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Música Colonial do Brasil

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Mensagem por sombriobyte 8/5/2019, 01:23


Em 1750, foi comprada pelo ilustre senhor Manoel da Cruz, uma cópia da, acreditem, Paixão segundo São Mateus do ilustre compositor Johann (Sebastian) Bach de Leipzig (sic). Isto não é mentira, porque eu vi o recibo, ele se encontra no acervo (não para exposição) do Museu da Inconfidência. Gostaria de saber:
1) Alguma cidade na colônia tinha, na época, condições de executar esta partitura?
2) Qual era a real cultura dos colonos? Tinham eles acesso a obras como o Cravo bem Temperado, algumas óperas que faziam sucesso, e mais tarde ao que Mozart e Beethoven produziam?
3) Sobre as casas de ópera, o que era encenado nelas (sei da existência de uma em Ouro Preto e outra em Sabará)? Havia produção profana no Brasil?
4) Na Ladainha, Lobo de Mesquita usa a sétima de dominante de uma maneira que só Beethoven iria fazer. Incapacidade técnica ou evolução empírica?
5) É verdade que muitas das partituras foram readaptadas por causa de supostos erros dos compositores?
6) Qual o motivo do declínio e da perda de grande parte dessa vida cultural do Brasil?

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Mensagem por Alquimista 8/5/2019, 02:24


Caro Sombriobyte, acho muito legal que você se interesse por este assunto. Porém, isto que você escreveu é um delírio total. Em primeiro lugar, a Paixão Segundo São Mateus de Bach não estava editada naquela época. Segundo, a música de Bach, especialmente a de caráter religioso não era conhecida fora da região que ele atuava. Terceiro, Bach era luterano e a religião única no Brasil da época da colônia era a Católica. Teria mais cabimento vermos o "Gloria" de Vivaldi executado por aqui, mas também não é o caso. Quarto, conheço muito bem Ouro Preto e toda a documentação do Museu da Inconfidência depositada na Casa do Pilar, e posso garantir que não há coisa alguma parecida por lá. Quanto ao conhecimento sobre as óperas de Mozart, ou de outras obras da época consagradas pelo uso e divulgação posteriores, também não procede. Fazia-se música concomitantemente em todas as partes da Europa e da América colonizada e, apenas uma fração disto chegou até os nossos dias (mesmo lá na Europa). Quero dizer com isto que, o fato de conhecermos hoje tão bem obras como as mencionadas assim como outras, não quer dizer que na época em que foram compostas elas eram tão bem conhecidas fora de seus locais de criação. Lembre-se de que no sec. XVIII ainda não havia transporte a vapor. Era tudo na base do cavalo, do lombo de burro e dos navios à vela. Portanto, a circulação de informações era muito difícil.
A música encontrada em Minas e em Pernambuco (uma quantidade ínfima, aliás) está essencialmente ligada ao que se produzia em Portugal. O único compositor pernambucano de quem conhecemos obras, Luís Álvares Pinto (1719-1789), estudou e viveu muitos anos em Lisboa. As únicas obras encontradas em Minas de autores fora do mundo português são de Haydn, Boccherini, Pleyel, Leo, Reissmann e Rossini. Mesmo assim, são fragmentos, no caso de Haydn, de uns 3 quartetos de cordas e de 2 sinfonias da fase intermediária. O uso de música profana era restrito a alguns saraus que se realizavam nas casas dos altos funcionários da coroa. Não há notícia de prática profissional nesta área. Quanto à ópera, os poucos títulos levantados referem-se a compositores portugueses como Pedro António Avondano e Marcos Portugal. Não se sabe ao certo se os espetáculos eram mesmo de ópera ou de teatro musical, como se fazia em Lisboa, algo como o singspiel alemão. O uso da 7a. de dominante para iniciar uma obra não foi invenção do Beethoven. Isto aparece muito antes. Ele foi muito influenciado por compositores franceses. Em 1770, ano do nascimento de Beethoven e fundação da Casa da Ópera de Vila Rica, François Joseph Gossec escreveu um Requiem, onde abundam procedimentos como este da 7a. de Dom. no início de um trecho musical. Aliás, este Requiem serviu de modelo para o famoso Requiem de Mozart.
A prática musical em Minas acabou devido ao fim do ciclo econômico da exploração de ouro e do consequente empobrecimento da região.
Recentemente, alguns pretensos entendidos, "conhecedores de verdades absolutas", andaram tentando reescrever algumas obras de Lobo de Mesquita, Manoel Dias de Oliveira, etc. sob a desculpa que eles eram um bando de "mulatinhos" ignorantes e que, portanto, não conheciam harmonia e contraponto. Naturalmente, trata-se de uma atitude colonialista, arrogante e cômoda. Porque é muito mais complexo tentar entender um contexto de época a partir do quase zero. Os brasileiros tem muita dificuldade em se compreenderem. Há uma permanente mistura de complexo de inferioridade em relação aos europeus com uma necessidade de mistificação exagerada. Mas isto é uma outra conversa...
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Mensagem por Siegfried 8/5/2019, 13:46


A Missa em Mi bemol do Lobo de Mesquita (que tenho em CD) é uma obra de grande altivez e beleza singular. Curiosamente se parece com Mozart mas acredito no Alquimista, talvez isso seja devido ao cruzamento de Haydn e música italiana (que também ocorreu com Mozart), bem, era uma época cosmopolita para os compositores, talvez mais do que hoje.
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Mensagem por Siegfried 8/5/2019, 13:47


Alquimista,
Você disse tudo, essa síndrome de inferioridade é meio irritante. E diga-se de passagem que Mussorgsky, de outro lado em outras circunstâncias, também sofreu isso. Hoje ele é considerado um dos maiores gênios do século XIX...

Gostaria de conhecer este Requiem que você citou. E... eu posso ter acesso a este acervo na Casa do Pilar? Há algum lugar em Ouro Preto que documente esse período musical?
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Mensagem por Alquimista 8/5/2019, 15:15


Caro Siegfried, a gravação que você tem da Missa em Mi bemol é a antiga do Edoardo di Guarnieri ou a de Juiz de Fora 1993?

O que chamamos hoje de estilo de Mozart é apenas o estilo italiano da época. Mais precisamente, estilo napolitano. O uso de escrita homofônica em detrimento da polifônica deve-se à necessidade, na 2a. metade do sec. XVIII, de se encontrar um discurso mais claro e direto que refletisse o pensamento iluminista. Logo, contrário ao rebuscamento barroco que, naquele momento, era muito mal visto.

O Réquiem de Gossec está gravado pela ERATO. É a melhor versão. Porém, a NAXOS também lançou outra gravação.
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Mensagem por Siegfried 8/5/2019, 22:30


Alquimista,
A minha gravação é a antiga com o Edoardo de Guarnieri. Está bem, som medonho, solistas medianos ou ruins, coro em petição de miséria. Tudo isso em uma gravação AAD. É exatamente esse o estado da nossa vida musical. O que me diz dessa gravação, e da música mesmo. O que você me recomendaria?
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Mensagem por Siegfried 8/5/2019, 22:31


Acho que o Alquimista tem razão. A música mineira se parece com Haydn, mas não o Haydn sacro... Estou ouvindo a Missa Nelson (aliás, seja dito, lindíssima). E a própria orquestração é bem diferente da orquestração, sem falar na estrutura melódica bem diferente. É napolitana mesmo, também, era a música mais influente da época...
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Mensagem por Necromante 9/5/2019, 11:23


Onde está Sombriobyte?

Estamos todos ansiosos por seu retorno ao tópico.

Afinal, o que ele viu no Museu da Inconfidência foi um recibo "fantasma"?
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Mensagem por Siegfried 9/5/2019, 13:54


Necromante,
Eu também estou curioso.
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Mensagem por sombriobyte 23/6/2019, 04:37


Amigos,

soube ontem (acho que com muuuuuuito atraso, rs) da descoberta por Amaral Vieira de uma partitura desconhecida do autor do hino brasileiro. É uma obra orquestral para celebrar a coroação de D. João VI; pelo que entendi, a partitura é completa e se trata de obra para orquestra e coro. D. João VI subiu ao trono de Portugal, Brasil e Algarve em 1816, quando a corte ainda residia no Rio. Isso, segundo o Amaral Vieira explicou, faz recuar em muitos anos o primeiro sinal conhecido de atividade musical por parte do tal Francisco. E sabem os senhores onde o Amaral Vieira descobriu esse tesouro? Num "site" brasileiro de leilões! Alguém anunciou uma partitura autêntica do autor do Hino Nacional.

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Mensagem por sombriobyte 23/6/2019, 04:42


A notícia interessante saiu na Folha de S. Paulo:

ABRE ASPAS

MÚSICA ERUDITA

Achado de pesquisador contesta dado de que obra mais antiga de Francisco Manuel da Silva é de 1820

Internet revira história do autor do Hino
IRINEU FRANCO PERPETUO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Descoberta na internet a obra mais antiga do autor do Hino Nacional Brasileiro: em um site de leilões, o compositor, pianista e musicólogo paulista Amaral Vieira, 50, adquiriu o manuscrito autógrafo do "Hino à Aclamação de D. João 6º", composto em 1817 pelo carioca Francisco Manuel da Silva (1795-1865).
Trata-se de um volume de 198 páginas, com encadernação de época e caligrafia que parece ser do próprio compositor.
A capa conta com a inscrição "Hymno per Musica da Cantarsi nel Giorno Felice dell'Aclamazione di S. Maestá Fedelissima, il Signore D. Giovanni VI - La Musica É di Francisco Manoele della Silva, Cantore della Capella R. nel Servizio de S. Maestá - Nel Anno del 1817" (Hino para Música a Cantar no Dia Feliz da Aclamação de Sua Majestade Fidelíssima, o Sr. D. João 6º - A Música É de Francisco Manuel da Silva, Cantor da Capela R. a Serviço de Sua Majestade -No Ano de 1817).
"Não há nenhuma possibilidade de ser uma falsificação, porque o trabalho que daria fazer uma falsificação dessas não compensaria o valor cobrado pelo manuscrito", afirma Vieira, que prefere, contudo, não revelar quanto desembolsou pela obra.
Responsável pela descoberta de outras peças perdidas da música erudita brasileira, como o "Tratado de Contraponto", de André da Silva Gomes (1752-1844), o quarto ato da ópera "A Louca", de Elias Lobo (1834-1901), e a "Valsa Brilhante", de Villa-Lobos (1887-1959), o musicólogo deparou com a obra de Francisco Manuel por acaso, quando navegava pelo site de leilões Arremate.com.
Seu lance foi o único. "Tive que esperar quase dois meses até que a partitura fosse entregue pelo correio, mas, quando abri o pacote, percebi que estava diante de uma preciosidade", diz.
De acordo com Vieira, o manuscrito estava em posse de "uma pessoa do Rio de Janeiro", com a qual o musicólogo perdeu o contato, e que já havia vendido, no site, uma série de antiguidades.
Na tonalidade de ré maior, a obra foi escrita para coro misto, quarteto vocal solista e orquestração de cordas, flauta e trompete, com partes adicionais de trompas, fagotes, tímpano e mais trompetes.
Com a escrita vocal virtuosística, influenciada pela ópera italiana, que caracteriza a música que se fazia no Brasil na época, o hino tem entre 15 e 20 minutos de duração, tendo sido feito sob encomenda do último vice-rei do Brasil, d. Marcos de Noronha e Brito, o conde dos Arcos.
De autoria do senador Antonio Gonçalves Gomide, o texto, em português, louva cada um dos reis de Portugal com o nome João.
Diz o estribilho: "Suba João ao throno/ Viva o Sexto Augusto/ O Re dos lusitanos/ Grande sábio e justo". "Curiosamente, sobre o texto em português há uma marcação a lápis, muito discreta, "convertendo" tudo para o latim litúrgico, ou seja, numa tentativa de transformar a peça em obra sacra", diz Vieira.
Aluno do maior compositor brasileiro do período colonial, o padre José Maurício Nunes Garcia, Francisco Manuel da Silva entrou para a história da música brasileira menos pelo talento como compositor do que pelos méritos de organizador da educação musical de sua época, com a fundação do Conservatório do Rio de Janeiro, na década de 1840.
Sua criação musical mais conhecida é o "Hino ao Sete de Abril", escrito em 1831 para comemorar a abdicação de D. Pedro 1 e que, posteriormente, se transformaria no Hino Nacional Brasileiro. A principal referência bibliográfica a seu respeito é "Francisco Manuel da Silva e Seu Tempo" (Edições Tempo Brasileiro, 1967), de Ayres de Andrade.
Sua peça tida como mais antiga pela "Enciclopédia da Música Brasileira" é um "Te Deum" de 1820. "O "Te Deum" a que se refere a enciclopédia é do conhecimento exclusivo da sra. Cleofe Person de Mattos e a fonte da informação, infelizmente, desapareceu com ela", diz o musicólogo carioca Marcelo Hazan, especialista no compositor.
"Confirmo: o "Hino à Aclamação de D. João 6º" é, em disparado, sua obra mais antiga. A importância deste achado não tem tamanho. A "Gazeta do Rio de Janeiro", que cobriu em detalhe o evento, não registra a peça", diz Hazan.

FECHA ASPAS

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Mensagem por sombriobyte 23/6/2019, 04:44


Assim a um primeiro mas substancial exame, nem Ayres de Andrade, nem Cernicchiaro, nem outros citam esse hino de Francisco Manoel, que não deve ter sido executado. Não tinha cabimento executar um hino tão suntuoso (coro, orquestra, solistas, etc) em ocasião tão solene quando os compositores mais importantes da Capela Real eram Marcos Portugal, José Maurício, Siegmund Neukomm, e alguns outros mais famosos e mais velhos que Francisco Manoel, que só tinha então (1817) 21 ou 22 anos, dependendo do mês de seu aniversário.

A descoberta é importante, e serve como ponto de referência. Musicologicamente, servirá para que se saiba como Fco. Manoel escrevia, que notação usava, etc.

saudações manoelinas

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Mensagem por sombriobyte 27/6/2019, 03:15


José Maurício Nunes Garcia (1767 - 1830)

Padre Maurício é muito legal, mas as gravações dele são horríveis.

Os intérpretes brasileiros são razoáveis (na melhor das hipóteses), mas as técnicas de gravação, os engenheiros de som são horríveis, não conheço um disco gravado aqui que tenha uma qualidade no máximo mediana (com exceção da PAULUS *). É quase sempre ruim, quando não medonho.

Quem gosta do Pe. José Maurício e música colonial brasileira não pode deixar de conhecer o bonito trabalho do Ensemble Turicum (de Zurique), dirigido pelo Luiz Alves da Silva!!!

O CD com obras do Pe. José Maurício gravado pelo Luís Alves da Silva na Suíça tem a "Missa Pastoril para a Noite de Natal", além de outros salmos menores. É de longe, a melhor gravação disponível no mercado de obras do Padre. A "Missa de Santa Cecília" foi gravada na França com instrumentos de época pelo Jean Claude Malgoire.

* Sobre as gravações da Paulus, pelo que pude ouvir, são excelentes: padrão dos músicos elevado, ótimas produções, com inclusive livretos explicativos de alto nível.
Pode ser que com o tempo eu pense que um Minkowski ou um Hogwood façam algo bem melhor (desde que a von Otter conseguiu vender Cécile Chaminade eu acredito em qualquer coisa no mercado fonográfico...), mas o que fica é que finalmente temos uma obra do Padre gravada nacionalmente com recursos "de primeiro mundo".

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Mensagem por Ivanhoe 26/9/2019, 13:15


Meu cedê favorito de cravo, com o perdão de J. S. Bach, é o do cravista Marcelo Fagerlande tocando a música do período colonial brasileiro, com obras de compositores brasileiros e portugueses. José Maurício Nunes Garcia entre eles, claro.
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Mensagem por Ivanhoe 26/9/2019, 13:16


Sempre tive curiosidade de ouvir aquela série com a Elisa Freixo "Órgãos Brasileiros", cheia de música colonial tocada nos órgãos de Mariana.
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Mensagem por Ivanhoe 26/9/2019, 13:20


Sobre as partituras na música colonial, especialmente na música barroca eram bem simplificadas, aliás, cifradas, e o instrumento predileto da época, o cravo, eu não posso dizer muita coisa, afinal nunca toquei em nenhum (e vontade não falta), eu prefiro bem mais o som do cravo do que o do piano, e creio que não teria tanta dificuldade de adaptação, sendo que treino num teclado quase todo dia (é um instrumento que necessita de um toque refinado, mais uma digitação mesmo, como muitos tecladistas são acostumados, diferente dos pianistas que sentam a mão em cima das teclas do piano).

Até a próxima!
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Mensagem por Alquimista 26/9/2019, 18:12

Ivanhoe escreveu:
Meu cedê favorito de cravo, com o perdão de J. S. Bach, é o do cravista Marcelo Fagerlande tocando a música do período colonial brasileiro, com obras de compositores brasileiros e portugueses. José Maurício Nunes Garcia entre eles, claro.

Excelente álbum que ele gravou na espineta Mathias Bostem no Museu Imperial de Petrópolis.
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Mensagem por Alquimista 26/9/2019, 18:13

Ivanhoe escreveu:
Sempre tive curiosidade de ouvir aquela série com a Elisa Freixo "Órgãos Brasileiros", cheia de música colonial tocada nos órgãos de Mariana.

Conheço a Elisa pessoalmente e tenho essa série de CDs autografados por ela. O órgão usado na gravação é o famoso Arp Schnitger de Mariana.

Caso deseje saber mais sobre os órgãos históricos de Minas Gerais, recomendo a leitura desse tópico:

Órgão, o Rei dos Instrumentos
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Mensagem por Alquimista 26/9/2019, 18:16

Ivanhoe escreveu:
Sobre as partituras na música colonial, especialmente na música barroca eram bem simplificadas, aliás, cifradas, e o instrumento predileto da época, o cravo, eu não posso dizer muita coisa, afinal nunca toquei em nenhum (e vontade não falta), eu prefiro bem mais o som do cravo do que o do piano, e creio que não teria tanta dificuldade de adaptação, sendo que treino num teclado quase todo dia (é um instrumento que necessita de um toque refinado, mais uma digitação mesmo, como muitos tecladistas são acostumados, diferente dos pianistas que sentam a mão em cima das teclas do piano).

Sobre a escrita barroca ser mais "simples", "simplificada" ou "aberta à improvisação", sabe-se que a linguagem musical no barroco subentendia uma margem indiferente para o maneirismo dos adornos, trinados, apogiaturas... O que preserva poucos detalhes de interpretação para a notação da partitura, pois eram desnecessários para o intérprete da época.

Essa liberdade ornamental também gera algumas discussões quando o repertório do cravo é transposto para o piano..., pois como seria tratado esse paradigma estilístico num instrumento muito mais "novecentista" como o piano moderno?

E sobre a escrita barroca utilizar de cifras, refere-se ao baixo contínuo, que é uma arte à parte.
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Mensagem por Alquimista 26/9/2019, 18:28


SONATA SABARÁ

Única obra do período colonial escrita para instrumento de teclado achada no Brasil (foi localizada na cidade mineira de Sabará):

Música Colonial do Brasil Partitura-jpeg



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Mensagem por Alquimista 8/11/2019, 14:37


Manoel Dias de Oliveira (?, 1734/5 - Vila de São José, atual Tiradentes, 1813)

Manoel Dias de Oliveira foi um dos maiores compositores mineiros. Quem conhece algo da música sacra brasileira, com certeza conhece algo de Manoel Dias. Seu Miserere é o mais cantado em Minas Gerais e é de uma beleza incomparável.


Igreja de São João Evangelista dos Pardos, em Tiradentes, onde está enterrado Manoel Dias de Oliveira (fotografias feitas pelo Alquimista):

Música Colonial do Brasil Tirade17

Música Colonial do Brasil Tirade18
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Mensagem por Alquimista 8/11/2019, 14:46


Lobo de Mesquita

O maior dos compositores mineiros nasceu na Vila do Príncipe (atual Serro Frio), em 12/10/1746, e morreu no Rio de Janeiro em ?/04/1805. Mulato, filho de Joseph Lobo de Mesquita e de sua escrava Joaquina Emerenciana, foi libertado por seu pai ao nascer.
De Lobo de Mesquita restaram cerca de 50 obras, mas são poucas as que se acham completas. Jamais se encontrou uma partitura autógrafa. Existem apenas dois originais do compositor, a Antífona de Nossa Senhora de 1787 e a Dominica in Palmis de 1782. Existe uma cópia em partitura do seu Tractus para o Sábado Santo de 1783, a mais antiga partitura mineira.
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Mensagem por Alquimista 8/11/2019, 14:55


Mais biografia:

José Joaquim Emerico Lobo de Mesquita (1746 – 1805). Nasceu na Vila do Príncipe de Serro Frio, MG, e fixou-se no arraial de Tejuco (hoje Diamantina) antes de 1776. De acordo com os autores Baltazar, Lange e Duprat R., foi organista na igreja que hoje em dia é a Catedral de Diamantina e na igreja da Ordem Terceira do Carmo da mesma cidade. Atuou como ''professor da arte da música'' e como alferes do Terço da Infantaria dos Pardos. A partir de 1798, já gozando grande notoriedade na Capitania, trabalhou em Vila Rica (atual Ouro Preto) e posteriormente no Rio de Janeiro até a sua morte em 1805. Acredita-se que a produção musical deste compositor seja maior do que é conhecida hoje pelo fato de se perceber em suas obras grande versatilidade de escrita composicional presente em suas obras aliada à larga experiência profissional constatada nos documentos de época e presente em sua música.

Graduação da Ressurreição:
O Gradual da Ressurreição recebeu o título inicial de Gradual pa Mathinas da Ressurreição/Ofertório pa Dominga. A versão deste concerto foi transcrita por Carlos Alberto Baltazar em 1989. O texto é extraído do salmo 117, v. 24 e 1 (Bíblia Católica). O compositor trata este texto de forma exultante, leve e também inquieta como um divertimento mozartiano. A obra se divide em duas partes, tendo na primeira um tratamento de diálogo entre vozes solos e o todo sonoro no andamento de Larghetto. O texto da obra é todo explorado neste primeiro movimento. O segundo e último movimento é Allegro onde se canta alleluia. Aqui se percebe a mestria do compositor em exultar-se através da música expressando o texto com grande riqueza não somente nas vozes mas também no tratamento dos instrumentos com suas articulações e efeitos característicos. Sua leveza sonora e rítmica nos transporta musicalmente a sentimentos alegres de exaltação.
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Mensagem por Alquimista 14/11/2019, 15:19


Presença da música europeia em Minas Gerais:

Um dos principais documentos comprobatórios é uma carta do Mestre de Capela Caetano de Santa Rosa, em 1741, dirigida ao Bispo do Rio de Janeiro com jurisdição em Minas, D. João da Cruz, na qual ''menciona textualmente a remessa das seguintes obras: Missa Brevis de G. P. Palestrina; Benedicam Dominum de Roland de Lassus; Sonatas para cravo de Alessandro Scarlatti; Quinteto para Violas e Cravo de Jean Baptiste Lully - além de outras composições de Rameau, Frescobaldi, Monteverdi, Pergolese, cujos títulos constam da fatura'' (REZENDE, 1989, p. 220).

Outra carta, datada de 6 de abril de 1788, enviada ao Frei Domingos da Encarnação Pontevel pelo dominicano Frei Antônio de Castro Moreira, regente da Igreja da Graça, relaciona o envio de obras dos compositores William Byrd, G. F. Handel, F. J. Haydn, W. A. Mozart e Henry Purcell (REZENDE, 1989, p. 554).
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Mensagem por Alquimista 14/11/2019, 15:29


Músicos atuantes em Tiradentes - MG no séc. XVIII

Manuel Dias de Oliveira (?, 1734/5 - Vila de São José, atual Tiradentes, 1813)

Mestre-de-capela padre Paulo Rodrigues de Souza (? - 1751?), o músico de maior prestígio da Vila nos anos 40 do século XVIII.

Padre Felipe Franco (? - 1760?), que atuou pelo menos desde os anos 30 do século XVIII como cantor e compositor de bradados.

Capitão Francisco da Silva Nunes e Souza (Portugal?, 17?? - Vila de São José?, 1803)
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