Mestres do Ocultismo

Segundo Nietzsche, o conhecimento deriva da vontade de poder. Por sua vez, a vontade deseja interpretar, e o que interpreta é uma parcela da realidade, sendo uma perspectiva da realidade e não ela mesma em seu todo, a interpretação que se faz, não se confunde com a verdade em si.
Pois bem, segundo Nietzsche, sobre a realidade se exerce um ato interpretativo e esse ato interpretativo é uma ilusão. Contudo, essa ilusão não tem um valor menor em relação à realidade; ao contrário, essa ilusão corresponde a uma perspectiva (uma verdade para mim).

E o que vocês acham?

Como é de bom grado que quem lança uma questão questionando algo dá primeiro a sua visão, lá vai a minha:

Toda interpretação é uma máscara, uma ilusão da qual o homem se vale para estabelecer suas ações oriundas da vontade. A interpretação abarca uma parte da realidade e não ela toda.

Só que me surge outra dúvida quanto a isso... será então que é a partir daí que surge a ideia de Vontade de poder, tão comentada pelo filósofo?

Penso que o que Nietzsche quis dizer sobre a "vontade de poder", não tem muito a ver com a Vontade preconizada pelos ocultistas enquanto "poder mental".

No meu entender ele se referia à vontade de poder no sentido comum do homem médio de apoderar-se das coisas, conhecer tudo e ser absoluto, o "super homem" em suas próprias palavras.

Noutro ponto concordo que toda verdade é relativa, é uma verdade pessoal.

"Nós somos escravos do que não conhecemos. Daquilo que conhecemos, somos mestres." - Sri Nisargadatta

Acredito que deixaram de fazer uma associação muito interessante e recaíram em um equívoco comum a quem não tem contato com as ideias aqui expostas:

Como TODA interpretação de qualquer realidade que seja é uma falsificação mental daquela suposta realidade, qual prova real e aceitável existe para acreditar que haja realmente uma realidade fora dessa falsificação mental?

Como expusestes, o objeto é pensado através de nosso cérebro a partir de nossa percepção (que por sua vez é, claro, subjetiva, e como cartão de crédito: Pessoal e Intransferível), os 5 sentidos, ou qualquer outro que se imagine haver, e não há nenhuma evidência de que exista um objeto concreto, que não imaginável ao humano, e sua existência em nada acrescentaria ao ser humano, visto que apenas sua falsificação é suficiente para nossa relação com ele.

Trismegisto, discordo de sua posição quanto a diferença entre a "Vontade de Potência" Nietzschiana e a "Vontade" como é compreendida pelos estudiosos ocultistas.
Acredito que sejam exatamente a mesma coisa, embora a "Vontade" que nos permite realizar trabalhos mágickos seja mais consciente de si, e mais exercitada.

Como sou LEIGO no assunto, queria saber então. Ambas "Vontades" são caminhos diferentes que levam ao mesmo fim? E esse fim seria o Thelema (Verdadeira Vontade)?

Não podemos olvidar que grande parte das obras de Nietzsche são aforísticas, Assim Falavra Zaratustra..., especialmente a que hoje se entitula: Die Wille zum Macht, A vontade de poder.

Poucos sabem que este título não foi dado por Nietzsche; mas cunhado por sua irmã e seus seguidores; as edições mais recentes costumam ter como título Nachlasse, O legado. Esse título ''A vontade de poder'' foi lançado posterior à morte de Nietzsche, especialmente quando começava a influenciar ideologicamente o nacional-socialismo...

Enfim... o que eu quero dizer é que embora exista um excesso de aforismo que leve a tal confusão com a Vontade que muitos ocultistas afirmam, é difícil concluir que o pensamento ou palavras de Nietzsche tenha um sentido ''ocultista'' conforme e dado no ocultismo.

Ou seja, a ''Vontade'' de Nietzsche relaciona-se tão somente a conceitos relacionados ao ''homem forte'' dentro de um contexto social, que ele defendia em face do homem ligado às crendices religiosas (''cristão ressentidos'') e etc.

É uma conotação utilizada para expressar a possibilidade do poder do homem (num contexto social) quando livre de seus medos e ressentimentos muito propagados nas religiões. Sem falar que a ideia da vontade do poder, da capacidade de afirmar-se, do homem que se afirma como poderoso, como enérgico, forma com uma exaltação de tudo que é militar, guerreiro... que teve grande prestígio na época.

Nietzsche trata de defender a atitude dos poderosos, dos homens fortes; ele vai contra a compaixão, a piedade com os necessitados; crê que tudo isso é contrário à exaltação da vida.


A Vontade preconizada por Crowley já é algo mais específico ao contexto do Espritual. Talvez haja influência, mas não acredito em mesmo caminho... ou que seja a mesma coisa.

Realmente, esse subterfúgio ao qual Crowley era tão apegado, esse mito da Vontade Verdadeira, difere da Vontade de Potência (Wille Zur Macht). A primeira é uma alternativa pseudo-filosófica para o fenômeno da mutabilidade do ser (que, diga-se de passagem, não é em sí, mas entra no processo do vir-a-ser), a outra é concluída através da observação do fenômeno da existência, e não refere-se ao humano exclusivamente, mas a toda manifestação de realidade (fenômeno). Tudo existe pela sua vontade de existir, pela afetação mútua com outros objetos. A essa Vontade, Nietzsche chamou Vontade de Potência.
Como o princípio da magia é a vontade do indivíduo manipulando a Wyrd, ou a matéria per si, ambas se referem ao mesmo conceito.

Pequeno adendo: As ideias Nietzschianas foram tomadas de empréstimo pelo anti-semitismo em tempos que aquele ainda vivia, tanto que tal fato foi por ele repudiado em algum texto seu (não me lembro se em "O Crepúsculo dos Ídolos", ou em outro, desculpe).

Assim falava Zaratustra...
(perfeito esse livro)

"Zaratustra permaneceu imóvel. Justamente perto dele e a seus pés caiu o corpo, desconjuntado, quebrado, mas ainda vivo. Passado um momento, o ferido recuperou os sentidos e viu Zaratustra ajoelhado ao lado dele. "Que fazes aqui?"- disse finalmente- "Há muito tempo sabia que o diabo haveria de me derrubar. Agora vai me arrastar para o inferno. Queres impedi-lo?"

"Amigo - respondeu Zaratustra - palavra de honra que tudo isso de que falas não existe. Não há diabo nem inferno. Tua alma ainda há de morrer mais depressa que teu corpo. Por ora, nada temas".

"O homem olhava desconfiado. " Se dizes a verdade - respondeu então - nada perco ao perder a vida. Não passo de uma besta que foi ensinada a dançar à força de pancadas e de fome".

"Certamente que não - disse Zaratustra -, fizeste do perigo teu ofício e isso nada tem de desprezível. Agora vais morrer por causa do teu ofício. Assim, vou te enterrar com minhas próprias mãos".

"A essas palavras de Zaratustra, o moribundo já não respondeu. Moveu a mão como se procurasse a de Zaratustra para lhe agradecer".

"Quero ensinar aos homens o sentido de sua existência, que é o super-homem, o relâmpago que surge da sombria nuvem chamda Homem".

Muito bom!

Sacanagem com o zoroastrismo, mas é típico de Nietzsche esse negócio de humor negro.

Se ele apregoava o Super-Homem, por que morreu confinado em sua casa?

Além do tratamento que recebeu, à base de estricnina. Doses homeopáticas o deixavam cada vez pior, mas era a moda médica da época.

A evolução do homem-macaco de Darwin para o super-homem de Nietzsche foi um pulo, rs...

FIAT LUX escreveu:Se ele apregoava o Super-Homem, por que morreu confinado em sua casa?

Além dos fatores que foram citados (doença, drogas, etc), temos que computar também o isolamento... Imaginem o peso social de ser apontado como inimigo do cristianismo, do racionalismo e do liberalismo - em pleno séc XIX!
O próprio Nietzsche afirmava que falava a ouvidos ainda não nascidos (e, ainda, que já nascera póstumo). Apesar de ser um verdadeiro livre-pensador, é provável que o supremo esforço para vencer no próprio íntimo as vozes de sua formação protestante (o pai era pastor), junto com o esforço nada desprezível de pregar aos acadêmicos CONTRA os valores colocados como os "ídolos" de então, o amargor de se saber dono de uma visão valiosa e original desperdiçada e anatemizada exatamente por propor a libertação espiritual do vicioso ciclo formador do que ele chamava "os homens sem tórax"... E sabe lá quantos outros problemas... Tenham se somado para fazer com que o próprio simplesmente decidisse retirar-se do mundo, conforme Zaratustra fez na sua obra-prima.

"Conheço a minha sina. Um dia, meu nome será ligado à lembrança de algo tremendo - de uma crise como jamais houve sobre a Terra, da mais profunda colisão de consciência, de uma decisão conjurada contra tudo o que até então foi acreditado, santificado, querido. Eu não sou um homem, sou dinamite."

Nietzsche

Bom, em relação a ele, somos a geração vindoura; Seremos nós também aqueles a que ele chamava "os irmãos do futuro"?
Trilhamos a senda do além-do-homem? Seremos nós os Super-Homens?

"Encontra-se sempre, aqui e ali, algum semi-deus que consegue viver em condições terríveis, e viver vencedor! Quereis ouvir os seus cantos solitários? Escutai a música de Beethoven."

Friedrich Nietzsche

"O homem procura um princípio em nome do qual possa desprezar o homem. Inventa outro mundo para poder caluniar e sujar este; de fato só capta o nada e faz desse nada um Deus, uma verdade, chamados a julgar e condenar esta existência."

Friedrich Nietzsche

"Quem só tem o espírito da história não compreendeu a lição da vida e tem sempre de retomá-la. É em ti mesmo que se coloca o enigma da existência: ninguém o pode resolver senão tu!"

Friedrich Nietzsche


O problema é que há uma tendência humana, uma verdadeira programação cultural, para esperar o auxílio de forças externas... O apelo da crença num Messias é enorme, por ser mais fácil esperar dos outros do que fazer por si.

Clavículas de Salomão

O testamento de Salomão
Reis 11,4-8

Sabemos por isso que Salomão se relacionou não apenas com o Deus hebreu, mas também com outras divindades. E como conseguiu Salomão fazer toda essa obra mística, com tanto sucesso?

Lucas 11,29-31

Mas, haverão outras fontes históricas e místicas que expliquem como Salomão obteve o poder para realizar feitiçarias de magia negra tão poderosas que o tornaram lendário?

O testamento de Salomão revela que quando o templo de Israel estava a ser construído, um demônio chamado Ornias apareceu em Jerusalém. O demônio dedicou-se a roubar o salário do filho do chefe dos operários construtores do grande Templo. O demônio passou a inquietar o rapazinho, sendo que ele foi ficando cada vez mais magro e debilitado.
Salomão tinha um particular carinho pelo rapaz, e tentou saber o motivo do estado cada vez mais enfermo do menor. O rapaz explicou a Salomão o motivo do seu tormento, e Salomão, revoltado com a situação, orou de dia e de noite, pedindo a Deus que colocasse o demônio sobre a sua autoridade.

..
As preces foram ouvidas pelo arcanjo Miguel, que desceu á terra e deu a Salomão um anel com uma pedra preciosa, onde se encontrava inscrito um selo.
Salomão deu o anel ao rapaz, instruindo-lhe que quando o demónio lhe aparecesse, este lhe atirasse o anel em nome do Rei Salomão.
Assim sucedeu, e o anel que o rapaz atirou ao demónio, ficou cravado no peito desse, que imediatamente ficou em tormentos.
O demónio implorou para que o rapaz lhe retirasse o anel do peito, sendo que em troca lhe daria todo o ouro e prata que ele desejasse. Assim não sucedeu, e o rapaz foi fiel ao seu rei.
O demónio foi levado á presença do Rei Salomão. Salomão interrogou o demónio, ficando a saber o seu nome e seu símbolo astrológico.
Salomão passou a exercer domínio sobre o demónio Ornias, ( Ornias era um demónio pertencente a uma linhagem de arcanjos), fazendo que com esse demónio trouxesse outros demónios a subjugarem-se ao poder de Salomão.
A certo ponto, Salomão ordenou a Ornias que lhe trouxesse o príncipe dos demónios, usando para isso o poder do seu anel.
Ornias assim fez, e Belzebu foi capturado.
Belzebu passou assim a estar aos pés de Salomão.
Belzebu, preso e indefeso, foi forçado a trazer, acorrentados, todos os demónios sob seu poder, colocando-os á disposição de Salomão.
A partir daqui, Salomão invocou e dominou um demónio feminino de nome Onoskelis, ( que passou a estar permanentemente sob sua autoridade pessoal), bem como o terrível Asmodeus.
Conta a lenda que todos os demónios que foram subjugados por Salomão, foram usados na construção do templo, bem como na obtenção de fabulosas riquezas.
A mais ancestral tradição mística hebraica, revela-nos assim como usando o poder de Deus, Salomão praticou a mais poderosa magia negra e feitiços, obtendo inimagináveis riquezas e poder. hum...

...
A chave da magia de Salomão é por isso essa mesma: a sabedoria mística, que permite pela fé e conjugação dos elementos místicos certos, subjugar e obter poder sobre as mais fortes e perigosas forças espirituais. >>>COM TUDO ISSO PERGUNTO Reis 11,4-8 E como conseguiu Salomão fazer toda essa obra mística, com tanto sucesso?<<< Não questiono só isso! Sobre a utilização dos "materiais" de conjuração, pois há pessoas que apenas colam e reproduzem imagens da internet, e "dizem que são bem sucedidos" enquanto temos esse exemplo acima de que as coisas não funcionam dessa forma... que é necessário dedicação... Muita dedicação!!! CONTRADITÓRIO!

Sabemos que Salomão se dedicou com grande fé a servir Deus, mas que por outro lado praticou cultos religiosos, místicos e esotéricos bem diferentes daqueles professados pela religião hebraica. Disso encontramos prova nas sagradas escrituras, onde podemos ler:

I Reis 3,3
Salomão (...)seguia os preceitos de seu pai David.
Entretanto, oferecia sacrifícios e incensos nos lugares altos.

I Reis 11,4-8
"Salomão seguiu Astarte, deusa dos Sidónios, e Melcom, ídolo dos amonitas (…) construiu um santuário a camos, ídolo dos moabitas (..)e um santuário a Melcom (…) Fez o mesmo para agradar ás suas mulheres estrangeiras, que queimavam incenso e ofereciam sacrifícios aos seus deuses."

I Reis 5,9
"Deus concedeu a Salomão sabedoria"

No I Livro de Reis, observamos que Deus apareceu em sonhos a Salomão, e perguntou-lhe: "O que queres que te dê?" Salomão fez uma sabia escolha: não escolheu riquezas, nem fama, nem ouro, mas antes…. Sabedoria.
Pois a sabedoria que Salomão recebeu, não foi apenas a sabedoria que lhe permitiu ser um político bem sucedido, mas também a sabedoria mais desejada e poucos conhecem: a sabedoria mística, os segredos mais profundos da espiritualidade

Lucas 11,29-31
Ora aqui está quem é maior que Salomão

Entre outras coisas... Relatam sobre o testamento de Salomão onde comprovam seus feitos...
No entanto... Muitos consideram-se magistas, Themelistas, ocultistas enfim, consideram-se tantas coisas... que chagam ao ponto de discutir desenfreadamente afirmando que sempre está com razão, enquanto temos exemplos claros... que tudo não se resume apenas em ler sobre tal conteúdo!

Cornelius Agrippa - Base da Filosofia Oculta

Cornelius Agrippa descreve que a compreensão mágica e o seu uso fundamenta-se no estudo, a priori, de três filosofias: a natural, a matemática e a teológica. A natural ensina as coisas do mundo: suas causas, seus efeitos, os eventos, tanto o todo quanto a sua parte. A matemática ensina a quantidade das coisas: um estudo quantitativo, complementar ao qualitativo estudado pela filosofia natural. O teológico, por último, ensina o que é Deus, a inteligência, a alma, os anjos e os demônios.

Atualmente, parece-me que estes estudos foram deixados de lado. E a consequência disto são as inúmeras operações mágicas que não passam de atos teatrais, com resultados auto-induzidos que dão a falsa sensação de ter-se obtido uma experiência mística e transcendental. Atualmente, os elementais tornaram-se demônios (salamandras, ondinas, silfos e golens), ao invés de apenas representarem as suas qualidades (vivacidade ou morbidade, sutileza ou rusticidade, serenidade ou impulsividade).


O problema jaz na corruptibilidade dos autores modernos, ao ensinarem um ocultismo distorcido e de magia circense. Aparentemente, nunca na história da humanidade falou-se tanto em ocultismo, e, ao mesmo tempo, nunca este assunto esteve tão bem oculto-escondido.

Para os antigos, tudo o que havia na Terra era representado por quatro elementos ou essências: fogo, ar, terra e água. Contudo, os mesmos elementos não representavam os corpos celestes e as divindades. Para tal, eles chegaram a conclusão de que deveria haver um quinto elemento, ou uma quinta essência (quint-essencia). Este novo elemento ou essência foi chamado de Éter.

Como obteremos a essência de uma essência, neste caso, a quinta, ou seja, o Éter, se a essência é o atributo fundamental de um objeto, quer seja magia, quer seja outra coisa?

Este é apenas um exemplo de distorção do conhecimento antigo que permeia os livros pseudo-ocultistas atuais. Esta história mais parece aquela brincadeira do telefone sem fio, mas neste caso, a cada século, um conceito vai se perdendo ou vai se alterando, até chegarmos num total pandemônio moderno, em o que foi dito no começo, lá na antiguidade, não lembra em nada o que é dito por nossos contemporâneos.