). Mas, à medida que os projectos avançam, os propósitos vão ficando incompletos em termos de infra-estruturas e zonas de apoio, não passando do papel.
A barragem de Picote foi a primeira das três intervenções a ser realizada no Douro Internacional, tendo-se iniciado em 1954 e a sua inauguração ocorreu em 1959. A localização desta barragem, uma pequeníssima aldeia rural, coincidia (coincide) com uma das áreas menos desenvolvida do País.
Foram montadas infra-estruturas para instalar as famílias dos trabalhadores envolvidos na construção. Em consequência da escassez de casas na zona do estaleiro, foi edificado um bairro privativo (casas definitivas). Foram construídas habitações para 5.000 mil pessoas, desenharam-se estradas, edificaram-se casas provisórias em madeira com baseamento em granito (que seriam mais tarde desmontáveis para a utilização noutros estaleiros) e elaborou-se um plano urbanístico para as estruturas definitivas. Picote era o núcleo central dos três empreendimentos.
Das estruturas definitivas faziam parte a estação de tratamento de água (em consequência da carência de água para abastecer este núcleo populacional foi necessário recorrer à elevação da água do rio e ao seu adequado tratamento), a escola, o bairro dos operários especializados e do pessoal dirigente (casa dos engenheiros), a capela, a estalagem, uma zona recreativa, parque de jogos, piscina e centro comercial (estação de correios, posto de saúde, padaria, mercearia, talho, peixaria, drogaria e barbearia).
As edificações definitivas serviriam, depois, para a gestão e manutenção do empreendimento. Em toda a construção e planeamento do espaço houve um cuidado meticuloso.
Os alojamentos são de dois tipos: havia as habitações uni familiares para os trabalhadores com família e as habitações colectivas para aqueles que não tinham familiares.
Estima-se que, no pico dos trabalhos, estiveram envolvidos 3.600 trabalhadores e, provavelmente, juntando os seus familiares, a população deste núcleo pudesse ter atingido os 6.500 indivíduos.
A barragem de Miranda do Douro é contemporânea à construção de Picote. Os trabalhos começaram em 1957 e terminaram em 1960. Neste caso foi elaborado um plano que estava em plena articulação e moldado à cidade de Miranda.
Assim, Miranda recebe, numa espécie de ressarcimento, um conjunto de infra-estruturas até então inexistentes, para usufruto de toda a população local. Estas contrapartidas foram exigidas pelos autarcas locais e teriam como objectivo aumentar a qualidade de vida da população. Paralelamente, são construídas as edificações que iriam auxiliar a construção da barragem. O tipo de edificações e o planeamento urbanístico seguiu o modelo de Picote.
Bemposta foi o último dos aproveitamentos do Douro Internacional. Os trabalhos iniciaram-se nos começos de 1960 e terminaram em 1964. Planeou-se a construção de um grande complexo residencial, um novo centro urbano. Deste novo núcleo faziam parte uma igreja, um centro recreativo, um edifício alfandegário e um posto de abastecimento de uma companhia petrolífera. Contudo, em consequência do somatório de vários factores (entre os quais se destaca a inovação tecnológica e o abrandamento dos investimentos do governo), este projecto nunca se chega a concretizar integralmente.
Estas construções, que possuem um valor arquitectónico inquestionável (funcionavam como uma plataforma logística para a construção das barragens), foram erguidas como uma espécie de «condomínio fechado», um gueto, isto é, como um território segregado. A cidade ideal (a cidade de sonho) constituía um modelo de organização anti-urbano, um modelo fechado em si mesmo. O objectivo era não haver contacto entre os da terra e as pessoas que vinham de fora para trabalhar nas obras. Numa primeira fase, esse objectivo foi conseguido. Com o decorrer dos tempos, começou a haver uma inter penetração entre os da terra e os trabalhadores das barragens. Estimava-se que, durante a construção, cinco mil pessoas permaneceriam nesta zona. Foi o «período áureo» para os conterrâneos. Picote, Miranda do Douro e Bemposta foram locais de confluência de milhares de pessoas. Os pequenos núcleos rurais passaram a ser lugares de grande movimentação.
Actualmente, com o avanço tecnológico e com a gestão centralizada das barragens, o número de funcionários necessários para assegurar este empreendimento é muito reduzido. A crise começou com a informatização das barragens, tendo-se iniciado um progressivo despovoamento de todas as instalações. Parte deste património edificado está votado ao abandono (casa dos engenheiros, escola, centro comercial), tendo-se convertido num povoado fantasma, totalmente despojado, situado num contexto rural de excepcional beleza.
Nos bairros dos operários, as casas ou foram recentemente vendidas a forasteiros (que as irão usar como segunda habitação), ou estão ocupadas por reformados da empresa.
Toda esta zona sofreu, nos últimos trinta anos, com o processo de i/emigração. O despovoamento é um problema preocupante do interior do país. O crescimento apregoado nos anos 50/60, do século passado, foi uma ilusão. Ainda hoje, as populações raianas vivem com dificuldades e o desenvolvimento socio-económico foi uma miragem.
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Mensagem por Senhor Galandum 6/2/2024, 21:56

Barragem de Picote


 Picote foi a primeira das três intervenções realizadas no Douro Internacional, entre 1954 e 1959.
As intervenções consistiam na realização de infra-estruturas para instalar as famílias do pessoal que iria trabalhar na construção. A localização coincidia com uma das áreas mais atrasadas do pais. Condição difícil, dada a ausência total de infra-estruturas e mão de obra qualificada necessárias à concretização de um programa complexo e ambicioso. Este programa comportava a construção de habitações e serviços para 5.000 pessoas. Traçam-se estradas, constroem-se casas provisórias em madeira com baseamento de granito, realiza-se a estação de tratamento de água, elabora-se o plano urbanístico para as estruturas definitivas.
A construção da paisagem e da imagem exterior e interiores aos edifícios é objecto de especial atenção. Estudam-se as espécies arbóreas compatíveis com o clima e com o objectivo das várias tipologias construtivas. Tenta-se conjugar tradição e moderno para obter novos e coerentes efeitos expressivos.
Materiais antigos encontram-se com novos para gerar formas lógicas e funcionais capazes de enriquecer a qualidade espacial. O cimento, o ferro e o vidro podem conviver e combinar-se com o granito, a ardósia e a madeira. A nova tecnologia propõe-se superar os limites que a economia e os condicionantes locais impõem.
A energia eléctrica assumida como um moderno símbolo vital da sociedade em desenvolvimento, com a sua capacidade de transformação, permitem superar os ritmos naturais. O artifício, mais uma vez, entra em competição com a natureza abrindo caminhos a novas imagens alternativas do universo das formas. A mensagem futurista concretiza-se fora do âmbito metropolitano construindo as suas próprias catedrais em lugares pouco visíveis, muitas vezes completamente escavadas no subsolo.
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Central - Edifício de Comando - Edifício de Descarga - Parque de Linhas

O problema principal que influi decisivamente nos esquemas das obras realizadas no Douro Internacional, é o da evacuação do elevadíssimo caudal de cheias.
Em função deste problema e das condições topográficas do local de Picote, foi executada uma barragem arco, com descarregador sobre o coroamento. Os mesmos condicionamentos levaram igualmente a preferir que a central fosse subterrânea, com 88m de comprimento, 16,6m de largura e 35m de altura. O edifício de comando e de descarga localizou-se numa plataforma à cota do coroamento da barragem. A forma apertada do vale obrigou a instalar o parque de linhas numa outra plataforma à cota mais elevada, já na zona planáltica.
O acesso à central faz-se através de dois poços dotados de ascensores e escadas, um com 35m e outro com 78m de altura, estabelecendo este último comunicação directa com o edifício de comando.
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Bairro


A área de localização das casas definitivas para operários especializados constituiu, em fase de planificação, objecto de polémica. Os engenheiros habituados a dar prioridade ao parque de linhas, pretendiam que este fosse implantado numa plataforma natural do planalto, lugar que dispunha de predominante visualização paisagística. Era no entanto, na opinião dos arquitectos, este o lugar privilegiado para a localização do bairro.
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Escola


Mesmo respeitando as directivas emanadas pelo regime, baseadas na organização da escola em áreas de serviço separadas por sexo, a escola de Picote consegue um carácter de modernidade e interacção dos espaços recreativos.
As salas de aula adquirem um ambiente de grande luminosidade e abertura visual para a paisagem, através do grande plano envidraçado que substitui na totalidade uma das paredes.
A articulação dos dois corpos das salas de aula, é realizada através da centralização dos espaços comuns.

 
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Capela


No percurso de acesso ao bairro, o primeiro edifício com que nos deparamos, é a capela.
As árvores que entretanto cresceram, não conseguem anular o vibrante ritmo dos pilares que contêm o volume paralelipipédico da nave. Um templo clássico revisitado, que nos transmite com clareza antigos princípios arquitectónicos: pórtico, peristilo, cela e campanário. Uma exile cruz de ferro pintada de preto, emerge do plano da cobertura, conotando imediatamente a função do edifício.
O campanário solto do corpo da Capela formaliza-se num elemento de referência territorial.
A pavimentação em grandes placas de cimento lavado, moduladas transversalmente ao percurso da entrada, evoca figurativamente as monumentais escadarias de granito dos edifícios religiosos. O pórtico coberto, pavimentado em granito, anuncia-nos a crescente preciosidade do espaço.
O interior, definido verticalmente por paredes revestidas em tijolo vidrado, encerra magnificamente o conceito da ligação interactiva das artes.
As modestas dimensões do edifício exaltam o equilíbrio de proporções e o rigor de formas que fazem desta obra uma das mais perfeitas da Arquitectura Moderna Portuguesa.
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Centro Comercial


O centro comercial abrange a estação de correio, padaria, mercearia, talho, peixaria, drogaria e barbearia.
Os dois corpos definidos pelo cruzamento de planos verticais de granito e planos horizontais rebocados, organizam o espaço publico da praça que se dilui com um rigor geométrico no território natural, definido perspectivas e insinuando percursos.
A chaminé cerâmica da padaria, para além do sua valência funcional, ganha no território urbanizado, um carácter simbólico de referência.
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ETA


Os volumes paralelepípedos individualizam-se rigorosamente na irregularidade morfológica do lugar.
A plataforma de acesso, localizada ao nível do plano horizontal da cobertura d volume mais baixo, afirma a nova linguagem que os arquitectos modernos pretendem para os lugares de trabalho.
Será no entanto nos futuros projectos das estações de tratamento de Miranda e Bemposta, que a concepção espacial atingira o perfeito equilíbrio entre a função de depósito de água e o lugar de trabalho onde o homem faz o tratamento deste precioso recurso.
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Zona recreativa e Piscina


Inserida no terreno rochoso a norte da Pousada, a piscina aparece-nos surpreendentemente no final de um tortuoso  percurso desenhado entre maciços rochosos e uma ligeira e agreste vegetação.
O grande rigor geométrico constitui o elemento de controlo da intervenção relativamente ás variações de cota do terreno. Através de pequenas rampas de escadas faz-se a concordância entre os terraços que formam lugares de repouso. O eixo longitudinal da piscina é marcado pela localização, nos dois topos opostos, de dois elementos emergentes do terreno, o trampolim e os vestiários-sanitários.
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Estalagem


 Para aceder ao edifício é preciso distanciarmo-nos da estrada e atingir o ponto mais elevado do terreno. Um espaço livre desenhado por uma geométrica plantação de árvores destinadas a parque de estacionamento, anunciam a estalagem.
O edifício articula-se em dois corpos encastrados e emergentes do solo, respectivamente com um e três pisos. As áreas de serviço colocam-se no rés-do-chão e os quartos nos pisos superiores.
O rigor geométrico e a pureza dos volumes dá continuidade ao carácter formal da Capela, sem perder as referências à arquitectura popular local, referências que lemos através da modulação estrutural e da relação entre cheios e vazios.
Um rigoroso e essencial desenho despojada de pomposas e axiais simetrias caracteriza tanto a planta como os alçados.
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Mensagem por Senhor Galandum 6/2/2024, 21:58

Barragem de Miranda do Douro


 Segundo escalão no programa de reabilitação do aproveitamento do Douro Internacional, está implantado numa zona onde o curso do rio muda bruscamente de direcção, na imediata proximidade de Miranda do Douro.
Contemporaneamente à construção do Picote é iniciado o Plano Geral de aproveitamento de Miranda. A presença de um centro urbano preexistente, constitui mais uma condicionante com a qual os arquitectos se confrontam. Trata-se de uma pequena cidade rica de memórias e monumentos históricos, mas com insuficientes infra-estruturas urbanas.
A Além de construir os serviços primários para p pessoal directamente ligado à construção, são realizados, quase como que se tratasse de uma indemnização à Cidade, um conjunto de infra-estruturas para toda a comunidade.
A limitação temporal e as pressões da Câmara Municipal justificam a realização de um conjunto de projectos fora do grupo de arquitectura da empresa HED, como a pousada e o hospital.
Miranda representa uma grande ocasião amputada, na medida em que o plano geral concebia o encontro entre passado e presente como um momento de reposição de valores preexistentes, mas reinterpretados segundo modernos conceitos de integração com a história. Um pequeno exemplo deste potencial é dado pela construção da estação de tratamento de água. Uma nova forma que exalta as preexistências e propõe novos valores, novas qualidades urbanas
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Plano Geral


 O terreno, no local das obras, é composto fundamentalmente de rochas de tipo xisto e granito. Dada a forma do vale, a solução adoptada para a barragem foi uma solução do tipo contraforte. Basicamente o aproveitamento compõe-se de uma barragem central subterrânea, edifício de comando e de descarga e parque de linhas localizados na margem direita do rio. Relativamente às infra-estruturas de apoio, o plano definiu uma estratégia de integração e articulação com a cidade preexistente. O resultado deste método, produziu um coerente e equilibrado crescimento da cidade, factor que lamentavelmente entrou em ruptura durante a mais recente expansão.
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Central - Edifício de Comando - Edifício de Descarga - Parque de Linhas



Criar condições de conforto para superar as dificuldades do ambiente de trabalho fechado, rumoroso e integralmente enterrado, constituiu para os arquitectos, a maior problemática do projecto das centrais subterrâneas. A de Miranda, em caverna, com 80 m de comprimento, 19,6 m de largura e 42,7 m de altura, é particularmente interessante pela modalidade de tratamento do tecto,  das paredes e da forma como os pilares se articulam na sua função de suporte da ponte rolante.
O edifício de Comando, de Descarga e Parque de Linhas, localizam-se na margem direita, numa plataforma artificial, coroando um esporão de rocha que provoca a curvatura apertada do rio. Chegando de Espanha, estes adquirem a preponderância de um segundo bastião da muralha.
Concebidos segundo um esquema volumétrico articulado em dois corpos de controlada geometria, articulam-se entre si através de um sapiente jogo de transparências que permite a localização imediata dos acessos e a projecção visual em todas as direcções para o exterior do edifício.
O acesso à central subterrânea faz-se através de um poço de 9 m de diâmetro e 63 m de altura.

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Bairro


 O projecto do bairro de Miranda segue a mesma lógica de articulação tipológica de Picote, habitações e infra-estruturas provisórias para o período de construção, habitações e infra-estruturas definitivas para a fase de gestão e manutenção.
Em função dos acordos com a Câmara Municipal os projectos de localização dos vários conjuntos habitacionais são estudados no sentido das previsões de desenvolvimento futuro da cidade e do sistema de infra-estruturas existentes. O projecto da zona habitacional definitiva, organizada em torno de dois eixos viários, não será realizado.
O elemento mais interessante que hoje é possível observar é constituído pelo “bairro verde” realizado para o pessoal dirigente.
Casas isoladas construídas com paredes de madeira em elementos pré-fabricados apoiadas sobre bases de pedra modeladas no terreno

Estação de tratamento de águas


 O estudo das coberturas e a tentativa de síntese geométrica, constituíram os princípios que condicionaram a realização do edifício.
Volumes simples e puros, tangentes aos antigos muros de defesa da cidade, constroem um dialogo arquitectónico de extrema beleza com as torres de granito da catedral. O tratamento das paredes em betão aparente põe em evidência todas as possibilidades plásticas das modernas tecnologias, enriquecendo e complementando a natureza do lugar.

Zona recreativa e piscina


 O projecto da zona recreativa de Miranda, constitui um exemplo das intenções programáticas elaboradas para elevar o nível e a qualidade de vida da população implantada em função da nova estrutura produtiva.
No entanto, as prioridades económicas e politicas condicionaram a actuação da totalidade do projecto, realizando apenas em parte a sala de espectáculos e a piscina.
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Estalagem


 Realizada segundo o esquema e o sistema das estruturas desmontáveis, a qualidade espacial interior e a riqueza do pormenor não são de fácil percepção do exterior.
A articulação de pés-direitos duplos que rodam em torno da chaminé, permitem a percepção constantes dos diferentes espaços de estar e de circulação, conseguindo no entanto proporcionar ambientes de grande conforto e isolamento. O controlo do pormenor e o desenho do mobiliário sublinham a importância do edifício no limitado panorama das estruturas de serviços da cidade.
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