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A Saga de Hércules

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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 02:49

Após a morte de Euristeus, Alcmena preparou-se para partir. Ela e seu neto Hilos foram para Tebas, depois para Ocálea, aonde passaram a viver até o fim de seus dias. Já o restante dos Heráclidas, prometendo eterna gratidão aos reis de Atenas, deixaram a cidade, conduzidos por Íolas, e foram viver em Tebas, por algum tempo.

Quanto a Acamas e Demofóon, algum tempo depois, pressionados por conspirações da parte dos fiéis a Menesteus, seguindo o exemplo do pai Teseus, deixaram o país e foram buscar asilo no país do rei Eléfenor, na Eubéia.

Deu-se a disputa entre Atreus e Tiestes, filhos de Pélops, pelo poder de Micenas, Tirinto e Árgos, e Atreus foi favorecido por vontade divina. Mas foi apenas o início de uma longa querela entre os irmãos, objetos da maldição lançada por Mírtilos a Pélops e seus descendentes.


A DERROTA DE HILOS E OS NOVOS HERÓIS

Alcmena morreu em idade avançada. Quando isso aconteceu, Zeus mandou Hermes buscar seu corpo em Tebas, para levá-lo à Ilha dos Bem-Aventurados, Leuce, para junto de Radamantes, onde passaram a viver perpetuamente unidos. Alcmena foi posta no rol dos deuses, assim como havia sido feito a Héracles seu filho.

Imaginou-se que a câmara nupcial de Alcmena, construída por Agámedes e Trofônios, ainda poderia ser reconstruída no meio de suas ruínas. Com efeito, os beócios afirmavam possuir a tumba de Alcmena em Haliartos até que os espartanos, capturando Tebas, abririam-na e transportariam o modesto conteúdo, incluindo uma lâmina em que se viam gravados caracteres micênicos, para sua própria cidade.

Assim que Íolas atingiu o termo de sua vida e foi levado aos Campos Elíseos, os tebanos lhe prestaram honras em seu túmulo de herói, ao lado de Anfitríon, seu avô.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 02:49

Poucos anos se passaram e os Heráclidas, que estavam hospedados em Tebas e viviam se queixando por permanecerem sem pátria, resolveram regressar ao Peloponeso. Já eram suficientemente fortes e acreditavam que seriam capazes de vencer qualquer resistência e finalmente se estabelecer na terra de seus pais.

Em toda parte, agora, eles encontravam aliados e assim se dirigiram às terras que lhes tinham sido legadas pelo seu pai, no Peloponeso. Lutaram um ano inteiro até conseguir conquistar todas as cidades, exceto Árgos.

Assim, comandados por Hilos, atravessaram o Istmo de Corinto e tentaram derrotar o exército de Árgos, mas o país foi assolado por uma onda de fome e doença que os levou ao desespero. Perguntaram, então, ao Oráculo de Delfos qual era a causa de tudo aquilo. E a resposta que receberam foi:

— Não retornastes no tempo adequado. Deveis aguardar até a “terceira colheita”.

Acreditando que o Oráculo estava se referindo ao terceiro ano, eles se retiraram novamente para Maratona, onde passaram a residir. Hilo, nesse tempo, cumprindo a vontade expressa por seu pai quando este se encontrava à beira da morte, casou-se com a formosa Íole, cuja mão certa vez o próprio Héracles pretendera, e imaginava constantemente uma forma pela qual pudesse apossar-se da herança paterna. Finalmente voltou a consultar o Oráculo de Delfos e obteve a mesma resposta:

— Espera pela terceira colheita, então o teu retorno será bem-sucedido.

Hilos interpretou essas palavras como referindo-se aos frutos dos campos do terceiro ano e aguardou pacientemente a chegada do terceiro verão para de novo atacar o Peloponeso com seu exército.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 02:50

E, após se passarem três anos, seguiram mais uma vez rumo ao Peloponeso. No Istmo, depararam-se com o exército dos argivos, liderado pelo pelópida Atreus, o novo rei de Micenas. Ante o avanço hostil dos Heráclidas, aliou-se à cidade de Tégea do rei Équemos e outras cidades vizinhas, e partiu para enfrentar seus inimigos. No estreito de Corinto, os dois exércitos defrontaram-se. Mas Hilos, que queria proteger a Hélade, esforçou-se por evitar a batalha, substituindo-a por um duelo. Deu um passo à frente e gritou:

— Convido o mais bravo homem do vosso exército para lutar comigo em um duelo. Se ele me matar, os Heráclidas irão embora e não voltarão até que cinqüenta anos tenham se passado. Se, contudo, eu me sair vencedor, então entregareis todo o Peloponeso!

Então, Équemos, o rei de Tégea, que era cunhado dos imortais Dióscuros, saltou para frente. Era um lanceiro imbatível e um verdadeiro gigante. Hilos, vendo com quem iria travar um duelo, não se acovardou, mas a habilidade e a força de Équemos foram muito superiores às suas. Ambos lutaram com grande coragem, mas, em pouco tempo, o filho de Héracles foi vencido e, moribundo, pensava com amargura na ambiguidade do oráculo; e caiu morto aos pés do terrível rei tegeano.

Cheios de dor e sofrimento, os Heráclidas recolheram o corpo de seu comandante e se retiraram. E tendo feito uma parada em Mégara para enterrá-lo, puseram-se a pensar para onde poderiam ir depois. Porém, não encontraram uma solução a não ser retornar a Maratona, mais precisamente em Tricóritos, e esperar pelo tempo em que estivessem sob comando de Cleodeus, o filho de Hilos.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 02:50

Depois de Hilos, surgiram novos heróis na Hélade, e novas batalhas ocorreram, um plano do soberano do Olimpo para controlar o número de habitantes sobre a Terra. Depois da famosa guerra dos Sete Chefes contra Tebas, os descendentes dos heróis decidiram empreender novo assédio à cidade, e tornou-se célebre como Guerra dos Epígones. Mais tarde, liderados por Alcméon e Diómedes, os argivos assediaram Cálidon para livrá-la do usurpador Ágrios e devolver o trono a Oineus. Mas o evento bélico mais famoso dos novos heróis foi a Guerra de Tróia, que durou dez anos em favor da belíssima Helena, filha de Zeus e Leda. Após o regresso dos vitoriosos, os novos heróis sofreram com a má recepção de suas esposas, influenciadas por Náuplios, que tinha o fito de vingar a morte de seu filho Palámedes, e parte delas conspiraram contra seus cônjuges nos braços de seus amantes, e poucos príncipes tiveram um feliz regresso.

Depois de vários anos, uma nova leva de reis assumiu o controle da Hélade, e entre eles estava Orestes, o filho de Agamêmnon. Como Orestes e Pílades houvessem partido para a Táurida em busca da estátua de Ártemis, anunciou-se em Micenas que ambos haviam morrido. De imediato Aletes, filho de Egistos, apossou-se do trono, com o consentimento do rei Cilárabe, já que este não tinha filhos para ocupar o governo da cidade. Como louca, Electra partiu para Delfos e lá, encontrando uma sacerdotisa, arrancou do altar de Apolo um tição em chamas e quase a cegou não fosse a intervenção de Orestes, e fê-la reconhecer na sacerdotisa a sua própria irmã Ifigênia.

E Orestes, com suas irmãs Ifigênia e Electra, apoderou-se do governo de Árgos, destronando Cilárabe, que, não tendo filhos, morreu sem posteridade. Depois, voltando para Micenas, tramaram e executaram a morte de Aletes.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 02:51

Em seguida, Orestes finalmente desposou Hermíone, com o consentimento do velhíssimo Tíndaros, avô de ambos. Hermíone lhe deu um filho, Tisâmenos. As autoridades argivas foram contrárias a este ato, principalmente por lembrarem-se de que Orestes havia sido o assassino de sua mãe e de seu parente. Mas levantar a mão contra seu legítimo soberano seria infringir as leis humanas e divinas; assim sendo, o povo de Micenas aceitou Orestes por rei.

Sendo Megapentes e Nicóstratos muito jovens e filhos bastardos de Menelaus para governar em lugar do pai, o trono de Esparta acabou sendo revertido a Orestes, filho de Agamémnon.

Por quanto tempo mais os atenienses poderiam oferecer sua hospitalidade aos Heráclidas? Assim, pressionados a tomar um rumo, bom tempo depois, decidiram organizar uma nova expedição ao Peloponeso, desta vez comandados pelo jovem neto de Hilos, Aristômacos, cujo pai chamava-se Cleodeus, já que haviam-se passado mais de cinqüenta anos. Jamais pensaram em tentar romper os termos do acordo feito por Hilos e reconquistar as terras que lhes cabiam por herança. Como agora o prazo havia expirado, e não havendo mais nada que lhe pudesse impedir, Cleodeus invadiu o Peloponeso juntamente com os outros netos de Héracles, trinta anos depois do término da Guerra de Tróia. Mas não teve melhor sorte do que seu pai e pereceu junto com todo o seu exército.

O RETORNO DOS HERÁCLIDAS

Chegou o dia em que o trono de Menelaus passaria a pertencer a Tisâmenos, filho de Orestes e neto de Agamémnon. Como havia se casado com Hermíone, filha de Menelaus e da bela Helena, tornara-se o herdeiro do trono e anexara Esparta ao seu reino também, e com isso se sentia muito poderoso. Teve quatro filhos com a rainha sua esposa.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 02:51

Já há muitos anos, os Heráclidas ameaçavam conquistar o Peloponeso. Tisâmenos aí reinou até o dia em que foi atacado pelos Heráclidas do herói Aristômacos. Então, teve que fugir para o norte do Peloponeso, para a corte dos jônios, pedindo-lhes que o acolhessem, bem como a alguns de seus fiéis seguidores.

A coragem e a sabedoria do foragido foram famosas. Temendo um dia que ele chegasse a submetê-los, os jônios não só se negaram a atendê-lo, como também o atacaram. Tisâmenos foi morto, mas seus companheiros conseguiram obter a vitória, assediando os jônios, que se refugiaram na cidade de Hélice.

Donos do país, os soldados de Tisâmenos fizeram magníficos funerais a seu rei. Os quatro filhos de Tisâmenos que lhe sucederam — Daimenes, Espárton, Teles e Lentômenos — estenderam seus domínios por toda a região conquistada aos jônios, que passou a levar o nome de Acaia.

Vinte anos depois, na época em que Tisâmenos, um dos filhos de Orestes, da casa de Atreus, reinava sobre os habitantes do Peloponeso, guiados por Aristômacos, os Heráclidas marcharam contra o Peloponeso e encontraram as forças do rei Équemos. Tal confronto acabou resultando em um novo fracasso, devido à má interpretação do oráculo, que lhe dissera:

— Os deuses te concederão a vitória pelo caminho estreito.

Decidido, Aristômacos foi derrotado ao invadir o Peloponeso pelo Istmo. Foi rechaçado e perdeu a vida, como acontecera a seu pai e a seu avô.

Então, mais uma vez se viram diante do mesmo problema. Os filhos e os netos do maior herói da Hélade não tinham uma pátria que fosse sua e onde pudessem ficar.

Enfim, lembraram-se da Dórida, onde outrora Héracles possuía um pedaço de terra, e rumaram para lá. A sorte foi que os dórios receberam os Heráclidas amistosamente.

— Melhor ganharmos um bom amigo e aliado do que um novo inimigo.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 02:52

Entretanto, a atitude amigável do povo local não fez com que os Heráclidas tirassem o Peloponeso de seu pensamento. Assim, decidiram esperar até a terceira geração. Nesse meio tempo, eles se multiplicaram e se fortaleceram. E como por três gerações viveriam e se casariam na Dórida, no final haveriam de formar um só povo, dórios e Heráclidas.

Os Heráclidas e os dórios, com um grande exército, depois de 100 anos, oitenta anos após a destruição de Tróia, estavam finalmente preparados para o tão ansiado “retorno” ao Peloponeso. E o poder do rei Tisâmenos pouco ou nada os intimidava. E os poucos guerreiros que faltavam foram-se unir ao exército. Aristódemos, filho de Aristômacos, havia-se esquecido de consultar o Oráculo de Delfos para a viagem, como era de costume. Para puni-lo, o deus Apolo pediu a Zeus que o fizesse morrer; e Zeus o atendeu. Mas esperou o momento propício.

Apesar de toda a ambiguidade dos oráculos, não tinham perdido a fé dos deuses. Dirigiram-se a Delfos e interrogaram a sacerdotisa. As respostas que obtiveram foram idênticas às que tinham sido recebidas por seus antepassados. Então o mais velho dos irmãos, Têmenos, queixou-se:

— Meu pai, meu avô e meu bisavô seguiram estas palavras e isso fez com que fossem destruídos!

O deus então apiedou-se e lhes revelou, por meio de um velho sacerdote do santuário, o verdadeiro sentido daquelas palavras obscuras:

— Os teus antepassados foram os únicos culpados por teu infortúnio, porque não lograram interpretar as sábias palavras do Oráculo! Ele não se referia aos terceiros frutos da colheita, e sim à terceira geração de homens! A primeira, depois da geração de Hilos, foi a de Cleodeus, a segunda a de Aristômacos e a terceira, a quem foi profetizado a vitória, é a tua. Mas o estreito que a ela conduzirá não é o estreito de Corintos, e sim o mar que está à direita do Istmo. Agora que já sabes o sentido dos oráculos, faz, com teus irmãos e a ajuda dos deuses, o que quiseres fazer!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 02:53

O olhar de Têmenos iluminou-se. Junto com seus irmãos, ele apressou-se em preparar um exército.

Assim, partiram para a tão esperada expedição com entusiasmo e confiantes na vitória. Entretanto, evitaram o caminho pelo Istmo, onde seus antepassados haviam amargado o fracasso por três vezes seguidas. Desta vez preferiram passar para o Peloponeso por mar, e chegaram em Lócris, onde construíram sua frota de navios. Por isso, esse lugar passou então a ser chamado Náupactos, ou seja, “estaleiro”. Em Náupactos, seu exército cresceu ainda mais, porque os etólios, que sempre tiveram planos de conquista da costa em frente, juntaram-se a eles.

Mas também essa expedição não haveria de ser fácil para os descendentes de Héracles e lhes custaria muito sofrimento e muitas lágrimas. Tão logo foi reunir-se com seus irmãos, em Náupactos, Aristódemos, o mais jovem, foi atingido pelo raio do senhor do Olimpo. E tiveram que adiar a partida, já que tiveram que enterrar e observar o luto de um dos principais comandantes. Então, os comandantes dessa expedição, além dos dois irmãos, Cresfontes e Têmenos e, juntaram-se a eles os filhos de Aristódemos, os gêmeos Procles e Eurístenes.

Os Heráclidas preparavam-se para partir. Foi então que surgiu um adivinho chamado Carnos, vindo da Acarnânia, que pretendia aliar-se a eles. Os Heráclidas, que não o conheciam., pensaram que fosse um mago que tivesse sido enviado pelos peloponésios para destruir o seu exército. E Hípotes, filho de Antíocos e neto de Héracles, imprudente, matou-o com sua lança.

Uma peste devastou parte do exército e uma tempestade se abateu sobre a frota recém-construída. Colhidos pela fome e pela doença, as tropas se desfizeram. Interrogado, o Oráculo informou a Têmenos, seu comandante:

— O mal abateu-se sobre vós por causa do vidente que foi assassinado. Deveis desterrar o assassino durante dez anos e colocar vossas tropas sob o comando de um tríope.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 05:11

Os Heráclidas tiveram que banir Hípotes do grupo e votaram um culto a Apolo-Carneios. Além de Hípotes, foram banidos também sua mulher, uma filha de Íolas, e seu filho recém-nascido Aletes, e, juntos, passaram a vaguear de cidade em cidade.

Enquanto os Heráclidas desesperavam-se devido a realização da segunda condição do oráculo, Melas, filho de Héracles e Ônfale, recém vindo da Meônia, na Ásia Menor, surgiu com uma novidade: uma trompa para ser utilizada durante a guerra. Testado, foi muito bem aceito, substituindo o grito humano.

Antes de partir, acreditando estarem com uma força completa, imbatível, lembraram-se do oráculo, e Têmenos repetiu suas palavras:

— Tudo irá correr bem, se tivermos o auxílio de um tríope como nosso guia.

— Um homem de três olhos?!

Todos estranharam, pois o Oráculo referia-se a um ente de três olhos, segundo eles. No entanto, um deles lembrou-se:

— Ouvi falar de um tríope, mas ele se encontra em Rodes. Devemos ir aprisioná-lo e convencê-lo a nos seguir?

— Precisamos mandar alguém buscá-lo.

Têmenos observou:

— Rodes não é tão próxima assim. E ninguém sabe quando poderemos trazê-lo, se é que o traremos! Só o que é certo é que estaremos dando tempo para que os argivos se preparem!

— Porém, se não obedecermos a Apolo, estaremos perdidos! Temos que cumprir a ordem!

— Mas estaremos perdidos sem o elemento surpresa! Por isso, nos apartemos, por enquanto. Precisamos procurar um tríope em lugar mais próximo. Eu mesmo vou a procura de um, e não descansarei até conseguir.

E, imediatamente, Têmenos começou a procurar, em todos os lugares, quase convencido de que estaria perdendo o seu tempo, pois estava buscando um monstro.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 05:12

Havia um homem, cego de um olho, que outrora fora príncipe da Etólia, e seu nome era Óxilos, filho de Hémon. Por causa de um homicídio involuntário, o de seu irmão Térmios, teve que se exilar por um ano, e foi viver na Élide, do outro lado do mar. Passado um ano de sua pena, resolveu voltar ao seu país de origem para reclamar o seu lugar. Montado em seu cavalo, adentrou-se no porto de Náupactos e foi misturar-se aos soldados do comandante Têmenos, que com ele deparou-se. O heráclida, com os olhos arregalados, que já havia perdido as suas esperanças, não podia acreditar no que via: um ente de três olhos, um homem de um olho só montado em seu cavalo. Acreditando que se cumpria o oráculo, aproximou-se do estranho e lhe perguntou:

— Alguma vez tu já foste ao Peloponeso?

— Sim. Conheço cada lugar daquele país. Fiquei exilado lá no prazo de um ano.

E Têmenos gritou com todas as forças:

— Encontrei o homem que procuramos! Todos sabemos que não encontraremos um monstro de três olhos tão facilmente. Pois bem, este homem tem um só olho, mais os dois de seu cavalo, são três!

E os guerreiros Heráclidas rejubilaram-se. Têmenos lhe perguntou ainda:

— Como te chamas?

— Óxilos, meu senhor.

— Pois bem, Óxilos, vamos! Vamos embarcar para passarmos imediatamente para a costa à nossa frente! O Peloponeso é nosso!

Óxilos entendeu e, sem perda de tempo, juntou-se ao exército dos descendentes de Héracles.

Todos então entraram nos navios, contentes, entusiasmados, e fazendo muito barulho. Os Heráclidas partiram com força para o Peloponeso. Os exércitos de Têmenos foram os primeiros a entrar no país, guiados pelo etólio Óxilos, e as cidades foram sendo conquistadas uma a uma. Com a invasão de Árgos, Têmenos expulsou a família do antigo rei, Diómedes, filho de Tideus, e subiu ao trono.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 05:12

À frente dos dórios, Cresfontes conquistou a Messênia, no sul do Peloponeso. Com a chegada dos dórios, Melantos, filho de Andropompos e neto de Neleus, foi expulso de Pilos e teve que estabelecer-se na Ática, a conselho do Oráculo, tornando-se cidadão ateniense e um dos seus magistrados.

Rapidamente os Heráclidas comandados pelos filhos de Aristódemos invadiram Micenas. Depois, seguiram para Esparta, onde se encontrava o rei Tisâmenos, que resistiu heróica e desesperadamente, mas não conseguiu nada mais do que entrar para a história como o último na linhagem dos Átridas. Foi destronado no ano de 1.190 a.C. A batalha decisiva se deu na planície de Lerna, onde Tisâmenos foi morto, seu exército se dispersou e os Heráclidas e os dórios estabeleceram finalmente seu domínio sobre o Peloponeso. Após invadir a Lacônia e derrotar o filho de Orestes, Procles e Eurístenes conquistaram o país.

Depois que os Heráclidas invadiram e conquistaram o Peloponeso, ergueram três altares em honra de Zeus, seu antepassado, e decidiram os irmãos tirar a sorte para definir onde reinariam. Foi por meio de um balde d’água, primeiro de Árgos, depois de Esparta e, afinal, de Messena, sedes dos principais reinos do Peloponeso. Cresfontes desejava reinar na Messênia, e pôs no balde um torrão de terra em lugar de uma pedra. O torrão dissolveu-se e os outros dois quinhões apareceram primeiro, dando a lógica, segundo cada herói havia invadido e conquistado. Logo em seguida, cada qual acompanhado pelo seu séquito fez oferendas aos deuses em seus altares. E sobre os altares cada um dos Heráclidas encontrou uma estranha profecia para a sua cidade-sede: cobras para os filhos gêmeos de Aristômacos; um sapo para os argivos de Têmenos; e a ardilosa raposa para Cresfontes da Messênia. Intrigados com esses sinais, interrogaram os videntes que ali viviam, e os videntes interpretaram da seguinte maneira:
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 05:13

— Os que receberam a rã farão melhor permanecendo em suas casas, pois este é um animal que não tem nenhuma proteção em suas viagens; os que encontraram serpentes serão agressivos e violentos, e poderão ousar sair das fronteiras de suas terras; mas o que encontraram uma raposa não deverão ser nem ingênuos nem violentos. Sua proteção será a astúcia.

Então, esses animais tornaram-se símbolos dos argivos, dos espartanos e dos messênios em seus brasões.

Sem participar do sorteio, como lhe fora prometido, Óxilos ficou com a Acaia e a Élide, pela sua expressiva ajuda. Celebrizou-se por sua sabedoria e pela equidade do seu governo. E, em todo o Peloponeso, a única região que não foi conquistada pelos Heráclidas foram as montanhas da Arcádia, habitada pelos pastores e seus rebanhos.

Dos três reinos por eles fundados na península, somente Esparta teve uma vida longa. Era governada Eurístenes e Procles, os dois filhos de Aristódemos e Argia, filha de Autésia.

Em Árgos, Têmenos deu em casamento a Deifontes (Deífon), um bisneto de Héracles, sua filha Hírneto, a predileta dentre toda a sua prole, e em todas as questões buscava os conselhos do genro. Isso enfureceu seus próprios filhos, que, conspirando, decidiram assassiná-lo. Os argivos reconheceram o filho mais velho como rei, mas como amavam a liberdade e igualdade acima de tudo, restringiram a tal ponto o seu poder que nada restou, para ele e seus descendentes, além do título de rei.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 05:13

Cresfontes, rei da Messênia, não teve sorte melhor que a de seu irmão Têmenos. Casara-se com Mérope, a filha do rei Cípselos, da Arcádia, que lhe deu muitos filhos, entre os quais Épitos, o caçula. Para seus numerosos filhos e para si mesmo construiu um esplêndido palácio. Era um governante moderado, que tentava sobretudo ajudar as pessoas mais simples. Dividiu a Messênia em cinco regiões, e a cada uma confiou um vice-rei. Concedeu direitos iguais à população nativa aos dos dórios. Escolheu Esteniclaros como capital. Mas os dórios não gostaram das decisões do rei. Cresfontes então mudou o sistema de governo, mas aí os ricos proprietários ficaram e indignados, que o mataram juntamente com todos os seus filhos, só deixando vivo o caçula, Épitos, salvo por sua mãe, que o levou para junto do velho Cípselos, na Arcádia. Lá ele foi criado em segredo. Enquanto isso, na Messênia, Polifontes, também um heráclida, apoderou-se do trono e obrigou a viúva do rei assassinado a lhe dar a mão em casamento. Porém a notícia de que um dos herdeiros de Cresfontes ainda estava vivo logo se espalhou e Polifontes, o novo soberano, ofereceu um grande prêmio por sua cabeça. Mas não havia ninguém que quisesse ou pudesse conquistar tal prêmio. Só havia rumores de que o herdeiro estava vivo, porém ninguém sabia dizer onde nem como. Entrementes, Épitos crescia e chegava à adolescência. Deixou secretamente o palácio de seu avô e, sem que ninguém o suspeitasse, chegou à Messênia, onde descobriu que sua cabeça fora colocada a prêmio. Então, encheu-se de coragem e como estrangeiro, não reconhecido nem pela própria mãe, dirigiu-se ao palácio do rei Polifontes. Apresentou-se dizendo diante da rainha Mérope:

— Soberana, estou disposto a conquistar o prêmio pela cabeça do príncipe que, por ser filho de Cresfontes, ameaça o teu trono. Conheço-o tão bem quanto a mim mesmo e hei de entregá-lo em tuas mãos.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 05:14

A mãe empalideceu ao ouvir aquelas palavras e imediatamente mandou chamar um velho servo de sua confiança, que a havia ajudado a salvar o pequeno Épitos e que agora, temendo o novo rei, vivia longe da corte. Enviou-o secretamente à Arcádia para advertir seu filho e, quem sabe, trazê-lo para chefiar uma insurreição dos cidadãos contra aqueles que odiavam a tirania de Polifontes. Quando o velho servo chegou à Arcádia, encontrou o rei Cípselos e toda a família profundamente condoídos, pois seu neto Épitos desaparecera e ninguém sabia o que era feito dele. O velho servo correu de volta para a Messênia e contou à rainha o que acontecera. E então ambos pensaram que o estrangeiro que se apresentara ao rei tivesse matado o pobre Épitos na Arcádia, trazendo o seu cadáver para a Messênia. Não perderam muito tempo em reflexões, e como o estrangeiro morava no palácio real a rainha, na calada da noite, armada com um machado e acompanhada do velho servo, seu confidente, penetrou no quarto do hóspede para matá-lo.

Mas o jovem dormia placidamente, e um raio de luar refletia-se em seu rosto. Mérope já levantara o machado para executá-lo quando o servo agarrou-lhe o braço com um grito de horror.

— Pára! Tu estás prestes a matar teu próprio filho!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 05:14

Épitos mal acordou, e Mérope deixou cair o braço com o machado e atirou-se sobre o leito de seu filho. Depois de um longo abraço, ele lhe revelou que viera para vingar-se do assassino, libertá-la do odiado casamento e conquistar o trono de seu pai com a ajuda dos cidadãos. Então ele, sua mãe e o velho servo combinaram uma linha de ação. Mérope vestiu-se de luto, apresentou-se diante de seu marido e lhe contou que acabara de receber a triste notícia da morte de seu último filho. Disse que doravante estava disposta a viver em paz com seu marido, esquecendo as antigas dores. O tirano caiu na armadilha. Alegrou-se ao ver seu coração aliviado da maior de todas as suas preocupações e prometeu aos deuses uma oferenda de gratidão, já que agora todos os seus inimigos tinham desaparecidos da face da terra.

Cumprindo suas ordens, todos os cidadãos se reuniram na praça do mercado — a contragosto, pois o povo simples amava o rei Cresfontes e agora lamentava a morte de seu filho Épitos. Numa oportunidade única, Épitos investiu contra o rei, que fazia uma oferenda, e atravessou-lhe o coração com a espada. Então Mérope acorreu com o servo e os dois revelaram ao povo assustado que o estrangeiro, suposto assassino de Épitos, era o próprio Épitos, o herdeiro do trono, que todos acreditavam morto. Ele puniu os assassinos de seu pai e de seus irmãos e com seu bom coração conquistou até mesmo os mais nobres dentre os messênios, sendo tão amado e reconhecido que os seus próprios descendentes, em vez de se chamarem Heráclidas, ficaram conhecidos como Epítides.
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A Saga de Hércules - Página 15 Empty Re: A Saga de Hércules

Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 05:15

OS ÚLTIMOS HERÁCLIDAS

Arquelaus, um dos filhos de Têmenos, foi banido pelos irmãos da cidade de Árgos; foi para a Macedônia, aonde o rei Císseo, sitiado por inimigos poderosos, estava pouco menos que perdido. O rei pediu o auxílio de Arquelaus, prometendo-lhe a filha e o reino, se o salvasse. Num único combate, Arquelaus fez debandar o inimigo e libertou a cidade. Císseo, ao invés de cumprir o que havia prometido, arrependeu-se e não cumpriu a palavra; e ainda decidiu matar Arquelaus, mandando que cavassem uma fossa cheia de brasa viva, encoberta de galhos verdes.

Mas Arquelaus foi prevenido da armadilha por um escravo do rei; pediu uma audiência secreta a Císseo e precipitou-o na fossa, que para ele tinha sido preparada. Depois, seguindo a ordem de um Oráculo de Apolo, deixou a cidade e foi seguir uma cabra que encontrou pelo caminho. A cabra conduziu-o até certo lugar da Macedônia. Ali Arquelaus mandou que construíssem a cidade de Egéia, em honra de “aix”, a cabra que lhe serviu de guia.

Têmenos tinha ainda três filhos que moravam em Árgos. Mas eles, tendo que deixar a cidade, seguiram pelo território da Ilíria, chegando a Lébaia (Árgos Orestikon), na Macedônia Superior e aí serviram ao rei como pastores em troca de salário. Chamavam-se Gauanés, Aéropos e Pérdicas. Gauanés, o mais velho, passou a cuidar dos cavalos do rei, Aéropos dos bois e Pérdicas, o mais novo, dedicara-se ao rebanho de cabras e ovelhas.

A mulher do rei observou que o pão destinado a Pérdicas, quando a ele chegava se duplicava. Como este fato se repetisse, ela o viu como um prodígio, e por esta razão relatou ao marido o que vinha acontecendo. O rei de Lébaia mandou chamar os três irmãos pastores e lhes deu ordens para saírem de seus domínios. Antes, porém, eles reclamaram os seus salários. O rei, ouvindo-os mencionar sobre os salários, olhou para os raios do sol que entravam na casa naquele momento por um orifício, por onde saía a fumaça, e respondeu transtornado por um deus, apontando para a luz do sol que refletia no chão:
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 05:16

— O misthós merecido por vós é este que vos dou.

O misthós, ou seja, a recompensa devida, que os três esperavam receber transformou-se num insignificante facho de luz, e os dois mais velhos permaneceram imóveis, sem saber o que dizer ou fazer, mas Pérdicas, que por acaso trazia sua faca, aceitou a proposta insana e com a ponta da faca traçou um círculo em volta da mancha luminosa do sol e fez três vezes um gesto como se estivesse recolhendo os raios do sol e os levasse para seu bolso, formado por sua túnica, e a seguir se retirou com seus irmãos.

Após a partida dos três pastores, um dos presentes e próximo do rei que sorria satisfeito, compreendendo a intenção de Pérdicas, chamou-lhe a atenção da gravidade do fato do pastor ter recebido o salário, ainda que um tanto estranho. Na verdade, este gesto subtraía a soberania do rei. Pérdicas se apossara dos atributos solares ritualmente e se investia religiosamente de autoridade e soberania. O rei transtornado mandou alguns cavaleiros perseguirem e matarem os irmãos pastores.

Existia, porém, naquele território um rio, venerado futuramente pelos descendentes dos três pastores como salvador. Este rio, assim que os Temênidas passaram, se enchera de tal forma que impossibilitou os cavaleiros de Lébaia prosseguirem. Os fugitivos chegaram a outra região da Macedônia e lá se instalaram perto dos jardins conhecidos por Jardins de Midas, onde cresciam rosas com sessenta pétalas, cada uma mais perfumadas que as outras. Acima dos jardins havia uma montanha chamada de Bérmion, onde um inverno perene a cobreia de gelo e a tornava inacessível.

Os Temênidas conquistaram esta região e subjugaram o resto da Macedônia, e transformaram Egéia (Aigai), governada por Arquelaus, num centro político fixo e a cabra no animal de sacrifício comum.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 05:16

De outra feita, Aletes, pelo assassinato que seu pai Hípotes havia cometido ao sacerdote Carnos, encontrava-se ainda exilado. Mal atingiu a idade adulta, e já quis se apoderar de Corinto expulsando os jônios e os descendentes de Sísifos, que ali reinavam. Mas antes foi a Dodona consultar o Oráculo de Zeus: só teria a vitória depois que “alguém lhe desse um punhado de terra coríntia e no dia em que lhe levassem coroas”.

A primeira condição foi quando Aletes, tendo pedido pão a um coríntio, aquele, por derrisão, lhe deu um punhado de terra.

Para realizar a segunda, ele atacou Corinto num dia em que celebravam uma festa em honra dos mortos, e levavam coroas, segundo o costume. Aletes persuadiu a filha do rei Créon a abrir-lhe as portas da cidade, prometendo desposá-la. A moça aceitou e lhe entregou a cidade.

Em seguida, empreendeu uma expedição contra Atenas. O Oráculo de Delfos havia-lhe prometido a cidade, se ele poupasse a vida do rei. Os atenienses, sabendo disso, persuadiram o velho rei Codros, de setenta anos, a sacrificar-se pelo povo, suicidando-se, e assim Aletes fracassou. Codros, para isso, vestiu-se de mendigo para ir juntar lenha; não tardou a encontrar inimigos e implicou com eles. Matou um, e o outro o matou. E, com a morte de Codros, filho de Melantos, os atenienses reclamaram o corpo do rei, e os inimigos compreenderam que haviam destruído a esperança de vencer Atenas. E assim, foram-se embora para o seu país.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 05:17

Ândroclos, filho de Codros, em luta contra seus irmãos pelo trono de Atenas, foi consultar o Oráculo de Delfos, cuja Pitonisa, em êxtase, lhe deixou sua profecia: um javali e um peixe. Então, iniciou as migrações gregas para a Ásia, comandou uma colônia de jônios e levou-os para a Anatólia; lá, os jônios afugentaram os léleges e os cários que moravam na região central da costa. Em seguida, conquistou a ilha de Samos. E Ândroclos decidiu erguer uma cidade no mesmo lugar onde viviam os léleges. Lembrou-se do Oráculo, que o local onde deveria ser erguida seria indicado por um javali e um peixe. Um dia, ao cozinhar peixes, um deles pulou da panela e levou consigo um carvão em brasa que pegou fogo dizimando todo o bosque. Do bosque saiu um javali, que Ândroclos matou. Convencido pela estranha ocorrência, fundou ali mesmo uma cidade, e deu a ela o nome de Éfesos, vizinha do país das Amazonas. Segundo a lenda que se tornou mais conhecida, foi ele quem fundou Éfesos, no século X a.C., não as Amazonas em outros tempos. Na mesma época, reinavam os Faraós da Vigésima Dinastia, do Novo Império, e Israel ainda não era governada por reis hebreus.

Houveram muitos descendentes de Héracles que reinaram na Meônia, então chamada Lídia, de Lidos, um descendente do rei Midas, que deu nome àquele povo. Além dos filhos que Héracles tivera da rainha Ônfale — Tirsenos, Lamos e Melas — que haviam participado da revolta dos Heráclidas, um quarto filho reinou na Lídia: era Agelaus (ou Aliates), que assumiu o trono de sua mãe. Mais tarde, seu filho Cresos o sucedeu. Cresos teve um filho, Alceus, que ocupou o trono na Lídia, que, por sua vez, unindo-se a Cótis, teve um filho chamado Átis, que se tornou o primeiro rei da Segunda Dinastia dos lídios. Átis, mais tarde, partiria da Lídia com seu filho Tirrenos e reinaria na Itália como o sétimo rei de Alba, no Lácio. Tirrenos seria companheiro de Ascânios, filho do príncipe troiano Enéias. Alceus foi pai também de Belos, pai de Ninos, que foi pai de Ágron, o primeiro heráclida rei de Sardes.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 05:17

Giges, filho do velho Dáscilos, era um pastor da Lídia. Um dia, conduzindo seus rebanhos através dos campos, percebeu, sob uma colina, a abertura dum túnel, escavação esta produzida pelas chuvas. Enfiou-se por ela adentro e foi dar numa espécie de abóbada subterrânea aonde viu um cavalo de bronze, enorme, em cujo flanco havia uma porta. Giges, curioso, abriu a porta e procurou entrar no bojo do cavalo. Havia lá dentro um esqueleto humano de altura prodigiosa; no dedo, o esqueleto trazia um anel com uma bela pedra encastoada. Tomou o anel, meteu-o no dedo e voltou à superfície da terra.

Ora, o anel gozava de uma propriedade singular, que o pastor logo percebeu: todas as vezes que punha o engaste para o lado da palma da mão, ele tornava-se invisível. Giges, ambicioso, logo compreendeu a riqueza e o poder que tinha no dedo.

Dirigiu-se para a corte de Mírsilos (Sardiates ou Candaules), rei de Sardes, na Lídia. Esse rei era filho de Mirsos, pertencente à descendência de Héracles.

O rei o fez valido da corte, com poderes discricionários.

Mírsilos era apaixonado por sua própria mulher, a ponto de em sua paixão pensar que ela fosse muito mais bela que todas as outras; convencido disso, ele falava com entusiasmo de sua beleza a Giges, seu favorito entre os componentes de sua guarda pessoal, pois era Giges que Mírsilos confiava seus segredos mais importantes.

Não muito tempo depois, Mírsilos (que os lídios chamavam de Candaules) disse a Giges:

— Penso, Giges, que não crês nas minhas palavras a respeito da beleza de minha mulher; age então de maneira a vê-la nua.

— Senhor, que palavras nada limpas dizes, mandando-me ver minha senhora nua! Na mesma hora que tira sua roupa uma mulher se desfaz de seu pudor. Há muito tempo os homens estabeleceram preceitos muito sábios, que temos de aprender; um deles é que cada um de nós deve olhar para o que é seu. Quanto a mim, estou convencido de sua condição de mais bela entre todas as mulheres; suplico-te, portanto, que não me forces à prática de atos iníquos.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 05:18

Assim falando, Giges tentava demover o rei de seu propósito, pois receava que algum mal lhe viesse dele; mas a resposta de Mírsilos foi:

— Tem coragem, e não temas que eu diga isso para por-te à prova, nem que minha mulher venha fazer-te algum mal. Arranjarei tudo de tal modo que ela jamais saberá que a tenhas visto. Introduzir-te-ei no quarto onde ela e eu dormimos e te porei atrás da porta aberta; após a minha entrada minha mulher também virá para o leito. Há uma cadeira colocada perto da entrada do quarto; nela Níssia deixará cada peça de sua roupa à proporção que a for tirando, e terás oportunidade de contemplá-la calmamente. E quando ela for da cadeira para o leito, ficando de costas para ti, sai com cuidado para que ela não te veja transpor a porta.

Não havendo meios de fugir do pedido, Giges concordou. No entanto, tranqüilo por possuir o poder da invisibilidade, não mais vacilou. Ainda que quisesse usar o seu poder para fugir do palácio, a lembrança daquele corpo escultural e a possibilidade de tornar-se rei falaram mais alto à sua consciência.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 05:19

Mírsilos, quando julgou chegada a hora de ir para o leito, após o banho da rainha, introduziu Giges no quarto, e logo depois Níssia apareceu; em seguida à sua entrada, e enquanto ela se despia, Giges contemplou-a, esquecendo-se de utilizar seu anel mágico, e no momento em que ela lhe voltou as costas, encaminhando-se para o leito, ele, pensando estar invisível, saiu tranquilamente do quarto, mas Níssia o viu saindo. Ela percebeu o procedimento de seu marido, mas embora sentisse vergonha não gritou nem deixou transparecer que havia notado algo errado, pois tinha em mente punir Mírsilos, pois entre os lídios e quase todos os povos bárbaros considerava-se motivo de grande vergonha o fato de mesmo um homem ser visto nu. No momento ela nada demonstrou e se manteve tranquila, mas no início do dia verificou se seus serviçais mais fiéis estavam próximos e chamou Giges; este, supondo que ela nada soubesse quanto ao seu ato, atendeu ao chamado, pois estava sempre pronto a atender a qualquer chamado da rainha; à sua chegada Níssia lhe disse:

— Agora, Giges, tens dois caminhos à tua frente; escolhe o que desejas seguir: deves matar Mírsilos e ficar comigo e com o trono da Lídia para ti, ou então serás morto imediatamente; isso te impedirá de obedecer a todas as ordens de Mírsilos no futuro e de ver aquilo que não deves. Um dos dois deve morrer: ou ele, o autor do plano, ou tu que, vendo-me nua, agiste indecorosamente.

Diante disso, Giges ficou perplexo durante alguns instantes; em seguida, suplicou à rainha que não o compelisse a tal escolha; mas, como não conseguiu persuadi-la e percebeu que teria de fatalmente matar o seu senhor ou ser morto por um fiel servidor, escolheu sua própria vida. Então respondeu:

— Se me compeles, contra minha vontade, a matar meu senhor, deixa-me ouvir ao menos como o mataremos.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 05:19

— Chegarás até Mírsilos no mesmo lugar onde ele te levou a ver-me nua; o ataque será feito enquanto ele estiver dormindo. E não adianta tentares fugir, porque ordenarei que não o deixem sair do palácio.

Com o plano feito, à noite, Giges seguia a rainha até o seu quarto; ela lhe entregou um punhal e o ocultou atrás da mesma porta; logo que Mírsilos adormeceu, Giges saiu de seu esconderijo e, para não correr o risco de ser surpreendido, girou o anel de modo que o engaste ficasse junto da palma de sua mão, e tornou-se invisível. Num momento, um punhal foi enterrado no peito de Mírsilos, no mesmo momento em que despertava com um ruído sobre seu leito, e nada viu a não ser o rosto da Morte.

Em seguida, fazendo cumprir o oráculo délfico, Giges apossou-se do trono. Realmente, em face da grande indignação dos lídios diante do infortúnio de Mírsilos (chamado por eles mesmo de Candaules), os partidários de Giges e o resto do povo chegaram a um acordo segundo o qual, se o oráculo determinasse que Giges fosse o rei dos lídios, então ele reinaria; se não determinasse, ele teria de restituir o trono aos Heráclidas. O Oráculo determinou e assim Giges tornou-se rei. Mas a Pítia declarou ainda que os Heráclidas deveriam vingar-se dos descendentes de Giges na quinta geração; os lídios e seus reis não se preocuparam todavia com essa profecia, até o dia de sua realização. Assim os Mermnadas despojaram os Heráclidas do poder e passaram a exercê-lo.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 05:20

Giges casou-se com a bela e jovem Níssia e assumiu o trono da Lídia, tornando-a rica e poderosa. Assumindo o poder, Giges enviou não poucas oferendas a Delfos; lá foram enviadas numerosas oferendas de prata, além de consagrar inúmeros objetos de ouro, entre os quais os mais dignos de ser lembrados, como seis crateras de ouro. Elas pesavam trinta talentos e hoje estão guardadas no Tesouro dos Coríntios, embora na realidade se trate do tesouro não do povo coríntio, mas de Cípselos, filho de Aécios. Esse Giges, segundo consta, foi o primeiro dos bárbaros a mandar oferendas a Delfos depois de Midas, o rei da Frígia. Efetivamente, Midas também enviara oferendas: o trono real onde ele mesmo sentava para proferir sentenças: o trono encontra-se no mesmo local das crateras de Giges. Esse ouro e essa prata oferecidos por Giges são chamados Gigadas.

E esta foi a última notícia acerca de algum descendente de Héracles. Era o fim da raça dos Heráclidas. E, com isso, nascia uma nova raça de homens: a Geração de Ferro, que seguiria reinando para o restos dos dias, até épocas mais distantes.

Obteve grandes vitórias sobre as cidades de Mileto, Esmirna e Cólofon, a qual ocupou. Quando já estava no apogeu de seu poderio, Giges pensava que no mundo ninguém podia ser mais feliz que ele; mas para dissipar suas dúvidas, mediante outras esplêndidas oferendas, perguntou ao Oráculo de Delfos, e a Pítia lhe revelou quem era realmente o homem mais feliz do mundo: o velho Agládios, de Prosifídios, uma população da Arcádia; era ele por ser muito pobre e jamais teria abandonado a sua cidade, onde passava a sua vida toda, mas muito contente.

Giges ficou atônito, mas serenou logo, pois se deu conta de que os palácios não traziam felicidade alguma, mas preocupações. Levar adiante uma família era menos problema que manter exércitos em pé de guerra.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 17/3/2021, 05:21

Giges aprendeu muito em Delfos, e ao voltar ao seu palácio, se deu conta que não era feliz, senão um pobre rico e um desventurado poderoso, porque, como homem invisível, tinha que admitir que sua amada mulher, a rainha, não lhe era fiel. Viu que aqueles a quem considerava seus amigos eram só aduladores e inimigos descontentes. Observou com assombro que ao seu redor só haviam aproveitadores misteriosos, pois os sorrisos ocultavam lágrimas e os aplausos escondiam cinismo e vaias irônicas. O onipotente rei Giges, exceto pela multidão que o rodeava, se sentia solitário, o mais pobre dos homens e cheio de preocupações.

Atormentado por um dilema — livrar-se do anel ou perder a vida — decidiu pela segunda opção, convencido de que “se alguém quer ser feliz, deve ser um pouco míope”, porque ao homem não lhe convinha ver tudo, se não quisesse ser atormentado pelo resto de sua vida. E tirou a própria vida. Com isso, subiu ao poder o seu filho Árdis.

A vida dos homens, a partir de então, tornou-se mais difícil. Os homens tiveram que trabalhar arduamente para sobreviver, enfrentando problemas e provações, sem os seus heróis, filhos dos deuses, para protegê-los. Nem os próprios deuses pareciam amá-los, pois retiraram-se para o Olimpo e de lá passaram a prodigalizar a desastres e amargos desapontamentos, ao passo que também distribuíram alegrias em meio em tanta tristeza.

FIM
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