Mundo do Xadrez

Na época, creio que as melhores máquinas de Xadrez eram Chess Machine, alguns produtos da Novag e Mephisto. O ChessMachine chegava a uns 2300 de rating, de acordo com o fabricante, e chegou a usar versões do Rebel e Chessmaster (The King). Nos anos 1990 já havia o Chess Genius, M-Chess Pro, pouco depois do Fritz.

Alguns lances são bem típicos de computadores, como o Rd1, ainda na abertura. Se o nível do jogo fosse razoável e pudesse ser atribuído a um GM da envergadura de Maroczy, poderia se justificar fazer um teste de estilo, colocando algumas dezenas de engines para analisar várias partidas do Maroczy, verificar qual delas é mais similar ao estilo do Maroczy, e depois conferir se ela apresenta mesmo nível de similaridade com este suposto Maroczy. Neste caso, nem há necessidade disso, pois a fraude é gritante.

O Gandalf 6.01, por exemplo, em testes feitos há alguns anos, se mostrou a engine mais semelhante ao estilo de Fischer, com 69% de similaridade. Isso poderia servir para testar se algum médium aparecer encarnando Fischer por aí, se a similaridade é perto disso. Mesmo que fosse similar em cerca de 70%, não confirmaria nada, mas se fosse bem diferente é uma boa refutação.

Há uns anos um amigo mágico mentalista e enxadrista me mostrou um vídeo do Derren Brown que jogou uma simultânea contra vários GMs, MIs, MFs.



Quando assisti ao vídeo, a primeira coisa que pensei foi que ele tivesse recebendo os lances num ponto de escuta, já que na época do jogo já existia Rybka. Mas depois vi que era bem pior que isso. Ele usou o velho truque que foi usado num filme, por uma mulher que jogou contra dois campeões mundiais num navio. Aquilo não é possível, pois o simultanista não pode se afastar da mesa quando é a vez dele de jogar. Ele primeiro precisa executar o lance e depois ir para outra mesa.

Truque velhíssimo! Quem inventou isso?
Sidney Sheldon, no livro Se Houver Amanhã.
Trata-se de um dos primeiros romances de sucesso desse grande novelista estadunidense (já falecido), em que narra as peripécias de uma jovem, enganada, que é presa, foge da cadeia e se torna ladra profissional. Num navio ela propõe um desafio de jogar com os dois principais Grandes Mestres, que viajavam no mesmo cruzeiro. Ela aposta com todos e exige que cada um fique numa sala... Bem, o resto é o mesmo.

O livro é de 1986, se não me engano.

O filme deve ser baseado neste livro. Acho que a história é basicamente igual. Na época que assisti ao filme, achei absurdo pelos motivos que expus, já que o simultanista precisa se afastar do tabuleiro quando lhe cabe a vez de jogar. Por isso descartei essa possibilidade quando vi o Derren Brown fazendo isso com GMs, pois os GMs teriam percebido o truque. O mais incrível, a meu ver, foi os GMs não terem percebido...

E como o cidadão acertou o número de peças sobrando no tabuleiro?

Mandrake escreveu:
O filme deve ser baseado neste livro. Acho que a história é basicamente igual. Na época que assisti ao filme, achei absurdo pelos motivos que expus, já que o simultanista precisa se afastar do tabuleiro quando lhe cabe a vez de jogar. Por isso descartei essa possibilidade quando vi o Derren Brown fazendo isso com GMs, pois os GMs teriam percebido o truque. O mais incrível, a meu ver, foi os GMs não terem percebido...

No livro do Sheldon, a trapaceira faz uma aposta e exige que dois tabuleiros sejam armados em salas distintas; nenhuma pessoa, nem jornalistas, podem sair de uma sala pra outra; só ela pode locomover de uma sala à outra.
Logo, o jogador de brancas fez 1.d4, ela sai, vai pra sala do jogador de pretas, faz 1.d4, espera o lance dele, vai pra sala do de branca, reproduz o lance do outro...
O trato era que se ela empatasse, pelo menos, com um deles, levava a grana toda.
Antes que descubram o golpe, ela escapa num barco, ainda de dentro do navio.

Os jogadores não descobriram de imediato, porque ficam imersos em seus próprios jogos, e só vão analisar jogos alheios bem depois, estudando súmulas.
O que o mágico fez foi aumentar o grau de dificuldade do truque do Sheldon.

O problema, que já expliquei, é que não pode sair do tabuleiro quando lhe cabe a vez de jogar. Portanto dá muito na cara um falso simultanista que fica saindo do tabuleiro antes de fazer o lance. Ele tem que primeiro fazer o lance e depois ir para o tabuleiro seguinte.

Cachorrão escreveu:
E como o cidadão acertou o número de peças sobrando no tabuleiro?

Ele trocou o papel do cara, em algum momento.

Não sei como ele teve tempo de anotar aquilo no papel, mas pode ser que tenham cortado alguma cena na qual ele sumiu e fez isso, depois voltou. Ou alguém pode ter feito por ele e depois entregou discretamente a ele. Muitos mágicos usam assistentes à paisana.

Desconfio do mesmo, mas tive a esperança que alguém tivesse uma explicação matemática fantástica.

Este Derren Brown faz umas mágicas fantásticas de mentalismo. Tem um vídeo que ele usa folhas de papel em branco pra comprar uma joia! Ele tenta antes comprar um cachorro-quente, mas não cola. Depois vai a outros estabelecimentos, e consegue.

Galera, Bobby Fischer arregou para o Karpov?

Quando Fischer se recusou a defender seu título, vocês acham que ele estava com medo de perder?

Arregou ou não arregou? hehehe

Bem, pelo pouco que sabemos...
Fischer queria jogar nas regras que ele utilizou em 1992 conta Spássky em seu retorno... 10 vitórias sem limite de partidas ou 9 a 9 ficava com o título. A Federação Soviética não permitiu (tinha grande influência sobre a FIDE). Karpov queria jogar mesmo nessas condições, encontrou-se com Fischer 3 vezes, uma inclusive no Japão. Infelizmente é muito difícil ver dois astros combatendo no seu zênite. Uma lacuna imperdoavel na grandeza do nosso jogo. Nos tempos atuais, Karpov chegou a dizer que jogaria nas regras que Fischer impusesse.

Sim, mas me parece que você já está falando de eventos mais atuais. Queria saber se em 75 mesmo Fischer arregou para o Karpov. Digo isso porque o Kasparov mesmo já disse mais de uma vez que Karpov teria as melhores possibilidades baseado no fato de ele ter vencido Spassky com mais facilidade que Fischer...

Acho que me expressei mal...
Fischer e Karpov se encontraram 2 vezes no Japão e uma nas Filipinas (75 e 76) para chegar num acordo quanto às regras (as oficiais da FIDE ou as impostas por Fischer). Não chegando num acordo, Karpov propôs até um match secreto, mas a Federaçao Soviética não admitiu nem isso para que medissem forças. Quanto à potência de Fischer na época, creio que era razoável. Em visitas de Bjelica, Kavalek e outros acabava com os GM´s no relâmpago, o primeiro por 100 a 0! Partidas de 5 minutos... Pelas gravaçoes atuais na net, creio que Fischer tinha mais medo da KGB e de possíveis consequências do que propriamente de Karpov...

Eu acredito que num match entre Fischer e Karpov em 1975 Fischer seria o favorito. No entanto acredito que Fischer tenha ficado sim com medo de Karpov. Fischer exigiu condições que fizeram com que o match não pudesse de forma alguma ser realizado, seja quais fossem os planos da FIDE em relação ao match, Fischer sempre iria achar um defeito.
Em 1975 Karpov era um verdadeiro "bicho-papao" de torneios, ele ganhava tudo o que aparecia e vencia seus adversários de forma incontestável. Eu realmente acredito que os resultados de Karpov intimidaram Fischer, e seria insuportável para Fischer perder o título para um russo, e acho que se o adversário do Fischer fosse um Spassky ou um Korchnoi, Fischer nao recusaria jogar o match...

Alguém já teve acesso ao 4º volume da série Meus Grandes Predecessores? Me parece que lá o Kasparov dá uma palhinha da história.

Arregou?

Por 5 milhões ou pela vida?
Imagina a KGB nas tuas costas e você tentar derrotar um puta jogador papa-torneio ainda com proteção do politburo...
Sendo um gênio, arregou certo... huauhaua

Fischer saiu na hora certa!

Se ele moeu a parede do Tigran, iria moer o xadrez de beco do Karpov!

KGB??? Que eu saiba o Fischer nunca teve medo da KGB. De onde você tirou essa?

Eu realmente acredito que se o adversário de Fischer fosse um Spassky, um Polugaevsky ou um Korchnoi por exemplo, Fischer teria jogado o match. Eu acredito que o ego de Fischer era tão grande que dinheiro algum no mundo faria ele arriscar perder um match para um russo.

Os próprios enxadristas soviéticos mas não russos tinham esse probleminha... de perseguiçao... Keres, Bronstein, Korchnoi. Imagina um norte-americano... A perseguição anticomunista da CIA eu também conheço, porque Bobby quis aprender russo para ler os livros e revistas de lá... na época não havia Internet... As gravações originais das entrevistas de Fischer na rádio filipina foram mais que alteradas, inseriram uma porção de lixo, etc... Teve época que o sujeito gastou mais de 20000 dólares só em fechaduras, mandava construir cômodos falsos nos lugares onde ficava. Chegou a pensar que o próprio Spassky era um agente da KGB, rs... aí já era paranóia mesmo...

Na famosa entrevista da praça...

Entrevistador: Qual o seu escore com o atual campeão, Boris Spassky?
Fischer: Uns 4 empates e 2 derrotas.
Entrevistador: e o que o leva a crer que tem chances?
Fischer: Quer apostar? Eu serei o Campeão Mundial!

Terry, em relaçao a Fischer ter "medo" de perder para um russo, eu me referi "depois" de Fischer já ser campeão mundial. Antes ele não tinha nada a perder, mas Fischer, "já sendo" campeão mundial, as coisas ficam muito diferentes, afinal Fischer se afirmou como o melhor jogador do planeta, e em tais condições a derrota para ele seria muito mais amarga.
Ou seja, não acredito que Fischer tivesse medo de ser derrotado "antes" de ser campeão do mundo, mas após este feito a derrota para ele seria insuportável para seu ego.

O cagaço de Fischer...

5 milhões de bolsa não seriam suficientes para se limpar em caso de derrota e pedir revanche? Continuo ainda com a dobradinha KGB/Karpov para explicar isso...