A Atlântida existiu?

Como um terremoto ou erupção vulcânica sem cratera (não sou geólogo), mesmo sendo um superterremoto pode destrambelhar uma civilização?

O caso foi bem mais grave que o do tsunami do Índico. A explosão do Santorini foi uma das maiores da história, deu-se a apenas 70 milhas marítimas de Creta (não a centenas ou milhares, como no caso do Índico) e as grandes cidades cretenses ficavam todas perto do mar. A civilização foi provavelmente arrasada e o que pode ter sobrado foi alvo fácil de invasores do continente, menos vulnerável.

Esta poderia ser a indumentária cotidiana delas? Será que a mulher mais frequente na população era assim? Ou só a elite era retratada? Ou se tratava apenas de uma convenção iconográfica como os faraós gigantes e as moscas frontais versus abelhas de perfil da iconografia egípcias?

O vestuário de Creta é instigante. Os povos ao redor do Mediterrâneo tinham uma forma de vestuário muito diferente, usavam retângulos de tecido que, amarrados ou presos ao redor do corpo formavam túnicas de modelos diversos. Creta é muito pouco estudada na História da Moda, mas quando é, chama-se a atenção para a roupa modelada, cortada e costurada, revelando a forma do corpo. Até a Alta Idade Média, as túnicas (de formas diversas mas escondendo as curvas do corpo) eram utilizadas como vestuário padrão. Os gregos e romanos tinham as roupas modeladas, como as calças dos habitantes do norte da Europa, como roupa de bárbaros.
Quanto aos decotes extravagantes, que desnudavam o busto, considerando as informações que temos de outros povos de período similar, acredito que sejam exageradas, convenções iconográficas utilizadas para exaltar algum sentido cultural. A história da moda não se detém em Creta a não ser para indicar como nela seu vestuário foi diferente. Tenho dificuldades de conhecer melhor esta indumentário por falta de bibliografia a respeito.

Obrigado a D. Diniz e a todos.

Quanto a catástrofes naturais destruidoras de civilizações, dei uma lida num livro de Jared Diamond ed Record, onde ele situa 5 causas principais de colapso de civilizações. O conceito de civilização dele é questionável, generalizar as causas de colapso pode ser arriscado e a análise de causa de colapso dele é muitas vezes superficial (Toynbee e outros mergulharam muito mais fundo), MAS as 5 causas seriam: 1) catástrofe natural, 2) ecocídio (diferenciada da primeira por ter sido causada por humanos: tipo a extinção de todas as árvores da ilha de Páscoa), 3) crise comercial, 4) guerra, 5) estupidez (definida por ele como incapacidade de lidar com problemas). Ele também afirma que as quatro primeiras costumam iniciar o processo do colapso e a quinta causa realimenta o processo. Logo mesmo com toda crítica que eu fiz ao Jared, ele e eu ainda concordaríamos que tsunami/erupção/superterremoto não explica o que houve com a civilização minoica. Tem que ter dedo humano de uma forma ou de outra.

Todos,

Primeiro, quanto à erupção do vulcão na atual Santorini. Sabe-se que foi uma das quatro maiores erupções vulcânicas da história e há relatos de cinza chegando até o Egito, Ásia Menor, Grécia etc. Parece que a nuvem deu duas voltas ao Planeta antes de cair. Há depósitos dessa cinza em todo o hemisfério norte.
Segundo, realmente a defesa das ilhas onde havia cidades minoicas era sua grande frota comercial e bélica. Lógico que um navio que ia comerciar em lugares praticamente desconhecidos, levava um contingente de soldados fortemente armados, para proteção de mercadorias.
Terceiro, quando se fala de civilização minoica, todo mundo pensa logo em Creta e no palácio de Knossos. Ela se disseminava por várias ilhas, onde foram encontrados vestígios de uma civilização muito adiantada para a época (em Santorini há escavações de uma cidade que, como Pompéia, foi preservada maravilhosamente).
Quarto, quanto à roupa das estatuetas de mulheres, com longas saias enfeitadas com flores, drapeadas e fartas, pequeno corpete justo, deixando o busto à mostra, há um novo conceito que são estatuetas de uma deusa relacionada à fertilidade (tanto da agricultura, como das próprias mulheres), como a deusa mãe Ceres da Grécia (só diferem na roupa). Tal culto é muito antigo ao redor do Mediterrânea e há vestígios que já existia no início da era paleolítica. No entanto, o deus mais cultuado era o Touro, e há muitas pinturas do que foi chamado "os dançarinos do touro", onde jovens pulam sobre os chifres de enormes touros, em uma espécie de balé ritual.

Na questão da tsunami, vale lembrar que toda a economia cretense estava baseada no comércio marítimo, e que o maremoto veio a destruir justamente os portos e tudo que estava ancorado neles. Os cretenses devem ter perdido uma parte muito significativa de sua esquadra. Esse baque na economia pode ter causado os tumultos políticos e sociais que abalaram a civilização até que a invasão dórica deu tudo por encerrado.

Invasão dórica ou aquéia? Aquéia em torno de 1450 aC. Quando foi datada a erupção de Thera? 1600 aC? Continuo afirmando que tem que ter dedo humano (ativo ou passivo) para detonar uma civilização inteira.

O Império minoico não desapareceu da noite para o dia, como a maioria das pessoas acreditam. Como bons comerciantes, eles possuíam entrepostos em quase toda a costa do Mediterrâneo oriental e, talvez, até mesmo tenham chegado à ilha da Sicília e região sul da Itália. Muitos navios deveriam estar longe do centro da catástrofe e, portanto, deve haver, em alguma outra região, vestígios dessa civilização. Opinar onde, seria querer adivinhar, mas, um dia, as escritas lineares A e B vão ser encontradas em outros locais. Há alguns anos fiz uma pesquisa sobre as origens de certos mitos e, quanto ao touro, encontrei relacionamentos entre contos (populares) muito antigos na Península Ibérica e Açores com as lendas do Minotauro...

Só ressaltando que não falei da Lenda do Minotauro na Península Ibérica, antes que questionem... Falei da figura mitológica do touro. Essa figura representando a força masculina. Mas também no Egito o touro tinha a mesma conotação. A Lenda do Minotauro é da Mitologia Grega, creio bem posterior às figuras encontradas em Cnossos. O Touro, como símbolo da força e da virilidade masculina se disseminou por toda região mediterrânea. Mas também na Assíria ele era usado. Portanto, como eu acredito que, se encontramos um símbolo mítico em várias regiões, deve haver uma origem para esse símbolo. Pode ter sido Creta, como pode ter sido alguma outra cultura que teve uma grande abrangência em épocas mais remotas. Creio que as coisas não surgem do nada.

Concordo plenamente contigo, o que só reforça minha impressão que o processo foi gradual e que o dedo humano foi fundamental. Atrevo até a dizer que foi dedo humano minóico e não estrangeiro.

Olá!

Nem precisam ir tão longe... a teoria da tectônica de placas já provou que seria impossível ter havido um continente desconhecido no meio atlântico já que a Europa, África e América se encaixam perfeitamente uma vez que eram unidas.