Os Cátaros

Sabemos que o celibato é uma mentira praticada por sacerdotes católicos, tanto que a ideia do celibato não é apoiada pelos evangelhos nem muito menos pelo próprio Jesus. Queria saber se entre os cátaros existia também o costume da castidade.

Entre os cátaros, os perfeitos (assim como diversos gnósticos antigos) eram ascetas e celibatários.

Não tenho muito a dizer sobre as razões do ideal celibatário dos sacerdotes católicos na Antiguidade, exceto que, de fato, já existia entre ALGUNS filósofos gregos e romanos a valorização da castidade, e isso não era realmente nada anormal nesse contexto. Mas seria necessário ver também o assunto no contexto judaico, mas não tenho agora nada para dizer a esse respeito.

Mas acho importante notar que a opção pelo celibato não decorreu, entre os católicos, de um dualismo anti-somático, creio eu.

Pelo que lembro de ter lido alhures, Clemente Alexandrino disse que nem o corpo era em si mau, nem a alma em si era boa. E Santo Agostinho escreveu (n'As Confissões) que o corpo era o templo do Espírito Santo. Provavelmente - estou apenas conjecturando - a adoção do celibato pelos católicos decorreu de razões pragmáticas - a condição de casado atrapalharia as funções eclesiásticas e monásticas -, e não de uma ideia de que o corpo e o sexo são em si ''maus''.

O que está em cima é como o que está embaixo / as above so below

Dizem que o papa Inocêncio III mandou os Cátaros se catarem, é verdade?

Saudações, gostaria de saber se existe algum grupo de tendência Cátara fazendo práticas espirituais?

Sim, o Lectorium Rosacrucianum (Escola Internacional da Rosacruz Áurea).


O que está em cima é como o que está embaixo / as above so below

O bogomilismo foi um movimento gnóstico cristão que se desenvolveu na Trácia (atual Bulgária) e no Norte da Itália, na Idade Média, no século XI. Seu nome procede das línguas eslavas e quer dizer "amado de Deus". Poderia também derivar-se do nome de Bogomil, seu fundador, queimado vivo em 1118. No entanto a segunda possibilidade de etimologia não contradiz a primeira, uma vez que "Bogomil" equivale ao nome "Teófilo", que em grego quer dizer "amigo de Deus".
Os Bogomilos foram os sucessores dos Paulicianos, e os antecessores dos Cátaros, na corrente de Fraternidades gnósticas que perpetuaram os ensinamentos espirituais originais de Mani (fundador dos maniqueus, no séc.III, na Pérsia).
Eles acreditavam nas mesmas teorias dos maniqueus e dos paulicianos (faziam uma clara distinção entre Deus, criador do espírito, e o Demiurgo, criador da matéria), e pregavam a igualdade social e a liberdade dos pobres do domínio do clero e da nobreza (razão pela qual foram admirados pelo anarco-socialista Léon Tolstói).

Cátaros - Albigenses - Patarinos

Religião cristã herética. Para alguns, herdeira do gnosticismo de Mani (os maniqueus). Desenvolveu-se na Europa entre os séc. XI e XIV. Assim como os essênios, os cristãos primitivos e outros grupos gnósticos, os "Cátaros" (do grego Kathar = puro) vivenciavam na prática o amor ao próximo, a renúncia às riquezas materiais e a igualdade plena entre todos os seres humanos. Condenavam o luxo da Igreja Católica (que eles chamavam de a "Igreja de Satã"). Concediam importância e valor igual a homens e mulheres, sendo apontados por alguns historiadores como precursores do feminismo. Acreditavam na busca por Deus através da "Endura", a morte iniciática, e na "Gnose", a experiência espiritual pessoal, sem a necessidade de intermediários. Influenciaram no desenvolvimento de uma notável civilização onde hoje é o sul da França, região então conhecida como Occitânia ou Languedoc.
Considerados hereges pelo Papa Inocêncio III, os simpatizantes ou seguidores desta fé foram caçados e assassinados entre 1209 e 1400.

George Vasilev é professor da Universidade de Nis, da Sérvia, e investigador sénior da Agência de pesquisas búlgaras, autor de livros importantes como "Heresy and English Reformation: Bogomil-Cathar influence in Wycliffe, Langland, Tindale and Milton" (Heresia e Reforma Inglesa: a influência bogomilo-cátara sobre Wycliffe, Langland, Tindale e Milton), onde ele traça as origens dos reformadores cristãos ingleses John Wycliffe (1320 — 1384) William Langland (1330-1387) William Tindale (1494 – 1536) e John Milton (1608 - 1674) até os bogomilos e cátaros.

Ao contrário do que se pensa, os cristãos gnósticos eram os autênticos cristãos primitivos, e não uma "heresia", como foi propagado. Lembrem-se que a História é sempre contada pelos vencedores! E a corrente "cristã" (na verdade, Romanista) que esmagou (literalmente) as outras, tomou posse da literatura gnóstica, interpretando ao pé da letra muitas coisas que eram apenas simbólicas. O Cristo sempre significou a centelha divina latente no Homem, não é apenas Jesus, não é uma "pessoa", não é algo pra ser localizado no tempo e no espaço. O Mestre Jesus foi um ser humano como nós, que alcançou um grau de consciência que o fez despertar para sua natureza Divina. Seria essencialmente a mesma coisa que a Iluminação budista. Jesus, então, teria despertado o Cristo (ou o Buda, isto é, uma força, uma energia ou um estado de consciência) que existe dentro de cada um de nós, e que nós também temos o potencial de despertar. Foi o Cristo que nasceu de uma virgem (o coração que se tornou puro), e não o homem Jesus. Até mesmo em algumas palavras de Paulo que constam nas traduções bíblicas atuais, fica claro que as referências dele a Cristo não se referem a um Jesus histórico, mas sim ao Cristo Cósmico, dormente em cada ser humano:

"Meus filhinhos, por quem de novo sofro dores de parto, até que Cristo seja formado em vós?" (Gl. 4.19).

A própria crucificação, morte e ressureição do Cristo é simbólica. A Cruz é um símbolo esotérico muito, muito antigo. Ela simboliza a crucificação do espírito na matéria, a descida da energia do alto (simbolizada pela haste vertical) e sua distribuição a todos os seres (braços horizontais). Cada um de nós, então, teríamos Cristo crucificado dentro de nosso ser, e o seu despertar seria a "ressurreição". Esse despertar seria alcançado através da "metanóia", termo grego que significa mudança total nos conteúdos mentais para que se possa perceber a verdade (expansão da consciência), mas que foi traduzido na bíblia apenas como "arrependimento".

No evangelho de Filipe e de Tiago, Jesus não é pregado em uma cruz, mas amarrado em uma árvore e apedrejado. Esta versão (da árvore) parece ser a versão mais antiga e possui um simbolismo profundo: a árvore era no Velho Testamento um símbolo para a desobediência, para a Queda de Adão e Eva. No Novo Testamento, Cristo é crucificado em uma árvore viva verde. Ele faz da árvore símbolo de vida, bênção, e obediência novamente, e a humanidade é, pela graça, convidada a comer da fruta da árvore da Vida que é a "Cruz" dele.
Em mitos escandinavos, a árvore é a árvore cósmica que é um jeito místico de dizer o universo incorporado; pois o universo entre o antigos de muitas nações era retratado ou figurado sob o símbolo de uma árvore da qual as raízes brotavam do coração divino das coisas. O tronco e os galhos e os ramos e as folhas eram os vários planos e mundos e esferas do cosmos; a fruta desta árvore cósmica que contém as sementes de futuras árvores, como sendo as entidades que tinham atingido pela evolução o fim de sua viagem evolucionária, como os homens e os deuses – eles mesmos diminutos universos, e destinados no futuro a se tornarem entidades cósmicas. Essa versão escandinava da crucificação cósmica também é mencionada por Platão em uma forma grega, refere ao Logos cósmico "crucificado" em e sobre a árvore-mundo cósmica da qual o mesmo Logos é o espírito avivador e intelectual.
Toda a iniciação, quão distante alcance o simbolismo figurativo, retrata a estrutura mística e as operações e segredos do universo. Ela se manifesta com pequenas variações em cada cultura. E nos diversos evangelhos apócrifos, é possível ver como há variações dentro de uma mesma época, dentro das distintas variantes do cristianismo primitivo. Ora é uma cruz, ora é uma árvore. Haviam até mesmo alguns gnósticos que diziam que Jesus não havia sido crucificado, crença que é partilhada também por toda a comunidade muçulmana até os dias de hoje. De qualquer forma, tendo havido ou não uma crucificação, e tendo ocorrido ou não em uma cruz ou árvore, isto não invalida a representação arquetípica e simbólica que se criou em torno do relato da subida até o monte Calvário (esta palavra, Calvarium, segundo Rijckenborg, significaria 'lugar da caveira', isto é, a região da cabeça, que segundo alguns dos antigos gnósticos, era o único e verdadeiro templo ou Igreja onde deveria fazer morada o Espírito Santo). Em outras palavras, a realidade histórica e a simbólica não se excluem ou necessariamente de invalidam mutamente. É perfeitamente possível que a crucificação tenha ocorrido ou que não tenha ocorrido, e isto não tem relação nenhuma com o caráter simbólico do relato da crucificação.
Algumas especulações no entanto apontam para a crença de que os Cátaros não acreditassem na crucificação como acontecimento histórico de fato. O Catarismo bebeu de fontes gnósticas, de ascendência maniqueísta, e é sabido que pelo menos uma seita, a dos paulicianos, era de origem maniqueísta e, sendo anterior aos Cátaros, negava peremptoriamente que Jesus havia sido crucificado, havendo registros escritos que comprovam isto. Outros grupos gnósticos também negavam: os Sethianos, os docetas e os saturninos negavam o seu nascimento, paixão e ressurreição. E no Evangelho de Judas, a crucificação simplesmente não é citada.
Por fim, no texto gnostico de João (Atos de João) chamado ''a cruz de luz'' é ensinado por exemplo que a crucificação é algo totalmente simbólico e que a verdadeira ressurreição se dá em vida.

A história em torno dos Cátaros esteve por muito tempo limitada aos preconceitos erguidos desde a Idade Média pelos padres Católicos, seus inimigos e opositores. Até o séc. XIX, tudo o que se sabia sobre os Cátaros era oriundo dos processos Inquisitoriais e das penas de Inquisidores, sendo que o catarismo era portanto retratado de forma muito negativa, como uma seita muito fanática e ruim.
A partir do final do séc. XIX e início do séc. XX, como se cumprindo a antiga profecia Cátara ("depois de 700 anos, o loureiro voltará a florir"), teve início um renascimento do interesse em torno do assunto do Catarismo, inicialmente restrito apenas aos meios ocultistas e esotéricos, mas que gradualmente foi se propagando até chegar também aos meios acadêmicos, das universidades de História.
A descoberta dos manuscritos de Nag Hammadi (Evangelhos Apócrifos), dos Pergaminhos do Mar Morto, de antigos manuscritos maniqueus, e o aprofundamento das pesquisas acadêmicas em torno do assunto traz hoje à luz um cristianismo totalmente diferente do que a história clássica nos revelava.
Hoje em dia, podemos ter uma visão diferente da visão dos Inquisidores a respeito não só dos Cátaros mas também de muitos outros movimentos gnósticos, pintados pela pena dos historiadores católicos medievais como "heréticos".

A Doutrina Cátara

Para responder a todas as questões de seus próximos referentes à doutrina cátara, o pesquisador Cátaro Antonin Gadal utilizou diálogos entre um neófito e um ''bonhomme'' (assim eram chamados os sacerdotes cátaros):

Quem é Deus?

Dois Deuses ou dois princípios? Fale-nos do Filho, o Deus visível!
O Cristo nasceu da virgem Maria?

E o nascimento em Belém? – O que é o Natal?
Quem são Cristo e Maria?
E a Estrela de Belém?

O que é a cruz?

Quem é Lúcifer? Não seria ele o criador do Universo?

Todos os espíritos serão salvos? E Satã? Não haveria então castigos eternos, dores eternas, nem inferno? Fale-nos do Paracleto!

Quem é nosso Patriarca?

E todos os que nos precederam?...

Quem é Deus?

Deus é a Luz infinita.
O Um e o Todo. Ele é adorado sob o nome tríplice de Pai, de Filho e de Espírito Santo.

O Pai é o Ser absoluto. É o Deus desconhecido, inconcebível, intangível. Mostre-nos o Pai, pedem os discípulos.
E Cristo responde: ''Vós me vedes!'' O homem não pode ver o Pai senão pelo Filho, o Homem-Deus, a figura de sua substância, esplendor de sua glória.

O Pai é Deus velado na eternidade; O Filho é Deus visível no tempo; o Espírito é Deus perceptível no coração.


Dois Deuses e Dois princípios?

Uma vez que Deus é Espírito infinito, ele é, portanto, absolutamente único!
Como podem nos acusar de acreditar que Deus tem dois filhos e que nós adoramos a dois Deuses? É uma calúnia odiosa! Deus tem um Filho, consubstanciado, coeternal e necessariamente único, e entretanto subordinado, porque é o Filho. Nós reconhecemos dois princípios em Deus. Mas esses princípios são secundários: longe de serem dois Deuses, eles são apenas dois ''modos'', dois ''agentes'' da criação. Além disso, o segundo é o aspecto negativo, um fantasma, a sombra do ''não-ser'', a obscura radiação do nada.


Fale-nos do Filho, o Deus visível!

O apóstolo João disse a seu respeito: ''Ele é o verbo, ele está em Deus, ele é Deus''.

Ele é Deus criador. ''Tudo foi feito por Ele''. Ele é Deus Redentor, pois o Verbo se tornou carne e habitou entre os homens. Redentor é o mesmo que criador, pois para refazer um mundo, ele precisa primeiro tê-lo feito.

Cristo é nascido da Virgem Maria?

Lucas e Mateus o dizem. Marcos guarda silêncio. João o faz nascer no seio do Pai. Mateus liga sua genealogia com Abraão. Lucas liga sua genealogia humana com Adão. João, sua genealogia celeste com Deus. Somente João viu a sua origem eternal. Como na sabedoria helênica, ele foi gerado do pensamento divino como a aurora. No Oriente, o Espírito é o princípio feminino. ''Ele não é nascido de uma mulher. Ele veio pela porta de Ouro do Céu''. Antes do Concílio de Nicéia, a mãe de Cristo não era humana, mas celeste!
Ela não era chamada de Maria, mas ''Mani'', ''Mens'', ''Manas'', o que significa ''Pensamento'', Espírito. Cristo é um raio do pensamento divino que o Verbo manifestou entre os homens. Ele desceu com a beleza de um imortal, o brilho do Oriente das Alturas.

E o nascimento em Belém?

Eis um magnífico simbolismo terrestre, não uma realidade histórica e científica.

Além disso, a carne não é senão um véu e a matéria uma sombra...

Criado de uma virgem por um raio do Espírito, o corpo de Cristo não poderia ser senão espiritual.

Esse corpo, que jejuou quarenta dias, que flutuou como uma nuvem por entre a multidão, que caminhou sobre as ondas do mar como sobre mármore e pairou como uma pluma no esplendor do Tabor, era mais etérico que um corpo humano. Era um corpo sideral, psíquico, angélico. Sua Belém é o céu. Seu presépio, o tabernáculo de Deus.


O que significa o Natal?

É a comemoração do nascimento da humanidade perfeita. ''Emanuel'': ''Deus vivente em nós''. Deus vivente na humanidade! A humanidade enfim humana, eis o que revela esse dia abençoado: e os homens só souberam extrair disso uma religião desumana e uma humanidade maldita!


Quem são Cristo e Maria?

Raymonde Bézerza, mulher cátara morta em 1270, declarou:
''Cristo não teve um verdadeiro corpo humano, nem verdadeira carne humana. A virgem Maria não foi verdadeiramente a mãe de Deus'' (Doat 25 p. 57).

A Igreja cátara é a ''verdadeira virgem Maria, a verdadeira penitente, casta e virgem, que colocou no mundo os Filhos de Deus''.

Maria é a personificação humana da sabedoria divina, da Luz manifestada por reflexo. Ela é o lado feminino do ''Verbo feito carne'', e participa, pela assunção, de todas as glórias de Jesus Cristo. A virgem Maria é, portanto, a mãe da Igreja cátara como João é o delegado de Cristo na terra. ''Mulher, eis o seu filho! Filho, eis a tua mãe'', ele disse quando estava na cruz.

E a Estrela de Belém?

A estrela de Belém compreende: Cristo, Maria e os três reis magos: é o Pentagrama da Transformação, a imagem do homem que se tornou perfeito.


O que representa a cruz?

– Mestre, se Cristo possuía um corpo etéreo, ele sofreu? Ele morreu na cruz?

– Ele sofreu em ''Espírito''. Ele sofreu as torturas da alma, a agonia do Getsêmani. Mas ele não está morto! Um Deus não pode morrer!


A cruz é o corpo humano mediante o qual a alma divina percorre seu ''caminho da cruz'': de Belém (o coração) ao Gólgota (o monte do crânio) até a ressurreição, atravessando o inferno (o plexo sacro, o subconsciente) até a Pátria eternal (o Pai).

Quem é Lúcifer?

É ele quem traz a aurora.

O mais ilustre e glorioso dos anjos.

A mais eminente das criaturas de Deus.

Como ele caiu?

Vontade arbitrária e rebelião; ambição desmedida, desejos imoderados. É um espírito menos culpável, sem dúvida, do que desafortunado; o chefe das almas exiladas que o acompanharam voluntariamente em sua ruína.


Não é ele, então, o criador do Universo?

Somente Cristo é o Criador, uma vez que ele é Deus. Lúcifer não é nada além de um poder isolado: o príncipe da divisão da guerra.

É o ''Grande Imitador''. Ele reproduz e tenta modificar as ideias originais de Cristo. Ele não criou, apenas transformou o mundo em uma imagem grosseira e terrestre do mundo perfeito e celeste.

Chefe dos espíritos exilados, ele constrói para si mesmo, na terra, com sombras e nuvens, um fantástico império, um mundo de dor e expiação – nosso mundo – em que ele é o monarca entristecido, porque se lembra do céu.

É o "Demiurgo".

Todos os Espíritos serão Salvos?

Todos!

Após longas provações e purificações, após duras experiências para conseguir chegar à perfeição, eles voltarão para o céu azul.

Vede este oceano de éter.
Ele é semeado de ilhas de fogo, de arquipélagos de luz.

São as estações da alma no espaço, as várias moradas de que fala Cristo, o caminho das estrelas.

As almas subirão de estrela a estrela, de constelação a constelação até o seio de Deus.

No curso desse processo, a alma se liberta de todos os liames terrestres e toma a veste de luz que abandonara por ocasião de sua queda no mundo inferior.

De volta ao Céu, Cristo, descreveu à Mãe da Igreja Cátara a viagem da alma através de seis planetas (Evangelho de Maria).

E Satan?

Por que somente Satã seria excluído da Salvação?

Deus é Amor!

Cristo levará novamente para o céu o grande proscrito, consolado.

Satã não é, pois, o Mal?

O mal absoluto, substancial, existe?

Onde ficaria ele, sendo Deus absoluto, substancial, infinito?


O mal é independente de Deus. É um não-ser estabelecido no tempo, fora da criação divina.


Não haveria, então, castigo eterno, nem sofrimento eterno, nem inferno?

Oh, Filho bem amado, a Terra é um purgatório imenso, o hospício do gênero humano doente. Sendo Deus o amor eternal, onde seria o inferno?

Os sábios, que conheciam bem os hieróglifos sagrados do Egito, nos ensinaram que Deus, após o crime de Tífon, que deixou Isis viúva, deu ao homem um olho interior para contemplar a verdade. Esse olho ensina o homem a evitar o mal.

Portanto, ''o inferno é o remorso da consciência''. (Orígenes)

Fale-nos de Paracleto!

O Paracleto é o Consolador prometido por Cristo, o último Revelador, o Criador celeste da perfeição, o regenerador do mundo, até o fim dos séculos.

Ele é o fundador da Igreja do Espírito, fonte de pureza, de santidade, de amor celeste. Seu povo é ''o orvalho saído do seio da aurora, dos puros, dos santos, dos consolados, dos amigos de Deus''.


Quem é nosso patriarca?

É João, filho de Zebedeu,

João, o bem-amado de Jesus, quem repousa a cabeça sobre seu peito e conhece todos os mistérios desse coração divino.

O apóstolo virgem do Amor, a águia da teologia mística, o profeta de Patmos, Platão do Evangelho, Homero do Apocalipse.

Na Igreja do Paracleto não há pontífice, simplesmente um mestre da Gnosis. Seu Evangelho é chamado de ''O Evangelho espiritual'' do Verbo Redentor.

''No princípio era o Verbo'', que é Deus, Vida, Luz dos homens: cada um é religado à sua filiação divina original perdida.

''A Luz brilha nas trevas, mas as trevas não a reconhecem'': em nós e no mundo reinam duas naturezas opostas.

''A todos que o aceitam é dado o poder de se tornarem novamente filhos de Deus.''

E todos que nos precederam...

''O Espírito sopra onde deseja''

Numerosos pioneiros seguiram esse caminho da salvação. Os sábios druidas do extremo ocidente nada tinham a invejar dos iniciados das escolas de mistérios do Egito ou da Grécia antiga, e estes últimos eram tão instruídos nos mistérios quanto os sábios da Índia.

As tríades druídicas exploram as mesmas profundezas que os Mistérios Egípcios. Orfeu, Moisés, Pitágoras, Platão, Orígenes já haviam extraído as partes mais belas de suas doutrinas.

As explicações de Lísias, discípulo de Pitágoras a respeito da preparação, da purificação e da perfeição, completam as tríades druídicas.

Encabeçando os grandes segundo o Espírito, A. Gadal coloca Hermes Trismegisto (o três vezes grande), denominando-o ''o grande fundador de todos os Mistérios''.

Ele dizia também que as Sete Igrejas da Ásia e os gregos do Oriente são muito próximos de nós: Gregório de Naziance, o nobre Synesius, e antes deles, Orígenes, esse ''Nilo da doutrina''.

E mesmo Tertuliano, esse africano feroz que no princípio era adversário dos gnósticos, mas que se juntou mais tarde à Igreja do Espírito. Os gnósticos orientais são os irmãos cristãos dos magos de Eufrates e dos brâmanes da Índia.

''Nós somos os últimos filhos de 'Mani', a purificação suprema da Gnosis.''

Fonte:

www.gadal-catharisme.org

Já visitei o país de OC várias vezes. Conheço Carcassonne, Montpellier, Arles, Nimes e Avingnon.
Este povo e sua herança no tocante a formação do atual povo Francês me encantam.
Uma dica a quem se interessa.
A rede de lojas L'Occitane vende, mascarados em produtos modernos, toda a linha natural e mística desta cultura: cremes, loções, adstringentes e hidratantes, sabonetes e enxaguantes feitos com as técnicas e ervas deste povo.

Origem da lenda do Graal

A obra "O Conto do Graal", de Chrétien de Troyes, parece ter sido o primeiro registro conhecido onde esta lenda é citada. Depois disto, teria se desencadeado um ciclo de outras obras, inaugurando uma das mais férteis
tradições literárias e espirituais do Ocidente, que inspirará inúmeras recriações ao longo da Idade Média, ressurgindo com o Romantismo.

Uma vez que o símbolo arquetípico de uma Taça sagrada aparecem em lendas de muitas civilizações e povos, as especulações a respeito de quais fontes Chrétien de Troyes teria utilizado variam.
Muitos afirmam até mesmo possibilidade de ter existido uma antiga versão de ''Parsifal'', anterior a de Chrétien de Troyes.

Essa opinião de que Chrétien de Troyes teria copiado o seu conto de algum manuscrito se baseia nas palavras do próprio autor (na obra ele cita um livro anônimo cujas revelações teriam servido de inspiração para o seu conto), e nas palavras de Wolfram Von Eschenbach, autor de um livro posterior (O Parsifal), escrito pelo menos vinte anos mais tarde, que expressa desdém pela versão inacabada de Chrétien para a história, alegando que a sua fonte foi o poeta Kyot de Provença.

Até a descoberta do manuscrito persa e a formulação da teoria do professor austríaco F. V. Sutscheck, a ideia de um manuscrito original contendo a "verdadeira" história do Graal era mera especulação e não convencia completamente os historiadores. Com a descoberta do manuscrito maniqueu, pela primeira vez se teve um indício da existência de alguma obra similar ao ''Le Conte du Graal''.

Para o professor austríaco F. V. Sutschek, Chrétien de Troyes, que frequentava as cortes de Toulouse, Carcassonne, Foix e Aragão, teria copiado a sua obra do trovador Kyot (ou Guyot) originário de Provença, em Champagne. Em velhos pergaminhos da Universidade de Toledo – onde a cultura espanhola judaico-árabe brilhou com todo o seu esplendor – Kyot teria encontrado a narrativa de origem maniquéia (descoberta por ele em 1931), o manuscrito persa.

A semelhança entre este manuscrito maniqueu e as versões ocidentais para as lendas do Graal é surpreendente, segundo Sutschek:
O nome dos personagens no Parsiwalnameh e em Parsifal de Wolfram von Eschenbach assemelha-se: Gajmurat / Gaschmuret; Trefezand / Trevizent; Na Fartus / Amfortas; Clinschor / Klingsor; Arta Churus / Artus.

E qual seria a origem do nome Parsifal?

Os adversários de Mani ligavam o seu nome à palavra grega "mania" (que significa "loucura"). Faziam de Mani, portanto, um "Parsi fol" (em francês = um "parsi" louco). Parsi era o nome dado, na antiga Pérsia, aos seguidores de Zoroastro, e a tradução de Parsi seria exatamente "puro" (o nome Katharos é Puros em grego). O nome Parsi deu seu nome ao país (Pérsia).

Nas narrativas do Graal, Perceval ou Perlesvaux, Parzival ou Parsifal é o chamado "Louco Perfeito", por causa da sua pureza de intenções na busca pela vida.

Em muitos outros relatos, Mani fala sobre o símbolo de uma Taça Sagrada.

O ''Parsiwalnameh'' teria sido levado ao sul da França no início do século XIII, pelos bogomilos (sucessores dos maniqueus), e teria sido traduzido por Kyot. O Santo Graal, para muitos, teria sido um símbolo utilizado pelos Cátaros. Esta é um hipótese plausível, uma vez que os cátaros eram herdeiros espirituais da doutrina dualista dos maniqueus.

Os trovadores medievais (entre os quais Eschenbach) poderiam ter viajado até o país Cátaro, no sul da França, e deles herdado o símbolo. Depois Wolfram von Eschenbach escreveu o seu célebre romance ''Parsifal''.