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Mensagem por Maçom 33° Grau 29/9/2019, 18:07


Eu discordo quanto ao argumento de que os sigilos é uma fase avançada da magia na qual se dispensa os rituais. Pelo contrário, no meu ver a técnica dos sigilos é apenas um truque de auto-sugestão, um tipo de fast food. Também dicordo totalmente da teoria de Crowley e Regardie de que os rituais são apenas uma parafernália para impressionar a mente. Há determinados rituais que exigem aplicações de leis igualmente específicas; e não vai adiantar substituir esse procedimentos por técnicas de sigilo. E há ainda rituais que não podem nem mesmo ser adaptados.
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Mensagem por Maçom 33° Grau 29/9/2019, 18:11


Eu acho esse humanismo onde supõe até uma identificação com Deus extremamente pueril. Eu não acredito que uma experiência espiritual autêntica termine em identificação, que para mim nada mais é que uma megalomania; mas numa consciência da enorme distância que ainda separa o criado do Criador. Portanto essa coisa de que o homem chega ao ponto de criar leis para o Universo, para mim é um absurdo. Mas obviamente não estou negando o desenvolvimento espiritual e moral que deve ocorrer em paralelo ao estudo das Leis, ou a coisa descamba para feitiçaria onde o pseudo-magista vai usá-la para dinheiro, sexo, prejudicar desafetos e muitos "et ceteras". Na verdade esse desenvolvimento é até mais importante, e se o buscador está interessado apenas em se elevar espiritualmente, a Magia é plenamente dispensável, e vai é atrapalhar sua busca. Mas existem aqueles cuja vocação exige a investigação e a aplicação das Leis, que é o estudo da Magia. E se estamos falando de Magia, ela pressupõe o uso de forças externas ao operador. Por exemplo, Papus enfatiza que num ritual de materialização, a espada devidamente consagrada terá a função de desagregar a entidade, caso ela resolva atacar. Isso é o tipo de coisa que a vontade isolada do magista não vai substituir. Um sigilo, no máximo vai atuar no inconsciente, como uma auto-sugestão.
Se existe essa evolução espiritual toda (e não estou considerando Jesus nem as narrativas bíblicas, que estão muito mais para lenda), em que um magista é capaz de aplicar leis sem nenhum recurso, com certeza se trata de exceções, daqueles que atingiram um alto grau de aprimoramento, e não uma técnica de sigilo que está no mesmo nível das simpatias. Aliás um talismã confeccionado e consagrado corretamente terá muito mais eficácia, já que estará ligado à força de uma egrégora mais a vontade do magista.
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Mensagem por Dante 29/9/2019, 18:31


Quanto a ''rituais serem parafernália para impressionar a mente'', a teoria é do próprio homem.

''A ação onipotente da harmonia para acalmar a alma e torna-la dona dos sentidos, era bem conhecida dos antigos sábios, mas o que eles usaram para acalmar, os encantadores usaram para exaltar e embriagar. (...) A monotonia de sua recitação, os passes de sua vara mágica, cem rodopios em torno dos círculos, as magnetizavam, as exaltavam, as levavam progressivamente até o furor, até o êxtase, até a catalepsia.'' História da Magia

''... se por uma série de exercícios quase impossíveis fez alguém de seu aparelho nervoso, ... , uma sorte de pilha galvânica viva, capaz de condensar e de projetar com força essa luz que embriaga e fulmina.'' História da Magia

''As operações mágicas são um exercício de um poder natural, mas superior às forças ordinárias da natureza. São resultado de uma ciência e um hábito, que exaltam a vontade humana acima dos seus limites habituais.'' Dogma e Ritual da Alta Magia

''As cerimônias sendo, como dissemos, os meios artificiais de criar os hábitos da vontade, deixam de ser necessárias, quando estes hábitos estão adquiridos.'' Dogma e ritual da Alta Magia


Logo, o ritual é tanto uma harmonia quanto uma ginástica para a vontade, de maneira a concentrá-la em uma ideia, representada por um símbolo ou conjunto destes. E para que a ciência? Ora, é ela que define a harmonia e o símbolo necessários à exaltação e direção da vontade.
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Mensagem por Maçom 33° Grau 29/9/2019, 19:29


Nesse ponto eu concordo. Contudo, observe que existem ritos que na verdade são exercícios espirituais de concentração, que visam desenvolver as faculdades latentes, como a clarividência, levitação e cia. Nesse caso, sim, as práticas tem a finalidade específica de desenvolver a vontade, e fazem parte desses ritos preparatórios aos quais Lévi se refere. Mas no caso dos rituais maiores, ele também cita a aplicação de leis específicas. Observe que quando Lévi se refere aos rituais constituídos apenas de parafernália, ele atribui isso muito mais a feitiçaria, na qual o operador desconhece a leis e segue esses procediemtnos aleatórios:
"... a operação cerimonial que visa o feitiço atua somente sobre a vontade do operador e serve para fixar e confirmar sua vontade, formulando-a com firmeza e empenho... Quanto mais difícil ou horrível for a operação, mais eficaz resultará, porque atuará com maior força sobre a imaginação..." (Dogma, cap 16)
Já em outras passagens, ele se refere de maneira diferente:
"Os ritos são, pois, determinados de antemão pela própria ciência... quando os ritos são cumpridos com exatidão e fé, jamais ficam sem efeito." (Ritual cap. 2)
E no capítulo consagrado ao pentagrama: "Ora, a vontade deve proporcionar seu verbo completo para transformá-lo em ação; e uma só negligência, representada por uma palavra ociosa, por uma dúvida, uma vacilação, converte toda operação numa obra de ficção e de impotência e devolve contra o operador todas as forças despendidas inutilmente. Cumpre, portanto, abster-se em absoluto de toda cerimônia mágica ou executá-las todas escrupulosamente e exatamente!" (Ritual, cap5)
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Mensagem por Maçom 33° Grau 29/9/2019, 19:33


E aqui ele sintetiza essas duas coisas:

"Sendo as cerimônias, os trajes, os perfumes, os caracteres e as figuras, como já asseveramos, necessários ao emprego da imaginação na educação da vontade, o êxito das obras mágicas depende da fiel observação de todos os ritos. Estes ritos, como já dissemos, nada têm de fantásticos nem de arbitrários, nos foram transmitidos pela antiguidade e subsistem pelas leis essenciais da realização analógica e da relação que necessariamente existe entre as ideias e as formas."

Ou seja, nesse trecho, que eu acho dos mais esclarecedores, os rituais não são meras parafernálias aleatórias. Há uma determinação, uma razão de ser; que obviamente exige uma mente e uma vontade treinada.
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Mensagem por Dante 29/9/2019, 19:50


A grande habilidade de Eliphas está em mostrar leis mesmo quando critica essas práticas. Veja que ele denigre a magia operatória em outras obras e constantemente demostra que os métodos são os mesmos, a diferença está no conhecimento dos mecanismos astrais, ''o anel de Salomão necessário para não ser fulminado pelo próprio raio'', como ele mesmo diz.

Fato é que em qualquer cerimônia ou mesmo em atos não tão ''mágicos'' a hesitação faz com que todas as forças postas em movimento se voltem contra o ''operador''. Uma vontade imperfeita resultante de ritos imperfeitos invariavelmente provoca um choque de retorno e essa lei se aplica muito bem aos nossos ritos ''normais''.

Creio que vc não entendeu a minha defesa. Realmente não creio que os ritos tem parafernália aleatória, pois elas são escolhidas de antemão pela lei da analogia, necessária a adequada direção da vontade. Um rito, por melhor que seja, é uma muleta à vontade humana (Grande Arcano – Eliphas Levi) e o ritual existe em função do operador, não o operador em função do ritual. Não existe evidência de rituais que funcionem por outras leis.
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Mensagem por Maçom 33° Grau 29/9/2019, 22:49


Você diz que não há evidências de que rituais funcionem por outras Leis. É claro que você tem todo o direito de negar que existam outros tipos de rituais. Os meus estudos me conduziram a conclusões bem diferentes, e encontrei evidências aos montes. Nos livros de Lévi e Papus há muitas passagens que fazem alusões a propriedades mágicas que ultrapassam as simples leis de analogia. No exemplo das muletas, isso precisa ficar bem compreendido. É claro que o ritual é que existe em função do operador. Mas a vontade humana não está acima das leis. No plano físico, por exemplo, lidar com a eletricidade exige cuidados especiais. O homem ali, conhece as leis da física que desencadeiam e conduzem essa energia, e as aplica para obter os efeitos desejados. Por mais experiente e conhecedor que seja, a eletricidade não vai se submeter a ele ao ponto dele poder negligenciar condutores, proteção adequada, baterias e etc. Da mesma forma, há Leis em outros planos que o operador precisa conhecer para colocar determinadas forças em jogo. E isso está de acordo com Papus: "A Magia Cerimonial é a operação pela qual o homem procura constranger, pelo próprio jogo das forças naturais, os poderes invisíveis de diversas ordens a agir segundo o que lhes pede. Ele surpreende e consegue, projetando pelo efeito das correspondências que supõe a unidade da criação, as forças das quais ele mesmo não é o mestre mas podendo abrir para elas caminhos extraordinários. Daí surgem esses pentáculos, estas substâncias especiais, essas condições rigorosas de tempo e lugar que é preciso observar sob pena de grandes perigos, porque o audacioso estará exposto à ação de poderes perto dos quais ele não passa de um grão de poeira..." (Papus, Tratado de Ciências Ocultas)
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Mensagem por Maçom 33° Grau 29/9/2019, 22:56


Uma opinião pessoal: é claro que existem as pessoas que aprendem a aplicar determinadas Leis sem a necessidade rituais complexos, e a iconografia cristã, por exemplo, abunda de relatos de curas, bilocação, levitação, êxtases místicos e outros fenômenos ainda mais estranhos. Há também fenômenos, como as faculdades latentes, que não requerem rituais. Rituais são feitos com propósitos bem específicos quando há necessidade de utilizar outras forças além do operador. Há outros fenômenos que não podem ser realizados por meio de rituais, como o Dom da cura, que seria isso que alguns chamam de milagre. Mas isso já é uma outra coisa, e reservada a indivíduos fora do convencional. Por exemplo, quanto ao Mestre Philippe de Lyon (Nizier Anthelme Philippe), pessoalmente tenho muitas reservas porque pelos relatos, muita coisa parece um exagero de seus seguidores (e não estou me referindo às curas), e em outras ele mesmo tenta dar a entender que é a reencarnação de Jesus. Eu prefiro acreditar que os relatos são exageros e que era uma pessoa piedosa mesmo, porque se não forem, a minha impressão é que gostava de ser endeusado. Mas é um posicionamento pessoal.
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Mensagem por Dante 29/9/2019, 23:26


Em momento algum digo que essas energias são provenientes do operador, a função do ritual é permitir a interação da vontade humana com essas correntes de luz astral.

Nas diversas consagrações temos o operador recolhendo pela invocação força divina e carregando com ela seu círculo, suas armas, seu triângulo. Quando ele constrange um demônio com sua baqueta, é com essa energia divina que ele ameaça o ser. É desviando certas correntes astrais mais dóceis que ele junta força para comandar as mais selvagens.

Vc muito bem usou o exemplo da fiação, condutores e isolantes, mas se esquece que um bocado de energia é gasta pelo engenheiro para montar adequadamente esse circuito. E de fato, a eletricidade não vai se submeter a ele, mas todo o equipamento que ele reuniu, aos quais a eletricidade é submissa, é submissa (ou ao menos bastante dócil) a ele.

É possível ver que o objetivo inicial do ritual é formar uma grande bateria e depois concentra-la e direciona-la. Essa energia não vem naturalmente, depende do magista para trazê-la, assim como depois de reunida é a baqueta que dá direção a ela (sentido tanto literal quanto simbólico). Assim ele guia essa corrente para coagir outras correntes (demônios, anjos etc...)

Um rito nada mais é que uma reunião maravilhosa de todos esses pequenos elementos, tanto de exaltação da vontade quanto do uso desta para dirigir as forças.
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Mensagem por Dante 29/9/2019, 23:28


Há o livro "Mestre Philippe de Lyon – O Orientador Espiritual da Ordem Martinista" que é um tipo de dossiê sobre esses episódios, e em mais de um momento ele se compara e fala como Jesus como nesta passagem: "Meus amigos e irmãos: não se preocupem; creiam, vim trazer a luz na confusão e não vim sem armas, sem escolta, vim armado com a verdade e a luz!".

Cada um que julgue por si mesmo...


Última edição por Dante em 29/9/2019, 23:31, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Dante 29/9/2019, 23:30


Ah sim, encontrei essa pérola e não posso evitar de cita-la:

''É um erro atribuir poderes mágicos a um cerimonial, pois o poder mágico só existe na vontade treinada do operador.''

Ritual Mágico do Sanctum Regnum – O Hierofante


Ad Rosam per Crucem!
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Mensagem por Maçom 33° Grau 30/9/2019, 00:02


Pois é, Dante, é exatamente esse tipo de humildade que eu não engulo. Ao mesmo tempo que ele era um pobre pecador, estava ali ao lado de Jesus, usou as mesmas palavras que ele, se colocou como um enviado que veio ajudar a nós, pobres mortais; e ainda dizia que Jesus seria implacável com quem se metesse com ele. Há ainda aqueles episódios em que ele recusava uma cura porque alegava que a pessoa merecia o atual estado de desgraça por causa de faltas cometidas em vidas anteriores. Tudo isso para mim é muito questionável.
Sobre a fala que você colocou, esse tipo de discurso, se é que de fato ocorreu, não me convence. Mas como você bem disse, cada um que julgue por si mesmo.
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Mensagem por Legolas 30/9/2019, 00:20


Olá gente. Estou chegando agora para debater o que é escrito por Paulo Coelho.

"Paulo Coelho não é Literatura", algums acham. Um argumento baseado no eixo do saber. Daí depreende-se que o dono da afirmação sabe que P.C. não é literatura. Portanto a questão é: o que é literatura? Vamos tentar definir primeiro aquilo que P.C. não é.
O que é Literatura?
Literatura é o TEMA das histórias?
Ou é expressar-se em termos corretos do ponto de vista GRAMATICAL?
Aquilo que foge aos CÂNONES (M. de Assis, José de Alencar, Saramago, etc.) e que convencionou-se como modelos literários não é literatura?
Ou será que a vida pessoal do autor é relevante para ser aceito?
Literatura são as obras de SUCESSO que VENDEM bem, são populares, ou ficam "undergrounds"? Não sei se P.C. é Literatura.
Agora, se a questão é o TEMA, qual a diferença entre o conto "A Cartomante" e tantos outros personagens místicos de Machado de Assis, da Brida de Paulo Coelho? Quem escreveu "Memórias Póstumas de Brás Cubas"? Se o foco é a questão GRAMATICAL, é óbvio que ninguém mais chegará aos pés das construções sintáxicas de um M. de Assis, por exemplo. Mas ficar preso a isso poda a criatividade de um escritor que pode se fazer entender através de termos simples, não rebuscados.
Se a questão for os CÂNONES, como iremos arejar a nossa Literatura sem escritores novos? Que dinâmica haverá nela se nos intimidarmos frente aos grandes escritores?
Por último, se a questão for a vida pessoal... Vejam, M. de Assis era epilético e se envergonhava disso. Também tratava com extrema reserva suas origens raciais afro, escrevendo histórias protagonizadas pela burguesia da época.
Literatura não é algo estático. Confesso que li apenas um livro de P.C e parei na metade. Posso dizer que o que me assustou foi a fluidez de suas histórias e o tema da desilusão humana; de seres que se apaixonam e sofrem, histórias protagonizadas diariamente no sigilo pessoal e recôndito da nossa vida íntima.
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Mensagem por Alquimista 30/9/2019, 02:39


Na minha opinião, obviamente o tema está fora de questão. É claro que temas místicos e mágicos não desaprovam uma obra de literatura, ou teríamos de excluir muitos clássicos de excelente qualidade, entre eles o Fausto, As Mil e Uma Noites, A Eneida, a Odisséia, Macbeth, Hamlet, sem contar os mais modernos como Jorge Luís Borges, Umberto Eco... enfim, muitos clássicos, que o PC não é nem sombra, não por causa da estética ou complexidade, mas pela falta de ideias significativas. Uma boa literatura, na minha opinião, tem que conter elementos que te surpreendam, te levem a pensar possibilidades não previstas, e que tenha o prazer da descoberta. Tudo isso foge ao PC depois dos 2 primeiros livros. Agora minha crítica pessoal: no início eu gostava do PC, justamente porque ele escrevia de forma simples, muitas vezes contemplativo que me fazia parar a leitura e refletir na beleza de uma simplicidade que o dia a dia atarefado me fazia esquecer. Além disso, ele levava o nome do Brasil ao exterior, e tinha humildade. Nunca tentava atrair as massas populares, nem se fazer de mestre, e se limitava a dizer que eram narrações de sua vida e que servia para ele, e que as outras pessoas deveriam buscar a riqueza de suas próprias vidas. Até aí, eu achava louvável. Mas então, depois do Alquimista, ele começou a ficar pretensioso. Começou a dizer que cometia erros de Português de propósito como Machado de Assis fazia. Disse que toda literatura complexa não sabia o que estava fazendo, e que seu estilo era de vanguarda, já que ele escrevia como o povo falava, e a linguagem do povo eventualmente moldaria a gramática. Eu acho isso uma arrogância decepcionante. Veja que ele se colocar pela causa da linguagem simples, não tem nada de mais, e eu até admiro, mas ele colocar isso como a melhor forma literária, e desprezar o que é diferente, isso já é megalomania e vaidade.
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Mensagem por Alquimista 30/9/2019, 02:44


Muita coisa ele tira de outras obras. O Alquimista, nada mais é que uma extensão do conto "A História dos Dois que Sonhavam" de Borges, referente ao mito do eterno retorno. Se ele fizesse isso e deixasse os créditos eu não veria problema algum, mas ele nem mencionar isso, como se a ideia fosse dele, isso me desagrada. Também, depois do Alquimista, os temas acabaram. Os personagem tem sempre as mesmas reflexões do tipo "siga seus sonhos e corra seus riscos", ou "sei que nunca farei tal coisa, mas estou satisfeito com a vida que tenho". Enfim, a coisa não muda, e todos os seus personagens são pessoas que começam com sentimentos de medo e culpa, e vão descobrindo o amor que purifica tudo. Além do fato de todos serem fumantes compulsivos! Não sei se só fui eu que percebi isso, mas por que será que sempre antes de fazer um desses discursos de sabedoria, algum personagem tem que acender um cigarro ou dar um gole de vinho? Mas o que é mais inadmissível, para mim, são os erros de português e as bobagens irreais (e não estou falando de magia), como o caso daquele hospício que o psiquiatra mente para a paciente dizendo que ela tem 7 dias de vida, ou o esquizofrênico que é curado com uma masturbação! Todos os seus livros tem coisas absurdas como essas que ofendem o bom senso do leitor. Isso tudo sem contar as bobagens que escreve a respeito de magia e de tradições iniciáticas.
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Mensagem por Dante 1/10/2019, 01:04


Martinez de Pasqually

Teósofo do século XVIII, Martinez foi o fundador de um grupo maçônico oculto chamado Ordem dos Cavaleiros Maçons Eleitos Cohen do Universo, sediado em Bordéus. Seu único conhecido livro, O Tratado da reintegração dos seres, consiste formalmente numa hermenêutica do Gênesis.
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Mensagem por Dante 1/10/2019, 01:07


TRATADO DE REINTEGRAÇÃO DOS SERES

Como todos os esoterismos, a doutrina Martinista, tal como foi definida por Martinez de Pasqually em seu "Tratado da Reintegração dos Seres", recorreu necessariamente ao esoterismo para expressar as verdades metafísicas, pouco compreensíveis e difíceis de expressar em razão de sua natureza. É assim que a doutrina Martinista encontra-se relacionada de maneira integral com a Tradição Ocidental e, muito especialmente, com a corrente Judaica-Cristã.

Com respeito ao problema da Causa Primeira (Deus), o Martinismo faz suas, as conclusões a que haviam chegado os teólogos cristãos e os Cabalistas hebreus, pelo menos no que diz respeito aos princípios sobre os quais estão de acordo e tem estado sempre as diversas escolas: ternário Divino, pessoas Divinas, emanações, etc...

Quanto ao resto, é mais particularmente gnóstica (ainda que apresentando esta tese sob uma forma diferente das escolas conhecidas com esta denominação), já que faz presente, em princípio, a necessidade igual de Conhecimento e de Fé e a circunstância de que a Graça deve, para operar completamente, ser completada com ação, com a inteligência e com a compreensão e a liberdade do Homem.

Por estes diversos motivos é que Martinez de Pasqually apresentou o esoterismo de sua Escola sob o aspecto da tradição judaica-cristã. Esta lenda, cujo autor certamente foi o Mestre, baseou-se em documentos tradicionais, propriedade de sua família, depois que um de seus avós, membro do tribunal da inquisição, os havia colhido dos hereges árabes e judeus, na Espanha. O conjunto destes documentos, era formado por manuscritos em latim, cópias de originais árabes, derivados mesmo, de clavículas hebraicas.

Seja como for, iremos tentar aqui apresentar um resumo do "Tratado da Reintegração dos Seres", obra tão rara como pouco clara para quem não esteja perfeitamente ao corrente das tradições gerais em que se inspirou.
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Mensagem por Dante 1/10/2019, 01:15


O Mundo, considerado como um "domínio material", submetido a nossos sentidos e as "regiões espirituais" do Invisível, não constituem a obra de Deus, considerado como o Absoluto. É o próprio Evangelho de São João que nos assinala:

"No princípio (quer dizer, no começo dos Tempos, ou seja, daqueles períodos em que se manifestam os seres relativos), era o Verbo" (o Logos, a Palavra Divina).

"O Verbo estava com Deus ..." (expressão literal mais apropriada).

"O Verbo era Deus ... (não Deus com maiúscula. O texto grego não levava artigo. O Verbo é pois, um dos "Elohim", quer dizer: um dos filhos de Deus ( ); esta palavra "Elohim" significa em hebreu "Eles, os deuses" assim também o assinala e sublima o Abade Loisy, em seu "Quarto Evangelho")."Todas as coisas foram feitas por ele; e sem ele nada do que foi feito se fez" ... (São João 1, 3).

É a este Logos que a Cabala denomina Adam Kadmon; (de acordo com todas as tradições religiosas da antiguidade); ele cria os seres inferiores por meio de sua palavra, designando-os, nomeando-os, chamando-os (entende-se à "vida real e manifestada"):

"E Adão colocou nome em todos os animais e aves dos Céus e em todos os animais do campo; mas para o Homem, não achou ajuda que fosse idônea para ele..." (Gênesis: 2, 20).

Estes "animais dos campos", estas "aves dos Céus" não são os seres comuns que conhecemos com estes nomes. Com um sentido esotérico denomina-se, dessa maneira, às criaturas que são inferiores ao Homem-Arquétipo e que povoam os "planos" ou mundos do Invisível, regiões espirituais às quais já fizemos alusões anteriormente.
Com respeito a esta criação, Deus serve-se de um intermediário. Isto nos confirma o Capítulo 1º do Gênesis (1, 2, 3), que nos diz:

"A Terra (a matéria primordial, o Caos) era informe e vazia e o Espírito de Deus movia-se sobre as Águas" (o nous Egípcio, ou seja, o elemento mais sutil desta Matéria). O Termo "Espírito de Deus" está escrito com maiúscula, designando-se dessa maneira um Espírito diferente de Deus; de nenhuma maneira se alude desta forma a Deus, o que constituiria um absurdo, pois, Deus é necessariamente, em si mesmo, espírito. O Gênesis não nos diz que "Deus se movia sobre as Águas..."

É por isso que, mais adiante, nos diz que "Deus, o Eterno, tomou, pois, o Homem e o colocou no Jardim do Éden, para que o cultivasse e o cuidasse..." (Gênesis 2, 15).

O dito Jardim é um símbolo que significa o Conhecimento Divino, acessível aos seres relativos. Com efeito, a Cabala, ou tradição secreta, pode ser designada, com frequência, como o "Jardim" místico. Em hebreu jardim ou campo se pronuncia guineth, palavra formada pelas três letras seguintes: Gimel, Num, Tau ou Tav, e que constituem as iniciais das três ciências secundárias que são as chaves da Cabala: a Gematria, o Notaricon e a Temurah.
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Mensagem por Dante 1/10/2019, 01:23


O Homem Primitivo, referido pelo Gênesis em seu relato exclusivamente simbólico, não é um ser de carne, semelhante em sua forma a nós, mas um espírito emanado de Deus, composto de uma "forma" (à qual o Gênesis chama "Corpo" porém, semelhante ao "Corpo Glorioso" que definiram os teólogos, criado pelo Deus eterno, e composto, por outra parte, por uma centelha animadora, que é integralmente Divina, já que o Gênesis nos dita que foi o Alento mesmo de Deus. Nosso Homem-Arquétipo, é pois, semi-Divino. Por uma parte saiu da Matéria Primordial (do Caos composto de Terra e de Água, para falar simbolicamente), no que diz respeito a sua "forma"; por outro lado, é uma emanação de Deus, já que é o alento Divino que o anima (o dito alento provém de Deus mesmo).

Adão e o Verbo Criador são parecidos, uma vez que o Homem-Arquétipo continua, no simbólico Jardim do Éden, a obra começada pelo Espírito de Deus. Em consequência, este Verbo Criador e o Verbo Redentor são diferentes. É indiscutível que o Cristo (a quem Martinez denomina O Reparador) é Deus por sua origem e homem por sua encarnação. A teologia o demonstrou. Porém, assim como o menino de dez anos e o ancião serão mais tarde um só e mesmo ser (embora com características e aspectos diferentes)... existe entre eles absoluta continuidade de consciência, apesar de não existir semelhança no aspecto ou em suas reações inferiores.

Da mesma maneira, a alma que animou um corpo humano em uma encarnação, será idêntica a si mesma vinte séculos depois animando outro, embora sejam duas manifestações diferentes. Essa identidade existe, mesmo que as manifestações sejam diametralmente opostas, em razão da manifestação exilatória, conhecida pelo vocábulo "Carma".

Paralelamente a Adam Kadmon (o Homem Arquétipo ou Cósmico), existiam outros seres gerados em sua criação anterior; diferentes por sua natureza e pelo plano em que habitavam, tinham relação com a que nos explica a tradição contida no Gênesis. Esta Criação anterior se denomina Angélica, à qual também se referem outras Tradições e teologias. Trata-se de duas criações diferentes que estão subentendidas pelo Gênesis em seu primeiro versículo:

"No começo, Deus criou o Céu e a Terra". Imediatamente o Gênesis deixa de lado a primeira Criação (sobre a qual parece que Moisés não possuía maiores conhecimentos) e passa a referir-se à segunda:
"A Terra era informe e vazia, as Trevas cobriram a superfície do abismo ..." (Gênesis 1, 2).

Outros elementos da Tradição Judaica-Cristã nos ensinam que os seres desta criação primitiva (simbolizada pelo Céu), quer dizer, os Anjos, dividiram-se em duas categorias, os Anjos fiéis e os Anjos rebeldes, depois de uma prova feita por Deus.

Isto nem sempre foi bem compreendido. Deus, princípio de infinita perfeição, não poderia tentar os Anjos depois de sua emanação, nem afastá-los depois de sua involução. Muito pelo contrário, certas entidades, uma vez chegadas ao fim da Missão para a qual Deus as havia emanado (quer dizer, uma vez liberadas, ou seja, dotadas de livre arbítrio, necessariamente) recusaram reintegrar-se no Absoluto, conforme correspondia com o plano Divino, fonte do Soberano Bem. Em consequência, preferiram o momentâneo, perecível e ilusório em relação ao Ser Eterno, real e imperecível. Preferiram viver fora de Deus antes que reabsorver-se Nele e beneficiar-se, desta maneira, com suas perfeições infinitas. Portanto são estas entidades as que se afastaram momentaneamente de Deus, em virtude de um ato livre, ainda que errado. Não foi o Absoluto que as afastou injustamente, nem foi o Absoluto a causa de seu exílio. Disto se conclui que o retorno posterior e sua redenção são possíveis quando essas entidades caídas quiseram voltar e seguir o caminho da Divindade.

Porém, enquanto não se realiza este retorno à Luz, à Verdade Imanente devido às suas atitudes egocêntricas, esses seres permanecem: rebeldes (em relação à oferta Divina primitiva e permanente); extraviados (uma vez que saíram do curso de seu legítimo destino); perversos (já que vivem fora do Soberano Bem) e, em consequência, atolados no mal.
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Mensagem por Dante 1/10/2019, 01:31


Toda coisa corrompida tende, por sua natureza, a corromper o que é. E isto ocorre com maior razão no domínio dos seres espirituais do que no reino dos corpos materiais, uma vez que naqueles misturam-se a inveja (ou consciência, apesar de tudo, de uma real inferioridade), o orgulho (ou vontade de dizer a última palavra) e a inteligência (diminuída, porém operando em proporção máxima em seus erros).
É por isso que a Tradição nos ensina que o conjunto dos seres espirituais perversos (ou Egrégoras do Mal) sentiu ciúmes do ser perfeito, o Adam Kadmon, superior a eles e imagem de Deus, do qual pretendiam subtrair-se estas entidades caídas.

Estas entidades atuaram, pois, sobre Adam Kadmon, incitando-o a passar para além dos limites de suas possibilidades naturais.
Ser místico por sua natureza, meio espiritual e meio formal, no qual se interpenetravam mutuamente Forma e Espírito, o Homem-Arquétipo devia conservar uma certa harmonia, um equilíbrio necessário no lugar onde Deus o havia colocado. Devia zelar pela manutenção desta condição e trabalhar no sentido de continuar a empresa deste Espírito de Deus, do qual era reflexo, o dirigente, o celeste... O Adam Kadmon estava destinado a desempenhar este papel de Arquiteto do Universo; embora fosse um Universo mais sutil do que o nosso, tratava-se daquele Reino que não é deste mundo e do qual falam os Evangelhos.

Sob a influência das Entidades metafísicas perversas, o Homem-Arquétipo transformou-se em um Demiurgo independente. Renovando sua falta, modificou e perturbou as leis que tinha obrigação de conservar e observar. Pretendeu, de maneira rebelde, fazer-se por sua vez, criador e igualar-se por suas obras a Deus. Porém, seu único êxito foi modificar seu destino primitivo.

Aqui nos deparamos com duas lendas paralelas e idênticas a de Lúcifer, o primeiro dos Anjos e a de Adam, o primeiro dos Homens. Pode ser desta Tradição que derive o costume de consagrar aos deuses ou a Deus as primícias de uma colheita ou o primeiro dos animais de um rebanho. É indubitável que na história simbólica da Humanidade, e conforme nos refere o Gênesis, todos os primogênitos: Caim, Cham, Israel, Esaú, etc., estão misteriosamente marcados com um destino contrário.

Enquanto Deus, em suas infinitas possibilidades pode conseguir qualquer coisa do Nada, o Homem, criatura limitada em suas possibilidades, o que pode fazer é modificar o que já existe, sem poder extrair coisa alguma do Nada.

O Homem-Arquétipo, desejando criar seres espirituais, da mesma maneira como Deus havia criado os Anjos, não fez mais do que objetivar seus próprios conceitos. Desejoso de proporcionar-lhes corpo, não pode fazer outra coisa que integrá-los na Matéria mais densa e grosseira. Querendo animar o Caos (as Trevas Exteriores), da mesma maneira como Deus havia animado o mundo metafísico que primitivamente lhe havia confiado, nada mais fez do que afundar-se em areia movediça.

Com efeito, Deus sendo, no sentido mais absoluto da palavra "Sou o que sou", disse a Moisés sobre o Sinai, deve ser preexistente ao Nada. Para criar a matéria primitiva, Deus simplesmente separou uma parte de suas infinitas perfeições de uma porção de sua essência infinita. Esta retirada parcial da perfeição espiritual mais absoluta conduziu, inevitavelmente, à reação traduzida em uma imperfeição material e relativa. Isto explica porque a Criação, qualquer que seja, não pode jamais ser perfeição. É necessariamente imperfeita pelo fato dela não ser de Deus.
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Mensagem por Dante 1/10/2019, 01:38


Imitando o Absoluto, Adam Kadmon pretendeu, pois, criar sua matéria primordial. Por tratar-se de um alquimista inexperiente, encontramos aqui a origem de sua Queda.
O Homem-Arquétipo é um ser andrógino. Nos diz o Gênesis (Cap. 1, 27 e 28): ''E criou; homem e mulher os criou''. É este elemento feminino, que Adam vai jogar fora de si mesmo. É o lado esquerdo, feminino, passivo, lunar, tenebroso, material o qual ao separar-se do lado direito, masculino, ativo, solar, luminoso, espiritual, dará nascimento à Eva. A Mulher-Arquétipo foi, pois, extraída de um dos lados do Andrógino e não de uma de suas costelas... (Todas as religiões antigas conheceram um ser Divino, original, que era masculino e feminino).

Assim nos expressa o Gênesis (Cap. 2, 23 e 24):
''E disse Adam: Isto é agora osso dos meus ossos e carne de minha carne (ele conserva o Espírito, a alma), esta será chamada Mulher, em hebraico Isha porque do homem foi tirada, em hebraico Ish.''

É nesta matéria nova, na Eva do Gênesis, a mulher simbólica, a quem Adão penetra para criar a Vida. O Homem-Arquétipo degradou-se, pois ao tentar igualar-se a Deus. Seu novo mundo ou domínio foi chamado Mundo Hylico pela Gnosis, nosso universo material, mundo cheio de imperfeições e de males. O pouco de bom que nele existe provém das antigas perfeições do Homem-Arquétipo. Uma vez que se dividiu em dois seres diferentes, a soma das ditas perfeições originais não pode ser total em cada um deles... daí, pois a Queda.

Aqui en­contramos a razão pela qual os antigos cultos haviam deificado a Natureza, que é a Mãe de tudo o que é. Porém, com respeito a tudo o que é ''abaixo dos Céus''..., Isis, Eva, Demeter, Rhea, Cybeles, não são mais do que símbolos da Natureza material emanada de Adam Kadmon, personificadas pelas Virgens Negras, símbolos da Matéria Prima.

A essência superior de Adam Kadmon, integrada no seio da nova Matéria, é o Enxofre, expressão alquímica que designa a alma do mundo. A segunda essência, o mediador plástico, aquele que constituía a forma de Adam, seu duplo superior, sobreveio do Mercúrio, outra expressão alquímica que designa o Astral dos ocultistas, o plano intermediário. A Maté­ria, saída do Caos segundo é o Sal alquímico, o suporte, o receptáculo, a prisão.

Paralelamente, podemos dizer que Adam é o Enxofre, que Eva é o Sal e que o Caim do Gênesis é o Mercúrio desta trindade simbólica, termos que a Alquimia também co­nhece com as denominações de Rei, da Rainha e do Servidor dos Sábios...

É possível conceber, então, porque em todos os seus graus a Matéria Universal seja algo vivo, como o admite a antiga e a moderna química e como, em suas manifestações, pode ser mais ou menos consciente e inteligente.

Através dos quatro mundos da Natureza: mineral, vegetal, animal, hominal (entre os quais não existe nenhuma solução de continuidade), está o Homem-Arquétipo, o Adam Kadmon, a inteligência Demiúrgica primitiva, manifesta, dispersa, disseminada, aprisio­nada. Daí aquele revestimento de ''peles de animal'' que se refere o Gênesis: E Deus deu ao homem e sua mulher túnicas de pele e os revestiu”... (3, 21).
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Mensagem por Dante 1/10/2019, 01:44


Este novo universo Divino, igualmente o refúgio das Entidades caídas, que se refugiaram nele para esconderem-se ainda mais do Absoluto, na quimérica esperança de esca­par das leis Eternas, presentes em tudo.

Tais entidades caídas têm, pois, um interesse primordial em que o Homem, dis­perso, mas presente em todas as partes da Matéria, que constitui o Universo visível, continue organizando e animando este domínio, que mais adiante será de propriedade deles.

Como a alma do Homem-Arquétipo ficou aprisionada na Matéria Universal, também assim a alma do homem individual se encontra prisioneira de seu corpo material.

A Força, a Sabedoria, a Beleza que se manifestam ainda neste mundo material, constituem os esforços do Homem-Arquétipo para voltar a ser o que era antes de sua Queda. As qualidades contrárias constituem a manifestação das Entidades caídas, manifestações desti­nadas a manter o clima que desejaram criar para subsistir, tal qual o quiseram, quando deliberadamente interromperam seu retorno até o Absoluto.

Porém, o Homem-Arquétipo não voltará a tomar posse de seu primitivo Esplendor e de sua liberdade, senão separando-se da matéria que o absorve por toda parte. Para ele, é necessário que todas as células que o formam, quer dizer, os homens individualmente considerados, possam depois de sua morte natural, reconstituir o Arquétipo, reintegrando-se definitivamente nele e escapando, desta maneira, ao ciclo das reencarnações.

Então, os microcosmos farão o Macrocosmo, os Homens individuais, reflexos materiais do Arquétipo, são pois, igualmente, reflexos Divinos (mesmo que inferiores alguns escalões). Da mesma maneira, o Arquétipo é, também, o reflexo de Deus, do primitivo Verbo Criador ou Logos, do Espírito de Deus do qual fala o Gênesis.
É correto referir-se a ele, então, como o Grande Arquiteto do Universo. Todo o culto de adoração dirigido a este último é, pois, um culto satânico, já que é dirigido ao Homem e não ao Absoluto. É por isso que a Maçonaria o invoca, porém, sem adorá-lo.

Para escapar ao ciclo das reencarnações neste mundo infernal, (in-ferno: lugar inferior) é necessário que o Homem-individual se liberte de tudo que o atrai para a Matéria e se desprenda, desta forma, de escravidão a que é submetido pelas sensações materiais. Ainda as­sim, é preciso elevar-se moralmente. Contra esta tendência para a perfeição lutam as Entidades caídas, tentando-o de mil maneiras, com o propósito de atrai-lo ao seio de Mundo invisível e manter oculta a influência que exercem sobre ele.
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Mensagem por Dante 1/10/2019, 01:48


É contra elas que deve lutar o Homem-individual, desmascarando-as e expul­sando-as da esfera de sua existência. Isto se consegue, de uma parte, mediante a Iniciação que o une aos elementos do Arquétipo já reunidos e reintegrados, o que exotericamente se designa com o nome de Comunhão com os Santos; e, por outra parte, através do conhecimento liber­tador, que lhe ensina os meios de apresentar a libertação pessoal definitiva e da Humanidade enceguecida, valendo-se do trabalho pessoal.

Então, quando houver esta libertação individual, dar-se-á a grande libertação coletiva, aquela que por si só permitirá a reconstituição do Arquétipo e logo sua reintegração no seio da Divindade, da qual emanou primitivamente.

Abandonado por si mesmo por seu animador, o Mundo da matéria dissolver-se-á, ao ficar sem a vida, harmonia e direção do Arquétipo. Sob a pressão naturalmente anárquica das Entidades caídas, esta desagregação das partes do Todo irá se acelerando. Então, o Uni­verso terá chegado ao seu fim; este será o fim do mundo, anunciado pelas tradições universais.

''Da mesma maneira que um livro cuja leitura termina, terminarão o Céu e a Terra...''

A Essência Divina recuperará, então, gradualmente, o acesso àquelas regiões próprias de sua essência e das quais se havia separado primitivamente. As ilusões momentâ­neas chamadas com os nomes de criaturas, seres, mundos, desaparecerão. Porque Deus é o Todo e o Todo está em Deus, ainda que o Todo não seja Deus! O Absoluto nada extraiu de um Nada ilusório, que não poderia existir fora D'Ele sem ser Ele próprio.

Só este desprendimento da essência Divina é que permitiu a Criação dos Mun­dos Angélicos, materiais, etc., assim como é o desprendimento ou retratação desta mesma es­sência que permitiu a emanação dos Seres espirituais.

Desta maneira, realizar-se-á a simbólica Vitória do Bem sobre o Mal, da Luz sobre as Trevas, pelo simples retorno das coisas até o Divino, mediante uma reassimilação dos seres, purificados e regenerados.

Tal é o desenvolvimento esotérico da Grande Obra Universal.
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Mensagem por Dante 1/10/2019, 01:51


Martinez de Pasqually consignou suas teorias iluministas através de graus, em número de nove, em sua Ordem dos Elus Cohen. O sistema deste Rito, combina com as teorias expostas no Tratado da Reinte­gração abrangendo a criação do primeiro homem, seu castigo e as penas do corpo, da alma e do espírito daquele que estava em prova. O propósito a que se propõe a Iniciação é regenerar o homem, reintegrando-o em sua essência primitiva e nos direitos que perdeu por sua queda.
Divide-se em duas partes.
Na primeira, o candidato não é, aos olhos daquele que o inicia, mais que um composto de barro e lama e não recebe a vida senão com a condição de não provar do fruto da Árvore da Ciência.
O Neófito promete cumpri-lo, porém, sente-se seduzido, quebra sua palavra e por isso é castigado e lançado nas chamas. No entanto, se por meio de trabalhos úteis e de uma vida exemplar e virtuosa, repara sua falta, renasce para uma vida nova.

Na segunda parte, o candidato se encontra animado de um sopro Divino, está apto para conhecer os segredos mais ocultos da natureza, a Cabala, a alta quí­mica e a Ciência dos seres incorpóreos lhe são muito familiares.
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Mensagem por Dante 1/10/2019, 01:55


Rogatória de Dom Martinez de Pasqually

"Pai de caridade, de misericórdia;
Pai vivificante e de vida eterna;
Pai dos Deuses, dos céus e da terra;
Deus forte e muito forte;
Deus de justiça, de castigo e recompensa;
Eterno Todo-poderoso;
Deus vingador e remunerador;
Deus de paz e de clemência, de compaixão caridosa;
Deus dos bons e dos maus espíritos;
Deus forte do shabbat;
Deus de reconciliação de todos os seres criados;
Deus que castiga e recompensa a seu gosto;
Deus quadruplamente forte das revoluções e
dos exércitos celestes e terrestres deste universo;
Deus magnífico de toda a contemplação;
dos seres criados e das recompensas inalteráveis;
Deus pai de misericórdia sem limites pela sua fraca criatura,
ergue aquele que geme perante Ti pela abominação do seu crime.
Ele é só a causa segunda da sua prevaricação.
Reconcilia o teu homem em ti e submete-o para todo o sempre.
Abençoa também a obra feita pela mão de teu primeiro homem,
a fim de nem ele nem eu sucumbirmos às solicitações,
daqueles que são a causa da minha justa punição e
da punição da obra da minha própria vontade,

Amem!"


Que as Rosas Floresçam na Vossa Cruz!
Ad Rosam per Crucem Ad Crucem per Rosam!
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