América Pré-Colombiana

Esse tópico é destinado a todos aqueles que são apaixonados por história e que de alguma forma se sentiram impressionados com a grandiosidade das estruturas arquitetônicas, com a cultura e com a organização social e política que foram desenvolvidas aqui na América e "interrompidas" com a chegada do europeu. Vamos discutir seus mistérios e o colossal legado deixado pelos Reinos Pré-Colombianos.

Onde Pizarro desembarca em 1532 na América houveram grandes civilizações, tal como a "Grande Chimu" que durante 1000 anos havia reinado num vasto território que compreendia o Golfo de Guaiaquil, a fortaleza de Paramonga e talvez a cidade de Nazca. Distinguem-se 3 períodos dos Chimu: 1° do ano 500 a 1000, 2° do ano 1000 a 1200 e o 3° termina com a conquista do reino pelos Incas sob o comando de Tupac Yupanqui.
Do ponto de vista artístico os Chimus eram superiores aos Incas.
O centro religioso dos Chimus era a cidade de Chanchan. Era cercada por fortes muralhas e dotada de redes de esgoto, canalizações de água.
Chanchan não é o único povo da região, não longe erguem-se pirâmides de terra de Etean, as ruínas de Pacatnamu e as de Moche com vestígios de civilizações desaparecidas.

Devido a má qualidade do ensino de nosso país, e a negligência com relação a esse tema, ficamos limitados a pensar que aqui na América, antes da chegada dos espanhóis, haviam apenas três grandes reinos (Inca, Maia e Asteca) e mesmo assim tendemos a colocá-las em um nível bem inferior ao nível de desenvolvimento atingido pelos europeus (somos eurocêntricos nesse sentido). Infelizmente esta parte da história foi marginalizada, o que me causa um grande pesar, pois, nós, Americanos, pouco sabemos sobre essa história que de alguma forma nos constitui hoje.

Não é devido à má qualidade do ensino. Livros são os que mais difundem o assunto, se nós quisermos conhecer nossos antepassados temos que ler, ler muito, o que talvez falte é um conhecimento oficial destas civilizações maravilhosas existentes no Novo Mundo.

LIVROS SOBRE O ASSUNTO:

INCAS III volumes por Antoine B. Daniel
AZTECA III volumes por Gary Jennings

São ficção, mas retratam à perfeição estas 2 civilizações.

Tudo bem, mas para mim que sempre estudei em escola pública, nunca havia ouvido falar nessas sociedades, mesmo que pareça absurdo, é verdade. E como eu e meus colegas de sala do ensino fundamental e ensino médio não conhecíamos nada sobre esse assunto, devido a "fraqueza do ensino" público, jamais poderíamos advinhar que existiam livros que tratassem de sociedades tão complexas. Para mim, naquela época, antes da chegada de Colombo e Pedro Álvares Cabral, pensava que existiam apenas povos de baixo desenvolvimento técnico que viviam da caça e da pesca. Não quero alongar mais para expor esse meu ponto de vista. Acho está bem claro...

Eu sou imigrante, chegamos no Brasil empobrecidos e sempre estudei em escolas públicas, no entanto a curiosidade me fez querer saber mais, por isso comprei livros, muitos. Em minha biblioteca devo ter uns 200 livros, que vão desde Camões a livros de bolso.

Outra civilização a merecer destaque na América pré-colombina são os Incas. Chamamo-los assim devido a ser um povo que adorava o Inti (ave solar). Tem uma complexidade e engenho como não havia na Europa no século XV. Sua capital era Cuzco (Na língua quechua significa Umbigo de Mundo).
Esta foi fundada pelos filhos de Viracocha, este deus desapareceu deixando a promessa de voltar. Assim quando os Conquistadores chegaram, aportando na cidade de Tambo e o rei soube pensou tratar-se de heresia lutar contra um deus.

Cuzco: Cidade muito maior que qualquer cidade européia, constava de palácios, templos, tambos (depósitos de mercadorias), localizada a 2500m de altitude constava de uma praça central, ladeada dos palácios, ao redor havia as casas dos nobres (Ayllus) e ao redor casas para o povo (Hatun Runa). Dali i Inca reinante governava o país chamado por eles de Tahuantansuyu (significando o país das 4 direções).

Semelhantemente aos Incas, os Astecas também esperavam a volta do deus civilizador Quetzalcoatl e a chegada de Hernán Cortez também foi confudida com a concretização de uma profecia, mas essa "confusão", tanto no caso dos Incas quanto dos Astecas foi bastante curta, restrita somente aos primeiros contatos. Esses povos não eram "inocentes" e logo saberiam do que realmente se tratava a chegada daqueles homens. Portanto, embora estes povos tenham, a princípio, confundido a chegada dos europeus com a concretização de suas profecias, esse "engano" contribuiu, mas não foi determinante para o sucesso dos conquistadores na conquista da América.

Por falar nisso, o que seria das Américas sem a invasão européia. A que ponto esses povos teriam evoluído com sua cultura tão rica e peculiar?

Verdade!

Infelizmente ocorre um erro que tem origem desde a chegada de Colombo na América. Quando o navegador chegou aqui, acreditava que havia chegado nas Índias, e morreu acreditando nisso. O problema é que, como ele imaginava estar realmente nas Índias, chamou os nativos da região "encontrada" de índios. Desse momento em diante, a palavra "índio" veio adquirindo um significado cada vez mais genérico e tem provocado problemas no ensino, pois a generalização do termo índio trás consigo a ideia de que todos os nativos do Continente Americano "eram iguais". Cria uma certa dificuldade em entender que quem vivia aqui eram povos culturalmente diversos. Alguns mais "evoluídos" tecnicamente e outros com modo de vida mais "rudimentar". Não arrisco em dizer o que seria das "Grandes Civilizações" americanas se não houvesse ocorrido a intervenção dos europeus, é uma questão muito complicada e sempre tende a especulações. Mas concordo que tanto os Incas quanto os Maias e os Astecas desenvolveram um tipo de sociedade de complexidade que causam admiração. Embora eu não goste de comparar, mas acho que as grandes construções desses povos não perdem em nada para os grandes castelos e fortalezas da Europa medieval. A "grandiosidade" e a "majestade" são semelhantes.

Eu fico pensando porque esses povos são excluidos como estudo de uma História Antiga, aqui da América mesmo, tendo o foco sempre voltado pra antiguidade clássica.

Ficamos presos em um estudo que pega apenas parte dessas civilizações, apenas como elas estavam pouco antes da chegada dos Europeus. Elas sempre ficam à margem.

Acho que seria interessante pensar em uma nova forma de lidar com esse período da história do continente americano.

As civilizações Incas, Mayas, Aztecas eram como outras civilizações muito evoluídas. À época da conquista Pizarro e Cortez afirmaram que Tenochtitlan e Tauantinsuyu eram metrópoles maiores que muitas cidades européias.

Tô chegando!


Se tiverem a oportunidade, leiam "A conquista da América - A questão do outro", Tzvetan Todorov...

Livro ótimo... fala desse choque cultural entre o europeu e o nativo (o outro), enfocando que o nativo nunca foi "percebido"...
Todorov na realidade não é um historiador, mas sim um linguista que relata fatos ocorridos através de documentos de época.
Ele divide seu livro em 4 partes, cada qual falando de um período da conquista espanhola, todas entituladas com verbos no infinitivo:

1 _ Descobrir - Cristóvão Colombo
2 _ Conquistar - Hernán Cortez
3 _ Amar - Las Casas
4 _ Conhecer - Missionários - Sahagún, Durán.

Um abraço a todos!

Tiwanaku, Tiahuanaco ou Tiahuanacu era a civilização mais avançada da América Pré-Colombiana, chegando a desenvolver a metalurgia do ferro, e posteriormente o transformando em ferro líquido. Seus soldados usavam um escudo grande de bronze, um machado em meia lua de bronze e um capacete piramidal de bronze; eles fizeram um bronze tão duro quanto o ferro. Eles haviam ultrapassado os outros povos, saindo da idade dos metais enquanto os outros ainda estavam nela. Estima-se que Tiwanaku tinha aproximadamente 600km², e foram encontrados no Lago Titicaca vários portos e embarcações destruídos. Talvez a maior das cidades da América Pré-Colombiana, era um Império que se estendia pelos Andes. A cidade foi abandonada após seu Império desmoronar no ano 1000 d.C.

Alguns monumentos eram Puma Punku, ou a porta do puma em aymara, que era o templo dos deuses do médio plano na religião desse povo que admitia 3 níveis: abaixo da terra, sobre a terra e acima da terra.

Era um prédio muito forte e de rochas de 32 toneladas trazidas de barco pelo Titicaca.

Foi destruído pelo lago Titicaca e não pelos espanhóis, num desastre climático que elevou as águas do lago muito além do normal.

Esse desastre pôs abaixo todo sistema organizacional da civilização dos aimarás.

Curiosidade:
Os Astecas no Novo Mundo não tinham um padrão monetário, para suas transações comerciais usavam a semente do cacau, uma vez que este é originário da América.

Qual foi o motivo do sucesso e da vitória de Hernán Cortés na conquista da atual região do México. Dizem que os europeus tinham a pólvora, será que era somente isso?

Somente o uso da pólvora e dos cavalos não determinou a queda do Império Inca. Os quipuacamayoc haviam previsto a volta do deus Viracocha, não seria sacrilégio lutar contra os invasores?

O mesmo mito de Viracocha se repete nos Mayas e Aztecas no México.

É verdade que os espanhóis eram tecnicamente superiores, tinham os canhões, as balistas, as escopetas e ainda os cavalos, mas estas não foram as razões do sucesso na conquista de México-Tenochtitlán. De forma bastante eficiente, os nativos inventaram novas táticas de guerra, provendo obstáculos para os cavalos que os atacavam e escudos de material bastante resistente para se protegerem das armas dos espanhóis, além disso, o conquistador contava, a pincípio, com uma frota de apenas 11 navios, 508 homens, mais algumas centenas que compunham a tripulação, 17 cavalos, 32 arqueiros, 13 portadores de escopetas, 10 canhões de bronze e 4 pequenos falcões, contra mais ou menos 20 milhões de nativos. Cortéz desconhecia este dado e esta foi, provavelmente, uma das chaves de seu sucesso.
Um fator importante que contribuiu para o sucesso do conquistador, foi quando ele descobriu que o tlatoani tinha inimigos, portanto seu império tinha uma ''fraqueza'', a qual Cortéz soube muito bem tirar vantagens. O império de Montezuma consistia numa dominação extensa e frágil, fundamentada em cobranças de tributos, na guerra de conquista e na ameaça de represália. Tratava-se, também, de uma dominação recente, portanto, bastante contestada, que remota à fundação, em 1428, da Tríplice Aliança que reúne três cidades do vale do México, Tacuba, Texcoco e México-Tenochtitlán. Assim, o sucesso de Cortéz se deve, na verdade, ao seu brilhantismo, a arte na manipulação e a dupla linguagem que ele mantém desde sua chegada até a queda de México-Tenochtitlán. O conquistador não economizava cumprimentos, simpatia e promessas, ganhando, dessa forma, a confiança de todos de tal forma que seu ''exército'' era composto, em sua grande maioria, por índios submetidos ao México ou inimigos dos mexicas.

Desde a criação dos Impérios Inca, Maya e Azteca havia uma promessa que o deus Viracocha voltaria sob a forma de homem branco e barbudo, aliando-se a esta lenda Cortez, Pizarro e demais conquistadores tiveram a conquista facilitada uma vez que seria, por parte dos autóctones, uma heresía lutar contra um deus.
Ao mesmo tempo as civilizações mantinham seus conquistados sob seu tacão e cobrando-lhes extorsivas taxas. Quando estes viram chegar os conquistadores, aliam-se logo para liberar-se do tacão opressor.
Talvez estes dois fatores combinados tenham facilitado a conquista.

Os espanhóis só coseguiram a conquista (na minha opinião) por três fatores: Montezuma praticamente abriu as portas para o inimigo; muitas tribos se aliaram aos espanhóis contra os astecas; as doenças que trouxeram da europa matou muitos civis e isso fez com que os militares para diminuir o sofrimento do povo entregassem Tenochtitlan...

Bom, o que você escreveu tem um pouco a ver. Mas é muito sintético, o que prejudica uma melhor compreensão. Concordo que os mesoamericanos e até mesmo os andinos confundiram a chegada dos espanhóis com a concretização de uma profecia. No caso dos Astecas, Montezuma afirmava ter recebido uma série de presságios que anunciavam a volta do deus Quetzalcoatl. Mas é preciso entender também que a confusão na cabeça dos americanos foi só nos primeiros contatos. Eles eram bastante desenvolvidos e perspicazes. Precisou apenas questões de dias para que eles descobrissem quem realmente eram os espanhóis e porque estavam ali. Mais uma vez citando os Astecas, o desencanto destes ocorreu mais precisamente quando os espanhóis massacraram alguns nativos "nobres", o que deu início à guerra entre os mexicas e os espanhóis.

Também é certo que o sucesso de Cortéz se deveu principalmente às alianças feitas com outros nativos inimigos de México-Tenochtitlán que passaram a compor a grande maioria do contingente do exército de Cortéz. Também não se deve descartar que as doenças transmitidas pelos brancos dizímaram inúmeros nativos, tanto os que apoiavam quanto os que abominavam Cortéz.