Mestres do Conhecimento
Gostaria de reagir a esta mensagem? Crie uma conta em poucos cliques ou inicie sessão para continuar.

Lendas interessantes

+19
Nostradamus
Imhotep
Giordano Bruno
Vlad Tepes III
Art3mis
Bibi
Licantropo
Lilith
sombriobyte
Homem Vitruviano
Masses Crusher
Frederico Mercúrio
Dante
Necromante
Mandrake
Maçom 33° Grau
Eugene Hector
Gigaview
Alquimista
23 participantes

Página 1 de 4 1, 2, 3, 4  Seguinte

Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 18/2/2017, 21:31

Zêuxis e Parrásio: duelo de pintores na Grécia antiga

“Juro por todos os deuses que não daria a beleza por todo o poder do rei da Pérsia”

A frase acima é atribuída a Xenofonte, um dos discípulos de Sócrates, e é bem representativa da relação que os gregos tinham com o prazer visual naquele período.
É curioso notar que a pintura grega não foi tão expressiva quanto outras formas de arte, como a escultura ou a arquitetura. Ao contrário, ela era considerada uma arte menor. Surgiu das mãos dos artesãos, principalmente, ornando vasos. Somente mais tarde, quando o afresco e a têmpera se aperfeiçoaram, o público começou a lhe dar certo valor.
Patrocinada por vários governos, surgiam representações de episódios homéricos e da Guerra de Tróia. Polignoto de Taso foi tão competente que recebeu de Atenas uma altíssima recompensa: a cidadania. Outro pintor, Paneno, inventor do “retrato”, causou êxtase nos observadores de seu afresco, onde os personagens da “Batalha de Maratona” podiam ser facilmente reconhecíveis.
Mas, naquele ponto, as obras ainda possuíam sérios problemas em relação à aplicação prática dos estudos geométricos tão dominados pelos escultores. Levou algum tempo até que os rígidos padrões de beleza da época fossem absorvidos pelos artistas e a pintura passasse, também, a primar pelo realismo e domínio das técnicas.
Foi Agatarco, cenógrafo de Ésquilo e Sófocles, quem conseguiu compreender, enfim, o jogo de claro-escuro sobre o qual já existiam extensos tratados. Apolodoro, o “pintor de sombras”, alcançou tal excelência que recebeu de Plínio um respeitoso elogio: “Foi o primeiro a representar os objetos como realmente aparecem.”
Estava inaugurada ali a época dourada das Quadrienais gregas, concursos e disputas entre os pintores, sempre visando o deslumbre do público e júri com demonstrações quase atléticas de representações do belo ideal.
Numa dessas disputas, surgiu um personagem bastante singular. Trazia cavalete, pincéis e tintas e vinha envolto em uma luxuosa túnica, onde seu nome, Zêuxis de Heracléia, reluzia, costurado em ouro. Agatarco, o cenógrafo já citado, logo o desafiou a improvisar um afresco, para ver quem terminava primeiro. Zêuxis respondeu: “Tu, certamente, pois podes assinar qualquer garatuja. Minha assinatura é só para obras-primas”. Foi, então, apresentando suas obras, distribuindo-as aos governos, ministros e deputados. Diante da surpresa geral, ele alegou que seus trabalhos eram “fora de prêmio”, porque nenhuma soma seria suficiente para Pagar seu valor.
Os atenienses, envolvidos pelas atitudes daquele novo e imodesto gênio, definiram sua chegada como um “acontecimento” e convidaram-no para se estabelecer entre eles. Zêuxis, embora tivesse aceitado o convite, manteve seus modos altivos. Falava a quem quer que fosse com superioridade, diminuía e ignorava seus rivais.
O mais ilustre deles, Parrásio de Éfeso, proclamava a sim mesmo “o príncipe dos pintores”. Usava sempre uma coroa e, quando adoecia, pedia aos médicos que o currassem “porque a Arte não suportaria o golpe de minha morte”. No entanto, Parrásio era conhecido também por sua cordialidade, por seu temperamento alegre e brincalhão, pelo seu constante assobio e as anedotas que contava aos muitos amigos que o cercavam.
Começava entre os dois uma luta ferrenha pela supremacia. Parrásio dizia zombarias e fazia caricaturas de Zêuxis. Zêuxis, por sua vez, espalhava rumores de que o rival comprava escravos e os torturava, no intuito de estudar suas contorções sob o chicote. Tal situação rumou rapidamente para um clímax, quando os dois concordaram em apresentar-se diante de uma comissão que decidiria quem era o melhor.
Zêuxis retirou o tecido que recobria seu quadro e expôs uma natureza morta, representando cachos de uva. Eram tão “reais”, que um bando de pássaros se atirou sobre a obra, para comer os frutos. Os juízes gritaram de entusiasmo. Já certo de sua vitória, ele convidou o adversário a retirar, também, o pano que cobria seu trabalho. Foi com muita surpresa que Zêuxis, assim como todo o júri, perceberam que o próprio pano era só pintura.
Finalmente esboçando algum traço de modéstia e cavalheirismo, Zêuxis declarou-se vencido e deixou Atenas a seu aclamado rival. Retirando-se para Cróton, viveu algumas outras histórias, às quais valem muito a pena uma visita, em algum outro momento, adiante.


Fonte: http://sistema-nerd.blogspot.com.br/2010/07/zeuxis-e-parrasio-duelo-de-pintores-na.html


Última edição por Alquimista em 7/2/2021, 01:26, editado 1 vez(es)
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 19/2/2017, 02:24

The Book Test:

''Costuma-se dizer que as coisas boas vêm em pequenos pacotes. Foi o que aconteceu quando o jovem neto de Ramsés provou ser o maior mágico do Egito.
Se-Osíris era filho de Setna, um grande escriba. Setna era filho de Ramsés e serviu o Faraó.
Em um dia quente e empoeirado, quando o vento estava soprando do deserto, um estranho, de estatura alta, foi trazido para a fresca sala do trono de Ramsés. O homem era orgulhoso, mas se via que era pobre pelas vestes marrons empoeiradas.
Ele, em sinal de devoção, curvou-se perante o Faraó e disse:
- "Ó, Rei do Egito, eu venho do Sul onde os mágicos são fortes e poderosos. Eu fui enviado pelo meu rei para desafiar seus mágicos e provar que eles são fracos e não podem ser comparados com os do Sul."
O homem então estendeu a mão, mostrou um rolo de papiro selado que trazia consigo e disse:
- "Eu desafio todos do Egito para que leiam o que está sobre este rolo, mas sem quebrar o selo. Se ninguém puder aceitar o meu desafio, voltarei para meu rei e dir-lhe-ei que a mágica do Egito é fraca."
Ramsés fitou o mágico do Sul e disse aos guardas que escoltassem o homem para os aposentos de hóspedes, enquanto ele iria consultar seus nobres e conselheiros.
Quando o homem já havia sido escoltado para fora do salão, Setna virou-se para Ramsés e disse:
- "Faraó, quando reunires novamente seu Conselho, trarei um mágico que poderá aceitar o desafio do homem do Sul e mostrar que os mágicos do Egito são os mais poderosos".
Mas Setna ficou preocupado em ter que procurar pelo reino um mágico poderoso. Quando Setna sentou-se à sombra fresca em seu jardim para planejar a tarefa, seu filho Se-Osiris chegou ao seu lado. Setna contou a Se-Osiris sua missão e foi surpreendido quando seu filho riu de sua história.
- "Se-Osíris, por que é que você ri enquanto eu estou tão preocupado?"
Se-Osiris respondeu:
- “Não se preocupe, pois irei ler o papiro sem violar o selo, humilhando este estranho homem e seu Rei do Sul".
Setna não duvidou do filho e ficou orgulhoso, mas propôs que Se-Osiris provasse seus poderes, selando um dos papiros de seu expediente diário e entregou-o ao filho. Para deleite de Setna, Se-Osiris leu as palavras do papiro como se tivessem sido escritas em sua presença.
No dia seguinte, quando o Faraó convocou sua corte, Setna trouxe Se-Osiris para sentar-se ao lado dele. Quando o homem do Sul foi trazido para o salão, o Faraó chamou Setna para que enfrentasse o desafio do homem.
Setna levantou-se e disse:
- "O desafio deste homem não passa de uma mera brincadeira de criança para os Mágicos do Egito. Eu não teria problemas em trazer o Mágico Mestre, mas em vez disso trago meu filho, Se-Osiris, para ler o papiro.
Se-Osiris se adiantou e fitou os olhos do homem do Sul e, após alguns instantes, virou-se para o Faraó e começou a dizer-lhe o conto que estava escrito no papiro selado.
- "Faraó, é uma narrativa de honra e insulto a um Faraó do passado. Uma vez um mágico do Sul se vangloriou que ele podia humilhar o Faraó do Egito, tendo o Rei escutado o que ele tinha a dizer e disse-lhe para que fizesse bom proveito de usa pretensão.
Naquela noite, o mágico invocou todos os seus poderes e enviou quatro entes fantasmagóricos portando uma maca para a beira do Rio Nilo, no quarto que o faraó dormia, sequestrando-o e trazendo-o à presença do mágico. O mágico e o rei imobilizaram o Faraó e levaram-no para frente do Palácio, proclamando que ali estava a prova de que o Faraó do Norte era fraco. Em seguida, passaram a agredir o Faraó com bastões, causando várias lesões, mas sem matá-lo, pois a pretensão era apenas humilhá-lo. Antes do amanhecer, o mágico determinou que os entes fantasmagóricos voltassem ao Nilo e deixassem o Faraó de volta em sua cama. Quando o Faraó acordou na manhã seguinte percebeu que seu pesadelo tinha sido real, o que as lesões nas costas o provavam.
O Faraó então chamou o principal mágico, contou-lhe o ocorrido e determinou que o Rei do Sul e seu mágico pagassem na mesma moeda, determinando, ainda que fosse assegurado que o Faraó não passaria por novas humilhações.
Enquanto Se-Osiris narrava o teor do conto, o homem do Sul engasgou e confirmou que realmente era aquela história que estava escrita no papiro, dirigindo-se à porta.
- "Detenham-no!", ordenou Se-Osiris, “Ainda há mais!”
O mágico egípcio consultou-se com o sacerdote do Deus Ptah e dormiu naquela noite no altar para adquirir a sabedoria de Ptah, retornando no dia seguinte para o salão do Faraó.
Quando descobriu que o Faraó não tinha sido novamente importunado em seu sono, o mágico ficou satisfeito e quis assegurar-se que aquilo não aconteceria novamente. Naquela noite o mágico proferiu palavras de grande poder em torno do leito do faraó e quando os portadores fantasmagóricos com a maca apareceram, o mágico viu que vacilavam e ficaram agitados com os feitiços que protegiam o local. Logo os entes desapareceram e o Faraó dormiu tranquilamente durante toda a noite. Na noite seguinte o mágico egípcio criou sua própria trupe de entes fantasmagóricos e esta trouxe o Rei do Sul para o salão do Faraó, onde o Faraó o amarrou e o espancou. Por quatro noites o Rei do Sul foi trazido perante o Faraó e a cada noite sofreu a mesma humilhação na corte do Faraó. E todo dia o Rei do Sul chamava seu próprio Conselho de Mágicos para impedir que o Faraó levasse-o, mas os mágicos do Sul falharam.
Em sua fúria, o Rei do Sul amaldiçoou seu mágico a vagar pela Terra até que provasse existir magia maior que a do Egito."
O homem do Sul então passou a lutar com os guardas do Faraó, implorando para que eles o libertassem, pois não havia causado nenhum dano a ninguém e disse:
- "Sim, isso é o que o papiro diz. Agora, posso ir embora em paz, poderoso Faraó?"
Mas Se-Osiris curvou-se perante o Faraó e disse,
- "Não o deixe ir. Ele não poderá ir em paz, pois é ele o mágico da história e ele vagou por muitos anos para tentar achar o ponto fraco de magia egípcia, para que ele possa, assim, vingar-se do Faraó. Vamos resolver isso hoje para que ele não tenha mais que vagar e trazer problemas."
O homem do Sul contorceu-se quando ouviu o desafio de menino e disse:
- "Quem é você para desafiar o maior mágico do Sul?", atirando o papiro ao chão.
O Papiro desenrolou-se e transformou-se em uma grande cobra, que assobiou e cuspiu em Se-Osiris. Mas Se-Osiris apenas riu e com um sinal com as mãos fez a cobra transformar-se em um pequeno verme que fugiu rastejando.
O homem do Sul gritou enfurecido e invocou uma nuvem escura que desceu sobre o salão. Se-Osiris começou a rir da situação, enquanto suas vestes pareciam absorver a escuridão, até que Se-Osiris sacudiu seu manto e deixou cair ao chão um pó negro. Ao terminar, Se-Osiris ficou em pé no salão cristalino e calmamente olhou para o homem do Sul.
Mais uma vez o homem do Sul reuniu suas forças mágicas e fez surgir diante de si uma coluna de fogo que ameaçadoramente se deslocou em direção ao Faraó.
Se-Osiris se postou em frente das chamas e com os braços empurrou-as para trás. A coluna de fogo parou e começou a voltar em direção ao homem do Sul.
Se-Osiris bateu palmas e gritou:
"Chega, pare agora!."
As labaredas cercaram o homem do Sul e ele no mesmo momento transformou-se em um monte de cinzas. Se-Osiris, virou-se para o pai e para o Faraó e disse:
- "Ele não trará mais problemas para Egito novamente, pois provei que a mágica do Egito é ainda mais forte que a do Sul."
O grande faraó Ramsés respondeu:
- "E você, Se-Osiris é o maior Mágico do Egito". ''


http://zephmeister.blogspot.com.br/2010/10/lendas-egipcias-o-maior-magico-do-egito.html
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 19/2/2017, 02:28

O Príncipe e o Mago:

''Era uma vez um jovem príncipe, que acreditava em tudo, exceto em três coisas. Não acreditava em princesas, não acreditava em ilhas, não acreditava em Deus. Seu pai, o rei, disse-lhe que tais coisas não existiam. Como não havia princesas ou ilhas nos domínios de seu pai, e nenhum sinal de Deus, o príncipe acreditou no pai.
Um dia, porém, o príncipe fugiu do palácio e dirigiu-se ao país vizinho. Lá, para seu espanto, viu ilhas por toda a costa, e nessas ilhas viu criaturas estranhas e perturbadoras, às quais não se atreveu a dar nome. Quando estava procurando um barco, um homem vestido de noite dele se aproximou na beira da praia.
- Estas ilhas são de verdade? – perguntou o jovem príncipe.
- Claro que são ilhas verdadeiras – disse o homem vestido de noite.
- E aquelas estranhas e perturbadoras criaturas?
- São todas autênticas e genuínas princesas.
- Então, também Deus deve existir! – bradou o príncipe.
- Eu sou Deus – replicou o homem vestido de noite, com uma reverência. O jovem príncipe retornou a casa tão depressa quanto pôde.
- Então, estais de volta – disse o pai, o rei.
- Vi ilhas, vi princesas, vi Deus – disse o príncipe num tom reprovador.
O rei não se abalou.
- Não existem ilhas de verdade, nem princesas de verdade, nem um Deus de verdade.
- Eu os vi!
- Diga-me como Deus estava vestido.
- Deus estava todo vestido de noite.
- As mangas de sua túnica estavam arregaçadas?
- O príncipe lembrou-se que estavam. O rei sorriu.
- Isso é o uniforme de um mago. Você foi enganado.
Com isso, o príncipe retornou ao pais vizinho e foi para a mesma praia, onde mais uma vez encontrou o homem todo vestido de noite.
- Meu pai, o rei, contou-me quem és – disse o príncipe indignado. – Tu me enganaste da última vez, mas não o farás novamente. Agora sei que estas não são ilhas de verdade, nem aquelas criaturas são princesas de verdade, porque tu és um mago.
O homem da praia sorriu.
- És tu que estás enganado, meu rapaz. No reino de teu pai existem muitas ilhas e muitas princesas. Mas tu estás sob o encanto de teu pai, logo não podes vê-las.
O príncipe, cabisbaixo, voltou para casa. Quando viu o pai, fitou-o nos olhos.
- Pai, é verdade que tu não és um rei de verdade, mas apenas um mago?
O rei sorriu e arregaçou as mangas.
- Sim, meu filho, sou apenas um mago.
- Então o homem da praia era Deus.
- O homem da outra praia era outro mago.
- Tenho de saber a verdade, a verdade além da magia.
- Não há verdade além da magia – disse o rei.
O príncipe ficou profundamente triste.
- Eu me matarei – disse ele.
O rei, pela magia, fez a morte aparecer. A morte ficou junto à porta e acenou para o príncipe. O príncipe estremeceu. Lembrou-se das ilhas belas mas irreais e das princesas belas mas irreais.
- Muito bem – disse ele – eu agüento com isto.
- Vê, meu filho – disse o rei –, tu, também, agora começas a ser um mago.''


Reproduzido do livro “A Estrutura da Magia – Um Livro sobre Linguagem e Terapia”, de Richard Bandler e John Grinder, extraído originalmente de “The Magus”, de John Fowles.
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 19/2/2017, 02:46

A Sonata do Diabo:

Giuseppe Tartini (1692 – 1770) compôs a sublime e famosa sonata ''O trinado do Diabo'' inspirado num sonho que teve.

“Uma noite sonhei que tinha feito um pacto com o diabo, o qual se dispôs a me obedecer, em troca de minha alma. Meu novo servo antecipava meus desejos e os satisfazia. Tive a ideia de entregar-lhe meu violino para ver se ele sabia tocá-lo. Qual não foi meu espanto ao ouvir uma Sonata tão bela e insuperável, executada com tanta arte. Senti-me extasiado, transportado, encantado; a respiração falhou-me e despertei. Tomando meu violino, tentei reproduzir os sons que ouvira, mas foi tudo em vão. Pus-me então a compor uma peça – Il Trillo del Diavolo – que, embora seja a melhor que jamais escrevi, é muito inferior à que ouvi no sonho”.



Última edição por Alquimista em 8/7/2017, 04:39, editado 2 vez(es)
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 21/2/2017, 01:13

O Farol de Bell Rock:

Lendas interessantes 220px-Bell_Rock_Lighthouse

A 18 km da costa leste da Escócia, em meio a águas traiçoeiras do Mar do Norte, situa-se, majestoso, o imponente Farol de Bell Rock.
Diz a lenda que dois irmãos decidiram trilhar caminhos totalmente diferentes um do outro, pois um havia se tornado um fervoroso religioso enquanto o outro um ardiloso pirata, e o tanto que o primeiro era bom correspondia ao tanto que o segundo era mau. Eles formavam um contraste perfeito. Mas não viveram juntos. O bondoso irmão, que se tornou um abade, morava no mosteiro de Arbroath, que era uma pequena cidade na costa da Escócia, perto de Bell Rock, que na época se chamava Inchcape. Já o malvado pirata causava terror nas águas do mediterrâneo.
Como Inchcape ficava submerso a maior parte do dia, suas pedras pontiagudas foram responsáveis por ceifar milhares de vidas. Era um assassino quase que invisível. Mas o piedoso abade, sabendo do perigo que se escondia sob o Mar do Norte, decidiu fazer alguma coisa para ajudar os infelizes navegantes que tinham de passar por lá. Depois de muito pensar no assunto, ele teve a ideia de colocar junto com alguns monges um enorme sino de bronze suspenso sobre o rochedo, de modo que os ventos o fariam badalar, avisando os marinheiros sobre o perigo próximo.
E deu certo! É por isso que o rochedo passou a ser conhecido como Bell Rock, que significa ”Rocha do Sino”.
O irmão malvado, ao ficar ciente do sucesso do sino, ficou enciumado com a fama que o abade estava ganhando, pois graças a sua genialidade muitas vidas estavam sendo salvas. Mas ele achava que deveria ser mais famoso que o seu irmão.
Como ele teve que ir para a Escócia pra vender umas mercadorias, aproveitou a viagem pra arruinar a reputação do abade. Ele pegou um barco e junto com seis marujos de sua tripulação foi até Bell Rock para atirar o sino no fundo do mar.
Mas o pirata não sairia incólume. Ao terminar seus negócios na Escócia, ele decidiu ir embora com a tripulação. Quando já estavam em mar aberto, uma forte tempestade se abateu sobre eles, fazendo com que o pirata perdesse a orientação de seu navio. E foi aí que uma dessas ironias do destino aconteceu. O navio do malévolo pirata foi totalmente destruído por Bell Rock, pois não havia mais um sino ali para alertá-los. Todavia, o único homem que teve a sorte de sobreviver à tragédia, relatou que enquanto o pirata era engolido pelo mar, badaladas de um sino começaram a soar pelo sinistro rochedo.
Até hoje os marinheiros adoram contar essa estória, assim como também falam que quando se aproxima uma forte tempestade, sons de sino começam a soar nas proximidades de Bell Rock.

Lendas à parte, o fato é que o temível rochedo continuou causando terror até que… um grande homem chamado Robert Stevenson decidiu vencer de uma vez por todas o recife assassino.
Na primeira década do século XIX, 70 navios naufragaram numa única tempestade, fazendo com que as autoridades aprovassem os planos do engenheiro Robert Stevenson, juntamente com o apoio de John Rennie (outro célebre engenheiro), para a construção do que é hoje o mais antigo farol em mar aberto do mundo.
Mas no começo ninguém acreditou em Stevenson e na construção do farol. O sonho de Stevenson foi chamado de loucura! Diziam que era impossível construir em pedras que ficavam expostas apenas algumas horas do dia, e isso quando o tempo estava bom! Felizmente, ele não desistiu e graças a isso triunfou no final. O que ele fez sempre deverá ser lembrado! Ninguém nunca mais morreu naquelas águas.

Lendas interessantes Bellrock

PS: Um descendente famoso de Robert Stevenson é o grande autor de O Médico e o Monstro (Dr. Jekyll e Mr. Hyde), Robert Louis Stevenson.
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 21/2/2017, 01:28

Os Cavaleiros Fantasmas:

Essa lenda é sobre a vitória dos cruzados, em 1098, na cidade de Antioquia, sobre a qual se dizia que o padre Pedro Bartolomeu, por intermédio de uma visão de Santo André, descobriu a localização da verdadeira lança sagrada que transpassou o corpo de Jesus Cristo na cruz, o que levou os cruzados a recuperarem a autoconfiança que até então estava abalada, pois naquele momento os turcos sitiavam Antioquia e a derrota parecia ser iminente.

Todavia, segundo a lenda, os cruzados tiveram a ajuda do ''sobrenatural'' através de um exército de cavaleiros fantasmas, onde vários cavaleiros brancos, montados em cavalos brancos, seguravam cada um uma bandeira branca. Na verdade, segundo o que relataram algumas testemunhas que participaram desta batalha, tal exército eram espíritos enviados por deus para ajudar os cruzados.


Última edição por Alquimista em 10/4/2017, 07:07, editado 1 vez(es)
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 21/2/2017, 02:02

O Xadrez e o Diabo:

Como o Diabo foi apanhado, de Charles Godfrey Gumpel, publicado em 1876.

O conto é sobre uma empolgante partida entre um exímio jogador de xadrez e o diabo, sendo que o último jogava com as peças negras. No ápice do jogo, depois de disputados e suados lances, o tabuleiro ficou do seguinte modo:

Lendas interessantes Xadrez10

Exatamente neste momento o diabo foi advertido pelo adversário de que levaria xeque-mate em apenas sete lances.
O diabo, é claro, não concordou. Então a partida prosseguiu com os seguintes lances...

Lendas interessantes Xadrez11

Lendas interessantes Xadrez12

Lendas interessantes Xadrez13

Lendas interessantes Xadrez14

Lendas interessantes Xadrez15

Lendas interessantes Xadrez16

Lendas interessantes Xadrez17

Lendas interessantes Xadrez18

Lendas interessantes Xadrez19

Lendas interessantes Xadrez20

Lendas interessantes Xadrez21

Lendas interessantes Xadrez22

E assim que o sétimo lance finalizou-se, o diabo ficou desesperado e, com um grito pavoroso, sumiu!!!!

Sabem por quê?

Porque o mate formava o sinal de uma cruz!

Lendas interessantes Mate10


Dizem alguns que o jogador que venceu o diabo era Paolo Boi, que foi o maior jogador de xadrez da Renascença, que venceu até o Papa!

Charles Godfrey Gumpel, o mesmo que criou a famosa lenda do Sinal da Cruz, também foi o inventor de um robô chamado Mephisto, que foi um autômato do século XIX que supostamente jogava xadrez com qualquer ser humano, mas na verdade era operado pelo mestre Isidor Gunsberg, o qual ficava numa sala contígua com um controle remoto eletromecânico. Foi uma excelente invenção! Isidor Gunsberg, o operador do Mephisto, se recusava a ganhar das mulheres no xadrez.
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 21/2/2017, 02:22

Inês de Castro:

Sendo um dos lugares mais importantes e famosos de Coimbra, a Fonte das lágrimas foi o cenário de um amor proibido no século XIV.
O infante Dom Pedro, futuro rei de Portugal, havia se casado com a princesa castelhana Constança, mas na verdade ele estava perdidamente apaixonado pela aia dela, a dama galega Inês de Castro, o que preocupou deveras a realeza portuguesa porque Inês era a filha de um dos homens mais poderosos da Espanha. Após o falecimento de Dona Constança ao dar a luz ao futuro Fernando I, a paixão avassaladora entre os dois ficou bem mais explícita, levando o pai de Pedro, o então rei Afonso IV, a temer uma influência maléfica da família de Inês no futuro do reinado. Isso fez com que os dois amantes começassem a se encontrar secretamente no lugar que ficou conhecido como Quinta das Lágrimas, especialmente após as inúmeras perseguições que passaram a sofrer.
Diz a lenda que o infante punha cartas de amor em barquinhos de madeira que eram então levados pelas águas da Fonte dos amores, que também se situa na quinta, até chegarem às delicadas mãos de Inês. Mas essas juras de amor não iriam durar muito tempo. O rei Afonso IV concluiu que a única maneira de por um fim nesse relacionamento e salvar o seu reino seria assassinar Inês de Castro. Aproveitando então uma ausência de Pedro, o rei enviou sigilosamente três assassinos para abordá-la na quinta. Dizem que ela estava descansando tranquilamente quando foi abordada e depois covardemente esfaqueada pelos algozes do rei. Suas lágrimas, segundo a lenda, se transformaram na fonte que Camões iria consagrar como Fonte das lágrimas, e o seu sangue derramado ficou gravado nas rochas, o que gerou a coloração avermelhada das águas daquela fonte desde então.
Pedro, ao ficar sabendo do ato cruel, jurou vingar sem piedade o assassinato da amada, o que aconteceu quando ele subiu ao trono como o oitavo rei de Portugal, em 1357.
Primeiro ele ordenou a execução dos dois assassinos que foram capturados, ordenando que seus corações fossem arrancados, num pelo peito e no outro pelas costas. A seguir, ele chocou a todos ao revelar que havia se casado com Inês secretamente em Cantanhede, um pouco antes da morte dela, e mandou que dois magníficos túmulos fossem construídos no mosteiro de Alcobaça. Depois fez com que desenterrassem o corpo de sua amada e o transladasse para Alcobaça, sendo que toda a nobreza fora obrigada a acompanhar o cortejo fúnebre até o mosteiro e, uma vez lá, sob pena de morte, todos tiveram que beijar a mão de Inês que agora fora, mesmo depois de morta, coroada como Rainha de Portugal.
Por fim, o rei Pedro I a sepultou num dos túmulos, sendo que o outro serviria para abrigar os seus restos mortais quando morresse. Esses túmulos, que são considerados uma verdadeira obra-prima do estilo gótico, estão posicionados em cada lado do transepto do mosteiro, um de frente ao outro, para que no dia do juízo final os dois amantes tivessem a chance de se olharem mais uma vez. Casais apaixonados do mundo todo até hoje costumam visitar esses gloriosos monumentos, muitos para fazerem propostas de casamento, outros pra homenagear essa incrível história de amor que superou até a morte.
Hoje a fonte está laureada por um exuberante jardim que contém espécimes raros e exóticos do mundo inteiro, incluindo duas enormes sequóias de duzentos anos de idade conhecidas como Sequóias Wellington.
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 21/2/2017, 03:53

O Alquimista Konrad Dippel e o Burg Frankenstein

Darmstadt, a cidade das ciências, é uma das cidades mais importantes do mundo em estudos científicos e desenvolvimento tecnológico. Nela se encontra uma das mais renomadas universidades da Alemanha, a Universidade Técnica de Darmstadt, com seus famosos departamentos de engenharia e também o Centro de Operações Espaciais Europeu, ou ESOC, da Agência Espacial Européia. Sua fama de cidade científica é tão grande, que talvez não seja a toa que ali surgiu um personagem que entrou para a história como o verdadeiro estereótipo do cientista, pelo menos no imaginário popular.
Além disso, Darmstadt está localizada numa região de mesmo nome que é famosa pelo cenário deslumbrante, mágico, com florestas enigmáticas e inspiradoras, cheia de lendas e histórias fantásticas que atrai todo ano inúmeros turistas, pesquisadores, historiadores, estudantes e escritores. E é nesse lugar encantador que se encontra um antigo e sombrio castelo cujo nome é sinônimo de horror para muitas pessoas. O Castelo Frankenstein...

Há quase 200 anos, a escritora Mary Shelley, que era uma adolescente na época, recebeu uma carta de um dos irmãos Grimm, Jacob, na qual narrava uma história sinistra ocorrida no castelo, o que atiçou a curiosidade de Mary ao ponto dela e seu futuro marido, o poeta Percy Shelley, fazerem uma viajem pelo Reno em 1814 a fim de conhecerem melhor o cenário daquele macabro relato. Dois anos depois, eles foram convidados para passar o verão na Villa Diodoti, que era uma propriedade de Lord Byron situada nas margens do lago Gêneva, na Suíça. Lá também se encontrava o poeta e médico de Byron, o doutor John Polidori, que teve uma importância enorme na criação de outro mito tão famoso quanto o de Frankenstein.
Todavia, o verão de 1816 foi dos mais sombrios da história por causa da erupção do vulcão Tambora da Indonésia, que expeliu toneladas de poeira na atmosfera bloqueando a luz solar durante alguns dias, o que causou uma drástica alteração climática trazendo frio, tempestades e nuvens negras por toda a Europa durante vários meses. E numa noite de fortes tormentas na qual todos tiveram que ficar confinados dentro da Villa Diodoti, Lord Byron resolveu propor que cada um ali criasse uma história de fantasmas, ideia essa que foi acatada com sucesso por todos ali presentes. Primeiro, ele fez um conto chamado O Enterro, que não ficou tão bom, porém serviu de material para Polidori escrever a obra que anos depois causaria forte impacto, O Vampiro.
Percy também criou uma não muito boa e Mary ficou sem inspiração durante alguns dias, até que numa noite tempestuosa, ela, meio sonolenta, teve uma visão que foi a inspiração que lhe faltava. A visão era a de um aprendiz de artes secretas contemplando uma criatura que acabara de criar.
Isso a deixou tão impressionada, que algum tempo depois, com apenas 19 anos de idade, ela já havia concluído sua história que de longe foi a melhor daquela sessão de contos de horror. Porém, a verdade sobre o que de fato inspirou a escritora pode ser bem diferente.

Mary conhecia e foi influenciada pelos experimentos bio-elétricos feitos por Luigi Galvani, Giovanni Aldini e Andrew Ure, que assombraram a Europa ''reanimando'' cadáveres através da eletricidade, mas a sua verdadeira inspiração foi a carta que ela recebeu de Jacob Grimm, que falava de um brilhante e controverso alquimista que viveu no Castelo Frankenstein durante o século XVIII, o ilustre Konrad Dippel.
Segundo a lenda, Dippel nasceu nos calabouços do castelo e era considerado pelos aldeões como a própria encarnação do diabo. Mas quando cresceu, ele estudou teologia e medicina e como todo bom livre-pensador da época, também se interessou pela Alquimia ao ponto desta se tornar mais tarde sua principal obsessão, o que o levou a ansiar por desvendar os segredos da transmutação de metais comuns em ouro, fabricar a panacéia capaz de curar todos os males, criar um elixir que prolongasse sua vida até os 135 anos e, principalmente, descobrir os segredos da vida. Em relação a este último item, dizem, tamanha era a sua vontade, que ele criou o seu próprio ser humano num tubo de ensaio, o homúnculo, como Paracelso e outros alquimistas supostamente também haviam feito. Além disso, ele criou um composto que foi usado durante muito tempo na Europa, o Óleo de Dippel, e descobriu o pigmento azul-da-prússia e o ácido cianídrico. Mas o fato na carta que mais chamou a atenção de Mary foi o relato de que ele roubava cadáveres nas sepulturas para fazer experimentos macabros em seu laboratório.

Dizem que ele saía do castelo durante a noite com a intenção de exumar os restos mortais de membros da família Frankenstein que estavam sepultados na Capela de Nieder-Beerbach e depois os levava em seu laboratório para fazer experiências. Ele almejava descobrir uma maneira de reanimá-los e, assim, desvendar o segredo da vida. Todavia, Jacob Grimm deixou claro na carta que todas essas estórias de roubos de cadáveres, ligações com o diabo e outras mais, foi tudo invenção dos clérigos locais, que não podiam tolerar um livre-pensador tão genial vivendo por ali. E o pior, Dippel começou sua carreira como padre. Naquela época, a Igreja não via com bons olhos os filósofos naturais que se interessavam por medicina e ocultismo. Essa instituição considerava que tais conhecimentos estavam relacionados com o diabo. O que diriam então de um ex-padre que se tornara um alquimista?!!! Mas outro fato que também ajudou a difamar a imagem de Dippel foi sua disputa com alguns membros da família Frankenstein pela posse do castelo, já que ele era fascinado pela história dessa família que, aliás, teve ilustres antepassados, como um guerreiro que batalhou com Vlad, o empalador (o lendário Conde Drácula).
Dizem que Dippel até assinava alguns documentos com o sobrenome Von Frankenstein.

E foi assim que Konrad Dippel acabou servindo de modelo para que Mary Shelley criasse o seu cientista. Ele é que foi o verdadeiro Victor Frankenstein.
Victor, assim como Dippel, gostava de fazer experiências com cadáveres humanos e também almejava descobrir os segredos da vida através de sua criação no laboratório.
Mas no final das contas, o que a grande história de Mary popularmente virou? O que virou foi o mito do terrível monstro com parafusos no pescoço, chamado erroneamente de Frankenstein, e do estereótipo do cientista como um homem louco e obcecado que se trancafia em seu laboratório pra brincar de deus.
Só para se ter uma ideia, no livro, a criatura de Mary Shelley é bem ágil e articulada e não apresenta nenhum daqueles movimentos desengonçados imortalizados no cinema por Boris Karloff.
E quanto ao moral da história? O Doutor Victor, mesmo conseguindo criar a vida, não é punido no final pela sua criação que destrói todos que ele ama?
Sim! Na verdade, Mary quis fazer uma advertência sobre as terríveis consequências que descobertas científicas poderiam ter se fossem levadas ao extremo do poder e da ambição. Não é a toa que o livro Frankenstein foi nomeado por ela como O Moderno Prometeu. Como vocês devem saber, o Titã Prometeu foi condenado após roubar o fogo dos deuses para dá-lo aos homens.

Uma última curiosidade, é que na mesma noite em que Byron propôs a sessão de contos de horror também nasceu outro mito que chega a ser tão importante, ou talvez até mais, que o de Frankenstein, que é o Vampiro como nós o conhecemos. Como falei anteriormente, John Polidori escreveu uma obra chamada O Vampiro. Mas, apesar dessa obra não ter ficado tão famosa como a de Mary, ela é muito importante porque foi a primeira vez que surgiu a figura do vampiro aristocrático, que é um tipo de anti-herói gótico bastante refinado. Ou seja, a verdadeira concepção do vampiro moderno.
Quer dizer então que antes da obra de Polidori ainda não existiam vampiros como o Conde Drácula?
Não, ainda não existia aquele vampiro sedutor, que usava uma linda capa, falava como um cavalheiro e morava num belo castelo. E foi esse ser aristocrático, que na obra de Polidori se chamava Lord Ruthven, que anos mais tarde influenciaria um irlandês chamado Bram Stocker, o escritor de Drácula!

Enfim, é assombroso como uma única noite ter sido a gênese de dois dos maiores mitos de horror modernos!
E ainda tem mais! Os dois mitos estão entrelaçados até na vida real. Como disse anteriormente, um Frankenstein que morou no castelo travou uma batalha com o verdadeiro Conde Drácula, o implacável guerreiro Vlad Tepes Draculea, Príncipe da Valáquia, que o escritor Bram Stocker se baseou para criar seu romance.
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 21/2/2017, 18:09

O Golem

A lenda do Golem foi brilhantemente retratada no filme Der Golem, de Carl Boese e Paul Wegener, de 1920, que é uma das maiores realizações da cinematografia do expressionismo alemão.

Mas do que se trata a lenda?

Era sobre o rabino de Praga, Judah Loew, que no século XVI, sentindo que o gueto judaico instalado nessa cidade sofria constantes ameaças e ataques anti-semitas, resolveu dar vida a uma criatura feita de barro através de rituais cabalísticos, o Golem.
Por um tempo a magia deu certo. O Golem, que seguia as ordens do rabino como um autômato, trouxe proteção e respeito ao gueto. Mas como na história de Mary Shelley, aos poucos a criatura foi se desenvolvendo e se igualando aos humanos ao ponto dela se apaixonar pela filha do próprio Loew. O resultado disso tudo, foi que ela acabou trazendo desgraça e medo para a comunidade judaica que antes protegia. No final, a criatura é destruída pelo seu próprio criador.
Como podem ver, o relato é bastante similar ao de Frankenstein!

E o que aconteceu depois que a criatura foi destruída?

Segundo a lenda, o rabino Loew escondeu o corpo no sótão da Sinagoga de Praga.
De acordo com alguns rabinos, que juram de pés juntos que esse fato é verídico, o seu corpo de argila ainda se encontra lá até hoje. Porém, como ninguém consegue ter acesso ao sótão, o relato nunca pôde ser ratificado.

A sinagoga é uma construção gótica, muito antiga. Na verdade, ela é a sinagoga mais antiga de Praga, e o seu nome real é Sinagoga Antiga-Nova, ou Altneuschul.

Lendas interessantes Sem_ty44
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 25/2/2017, 04:35

A Papisa Joana

A Papisa Joana foi a mulher que secretamente conseguiu assumir o posto de “Vigário de Cristo”?

Essa lenda se refere à uma mulher que, secretamente, foi eleita Papa na Idade Média.
Mas seria mesmo uma lenda?!
Existem algumas provas substanciais de que ela realmente existiu. Contudo, a Igreja Católica nega veementemente que uma mulher uma vez tenha ocupado o trono de São Pedro porque julga tal relato escandaloso demais, principalmente num meio que é sobremaneira machista.

Tudo aconteceu no século IX, nos idos de 850. Dizem que Joana era filha de um padre inglês, pois, naquela época, ainda não havia o Celibato, e que desde a mais tenra idade ela já demonstrava uma inteligência e capacidade intelectual fora do normal, o que sugeria que ela poderia ter um futuro brilhante caso decidisse seguir a vida sacerdotal, como os pais. Mas, para que isso se concretizasse, ela necessitava de um disfarce se quisesse ser ordenada como sacerdote. Foi então que ela adotou a identidade masculina e mudou seu nome para João.
O fato dela ter se apaixonado por um monge também a ajudou nessa dura decisão, uma vez que os dois poderiam viver tranquilamente sem atrair algum tipo de escândalo. Com o tempo, ''João'' cada vez mais foi adquirindo erudição ao ponto de, quando foi residir em Roma, se tornar um dos professores mais ilustres, senão o maior, que havia na ''Cidade Eterna''. Diziam que seus discursos eram brilhantes, eloquentes, e, tamanha foi sua fama como erudito, que ela começou a ser chamada de “O Príncipe dos Sábios”. Tudo isso acarretou em sua rápida ascensão na Cúria Romana, atingindo assim o posto de Cardeal. Nessa altura, a fama dela era tão grande que, após a morte do então Papa Leão IV, ninguém teve dúvidas em relação à qual seria o novo sucessor de São Pedro. Unanimemente, Cardeais, Bispos e o povo que a amava a elegeram Papa, e ela escolheu para esta função o nome de João VIII, sem que ninguém suspeitasse de que ''ele'' era uma mulher.
Certamente os trajes folgados dos sacerdotes ajudaram a escamotear o seu sexo, uma vez que são trajes assexuados. Contudo, só tem uma coisa que seria impossível para Joana escamotear, a incrível capacidade feminina de gerar a vida, uma vez que ele engravidou!
Todavia, ninguém sabe quem foi seu amante. Mesmo assim, apesar de estar grávida, as vestes folgadas ajudaram a ocultar a gravidez até que, na procissão do Dia das Rogações, em 857, depois que o cortejo saiu da Basílica de São Pedro para se dirigir à Basílica de São João de Latrão, próximo à viela entre o Coliseu e a Igreja de São Clemente, o Papa João VIII, subitamente, cai de seu cavalo e, aos berros, começa a se contorcer no chão, para o espanto da multidão, que pensou que o Papa estava possuído pelo diabo. Mas, ao retirarem suas vestes devido ao sangramento que começara a escorrer pelas pernas, eis que, de repente, toda a multidão silencia ao ver que, o Papa, na verdade era uma mulher e, o pior, uma mulher em pleno trabalho de parto. Foi então que aquele silêncio sepulcral havia dado lugar a um som agudo e agonizante, o choro de uma criança que acabara de nascer, aos olhos de toda Roma!
E como os romanos reagiram? Aí entra em cena a falha e a ignorância dos homens. A turba, nervosa, se sentindo traída e enganada por uma pessoa que antes idolatravam, a amarrou no cavalo e a arrastaram pela cidade e, por fim, a apedrejaram até a morte. Então a sepultaram na rua onde ela deu a luz, rua essa que foi rebatizada depois como Rua da Papisa. Quanto a seu filho, alguns dizem que ele foi morto pelos clérigos, outros dizem que foi poupado e mais tarde se tornara um Bispo.
Moral da história (ou estória?!): que sirva para nos ensinar até que ponto pode chegar a brutalidade dos homens em relação a questões raciais, sexuais e religiosas, ainda mais quando se constata que Joana, como João VIII, foi um Papa brilhante, sem igual naquela época! Inteligentíssima e justa, foi um exemplo a ser seguido pelo Vaticano. É uma pena que a Igreja ainda continue insistindo em negar seu legado pela simples vergonha de admitir que uma pessoa do sexo feminino teria atingido o seu posto mais alto, o Sumo Pontificado.
Contudo, felizmente existem provas que o Vaticano não pode ocultar. Na Catedral de Siena do século XV, que tinha o busto de mármore de todos os papas até Pio II, havia o da Papisa Joana que continha a seguinte inscrição:

“João VIII, Papa mulher”

Mas não tardou para que o Papa Clemente VIII apagasse a inscrição e a substitui-se por “Papa Zacarias”.
Também há o relato da famosa cadeira perfurada, a Sella Stercoraria, que foi instaurada após o reinado de Joana a fim de se verificar o sexo dos próximos papas eleitos. Consistia de uma cadeira de pórfiro furada em seu acento, onde o Papa eleito deveria se sentar. Concomitantemente, alguns cardeais se agachavam e tateavam o novo Papa a fim de constatar se nele haviam testículos. Se tivesse, é claro, orgulhosamente o Cardeal bradava para os demais: ''Temos um Papa''!
Houve muitos que testemunharam este estranho ritual. E pouca gente sabe que foi esse hábito de apalpar “as bolas” do Papa que deu origem a tradição de se falar “Habemus Papam” pelo cardeal protodiácono antes da entronização do Sumo Pontífice.

Lendas interessantes Sem_t188

Também há o decreto papal que proibiu as futuras procissões na viela onde Joana dera a luz. O problema é que tal viela era um bom atalho entre a Basílica de São Pedro e a Basílica de São João de Latrão. Mas, para evitar constrangimentos e lembranças da Papisa, o cortejo papal preferiu adotar um percurso menos econômico. Assim, nunca mais ocorreu outra procissão por ali. Entretanto, o mais importante é a estátua que foi construída após a morte de Joana, na Rua da Papisa, em frente à Igreja de São Clemente. Era a estátua dela com o filho recém-nascido em seu colo. E o próprio Martinho Lutero admitiu tê-la visto uma vez.
Sendo assim, seria esse um indício de que a ''Lenda da Papisa Joana'' fora na verdade uma invenção esquematizada por conspiracionistas protestantes, sendo que a própria ICAR é quem sustenta tal acusação?!


Última edição por Alquimista em 10/4/2017, 07:08, editado 1 vez(es)
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 8/3/2017, 01:16


A Ponte do Diabo

Bobbio é uma cidadezinha medieval que fica no norte da Itália, próxima à província de Piacenza, onde corre o rio Trebbia, cujo vale Ernest Hemingway descreveu como ''o mais belo do mundo''!

Ali se localizam alguns pontos turísticos famosos, como a Abadia de Bobbio, ou Abadia de São Columbano, cuja majestosa biblioteca no medievo foi a verdadeira inspiração para a abadia de Umberto Eco em seu monumental romance O Nome da Rosa.

Lendas interessantes Untitl13

Lendas interessantes 300px-10

Mas Bobbio também é conhecida pela lenda da construção da Ponto Gobbo (Ponte Corcunda), ou, como os locais a chamam, a Ponte do Diabo.

Lendas interessantes 1024px10

Diz a lenda que São Columbano fez um pacto com o diabo porque enfrentava dificuldades para construir a ponte. O diabo, então, se prontificou para completar o serviço, mas somente se o monge oferecesse a ele a alma da primeira criatura que passasse por ali. Feito o maligno trato e uma vez concluída a ponte, o astuto São Columbano fez com que um cachorro fosse a primeira criatura a atravessá-la, o que deixou o diabo enfurecido por ter sido enganado e vencido.


Última edição por Alquimista em 13/3/2019, 01:47, editado 1 vez(es)
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Convidado 21/3/2017, 12:24

Muito interessantes mesmo, posta mais.
Anonymous
Convidado
Convidado


Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 21/3/2017, 14:50

Opa, pode deixar!
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 22/3/2017, 17:56

Conde Drácula, por trás da lenda

Lendas interessantes 300px-Vlad_Tepes_002

Já vimos que o nascimento do mito moderno do vampiro se deu naquela noite que Lord Byron propôs os contos de terror. Como falei anteriormente, John Polidori escreveu uma obra chamada O Vampiro. Apesar dessa obra não ter ficado tão famosa como a de Mary, por que é que ela foi muito importante? Porque foi a primeira vez que surgiu a figura do vampiro aristocrático, um tipo de anti-herói gótico e bastante refinado, a verdadeira concepção do vampiro como o conhecemos. Sim, antes de Polidori ainda não existia aquele vampiro sedutor, que usava uma linda capa, falava como um cavalheiro e morava num belo castelo. E foi esse vampiro aristocrático, que na obra de Polidori se chamava Lord Ruthven, que anos mais tarde influenciaria um certo irlandês chamado Bram Stocker.

Stocker, seduzido por Lord Ruthven, decidiu criar sua própria lenda vampiresca, mas, para isto, tal como Mary e Percy Shelley, escolheu um velho castelo para servir de inspiração para a trama. E este agora seria um que fica nos gélidos e exóticos Montes Cárpatos da Romênia, num lugar chamado Transilvânia. Stocker sabia que ali havia vivido um grande guerreiro. Também sabia que este guerreiro seria um prato cheio para seu lendário personagem, Drácula. O nome dele era Vlad Tepes, o príncipe da Valáquia, outrora conhecido como Vlad, o empalador.

Vlad foi uma figura decisiva e de grande destaque na história da Romênia do século XV. Ascendendo ao trono da Valáquia por diversas vezes, ele fez de tudo para unificar o país e torná-lo livre das ameaças que estavam por toda a parte. Primeiro, ele liquidou os senhores feudais da Valáquia, os Boiardos, convidando todos eles para um banquete no domingo da Páscoa, talvez em 1459, no seu palácio em Tirgoviste, e lhes perguntou quantos líderes eles tiveram num período de 50 anos. Eles não souberam responder, pois foram muitos e era isso o que Vlad queria ouvir. Ele queria provar que os Boiardos não passavam de traidores sovinas que apoiavam seus líderes apenas o quanto lhes convinham, para depois destroná-los. Ou seja, viviam mudando de lado. Vlad, então, chamou seus guardas e ordenou que todos fossem presos. Depois, mandou empalar a maioria. A empalação era uma forma cruel de execução em que o corpo da vítima era atravessado por uma pontiaguda e longa estaca que depois era fixada no chão. Mas isso era para os mais sortudos, pois quando ele queria dar o exemplo, mandava por graxa no lado da estaca que não tinha ponta para em seguida inseri-la no ânus da vítima. Daí, a lança ia lentamente penetrando as entranhas dos infelizes, o que poderia levar dias. Pobres coitados, na verdadeira acepção da palavra.
E o que Vlad fez com os que não foram empalados? Para estes, o destino também não foi dos melhores. O príncipe ordenou que todos caminhassem de Tirgoviste, que era a sua capital, até a fronteira da Valáquia, e os forçaram a construir o Castelo Poenari, o verdadeiro Castelo Drácula (e não o de Bran, como muitos pensam). Imaginem a distância que eles percorreram a pé! E, o pior, é que o castelo ficava em cima de uma montanha bem alta. Dizem que eles trabalharam tanto, que suas roupas caíram de seus corpos. Tiveram que terminar o serviço totalmente nus, em meio a toda aquela neve. Crueldade? Talvez, mas Vlad sabia que era o único jeito de eliminar os Boiardos.
Depois foi a vez dos Saxões, uma rica classe de comerciantes germânicos que há muito dominava as cidades da Transilvânia. E, por fim, lutou contra os Turcos Otomanos. Foram estes que deram o famoso apelido de Vlad, “o rei empalador”, após presenciarem uma cena que os torturariam tanto, que o sultão decidiu voltar para casa: uma verdadeira floresta de empalados, 20 mil pessoas no total! Todavia, o sultão retornou e no final acabou derrotando Vlad, que morreu em 1476. Quanto ao epíteto Drácula, Vlad realmente foi chamado assim. O seu pai, Vlad Dracul, era um cavaleiro da Ordem do Dragão, uma ordem cristã. Na Romênia, Dracul quer dizer dragão. O sufixo ''ae'' indica um filho. Portanto, Draculea, ou Drácula, quer dizer “filho do dragão”. Coincidentemente, esta palavra também pode ser traduzida como “filho do demônio” na língua romena, pois Dracul, igualmente, significa demônio.
Há várias histórias terríveis sobre Drácula. A de que uma vez ele mandou pregar os turbantes nas cabeças de alguns emissários turcos porque estes se recusaram a tirá-los na sua presença. Ou que possuía uma coleção de 24 mil narizes de inimigos abatidos. Também a de que adorava almoçar no meio da floresta de empalados a fim de saborear melhor sua comida enquanto observava pacientemente as estacas penetrarem nos corpos. Foi daí que surgiu a lenda de que Drácula molhava o pão numa taça com o sangue dos infelizes e depois a bebia, como se fosse vinho. Talvez isso não passasse de boatos maldosos para sujar sua reputação. De fato, cartunistas saxões espalharam muitos panfletos que mostravam tais horripilantes cenas, e a intenção era uma só: associar Drácula ao mal. Imaginem a sensação de Stocker ao ver esses panfletos. Mas, malgrado toda sua crueldade, Vlad Drácula é considerado um herói nacional na Romênia. Lutou ao lado dos cristãos contra os Turcos Otomanos e o povo o adorava. Também foi um grande estrategista, tanto militar quanto civil. Porém, não se pode negar que ele foi uma ótima fonte de inspiração. Só que a lenda do Conde Drácula em nada é fiel ao verdadeiro príncipe e guerreiro do século XV, já que contém traços vitorianos e todos aqueles elementos que Polidori já havia posto em Lord Ruthven. Além disso, Bram utilizou fontes do folclore da Romênia relacionados a espíritos malignos para mostrar as fraquezas de seu vampiro. Por exemplo, Drácula não podia ver a luz do sol, não podia refletir a sua imagem no espelho, tinha aversão ao alho e à cruz, etc. Bram pesquisou bastante, pouca coisa foi produto de sua imaginação! E fez um ótimo romance, que perdura até hoje! Nele, assim como em Frankenstein, também encontramos as desastrosas consequências daqueles que querem poder em demasia. Drácula era imortal, mas o preço foi não poder mais ver a luz do sol, ou seja, ele não podia mais desfrutar da ideia do bem. A estaca, que ele tanto usara para punir seus inimigos, agora era a sua Kryptonita, a única coisa que seria capaz de matá-lo. Sua maldição foi querer ter poderes  sobre-humanos, e ele pagou caro por tê-los. E quem ele mordia também perdia a alma. É a velha história do Doutor Fausto e Mefistófeles: juventude eterna, riqueza e poder sem limites, e o preço é a alma!  
Onde Drácula (o verdadeiro) foi enterrado?
Dizem que num mosteiro em Snagov, perto de Bucareste. Mas o túmulo está vazio. Nunca encontraram o seu corpo.  

Enfim, é incrível que a ficção pode superar tanto a realidade que, às vezes, ela se torna mais real que os próprios fatos. É bastante fácil alterar a identidade de uma pessoa completamente. Contudo, convenhamos, os personagens históricos por detrás destas lendas não são ainda mais interessantes? Então, por que é que os mitos nos fascinam tanto? Por que são os mesmos que perduram e não o contrário? Serão os mitos e as lendas partes recônditas de nossa personalidade? Nossa psique? Do intrincado quebra-cabeça que é a psicologia humana? Por que nos identificamos tanto com isso? Será que representam nosso desejo oculto de nos tornarmos imortais, poderosos, de sermos deuses? Ou, não seria fruto do medo e fraqueza em encararmos a morte o que nos fariam criar estes maravilhosos contos e inesquecíveis personagens? Que nos fazem compartilhar de suas tristezas, ambições e frustrações? Talvez possamos responder isso ao nos deparamos com a única coisa que nos traz de volta à realidade, a de que a morte é inevitável!
É ela que nos mostra o que ( e quem) realmente somos!
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 25/4/2017, 18:43

A Mão de Fogo

Nos bastidores do filme 007: Permissão para Matar (License to Kill), fatos estranhos aconteceram.
Numa das cenas finais, na perseguição dos caminhões, decidiram rodar a mesma numa estrada mexicana chamada La Rumorosa, que já tinha fama de ser amaldiçoada, segundo os locais. Malgrado alguns acidentes inexplicáveis que começaram a acontecer durante as filmagens, prosseguiram com as tomadas.
Foi então que surgiu a lenda da famosa MÃO DE FOGO, captada em fotografia no decurso das filmagens.
E o mais macabro é que, segundo a lenda, isso aconteceu no local exato de La Rumorosa em que teria ocorrido um acidente fatal com um ônibus que transportava um grupo de FREIRAS. Segundo dizem, o veículo teria caído de um penhasco e em seguida explodiu! Todas as freiras morreram!!!

Vejam as imagens que foram captadas da lendária MÃO DE FOGO:

Lendas interessantes Licens11

Lendas interessantes Licens10
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 9/6/2017, 03:37

Os OVNIs e as guerras

Segundo algumas lendas, ''discos voadores'' interferindo em guerras humanas não é uma invenção moderna.

Umas das mais famosas intervenções desse tipo foram as dos Foo Fighters no fim da Segunda Grande Guerra.

Mas e quanto ao passado?

O livro Deuses e Astronautas através da História de W. Raymond Drake está cheio dessas anedotas interessantes. Por exemplo:
_O que pairou no céu sobre a Batalha de Hastings no ano de 1066? Um UFO ou o Cometa Halley? Tal ''fenômeno'' foi capturado na Tapeçaria de Baieux:

Lendas interessantes Ufos_historical_artwork_3
Lendas interessantes Haleys-comet-bayeux-tapestry

_O ufólogo Frank Edwards, citando uma fonte que não foi revelada sobre a campanha de Alexandre Magno na Índia, diz o seguinte:

Alexandre, o Grande, não foi o primeiro a vê-los nem foi o primeiro a acha-los incômodos. Ele fala de duas naves que mergulhavam repetidamente sobre seu exército até que os elefantes de guerra, os homens e os cavalos entraram em pânico e se recusaram a atravessar o rio onde ocorreu o incidente. Que aspecto tinham essas coisas? Seu historiador descreve-as como grandes escudos de prata brilhante soltando fogo pelas bordas... coisa que vieram dos céus e aos céus retornaram.


Na Storia dio Alessandro il Grande citada por Alberto Fenoglio, diz o seguinte sobre o cerco de Tiro por Alexandre em 332 a.c.:

Um dia, de repente, apareceram sobre o campo macedônico escudos voadores, como eram chamados, que voavam em formação triangular comandados por um excessivamente grande, tendo os outros quase a metade do tamanho do primeiro. Ao todo eram cinco. O cronista desconhecido informa que eles circularam lentamente sobre Tiro, enquanto milhares de combatentes de ambos os lados paravam para contemplá-los estupefatos. De repente, do ''escudo'' maior saiu um relâmpago que atingiu as muralhas que se desfizeram. Seguiram-se outros relâmpagos e as muralhas e torres se dissolveram, como se fossem feitas de lama, deixando o caminho aberto para os sitiantes que se infiltraram como uma avalancha pelas brechas. Os ''escudos voadores'' ficaram pairando sobre a cidade até que ela foi completamente arrasada, e então desapareceram rapidamente, dissolvendo-se no azul do céu.

_Os tais ''escudos voadores'' foram novamente vistos em 776 d.c., quando dois escudos flamejantes surgiram nos céus abrindo fogo sobre o exército saxão que nesse instante sitiava os francos em Sigiburgo.
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Gigaview 13/6/2017, 00:50


I Want to Believe!
Gigaview
Gigaview

Mensagens : 192
Localização : Rio de Janeiro - Brasil

https://clubeceticismo.forumbrasil.net/u3 https://twitter.com/gigaview

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 19/7/2017, 14:52


Damon e Pythias

Segundo a lenda romana, foram o exemplo perfeito de amizade.

Damão e Pítias, seguidores de Pitágoras, foram para a cidade de Siracusa, na Sicília, onde Pítias acabou sendo acusado de conspirar contra o tirano Dionísio I. Por causa disso, foi punido com a pena de morte.

Damão serviu como refém de Pítias, seu amigo condenado à morte e que desejava visitar sua família antes de morrer. Apesar de Dionísio acreditar que Pítias nunca mais retornaria, ele depois voltou para ser executado.

O tirano ficou tão impressionado com essa demonstração de lealdade, que acabou libertando os dois amigos, nomeando-os como seus conselheiros leais, inclusive.
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 2/12/2017, 00:59


O Fio de Ariadne

Diz a lenda que há muito tempo em Creta, no famoso palácio do rei Minos, havia um labirinto e que Teseu, se esforçando para se orientar nos obscuros caminhos do dédalo minoico, conseguiu penetrar em seu centro e lá se encontrou com o monstro Minotauro, que lá vivia. Tiveram uma luta corporal e Teseu triunfou vitorioso. Guiando-se pelo fio de Ariadne, que amava o herói, Teseu deixou o labirinto e foi recebido com glórias e honras.

Na verdade, esta não é uma lenda que ocorreu há muito tempo, mas um fato que ocorre a todo instante.

Todos vivem neste labirinto... Labirinto que possui vários caminhos... Caminhos de paixões, de incertezas, de preconceitos, etc... Aquele que se sabe se orientar através destas trilhas ignotas chega ao seu cerne e lá encontra a fera cretense de Minos, o Minotauro, que é o agregado de todos os defeitos psíquicos.

Devemos triunfar!

Reflitam! Tal ensinamento os livrará do dédalo minoico que foi imortalizado no piso da Catedral de Notre-Dame de Paris.
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 2/12/2017, 01:41


A Garganta do Inferno

No quesito causos e lendas do Brasil, nenhum estado supera Minas Gerais.

Em Lavras Novas, distrito de Ouro Preto, de frente ao adro da igreja barroca de Nossa Senhora dos Prazeres, há um S gravado no chão. Muitas são as lendas acerca dessa misteriosa letra.

Bernardo Guimarães, escritor ouro-pretano, narrou uma delas no seu conto A Garganta do Inferno:

O escritor ouro-pretano Bernardo Guimarães (1825-1884) publicou em 1871 o livro Lendas e Romances. A obra tem três contos, sendo um deles “A garganta do inferno”. O autor de Escrava Isaura (1875) narra uma lenda que tem o distrito como palco. Na frente da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres há um S marcado no chão. A letra, segundo a história contada por Guimarães, representa a palavra “segredo”. O mistério provém da história da jovem Lina, filha de Gertrudes, que sonhou com um príncipe encantado possuidor de uma imensidão de ouro. A contragosto da mãe, que imaginou ser o sonho uma tentação diabólica, a jovem Lina seguiu os passos oníricos e encontrou o jovem, filho do rico guarda-mor.

Lina caiu de amores e passou a viver com o nobre, sem avisar à mãe, que agonizou na espera. O conto relata que a relação do casal desanda, e Lina volta para casa. Mas, arrependida do que fez, se joga em um buraco profundo, que ninguém sabia onde terminava: a Garganta do Inferno. A mãe acompanha a filha e também pula em direção ao desconhecido. Um padre vem de Mariana, exorciza o local e determina que a Garganta do Inferno fosse aterrada, e que em frente fosse erguido o templo de Nossa Senhora dos Prazeres. Coube ao primo de Lina, Daniel, apaixonado pela jovem, cobrir a laje. Nas palavras do escritor, “lavrou toscamente a picão a letra S, e cobriu-a de terra. Cremos que quer dizer: segredo. Quem o descobrirá?”

https://www.em.com.br/app/noticia/gerais/2015/10/25/interna_gerais,701187/conto-a-garganta-do-inferno-e-mais-que-uma-lenda-em-lavras-novas.shtml


Também dizem os moradores que quem ficar em cima desse S até a meia-noite será tragado para as profundezas do desconhecido.
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 24/5/2018, 02:35


O Tesouro dos Inconfidentes

Lendas interessantes Mapa%2Bdo%2Btesouro%2Bde%2BCl%25C3%25A1udio%2BManuel%2B-%2Bhistoriasylvio.blogspot.com.br
Mapa : Revista O Cruzeiro, de 10 de janeiro de 1953

Muitos são os buscadores de tesouros em Ouro Preto. Alguns gastaram anos de sua vida em busca de pistas, mapas e sinais que, muitas vezes, não levaram a nada. Mas o ser humano tem uma força dentro de si que o faz se empenhar, embrenhar nas matas, entrar em grutas escuras e desconhecidas, acreditar no improvável, apoiando-se num sonho.

Existe um tesouro ainda escondido: o tesouro de Cláudio Manuel. Talvez um tesouro patriota, guardado para a construção do país, para quando o Brasil se separasse de Portugal.

Muitos foram aqueles que buscaram por ele: o famoso tesouro dos inconfidentes! Seriam muitas arrobas de ouro escondidas num local de difícil acesso, próximo ao Pico do Itacolomi. O local estava indicado em documento, acompanhado de um mapa, com as indicações do local. Teria muitas pedras empilhadas e era preciso muito cuidado, porque elas teriam sido juntadas com certa massa alemã que explodiria dependendo do atrito. O local ficaria perto de uma cachoeira, na junção do Córrego do Baú com o Córrego do Itacolomi. Ali existiria uma grande pedra onde estariam gravadas as letras “CM”, de Cláudio Manuel.

Alguns caçadores de tesouros chegaram a localizar uma mina e entraram dentro até um grande salão. Chegaram a desmanchar muros de pedra dentro da mina e a tal massa alemã não explodiu. Era uma mentira para desencorajar os menos ousados! Aquilo era barro usado na junção das pedras.

O grupo percorreu o que foi possível dentro daquela mina e desmontou muitos muros em busca de vestígios. Havia degraus de pedra por dentro, feitos por escravos. Depois de descer uns dez metros mais ou menos, eles chegaram a um salão. O grupo trabalhou ali por mais de três anos e não achou nada. Dizem que as galerias desta mina chegam até o distrito de Itatiaia.

Um dos membros do grupo morreu dentro da mina, durante a busca do tesouro. Oficialmente a causa da morte foi por um problema cardíaco, agravado por dificuldades respiratórias. O povo comenta que ele foi morto pelo espírito do ouro que tanto buscou.

Nas décadas de 1940 e 1950, havia muitos caçadores de tesouro, percorrendo os arredores de Ouro Preto, na esperança de encontrar o tal Tesouro dos Inconfidentes.

Fato realmente extraordinário aconteceu com os cidadãos ouro-pretanos Inácio Pinheiro e Gilberto de Carvalho, no ano de 1939. O Instituto Butantã comprava cobras, aranhas e escorpiões para fazer vacinas e o então jovem Gilberto de Carvalho saiu procurando tais bichos nas horas de folga para ganhar um dinheiro extra. Revirando o porão de sua casa, onde fora a antiga Casa de Fundição de Ouro Preto, hoje Colé Presentes, ele encontrou uma caixa de madeira e dentro dela alguns documentos muito antigos, preservados em carvão. O documento era de 1788 e assinado por Domingos Affonso Bastos, que transcrevo na íntegra:

“Bocaina do Triphuy

Aos 12 dias do mês de dezembro do ano do nascimento do Nosso Senhor Jesus Cristo de 1788.

Senhor Doutor Cláudio Manoel da Costa, por esta carta só tenho que fazer uma confissão sobre a vinda do senhor Domingos aqui. Passei algumas aflições para cumprir as tuas ordens, mas na mesma noite eu e o senhor Domingos matamos os sete escravos e o capataz, de acordo com seus mandados, e por minha conta matei a mulher do capataz. Isto fiz para nosso tamanho sacrifício não ser descoberto. Depois que me coube esta missão de derramar tanto sangue não deixei nenhuma testemunha a não ser a terra porque esta não tem boca para falar.

A mina, fechei o portão com a chave, dei algumas cargas para fazer o arreamento. Conforme o senhor queria não pôde ser devido as cargas mais fundas negarem. Só arriou uns 20 passos... A chave da mina deixei atrás do arco da ponte dentro de uma pedra lavrada, isto é, na entrada da ponte vindo da Vila para cá e o ouro que a mina produziu neste dois meses foram 405 barras com o peso de 3 libras e meia cada uma e para fundir mais 214 arrobas. Não tive tempo de embarrar tudo devido a sua carta e a minha moléstia que tem agravado mais. Tenho posto muito sangue estes dias. Pobre de um homem hético que deseja trabalhar e não pode e creio que não espero estes dias de nossa tranquilidade e como estou muito desconfiado com meu estado.

Declaro aqui que encontrei uma mina velha e esta aproveitei para esconder este ouro já apurado, 405 libras que estavam aqui. Esta mina só tem uns 60 passos de fundura e nela fiz um arreamento de 20 passos que é bastante, para o caso de perigo não ser descoberto este ouro apurado e como o senhor não sabe onde fica esta mina... a partir da ponte pelo rio acima do lado esquerdo fica este em frente do fojo que o senhor pegou os quatis, distante do fojo 16 passos da mina nova fica distante 380 passos, isto é, para o saber tudo.

Com esta carta também vai este desenho para melhor o senhor compreender caso o senhor queira tirar este ouro com pouco trabalho; no fundo da mina velha tem um suspiro e neste pus uma cruz de braúna conforme este desenho.

Domingos Affonso Bastos”


Imediatamente Gilberto entrou em contato com Inácio Pinheiro e os dois saíram atrás das indicações daquele tesouro. Seguiam o roteiro indicado no documento e chegaram à pedra lavrada no arco da ponte de Bocaina do Tripuí. Emocionados, tiraram a pedra e, dentro do local, encontraram uma chave de ouro maciço. Prosseguindo nas buscas, encontraram os nove esqueletos dos sete escravos, do capataz e sua mulher, mortos na ocasião do ocultamento do tesouro. Tudo ocorria de acordo com as indicações. Eles estavam muito animados e contrataram homens para ajudar.

A chave deu 64 gramas de ouro que eles venderam por um conto e quinhentos. Precisavam de dinheiro para prosseguir com as buscas. Gilberto de Carvalho comprou o terreno onde estaria a mina e passou a buscá-la incessantemente. Apostou tudo que tinha nesse sonho, mas não conseguiu encontrar a mina. Nas palavras do próprio Gilberto:

– De minha parte gastei 40 contos nas pesquisas. A mina deveria estar ali por perto. Mas esta é uma região em que os efeitos da erosão são quase inacreditáveis. É muito comum uma bananeira “viajar” muitos metros dentro desses quintais de Ouro Preto.

Esse foi o motivo alegado para o fato da mina não ter sido encontrada depois de anos de buscas.

Aos dois pesquisadores, juntou-se José da Costa Carvalho Filho, e os três foram ao Rio de Janeiro pedir financiamento. Precisavam de capital para continuarem as buscas do grande tesouro que seria dividido entre eles e o Governo Federal.

Getúlio Vargas era muito sentimental em relação a Ouro Preto por haver estudado na cidade em sua juventude. Ordenou o empréstimo de 300 contos de réis para a empreitada. Os pesquisadores do tesouro passaram meses no Rio de Janeiro às voltas com o Ministério da Fazenda, o Banco do Brasil e o Código Civil. Tamanha burocracia jogou por terra as pretensões dos três sonhadores e, com pouco dinheiro, voltaram decepcionados para Ouro Preto.

Esses homens passaram o resto de suas vidas atrás deste sonho: encontrar o tesouro do inconfidente Cláudio Manuel da Costa. Gastaram dinheiro, energia e tempo na empreitada. Não foram vitoriosos, mas viveram uma grande aventura.

– Posso dizer que conheço Ouro Preto por cima e por baixo da terra. Está tudo esburacado. Mais de uma vez penetrei nesse labirinto num dia, para sair exausto no dia seguinte. É uma coisa louca o entrelaçado das antigas minas abandonadas. Podem me chamar de doido, mas acredito na existência desses tesouros. Disse Inácio Pinheiro.

Obs: Documento original, mapa e reportagem da revista O Cruzeiro, de 10 de janeiro de 1953, fornecidos pela família de Gilberto de Carvalho.

Texto adaptado do livro “Tesouros, fantasmas e lendas de Ouro Preto”, de Angela Leite Xavier.
Págs. 279 a 284.
Edição do Autor; Ouro Preto (MG); 2009 (2ª edição).


http://historiasylvio.blogspot.com.br/2017/08/caca-ao-tesouro.html
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 2/6/2018, 02:04


O Vira Saia

Lendas interessantes O%2BVira%2BSahia%2B-%2Bhistoriasylvio.blogspot.com.br
Ilustração: José Efigênio Pinto Coelho
Pág. 106 do livro Tesouros, fantasmas e lendas de Ouro Preto

Uma vez, subindo a Ladeira de Santa Efigênia, mostraram-me uma casa muito antiga, com a base de pedra à mostra, muitas janelas e árvores aparecendo detrás de um muro.

– Esta é a casa do Vira Sahia! disseram.

Defronte estava um oratório dedicado à Nossa Senhora das Almas. Eu já havia escutado muitos casos assombrados com relação àquela casa. Um arrepio percorreu meu corpo ao me lembrar deles.

As casas antigas, com seus cômodos amplos e piso de madeira, guardam muitas histórias entre suas paredes de pau-a-pique. Histórias muito antigas que deixaram rastros.

Dizem ter sido essa casa também um convento. Pessoas que viveram lá dizem já ter visto padres ao lado da cama, enquanto dormiam ou andando pela casa. Também aparece um senhor desconhecido muito bem arrumado, de bengala na mão, assentado num sofá, ouvindo as conversas da família reunida para o terço da noite. Pode ser o próprio Vira Sahia.

Algumas pessoas riem dessas coisas, dizendo serem cismas de mineiros. Um parente que se hospedou na casa se considerava um desses céticos.

Uma noite, já bem tarde, ele estava no fundo da casa, próximo à cozinha, pintando um quadro. Gostava de pintar nessa hora em que todos dormiam e os outros não interrompiam seu momento criativo. Saindo da cozinha, tem uma escada que vai dar no porão. De repente ele sentiu um cheiro forte de fumo de rolo, como se alguém estivesse fumando um cigarro de palha ou cachimbo ali do seu lado. Ele olhou em volta, não havia ninguém Não deu importância. Continuou pintando.

Terminando o quadro, ele parou pois devia esperar até de manhã para as cores secarem. Foi ao banheiro e de lá escutou os passos de alguém subindo as escadas do porão até a cozinha. Eram passos pesados. Nessa hora sentiu medo. Sabia que todos estavam dormindo. Aquilo estava muito estranho. Não acabou de escovar os dentes e correu para o quarto. Ao atravessar o corredor comprido que dava para seu quarto, onde sua esposa estava dormindo, ele escutou passos atrás de si. Entrou rápido no quarto e bateu a porta. O coração disparado. O barulho dos passos cessou. A mulher ficou rindo, pois ela já havia passado por algo semelhante e sofreu deboches dele.

Existem relatos de que esta casa tem um túnel passando por debaixo dela. Há uns cinquenta anos atrás, as crianças que viviam na casa descobriram a abertura do túnel. Queriam entrar, como é natural da curiosidade infantil. O pai, temeroso do que poderia haver dentro, mandou tapar a entrada. Antes disso, soltou uma galinha dentro do túnel e ela não voltou. Também contam que, nessa mesma época, foi necessário dar uns reparos no muro de adobe que cerca a propriedade. Ao começar os trabalhos, os operários levaram um enorme susto ao ver, no meio do muro, um esqueleto. Ele parecia ter sido emparedado na época da construção do muro e estava agachado; usava um chapéu de couro, botas e tinha um chicote na mão. Parecia um feitor. Assim que foi descoberto ele se desmanchou em contato com o ar.

Outros emparedados já foram encontrados em Ouro Preto. Esse costume de sepultar pessoas no meio da parede de pau-a-pique veio da Europa. Eram pessoas assassinadas ou doentes que, depois de mortas, tinham o corpo desaparecido, sendo descobertos muitos anos depois. Quando aparece um emparedado, costumam chamar um padre e ele conduz os restos a um cemitério, para dar repouso digno ao desconhecido.

♦️

Os lugares assombrados nos conectam com o passado. Estamos no ano de 1741, quando a casa de Vira Sahia foi construída.

Na velha Vila Rica do século XVIII havia pouca iluminação e, quando a noite caía, coisas estranhas aconteciam. Sombras e vultos fantasmagóricos surgiam inesperadamente. Vozes se confundiam com o ladrar dos cães. Ruídos assustadores povoavam as noites levando pânico à população. Seres alados com pés de pato, chifres e olhos em brasa eram vistos na noite escura. Muitas famílias se mudavam para longe, outras se trancavam em casa à noite, saindo somente em caso de emergência. A população assustada pediu providências ao governador. Foi baixado um decreto que dizia:

“Para evitar todo gênero de desassossego que têm com os mascarados, atirem-se contra estes e os matem, por serem perturbadores do sossego público, e se lhes declara que ficarão incursos em crime algum os que mataremos ditos mascarados, antes sim, se lhes dará um prêmio de cem oitavas de ouro a todo aquele que constar que matou algum mascarado que apareça no morro ou na vila, a qualquer hora da noite.”

O bispo de Mariana sugeriu que fossem colocados pequenos oratórios no cruzamento das ruas para afastar os poderes sombrios. O povo, com mais medo de almas penadas que de ladrões, colocou oratórios nas encruzilhadas e imagens de santos de sua devoção dentro deles. Chegavam a rezar ao redor dos oratórios até três vezes num dia ou cantavam hinos pedindo o fim das aparições que acreditavam serem almas penadas. À noite acendiam candeeiros a óleo diante dos oratórios. Aqui começa uma tradição que já dura mais de 250 anos, onde estão as vozes de muitas gerações.

As figuras fantasmagóricas que tanto assustavam a população, na verdade, eram membros de uma quadrilha de ladrões que, com artimanhas, enganavam povo e governo em seus movimentos noturnos.

Escondidos nas matas próximas a Vila Rica, esperavam a noite cair e, entre assombrações forjadas por eles para assustar a população e garantir ruas vazias, faziam a distribuição do ouro e outros objetos roubados, principalmente dos portugueses. Uma parte para cada membro da quadrilha, outra para um esconderijo até hoje desconhecido. Aproveitavam, também, para se abastecer de alimentos, armas e outras necessidades. Quando o dia clareava, eles se passavam por cidadãos honestos, cada qual com sua família e trabalho.  

Sua ação principal era roubar o ouro que as autoridades portuguesas retiravam dos mineradores através da cobrança do quinto, isto é, uma quinta parte de todo o ouro explorado oficialmente.

Este bando chamava-se “Almas do Purgatório”, em alusão aos sustos noturnos que davam na população, mudado depois para “Os Vira Sahias”, em homenagem ao seu chefe, Antônio Francisco Alves, que tinha o apelido de Vira Sahia.

Ele era moreno, descendente de índios, alto e um tanto misterioso e excêntrico. Falava pouco, mas sabia ouvir. Foi criado por padres franciscanos, de quem era amigo e contribuía com a construção de capela dedicada ao santo. Possuía grande fortuna e tinha vários agregados que viviam em sua propriedade, sob sua proteção. Ainda não havia a Igreja de Santa Efigênia. Vivia ele com sua família na Ladeira de Santa Efigênia, número 141, onde havia uma nascente de água que ele doava ao chafariz mais próximo. Tudo ao redor era de sua propriedade. Era uma pessoa querida e respeitada pela comunidade.

Um grande amigo seu era o Gibú, com quem gostava de pescar. O Gibú era um padre jesuíta francês que se apaixonou e relacionou com uma espanhola e, para evitar escândalo, foi mandado para o Brasil como se não fosse padre. Desde então, viva ele e sua linda espanhola em Vila Rica. Era respeitado por sua cultura e arte. Dizem ser dele os desenhos do chafariz da Rua do Barão e da ponte de Antônio Dias. Também foi ele o autor do esconderijo para onde ia parte do ouro roubado na Estrada Real. Esse tesouro nunca foi encontrado. Dizem que está até hoje numa gruta, atrás de um sumidouro, num local de difícil acesso.

Havia naquele tempo dois caminhos para sair de Vila Rica para o Rio de Janeiro: um por Saramenha, passando por Ouro Branco, e outro pelas Cabeças, Passa Dez e por Cachoeira do Campo. O Vira Sahia havia mandado construir um oratório defronte a sua casa no qual colocou uma imagem de Nossa Senhora das Almas. Ele usava a imagem como senha para indicar aos salteadores o caminho por onde o ouro sairia.

Depois que o bando já acumulava uma considerável riqueza, costumavam roubar apenas o ouro levado pelos portugueses para o Rio de Janeiro, e que depois seria enviado à Lisboa. Os comerciantes e tropeiros que abasteciam as regiões de mineração não eram molestados pelo bando do Vira Sahia. Nesta época, passaram a compará-lo ao Robin Wood, aquele que roubava dos ricos e distribuía aos pobres.

Apesar de o líder ser um morador urbano, a quadrilha era organizada pelos irmãos Nunes, que viviam em uma fazenda perto de Itabirito. Lá se reuniam, armavam e saíam para os assaltos. Os Vira Sahias – como ficaram conhecidos estes salteadores – preferiam morrer a revelar algum segredo do grupo. Se algum deles fosse preso ou morto pelas autoridades, os companheiros discretamente prestavam assistência à sua família e se vingavam de seus captores ou executores. A garantia de consideração e amparo aumentava ainda mais a lealdade entre os bandoleiros do grupo.

Vocês devem estar se perguntando como o Vira Sahia sabia o caminho por onde passaria o comboio levando o ouro. Sendo uma pessoa carismática e com grandes posses, conseguiu a amizade de um funcionário da Casa de Fundição de Vila Rica, que recebia propinas para informar sobre o caminho por onde sairia o ouro. Usando a imagem do oratório defronte a sua casa, O Vira Sahia informava o caminho do comboio do ouro: virando a santa ora para o lado de Saramenha, ora para o lado de Passa Dez.

O transporte do ouro em lombo de burros era um desafio difícil. Segredo e astúcia eram usados para despistar os salteadores. As autoridades mandavam que os militares ou funcionários comentassem nas tabernas – simulando estarem alcoolizados – falsas datas e rotas, saindo antes ou depois da data anunciada, por outro caminho. Algumas vezes saía por um caminho um comboio escoltado pelos dragões, com as mulas levando caixas vazias; enquanto pelo outro caminho seguia, disfarçado de comerciantes e com a maior parte das armas ocultas, o grupo levando o ouro. Noutras ocasiões, o comboio saía de Vila Rica levando caixas vazias e, depois de pernoitar uma vez, ao invés de seguir caminho, retornavam para Vila Rica, saindo no dia seguinte ou poucos dias depois por rotas diferentes, repetindo a manobra algumas vezes para desgastar a paciência ou mantimentos de possíveis criminosos, até que uma dessas saídas, com o ouro, seguia seu destino.

Até então, as autoridades portuguesas tinham conseguido sucesso em transportar seu ouro. No período de atividade dos Vira Sahias, algumas vezes os portugueses conseguiam levar sua preciosa carga, mas os bandoleiros geralmente levavam a melhor. Por causa disso, certos de que havia um ou mais informantes entre eles, os portugueses estabeleceram um prêmio em ouro para quem fornecesse informações sobre o traidor ou do chefe da quadrilha.

Na medida em que aumentava a eficiência e prejuízos causados pelos bandoleiros, aumentava o prêmio oferecido e a violência dos portugueses. Muitas pessoas foram mortas por suspeita de colaboração com os bandidos. Suas cabeças ficavam expostas na saída da vila – no atual bairro Cabeças – espetadas em estacas para desestimular e servir como aviso do que aconteceria aos Vira Sahias e seus colaboradores que fossem descobertos.

Entre os salteadores havia um único estrangeiro, um espanhol. Ele havia se aproximado do bando devido ao ódio que sentia pelos portugueses. Seu sonho era voltar para a Espanha, mas não tinha dinheiro suficiente. Tentado pelo prêmio e instigado pela mulher, ele informou às autoridades o que sabia: que os bandidos se chamavam Almas do Purgatório e que na mata eram coordenados pelos irmãos Nunes. Em Vila Rica, havia um esconderijo onde uma parte do roubo ficava guardada por um feiticeiro cruel e vingativo, chamado Vira Sahia, que tudo adivinhava.

Com estas informações, as autoridades organizaram sua investigação. Homem apelidado de Vira Sahia só havia um, mas era rico e estimado. Ao invés de agir com a habitual truculência destinada aos pobres, homens à paisana passaram a vigiá-lo dia e noite. Depois de algum tempo, já conhecedores dos hábitos de sua família e dos mais próximos, um dos vigias notou que o pequeno oratório defronte a casa, cuidado pessoalmente pelo Vira Sahia, após rápida limpeza tinha sua santa virada por ele ora para a direita, ora para a esquerda. Inicialmente este detalhe pareceu sem importância, mas após um novo assalto bem sucedido ao carregamento de ouro, os vigias mataram a charada, ao perceberem que na ocasião a santa havia sido virada na direção do caminho do comboio!

Durante a noite, dragões e policiais cercaram a casa de Antônio Francisco Alves e a invadiram. Sua esposa e filhas foram amarradas, sua casa saqueada pelos militares sedentos de vingança pelas mortes e humilhações sofridas, os móveis foram revistados com violência, depois destruídos a machadadas e queimados, junto com documentos da família. Com o sangue fervendo na medida em que a invasão acontecia, os dragões perderam o limite de suas ações. Agrediram o homem diante da família e, depois, o mataram sem interrogatório ou julgamento. Sua esposa e duas filhas foram estupradas, mortas e jogadas num matagal próximo. O esconderijo com o ouro não foi encontrado na casa ou seu terreno, como imaginavam as autoridades.

O noivo de uma das moças, desconsolado, entrou para o convento e construiu no local uma capela, a Capela das Dores. Essa capela não tem torres, pois elas só existem para locais afortunados. Por três vezes, depois da morte do noivo, torres foram feitas no local, mas ruíram pouco tempo depois de prontas. Diante disso, os padres desistiram de novas construções. As duas palmeiras plantadas em frente à capela são uma homenagem às filhas virgens do Vira Sahia, assassinas pelos portugueses.

Um casal de velhos escravos e todos os cachorros da casa também foram mortos. A santa do oratório não escapou à sanha vingativa e foi reduzida a pedaços.

Depois de matar o Vira Sahia, os portugueses foram atrás do seu amigo Gibú com ordem de matá-lo se não revelasse o esconderijo. Gibú apanhou e foi morto diante de sua amada sem nada revelar. Seu corpo desapareceu, assim como o do Vira Sahia.

Toda a vila se horrorizou com a violência criminosa das autoridades. Havia fortes suspeitas de que os corpos foram afundados numa lagoa da cidade. Perto desta lagoa vivia um homem estranho, de nome José Dez, mais conhecido pelo apelido de Gambá, devido ao mau cheiro que ele exalava. Por pequena quantia praticava atos de magia negra, nos quais se incluía, segundo boatos, consumir parte de cadáveres, jogando-os depois na lagoa, que passou a ser conhecida como Lagoa do Gambá.

Suspeitando que os corpos do Vira Sahia e Gibú estivessem no fundo da lagoa, depois de terem sido amaldiçoados pelo feiticeiro por serviço pago pelos portugueses, os salteadores Vira Sahias mataram Gambá e incendiaram sua casa. Labaredas saíram dela com fortes estouros, lançando forte cheiro de enxofre. Diz a lenda que, desde então, entre meia noite e três da manhã, próximo à lagoa, via-se um cachorro – que de relance parecia um dragão – que passava a noite andando pelas margens da lagoa, emitindo uivos horripilantes. Os moradores da região procuraram o pároco local, que mandou construir um grande cruzeiro de madeira, levado em procissão a um morro próximo à lagoa, que havia se tornado conhecido como Morro do Cachorro. O padre celebrou no local uma missa para o cortejo de moradores locais e multidão de fiéis, jogando muita água benta no cruzeiro e na terra ao redor, por ser este o local onde o cachorro geralmente primeiro aparecia. Dizem que, desse dia em diante, o cachorro diabólico não mais foi visto, exorcizado pela cruz e pela fé nela concentrada. O local passou a ser conhecido então como Morro do Cruzeiro, onde hoje se encontra o Campus da Universidade Federal de Ouro Preto.

Quanto ao delator espanhol, foi assassinado pelos salteadores Vira Sahia enquanto esperava para receber o prêmio que seria entregue pelos portugueses somente depois da recuperação do ouro roubado ou de provas inquestionáveis da chefia do bando. Abordado em sua casa, fugiu dela, mas foi morto após breve perseguição. Sua casa foi incendiada, provocando a morte de sua esposa e filho. Dizem que a alma do espanhol, possuída pela frustração, saiu de seu corpo antes deste ser enterrado e tomou a forma de um urubu, passando a sobrevoar, e às vezes pousar, no local onde ficava sua casa, enquanto espera o retorno de seu corpo para a Espanha. Moradores da região da casa queimada ergueram, no atual bairro Lages, um cruzeiro no local onde foi deixado seu corpo, conhecido como Cruz do Espanhol.

A Igreja de São Francisco de Assis, que na ocasião da morte do Vira Sahia estava sendo construída principalmente com doações dele, ficou sem o sino da torre esquerda, como homenagem de luto por aquele que, roubando dos ricos, dava parte aos pobres.

Os irmãos Nunes conseguiram fugir e se embrenhar nas matas, não sendo nunca encontrados. Sua fazenda foi confiscada pela Coroa Portuguesa. As vastas propriedades urbanas pertencentes ao Vira Sahia foram tomadas pela Coroa Portuguesa, sendo dadas à funcionários, militares e policiais de altos cargos. Nessas propriedades caminhos foram abertos e depois se tornaram as atuais ruas públicas.

A quadrilha continuou a assaltar na Estrada Real por algum tempo ainda, mas não era mais conhecida como Almas do Purgatório, pois passou a ser denominada de “Os Vira Sahias”, mantendo a tradição de destinar parte de seus furtos aos pobres. O envelhecimento dos bandoleiros e o empobrecimento das minas deu fim aos assaltos.

Muito do que aqui foi descrito não está registrado em nenhum documento, mas a memória do povo não deixou apagar.

Lendas interessantes Casa%2Bdo%2BVira%2BSaia%2Bem%2BOuro%2BPreto%2B%2528Rua%2BSanta%2BEfig%25C3%25AAnia%252C%2B141%2529%2B-%2Bhistoriasylvio.blogspot.com.br
Casa do Vira Saia em Ouro Preto (Rua Santa Efigênia, nº 141)

Lendas interessantes Orat%25C3%25B3rio%2Bdo%2BVira%2BSaia%2B%2528Ouro%2BPreto%2B-%2BMG%2529%2B-%2Bhistoriasylvio.blogspot.com.br
Oratório do Vira Saia em Ouro Preto

Texto adaptado do livro “Tesouros, fantasmas e lendas de Ouro Preto”, de Angela Leite Xavier.
Págs. 107 a 116.
Edição do Autor; Ouro Preto (MG); 2009 (2ª edição).

http://historiasylvio.blogspot.com/2017/10/vira-saia.html


Lendas interessantes Localizado-na-esquina

Lendas interessantes Placa-informativa



Construída em 1741, a residência situada na rua Santa Efigênia número 141 foi erguida e habitada por um homem de natureza solitária, sem muitos amigos e que raramente recebia visitas. A casa era grande, com quatro janelas no andar superior e um portão de madeira no térreo. A metade de baixo da casa já mostrava suas entranhas de pedras assentadas sobre uma ressecada liga de barro: havia perdido todo o reboco devido à má conservação. O acesso era feito por um portão lateral que dava para um pequeno corredor terminado em uma porta e uma escada que, por sua vez, conduzia a outras entradas do andar de cima.

Lendas interessantes 20180510
Fotografia feita pelo Alquimista

Lendas interessantes 20180511
Fotografia feita pelo Alquimista

O primeiro dono desta casa, Antônio Francisco Alves, mais conhecido por Vira-Saia, era um mestiço bastante recluso. Apesar de ter sido pobre quando criança, foi progredindo misteriosamente e, de uma hora para a outra, tornou-se um homem imensamente rico. Entre seus poucos amigos havia um sábio jesuíta francês chamado Louis Gibouth, a quem são atribuídas as frases em latim que aparecem nas criações de Aleijadinho. Conta-se que Vira-Saia era chefe de um grupo de revoltosos indignados com a Coroa portuguesa que combatia secretamente os colonizadores e matava os soldados.

Veladamente, tornou-se amigo de um funcionário da fundição da Casa dos Contos e sempre conseguia saber o caminho pelo qual o ouro dos impostos seguiria até o Rio de Janeiro para ser então remetido a Portugal. Para confundir possíveis assaltantes, o escoamento do ouro de Vila Rica era feito em duas caravanas que faziam trajetos diferentes: uma ia por Saramenha e outra por Cachoeira do Campo, mas somente uma delas continha os lingotes de ouro dos impostos. A outra seguia sem nenhum grão do precisos metal. Certo dia, um dos conjurados do Vira-Saia denunciou-o às autoridades portuguesas. Estas passaram a vigiá-lo dia e noite sem comprovar sem comprovar nada de suspeito, pois ninguém vinha visita-lo, ele jamais saía e, portanto era impossível que fosse o informante da rota do ouro. No entanto, uma dia alguém notou por acaso que a madona de Nossa Senhora da Piedade no pequeno oratório em frente à sua casa estava um pouco virada de lado. Como quem cuidava do oratório era o próprio Vira-Saia, logo se descobriu que ele usava a imagem para indicar a trilha da caravana carregada, sem precisar falar diretamente com seus cúmplices. E foi por virar a imagem da santa que ficou conhecido como Vira-Saia.

A madona de Nossa Senhora da Piedade foi arrancada do oratório e espatifada pelos soldados portugueses que invadiram a casa de Vira-Saia para matá-lo. Sua mulher e as duas filhas tiveram que presenciar o homem ser brutalmente assassinado com inúmeras facadas, além de ter a língua cortada e os olhos arrancados. Os braços e as pernas foram separados do tronco e seu cadáver mutilado foi raivosamente pisoteado. No dia seguinte, somente graças a uma revoada de urubus é que a mulher e as duas filhas foram encontradas, amarradas, violentadas e já quase sem vida,  numa mata espessa onde atualmente se encontra a igreja de Nossa Senhora das Dores do Calvário, construída a mando do noivo de uma das jovens assassinadas. Só a mulher resistiu. Irritados por não terem descoberto onde o Vira-Saia escondia o ouro roubado, os portugueses passaram então a perseguir seu amigo Gibouth que, embora não soubesse de nada, também foi brutalmente trucidado.

Em pânico, nenhum familiar ou amigo teve coragem de usar luto pelos falecidos. Mas alguém lembrou que o Vira-Saia havia prometido custear os sinos da torre esquerda da igreja de São Francisco de Assis, e em homenagem aos mortos resolveu-se que ali jamais haveria um sino (como sinal de luto-perpétuo como forma de silêncio). E, por isso, a torre foi construída de tal maneira que é impossível colocar um sino dentro dela.

Texto adaptado do livro “O Código Aleijadinho”, de Leandro Müller.
Págs. 157, 158 e 161.



A igreja de Nossa Senhora das Dores do Calvário

Lendas interessantes 20180512
Fotografia feita pelo Alquimista.

Lendas interessantes 20180513
Fotografia feita pelo Alquimista.

Lendas interessantes 20180514
Fotografia feita pelo Alquimista.


Datada de 1788, a igreja de Nossa Senhora das Dores do Calvário era bem humilde. A fachada simples apresentava duas janelas altas, uma porta dupla de madeira comum sem desenhos ou ornamentos, um óculo triangular arredondado semelhante a uma hélice, um sino no próprio corpo da igreja, dois adornos nas extremidades laterais superiores e um brasão que ostentava um coração trespassado por uma espada, símbolo da irmandade de Nossa Senhora das Dores do Calvário. Ao lado havia um pequeno cemitério que, segundo os moradores da região, era mal-assombrado, pois no passado, viam-se velas acesas durante a noite sobre os túmulos. Até hoje as pessoas evitam passar pelo lugar após o entardecer. Embora a ciência demonstre que tais luminosidades em cemitérios são apenas resultado da combustão do hidrogênio fosforado liberado pelos corpos em decomposição, que provoca uma chama fugaz conhecida como fogo-fátuo, elas continuam aterrorizando as pessoas mais supersticiosas.

Lendas interessantes 20180515
Fotografia feita pelo Alquimista do cemitério mal-assombrado ao lado da igreja.


Texto adaptado do livro “O Código Aleijadinho”, de Leandro Müller.
Pág. 168.
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Eugene Hector 18/1/2019, 14:14


Isis e Osíris:

O deus da terra Geb e a deusa do céu Nout tiveram quatro filhos: dois homens Osíris e Seth, e duas mulheres, Isis e Nephthys.
Osíris casou-se com Isis e Seth com Nepththys.
Osíris recebeu a terra como herança do seu pai e era o deus agrário, estimado pelo povo e pelos deuses; sua esposa Isis também era amada pelo povo pela sua doçura, bondade e fidelidade ao seu esposo - era a deusa da Natureza. Viviam os dois muito felizes e isso causou ciúmes a Seth que decidiu livrar-se do seu irmão, para isso convidando-o para uma festa, onde mediante um estratagema conseguiu matá-lo.
Isis procurou, com toda a dor que sentia, encontrar o cadáver de Osíris seu marido, finalmente encontrou-o todo mutilado e os deuses então se comoveram com os lamentos de Isis. O supremo deus Rá (ou Ré) mandou então o seu filho Anúbis para ressuscitar o corpo de Osíris, o que foi feito mumificando o corpo e envolvendo-o em bandagens. Contudo Osíris passou a ter vida apenas no reino dos mortos, tornando-se assim o rei dos mortos.
Entretanto, Isis teve um filho póstumo chamado Hórus, que ao se tornar adulto resolveu vingar o seu pai Osíris. Houve uma grande batalha em que Seth foi vencido, mas Hórus perdeu a visão que, não obstante, lhe foi devolvida pelo sábio deus Thoth. Os deuses então saudaram alegremente Hórus e seus pais pela vitória alcançada. Seth tentou ainda difamar Isis dizendo que Hórus não era filho legítimo de Osíris, mas falhou e assim Hórus foi reconhecido como soberano do mundo e foi na qualidade de seus sucessores que todos os soberanos egípcios ocuparam seus tronos.

NOTA: Essa lenda descreve a vitória do bem contra o mal e demonstra o hábito egípcio de mumificar os corpos e construir túmulos, até pirâmides, que conservassem os corpos mumificados para que o ''Ká'' (energia vital) e o ''Bá'' (a alma) nele permanecessem e assim houvesse reencarnação junto a Osíris, no reino dos mortos.
Eugene Hector
Eugene Hector

Mensagens : 147

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Alquimista 9/2/2019, 00:37


Obrigado pela contribuição.
Alquimista
Alquimista
Admin

Mensagens : 2564

https://mestredoconhecimento.forumeiros.com

Ir para o topo Ir para baixo

Lendas interessantes Empty Re: Lendas interessantes

Mensagem por Conteúdo patrocinado


Conteúdo patrocinado


Ir para o topo Ir para baixo

Página 1 de 4 1, 2, 3, 4  Seguinte

Ir para o topo

- Tópicos semelhantes

 
Permissões neste sub-fórum
Não podes responder a tópicos