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Os Vikings

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Mensagem por Eremita 4/1/2024, 14:42

"Jared Mason Diamond (Boston, 10 de setembro de 1937) é um biólogo evolucionário, fisiologista, biogeógrafo e autor de não-ficção estado-unidense. Ele é mais conhecido pelo seu livro Guns, Germs, and Steel (Armas, germes e aço no Brasil, 1997), vencedor do Prêmio Pulitzer.
É filho de um pai médico e uma mãe professora, música e lingüista. Depois de cursar a Roxbury Latin School, obteve seu Bacharelado pela Universidade de Harvard, em 1958, e seu PhD em Fisiologia e Biofísica de membranas pela Universidade de Cambridge, em 1961. Entre 1962 e 1966, retornou a Harvard como um junior fellow. Tornou-se professor de Fisiologia na UCLA Medical School em 1966.
Entre seus vinte e trinta anos, Diamond também desenvolveu uma segunda carreira paralela em Ecologia e evolução dos pássaros da Nova Guiné, e fez diversas viagens de exploração na Nova Guiné e nas ilhas vizinhas. Em 1975, propôs uma importante teoria sobre a organização de comunidades ecológicas, as chamadas 'regras de montagem' (do inglês, assembly rules).
Depois dos 50 anos, Diamond gradualmente desenvolveu uma terceira carreira em história ambiental, tornando-se professor de Geografia e Ciências de Saúde ambiental na UCLA, sua atual posição.
Diamond fala uma dúzia de línguas, e seus livros baseiam-se em campos tão diversos quanto biologia molecular, linguística e arqueologia, bem como conhecimentos pontuais sobre design de máquinas de escrever e o Japão feudal."

http://pt.wikipedia.org/wiki/Jared_diamond
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Mensagem por Eremita 4/1/2024, 14:43

(William da Normandia) liderou descendentes de antigos vikings que falavam francês para conquistar a Inglaterra, também pode ser apontado como um marco do fim dos ataques vikings. A razão pela qual Guilherme pôde derrotar o rei inglês Harold, em Hastings, na costa sudeste da Inglaterra, em 14 de outubro, foi porque Harold e seus soldados estavam exaustos. Haviam marchado mais de 350 quilômetros para o sul em menos de três semanas após derrotarem o último exército viking invasor e matado o seu rei em Stamford Bridge, na Inglaterra central, em 25 de setembro. Dali em diante, os reinos escandinavos começaram a negociar normalmente com outros estados europeus e só raramente entravam em guerra, em vez de atacar constantemente outros lugares. A Noruega medieval tornou-se conhecida não por seus temidos saqueadores, mas por suas exportações de bacalhau seco.
À luz desta história, como explicar por que os vikings deixaram suas terras natais para arriscar suas vidas em batalhas ou em ambientes tão difíceis quanto a Groenlândia? Após milênios em paz na Escandinávia, sem mexer com a Europa, por que sua expansão aumentou tão rapidamente até atingir um auge em 793, e então parou completamente menos de três séculos depois? Em qualquer expansão histórica, pode-se perguntar se esta foi motivada por um "impulso" (pressão populacional e falta de oportunidades em casa), ou por uma "atração" (boas oportunidades e áreas vazias a
colonizar fora de casa), ou ambos. Muitas ondas de expansão foram movidas por uma combinação de impulso e atração, e isso também se aplica aos vikings: eles foram impulsionados pelo crescimento populacional e pela consolidação do poder real em casa e atraídos por novas terras desabitadas a colonizar e terras habitadas, embora indefesas, a saquear além-mar. Do mesmo modo, a imigração européia para a América do Norte chegou ao seu auge no século XIX e início do século XX, por uma combinação de impulso e atração: o crescimento populacional, a fome e a opressão política impulsionaram os imigrantes para longe de suas terras natais, enquanto a disponibilidade quase ilimitada de terras cultiváveis e as oportunidades econômicas nos EUA e Canadá os atraíram....."
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Mensagem por Eremita 4/1/2024, 14:44

Quanto ao Epis. de 1066/e em Stamford Bridge, citado no livro do Jared Diamond, tem um documentário da BBC sobre o evento, vale a pena conferir.

A Batalha de Stamford Bridge, na Inglaterra, é considerada como o início da decadência dos Vikings na Grã-Bretanha.

"The Battle of Stamford Bridge took place at the village of Stamford Bridge, East Riding of Yorkshire in England on 25 September 1066, between an English army under King Harold Godwinson and an invading Norwegian force led by King Harald Hardraada of Norway (Old Norse: Haraldr harðráði) and the English king's brother Tostig Godwinson. After a stubborn battle, both Hardrada and Tostig along with the majority of the Norwegians were killed. Although Harold repelled the Norwegian invaders, his victory was short-lived: he was defeated and killed at Hastings less than three weeks later. The battle has traditionally been presented as symbolising the end of the Viking Age, although in fact major Scandinavian campaigns in the British Isles occurred in the following decades, notably those of King Sweyn Estrithson of Denmark in 1069-70 and King Magnus Barefoot of Norway in 1098 and 1102-3."

http://en.wikipedia.org/wiki/Battle_of_Stamford_Bridge

"In the village of Stamford Bridge a monument to the battle has been erected. The monument's inscription reads:
1066
The Battle of Stamford Brige
King Harold of England defeated his brother Tostig and Harald Hardraada of Norway here on 25 September 1066"
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Mensagem por Eremita 4/1/2024, 14:45

Quanto ao motivo de as forças de impulso/atração mudarem tão abruptamente de atraentes para não atraentes após 793 d.C., e então diminuírem rapidamente por volta de 1066, a expansão viking é um bom exemplo do que se chama processo autocatalítico. Em química, o termo catálise significa a aceleração de uma reação química através do acréscimo de um ingrediente, como uma enzima. Algumas reações químicas criam um produto que também age como catalisador, de modo que a rapidez da reação parte do nada e então ganha velocidade quando algum produto se forma, catalisando e acelerando a reação e criando mais produtos que aceleram a reação ainda mais. Tal reação em cadeia é denominada autocatálise e seu melhor exemplo é a explosão de uma bomba atômica na qual os nêutrons de uma massa crítica de urânio partem os núcleos para liberar energia e mais nêutrons, que partem ainda mais núcleos.
Do mesmo modo, na expansão autocatalítica da população humana, as vantagens iniciais que as pessoas obtêm (como vantagens tecnológicas) trazem-lhes lucros ou descobertas, que ao seu turno estimulam mais gente a buscar lucros e descobertas, que resultam em ainda mais lucros e descobertas, que estimulam ainda mais gente a fazer o mesmo, até que as pessoas tenham ocupado todas as áreas disponíveis com tais vantagens, ponto em que a expansão autocatalítica pára de catalisar a si mesma e perde a força. Dois eventos específicos desencadearam a reação viking em cadeia: o ataque de 793 d.C. ao mosteiro Lindisfarne, que rendeu um rico butim que nos anos seguintes estimulou ataques que renderam ainda mais riquezas; e a descoberta das despovoadas ilhas Faroe, ideais para a criação de ovelhas, que levaram à descoberta da maior e mais distante Islândia, e então da ainda maior e mais distante Groenlândia.
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Mensagem por Eremita 4/1/2024, 14:47

Os vikings que voltavam para casa com butins ou relatos de ilhas prontas para serem colonizadas incendiaram a imaginação de mais vikings a saírem em busca de mais butins e mais ilhas desertas. Outros exemplos de expansão autocatalítica inclui a expansão dos antigos polinésios para o leste através do oceano Pacífico, começando por volta de 1200 a.C., e a expansão portuguesa e espanhola pelo mundo, a partir do século XV, especialmente após a "descoberta" do Novo Mundo por Colombo, em 1492.
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Mensagem por Eremita 4/1/2024, 14:48

Assim como as expansões dos polinésios e dos portugueses e espanhóis, a expansão viking começou a declinar quando todas as áreas prontamente acessíveis aos seus navios já haviam sido saqueadas ou colonizadas, e quando os vikings que voltavam para casa pararam de trazer histórias de terras desabitadas ou facilmente pilháveis além-mar. Assim como dois eventos específicos desencadearam a reação viking, dois outros eventos simbolizaram o que a fez parar. Um foi a batalha de Stamford Bridge, em 1066, que coroou uma longa série de derrotas vikings e demonstrou a futilidade de futuros ataques. O outro foi o abandono forçado da colônia viking mais remota da Vinlândia, por volta de 1000 d.C., após apenas uma década de colonização.

Acho que isso é o suficiente, essas são só 8 pag. de 600, caso alguém se interesse, eu realmente recomendo comprar o livro. Sem contar que há os mapas.
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Mensagem por Eremita 4/1/2024, 14:49

Capítulo 6: Prelúdio e fugas vikings
Experimentos no Atlântico. A explosão viking. Autocatálise . Agricultura
viking. Ferro. Chefes vikings. Religião viking . Orkneys, Shetlands, Faroe . Meio
ambiente da Islândia . História da Islândia. Islândia em contexto. Vinlândia
219
Capítulo 7: O florescer da Groenlândia Nórdica
Entreposto europeu. Clima atual da Groenlândia . Clima no passado. Plantas
e animais nativos. Colonização nórdica. Agricultura. Caça e pesca. Uma
economia integrada . Sociedade. Comércio com a Europa. Auto-imagem
259
Capítulo 8: O fim da Groenlândia Nórdica
O começo do fim . Desmatamento . Dano ao solo e às pastagens . Os
antecessores dos inuits. Subsistência inuit. Relações entre inuits e nórdicos. O
fim . Causas inéditas do fim
303

JARED DIAMOND
"COLAPSO
COMO AS SOCIEDADES ESCOLHEM O FRACASSO OU O SUCESSO"
TRADUÇÃO
Alexandre Raposo
REVISÃO TÉCNICA
Waldeck Dié Maia
5ª . EDIÇÃO
Eremita
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Mensagem por Eremita 4/1/2024, 14:50

Diamond, com todo o seu conhecimento na área ambiental e na história das civilizações nos passa muitos dados interessantes sobre civilizações antigas como Os Maias e Os Anasazis, e nos mostra como essas e outras sociedades encontraram o seu fim ou como persistem até hoje. Muito bom para quem se interessa por meio ambiente e por civilizações antigas.
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Mensagem por Eremita 31/1/2024, 22:18

Novas revelações sobre os vikings

Os guerreiros mais famosos da Idade Média foram os habitantes da Escandinávia, conhecidos atualmente como vikings. Inúmeras canções, romances e filmes celebram seus feitos. Mas apesar dessa grande fama, a sua verdadeira cultura esconde-se atrás de muitas falsas idéias, de interpretações errôneas da História – os estereótipos.

O mais conhecido dos estereótipos relacionados aos vikings, mas também atribuídos a outros bárbaros (como celtas e saxões), são os capacetes com chifres laterais. Sabemos hoje pelos recentes estudos arqueológicos que os verdadeiros elmos de batalha de todos os povos da Europa pré-cristã e da Idade Média eram cônicos ou esféricos, lisos e sem nenhuma protuberância. Até mesmo aquelas asas no capacete do personagem de quadrinhos Asterix são fantasiosas. Mas e como surgiram essas imagens equivocadas? Segundo nossas pesquisas, elas ocorreram em primeiro lugar na Inglaterra em 1830, espalhando-se depois com as manifestações artísticas da França e Alemanha (LANGER, 2002, p. 6-9). Neste último país, após a exibição da ópera O anel dos Nibelungos, de Richard Wagner (1870), o estereótipo tanto dos chifres quanto das asas foi tradicionalmente representado na pintura, escultura e literatura. Acreditava-se que os adornos córneos simbolizariam o poder guerreiro, o poder masculino dessas antigas culturas. (1) Somente no século XX é que a cultura erudita começou a associar essa imagem com maridos enganados pelas esposas... Logo veio o cinema e as histórias em quadrinhos, que trataram de popularizar ao máximo o estereótipo dos elmos cornudos. Mesmo hoje em dia, podemos encontrá-lo em alguns manuais de ensino de História, ou sendo utilizados por alguns torcedores suecos em época de copa do mundo. Mas o empenho de muitos pesquisadores tenta destruir essa imagem equivocada.

Outro famoso estereótipo associado aos nórdicos e bárbaros medievais, é a suposta utilização do crânio dos inimigos como copo para bebidas! Na realidade, esse estereótipo foi inventado muito antes do surgimento dos vikings. (2) No século V depois de Cristo, a Europa sofria os ataques dos hunos, temidos guerreiros da Mongólia. Um cronista gótico desse período chamado Jordanis, acreditava que os hunos não eram humanos, mas seres bestiais que devoravam crianças e cometiam terríveis atrocidades. Ele foi um dos primeiros que descreveu essa prática cruenta: matar, decapitar e transformar as cabeças em recipientes para bebidas (BEHREND; SCHMITZ, 1994). Claro que foi apenas uma fantasia, pois inventar atrocidades e misticismos sobre os inimigos é um dos mais antigos ardis políticos. Como os vikings também não eram bem vistos na Idade Média por atacarem mosteiros e templos cristãos, nada mais óbvio que compará-los com seres demoníacos. Precisavam ser rebaixados a um nível de crueldade sem igual. Imediatamente surgiram representações de grandes banquetes e festas, nos qual os guerreiros escandinavos utilizariam o horrendo receptáculo para bebidas. Mesmo em nossos dias esse estereótipo ainda persiste, a exemplo da cena inicial do filme Escorpião Rei.

O terceiro estereótipo é relacionado com as vestimentas dos vikings. Grande parte das obras artísticas do século XIX e de muitos filmes posteriores, representaram os bárbaros vestindo roupas feitas de pele de animais. Algumas cenas, inclusive, idealizavam os nórdicos mais como homens pré-históricos do que guerreiros medievais, como a ilustração Chegada dos Normandos à França, de Guizot (1879). Verdadeiros trogloditas cobertos com couro, alguns portando até clavas e porretes. Sabemos hoje que a maioria dos povos bárbaros não eram tão bárbaros assim. Aliás, esse termo originalmente designava os povos que não falavam grego, depois latim e finalmente, os que não professavam o cristianismo. Praticamente todos os bárbaros da Europa elaboravam suas roupas por meio da tecelagem de origem animal. Os vikings fabricavam roupas a partir da lã de carneiros e ovelhas criados em fazendas. Primeiramente a lã era lavada, depois fiada, tecida e tingida. A qualidade era tão boa que muitas vezes chegou a ser exportada. Os vestidos das mulheres eram muito sofisticados, decorados com excepcionais broches e fivelas de metal (GRAHAM-CAMPBELL, 2001, p. 120-121).

E porque representar os bárbaros vestindo peles de animais? Uma maneira eficiente de criticar outra cultura é compará-la ao máximo com criaturas “inferiores”. Se sou membro de um povo dito civilizado, que segue regras de conduta de inspiração divina ou religiosa, então estou muito distante da esfera bestial. Trajando peles pesadas, morando em cavernas ou casas mal elaboradas, os vikings seriam humanos mais próximos dos animais do que das civilizações cristãs. É óbvio que o imaginário religioso vai associar aos povos pagãos (que não seguem a Bíblia), toda uma série de atitudes vistas como pecaminosas ou incorretas para uma sociedade considerada “civilizada”: incesto, canibalismo, sacrifícios de crianças. Então, se os vikings são pagãos, necessariamente fazem tudo isso e é claro, vestem roupas grosseiras!

Outra imagem tipicamente associada aos antigos nórdicos são seus hábitos alimentares: comeriam somente carne crua, a qual arrancariam com os dentes. Mais uma vez, representações fantasiosas procurando caracterizar os vikings como criaturas animalescas e brutais. Mas a arqueologia moderna já descobriu muitos utensílios de cozinha, como cuias de madeira, tonéis, cestas de vime, panelas e todos os tipos de recipientes de cerâmica, demonstrando um sofisticado padrão de cozimento e preparo dos alimentos na cultura nórdica (HAYWOOD, 2000. p. 73-74).

Mas os bárbaros teriam sido assim tão cruéis? É óbvio que os vikings fizeram pilhagens, saques e massacres em diversas cidades europeias. Mas nem todos os escandinavos eram piratas. Alguns foram mercenários, comerciantes, aventureiros e colonizadores pacíficos, outros dedicaram-se somente à agricultura. No mundo nórdico, um guerreiro era tão respeitado quanto um poeta. E o tema da violência na História é algo que deve ser sempre visto com relatividade. Mesmo os povos cristãos da Idade Média cometerem atos que hoje consideramos terríveis, a exemplo das Cruzadas no Oriente Médio, o uso da Inquisição pela Igreja ou as guerras religiosas. Para os árabes, os bárbaros eram os europeus que participavam das Cruzadas, pelos atos horripilantes que executaram perante as populações orientais (THOMSON, Oliver. 2002).

Uma característica que desmente a fama de crueldade extrema dos vikings é a sua índole para o humor. Apelidos era muito comuns, mas alguns enfatizavam traços opostos à realidade física da pessoa, como Thorald o magro, que na realidade era bem gordo, ou Harald o loiro, para um homem com cabelo escuro. A morte era um momento para celebração e alegria, bem ao contrário do que nossa civilização preconiza. Mesmo quando um homem era condenado à morte, o sorriso o acompanhava até o cadafalso (BRØNDSTED, [s.d.], p. 209).

E o último dos estereótipos é relacionado a uma suposta força sobre-humana dos escandinavos – pois estes, mesmo para o imaginário popular contemporâneo, teriam sido homens gigantescos e com grande estrutura muscular. Vários filmes enfatizam erroneamente que a espada viking não poderia ser manejada por outros guerreiros, devido ao seu enorme peso. É certo que o equipamento nórdico não era mais sofisticado que o da Europa medieval, e o que causou impacto foram mais as técnicas de guerra adotadas: ataques relâmpagos e utilização de machados e espadas para serem manejadas por somente uma das mãos. Quanto à constituição física, o exame de esqueletos determinou que o tamanho médio dos dinamarqueses, noruegueses e islandeses era de 1,70 metros – uma altura igual ao dos outros europeus. Somente os suecos tinham um tamanho mais elevado. O que ocasionou maior diferença no momento das batalhas foi a saúde muito superior dos escandinavos em relação ao restante do continente, devido à uma alimentação mais equilibrada e rica em proteínas (GRAHAM-CAMPBELL, James, 1997. p. 72)

Novos estudos historiográficos e descobertas arqueológicas estão revelando muitos detalhes sobre o modo de vida, o pensamento e a riqueza cultural dos vikings. Ela contribuirão para que desapareçam os diversos estereótipos que foram elaborados desde o momento em que os nórdicos surgiram perante o Ocidente e definitivamente deixaram suas marcas, imaginárias e reais.


Notas

(1) Para outras análises sobre esterótipos dos vikings ver: WAWN, Andrew. The Vikings and the Victorians: inventing the Old North in 19TH-Century Britain. Cambridge: D.S. Brewer, 2002; BOYER, Régis. Le mythe Viking dans les lettres françaises. Paris: Editions du Porte-Glaive, 1986.

(2) Para o arqueólogo Holger Arbman, esse estereótipo teria surgido durante um erro de tradução do Setecentos: “resultado de uma tradução errada do século XVIII em que se apresenta a expressão ‘caveiras dos seus inimigos’ em vez de ‘copos feitos de cornos’”. ARBMAN, Holger. Os Vikings. Lisboa: Editorial Verbo, 1969. p. 14.
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Mensagem por Eremita 31/1/2024, 22:20

Kostr: o casamento viking

O casamento na Era Viking era essencialmente um contrato entre duas famílias. Segundo o historiador Jesse Byock, o kostr (“casamento”) solidificava alianças grupais (vinfengi), evitava disputas e as temidas vinganças de sangue.

O casamento de uma mulher solteira no mundo nórdico era obtido pela negociação entre as duas famílias – a do futuro esposo e a do pai ou guardião da mulher. O kostr era organizado em duas etapas: o noivado e o matrimônio (brullaup). A iniciativa partia do noivo ou de seu pai, que realizava a proposta para o pai ou guardião da noiva. Se este último ficasse satisfeito, o pretendente prometia pagar um preço pela noiva (mundr). Na Islândia, o preço mínimo seria 8 onças de prata (1 onça: 28,349 g), na Noruega 12. Em troca, o pai da noiva prometia levar o dote (heimanfylgja) após o matrimônio.

Tanto o pagamento pela noiva quanto o dote eram incorporados ao patrimônio da mulher. Os dois homens (o noivo e o guardião) apertavam as mãos em frente a duas testemunhas e marcavam a data para a celebração do matrimônio. O consentimento da mulher poderia ser consultado, mas geralmente isso não era necessário. Viúvas tinham mais liberdade e respeito que as mulheres solteiras. Mas nem a idade nem a falta de virgindade eram empecilhos para o casamento.

O matrimônio tomava a forma de uma festa, usualmente na casa da família da noiva. A união era considerada judicialmente legal quando o casal tinha sido visto junto por pelo menos seis testemunhas. O vestido da noiva era preparado por jovens adolescentes de várias famílias, compreendendo bordados e detalhes vistosos. A noiva também usava uma coroa, geralmente de flores, adereços de prata, cristais de rocha e bronze. Anéis de ouro também eram de uso comum. Seis meses antes da festa, preparavam-se bebidas, entre elas o mjoðr (“hidromel”), advindo o termo “lua de mel” para o período após a celebração.

Na cerimônia, eram comuns os rituais utilizando espadas ancestrais, com o noivo recitando sua linhagem e a sabedoria do clã. Entre os karls/bóndis (fazendeiros), era comum a utilização do mjöllnir, o martelo de Þórr, para prover a fertilidade da noiva. O dia mais requisitado para a celebração era a sexta-feira, o dia de Frigg (“a bem amada”) – a esposa de Óðinn, guardiã do lar, protetora da gravidez/maternidade e dos casamentos.
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