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Lisboa e os Lusitanos

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Mensagem por William de Baskerville 22/1/2024, 23:18

Todos os contos, lendas, mitos, etc. estão misturados das diferentes épocas. Logicamente, os contos sobre o ciclo artúrico são medievais, por exemplo. Já as lendas sobre as mouras são muito anteriores, até provavelmente anteriores à cultura céltica, talvez dos oestrimnios que eram os povoadores da Galiza no contexto da era megalítica. Todas as épocas se misturam. Mas não cabe dúvida que a Galiza tem uma magia que é reconhecida no resto da Espanha. O que se pode esperar de um povo que mora num ambiente como o galego. Eu me lembro quando era criança e ia pelas manhãs muito cedo ao colégio na cidade, e te juro por Deus que a névoa era tao espessa que era impossível ver nada a dois metros. Para não chocar com a gente tínhamos que ir com muito cuidado. Imagina esse quadro no campo, nas montanhas e prados, essa névoa, a umidade e matas fechadas. Isso faz que a gente imagine coisas que não existem. Não há como não imaginar. Não é por acaso que os antecedentes da famosa literatura chamada Realismo Mágico da América latina, os antecedentes estão em três escritores galegos: Wenceslao Fernández Florez, Alvaro Cunqueiro e Gonzalo Torrente Ballester. Curiosamente as literaturas que mais prolificamente têm desenvolvido o gênero fantástico foram as literaturas anglo-saxonas e a literatura galega também. A literatura galega se diferencia do resto da literatura espanhola pela sua especialidade no relato fantástico e mágico, e pelo seu humor irônico e sarcástico, que é mais difícil de encontrar no resto da Espanha. E sem esquecer que a ponte entre a Espanha e a América latina se faz através da Galiza, da migração galega desde o século XIX. A escritora e acadêmica brasileira Nélida Pinhon é de pais galegos, e viaja com frequência a Galiza, onde tem casa. Ela acaba de escrever há pouco um romance-saga sobre a épica da migração galega no Brasil.
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Mensagem por William de Baskerville 22/1/2024, 23:20

Lendas de vampiros e de lobisomens há em muitos países, não só no Leste da Europa. Na Espanha há um filme dos anos 70 que trata dum caso real de um homem que tinha licantropia (é uma doença) e que matou várias pessoas nas matas de... GALIZA!!!!! rsrsrsrs O cara era conhecido como o Lobisomem da Galiza rsrsrsrsrs. Esta minha terra é muito estranha, muito estranha hahahaha
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Mensagem por William de Baskerville 22/1/2024, 23:21

Manuel Blanco Romasanta, esse era seu nome. Ele foi um assassino em série e sofria de licantropia. Se fez um filme na Espanha interpretado por José Luis López Vázquez. Na Galiza se lhe chamava o lobisomem, porque sempre houve tradição dos lobisomens. Ele era de Allariz, pequeno vilarejo a 20 kms. da cidade Ourense de onde eu sou. rsrsrs
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Mensagem por Galego 22/1/2024, 23:23

E, afinal, o mito da moura é basco, ou celta? Conforme o William contou, na região há uma série de mitos, até hoje contados, e esses mitos devem ter uma origem muito antiga. Tantos mitos não surgem do nada e de repente... Deve ter origem em culturas antigas.
Gostaria de saber a conclusão de cada participante. Fiquei muito interessado. E é um conhecimento ancestral.... rsrsrs
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Mensagem por William de Baskerville 22/1/2024, 23:25

Do meu ponto de vista o mito de moura, sem nenhuma sombra de dúvida, ele não é da origem medieval. Portanto deve ser um mito ancestral dos tempos pré-romanos. Pode ter uma origem "céltica" ou possivelmente ainda mais antiga. Se esse mito se dá entre os bascones, mas também acontece em muitos outros lugares da Península Ibérica, inclusive das Ilhas Britânica, eu acho que poderíamos estar ante um mito ancestral da época das culturas megalíticas dos litorais da Europa Ocidental. Mas isso somente são hipóteses e conjeturas, nada definitivo. Quem sabe? A Cultura megalítica também se deu nos territórios considerados bascones, em todo o extremo norte da Península Ibérica litorânea, no litoral da França, nas Ilhas Britânicas, etc. Também poderia ser um mito procedente das culturas do Bronze final, posteriores às culturas megalíticas e anteriores ao mundo celta. Mas tudo não deixam de ser especulações.
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Mensagem por Sir Galahad 22/1/2024, 23:27

Portanto deve ser um mito ancestral dos tempos pré-romanos.
Os mauros (numidios da Mauritânia, mouros pre-islâmicos) afinal tinham relação étnica com os iberos ou (se não tinham) foram capazes de manter um pezinho do lado ibérico das colunas de Melkart?
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Mensagem por William de Baskerville 22/1/2024, 23:29

O único povo africano pre-muçulmano que esteve na Península Ibérica, foram os líbios, que iam junto com os cartagineses, por isso se lhes denominava de povos púnicos ou líbio-cartagineses. Mas os líbios-cartagineses não se misturaram com os indígenas peninsulares. Os iberos não têm nada a ver com povos norte-africanos, senão que eram os indígenas da Península (no seu litoral mediterrâneo) com influencias culturais dos povos púnicos e os gregos. E disse influências culturais só, pois, repito, não se miscigenaram biologicamente.
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Mensagem por Sir Galahad 22/1/2024, 23:29

E o oposto iberos chegaram a migrar para lado africano das Colunas em tempos pre-púnicos?
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Mensagem por Sir Galahad 22/1/2024, 23:30

E a explicação que ficou a dever sobre Haplogrupo?
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Mensagem por William de Baskerville 22/1/2024, 23:34

Haplogrupo ou genética, nada tem a ver com etnia ou raça. Os haplogrupos são as linhagens mais antigas espalhadas pelo mundo, sejam elas da raça que for. Exemplo. Uma mesma linhagem ou haplogrupo X pode estar espalhada por lugares tão afastados geograficamente, que a esse mesmo haplogrupos podem pertencer gentes de raça branca e gentes de raça negra, por exemplo. A "raça" (você sabe que hoje já a antropologia não fala em raças) são os traços fenotípicos de um grupo, mas não tem nada a ver com linhagem. A pigmentação da pele pode ter acontecido por adatação ao ambiente, e a gente procedente da linhagem X que está na Africa ter uma pigmentação escura e a gente pertencente à mesma linhagem que morasse na Europa ter a pele branca.

Esclarecido isso, cabe agregar que todas as linhagens do planeta vem da Africa, a primeira Eva (aceitando a teoria da Eva primigênia africana). No caso da Península Ibérica, os pre-historiadores aceitam que seus indígenas, quer dizer, os primeiros povoadores da nossa espécie da Península Ibérica isso aconteceu no Paleolítico, e procediam da África e da Europa. Mas uma vez essas duas ou três o as que foram linhagens se assentaram na Península Ibérica formando ao povo indígena, o resto de povos que apareceram na Península Ibérica não procediam da África até a chegada dos fenício-cartagineses-líbios, e posteriormente os árabes e berberes. Pelo menos que se tenha referência até hoje. Isso não significa que amanhá apareça uma nova descoberta e mude o assunto. Estamos falando de povos com nomes. Na Pré-história não falamos de povos, mas de culturas.

Por outro lado, entre os habitantes atuais da Península Ibérica a maior parte das linhagens e as mais antigas são do haplogrupo R1b e I com diferença. Em muita maior proporção. E esses dois haplogrupos não procedem da África, senão da Europa. Estou me referindo a haplogrupos baseados na análise do cromossomo Y.
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Mensagem por William de Baskerville 22/1/2024, 23:36

Sir Galahad

Não existem evidências de que os Iberos atravessassem o estreito e fossem a África. Mas olha, isso só pode ser detetado se houve alguma migração forte, e através de restos iberos. Em algum lugar da África se encontraram restos da cultura Ibera? Eu não tenho noticia disso. Mas a minha ignorância é grande. Ao melhor alguém já tem encontrado. Eu o que sei, até onde eu sei, é que os iberos não cruzaram para a África, mas isso não quer dizer que ao melhor algum cara isolado, ou alguma família, etc. houvesse feito isso. Contatos podem ter havido, não se pode descartar isso. Mas para poder afirmá-lo tem que haver alguma prova, e a prova tem que ser algum resto ibero em território africano. Alguém sabe de algum resto ibero na Africa? Se alguém sabe, que o diga, pois eu ficarei feliz sabendo.
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Mensagem por William de Baskerville 22/1/2024, 23:40

Pra finalizar. O haplogrupo R1b é associado com o homem de Cromagnon, e isso precisamente encaixa perfeitamente com os restos encontrados na Península Ibérica dos Cromagnones. ESSES SÃO OS NATIVOS DA PENÍNSULA IBÉRICA, QUE AO LONGO DOS SÉCULOS DA PREHISTÓRIA, através dos seus descendentes, ATÉ O 1º MILENIO A.J. DESENVOLVERAM TODAS AS CULTURAS LOCAIS PREHISTÔRICAS DA PENÍNSULA IBÉRICA (não estou gritando, é para fazer destaque rsrsrsrs).

Já onde a coisa não fica clara é que esse mesmo marcador seja o originário dos proto-indoeuropeus centum, pois o conceito de indoeuropeu é meramente linguístico e nada tem a ver com linhagens. Tanto poderiam ter sido os protoindoeutropeus centum gentes do R1b, quanto gentes de outro haplogruopo que estivessem em determinado lugar da Europa influenciado pela cultura indo-europeia. Por exemplo, eu tenho informações de que outro haplogrupo, o R1a, seria a linhagem que desenvolveu a cultura proto-indoeuropeia dos Kurgans. Mas eu acho também isso fiar demais.

Eu num post mostrei um mapa onde ficava muito claro o predomínio do R1b na parte ocidental da Europa e o R1a na parte oriental. Curiosamente o R1a desce a sua frequência quanto mais ao Oeste, e o R1b desce sua frequência quanto mais ao Leste. Até agora, todas as teorias sobre a origem do indo-europeu, mesmo a de reenfrew, indicam que a expansão do indo-europeu foi em direção do Leste para o Oeste.
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Mensagem por William de Baskerville 22/1/2024, 23:41

Uma coisa é o homem de Cro-magnon, que é um ente físico (crânio, ossos, etc.), e outra coisa é a Cultura de Aurignac. Muitas culturas se associam ao homem de Cro-magnon, não só a de Aurignac.
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Mensagem por Lobo do Leste 26/1/2024, 14:44

Viriato

Após a segunda guerra púnica (218-201 a.C.), Roma dominava o Leste e o Sul da Península Ibérica. As zonas Oeste e Norte eram ainda dominadas por populações indígenas (iberos) e celtas. Uma federação de tribos lusitanas, que habitavam as regiões mais ocidentais, resistiu à penetração romana, sob a liderança brilhante de Viriato, de 147 a 139 a.C.

As batalhas entre tribos lusitanas e o império romano tiveram início cerca do ano 193 a.C. Supõe-se que Viriato, filho de Comínio, terá nascido em Lobriga, depois chamada Lorica pelos romanos, actual Loriga, nos Hermínius, actual Serra da Estrela, e que terá tido de algum modo acesso a vários aspectos culturais e experiências, para além das actividades de pastor de rebanhos e caçador, que lhe permitiram desenvolver a guerra de guerrilha, com estratégias e tácticas sofisticadas, chegando mais tarde a dialogar positivamente com os representantes de Roma, e alcançando inclusive a designação de “Amicus Populi Romani”, ou seja, aliado em paz com Roma.

Em 150 a.C., o pretor romano Sérvio Sulpício Galba aceita uma proposta de paz, em que se incluía o desarmamento dos lusitanos. No entanto, Galba não cumpriu a sua parte do acordo, procedendo ao massacre de cerca de 10 mil lusitanos, sendo outros 20 mil enviados para a Gália, onde foram vendidos como escravos. Viriato foi, afortunadamente, um dos poucos sobreviventes a esta chacina.

Viriato aparece na História quando, em 147 a.C., se opõe à rendição dos lusitanos a Caio Vetílio, que os tinha cercado no vale de Betis, na Turdetânia. Viriato lembra aos seus companheiro a traição anterior de Galba.

A fama de Viriato como guerreiro e estratega foi crescendo entre as várias tribos lusitanas, o que lhe permitiu vir a tornar-se o líder efectivo de uma coligação de tribos lusitanas, pela primeira vez na história unidas por um objectivo comum.
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Mensagem por Lobo do Leste 26/1/2024, 14:44

Derrota os romanos no desfiladeiro de Ronda, que separa a planície do Guadalquivir da costa marítima da Andaluzia, fazendo nas fileiras inimigas uma espantosa chacina, tendo sido morto o próprio Vetílio.

Em 145 a.C., Quinto Fábio Máximo, irmão de Cipião “O Africano”, é nomeado cônsul na Hispânia Citerior e é encarregado da campanha contra Viriato ao comando de duas legiões. Ao princípio tem algum êxito, mas Viriato recupera e em 143-142 a.C. volta a derrotar os romanos em Baecula e obriga-os a refugiar-se em Córdova.

Simultaneamente, seguindo o exemplo do chefe lusitano, as tribos celtibéricas da Hispânia Citerior (Belos, Titos e Arevacos) revoltavam-se contra as prepotências romanas, acendendo uma luta que só terminaria em 133 a.C., com a queda de Numância.

Em 140 a.C. Viriato derrota o novo cônsul Fábio Máximo Serviliano, matando mais de 3.000 romanos, encurralando o inimigo e podendo destroçá-lo; no entanto, deixou Serviliano libertar-se da posição desastrosa em que se encontrava, em troca de promessas e garantias de os lusitanos conservarem o território que haviam conquistado. Em Roma, esse tratado de paz foi mais tarde considerado humilhante e vexatório; como consequência, o Senado romano volta atrás na sua palavra, e declara guerra a Viriato.

A destruição de Cartago, o principal centro de oposição ao poder de Roma, terá sido um elemento importante na viragem da guerra, pois Roma pôde reforçar as suas tropas nas restantes frentes, incluindo, claro, a frente ibérica.

Em consequência da atenção e poder militar concentrado de novo na Ibéria, para além da desmilitarização lusitana que entretanto aconteceu, as tropas romanas conseguem levar Viriato a refugiar-se a norte do rio Tejo, num lugar denominado “monte de vénus” (presumivelmente localizado entre Cáceres e Badajoz). Face aos avanços do general romano Quinto Servílio Cipião, Viriato, em posição difícil, enviou-lhe três emissários (Audax, Ditalco e Minuro) para negociar a paz.
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Mensagem por Lobo do Leste 26/1/2024, 14:45

Em 139 a.C., Viriato foi assassinado durante o sono, por estes mesmos três emissários. Após o assassinato, estes refugiaram-se junto do procônsul romano Servílio Cipião, reclamando o prémio prometido. No entanto, o procônsul ordenou a sua execução, tendo ficado os três expostos em praça pública com os dizeres “Roma não paga a traidores”.

O exército lusitano, chefiado por Táutalo, até então o braço direito de Viriato, tentou ainda uma incursão contra os territórios do Sul, mas foi vencido.

Depois da morte de Viriato, Decius Junius Brutus conseguiu finalmente marchar para Norte, através da Lusitânia central, e dominar a Gallaecia. Começou então, efectivamente, a ocupação romana do extremo ocidental da Hispânia.

Após a governação de Júlio César, o imperador Augusto fundou a cidade de Emerita Augusta (hoje Mérida), no ano 25 a.C., tornando-a a capital da província romana Lusitânia, por ele constituída no ano 5 a.C.

A luta lusitana pela independência continuaria ainda mais tarde, através do apoio a Sertório, e passando pela criação de um estado lusitano na zona oeste da península Ibérica, no séc. I d.C.

A identificação de Portugal com a Lusitânia, e dos antecessores dos portugueses como sendo os lusitanos (ideia que está na origem do título dos “Lusíadas” de Camões) é hoje largamente ignorada, mas a criação da Lusitânia terá certamente tido influência na formação de um reino independente chamado Portugal, vários séculos mais tarde.
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Mensagem por Lobo do Leste 26/1/2024, 14:46

Algumas datas históricas:

• 446 a.C. - Chegada dos Celtas à Península Ibérica, os quais se instalaram na parte ocidental, onde hoje existem Portugal e Galiza. Foram os Celtas que estiveram na origem dos Lusitanos.

• 218 a.C. - Início da invasão romana da Península Ibérica, com o desembarque das tropas de Cneu Cipião.

• 180 a.C. - Nascimento de Viriato em Lobriga, depois chamada Lorica pelos romanos, actual Loriga, nos Hermínius, actual Serra da Estrela.

• 154 a.C. - Primeira grande batalha entre Lusitanos e romanos. Os Lusitanos, chefiados por Púnico, infligem pesada derrota aos romanos.

• 153 a.C. - Os Lusitanos, comandados por Césaro, derrotam os romanos, provocando-lhes nove mil mortos.

• 151 a.C. - Sérvio Sulpício Galba, depois de oferecer paz e terras a milhares dos melhores combatentes Lusitanos, convence-os a entregar as armas, massacrando-os de seguida. Os poucos que não são mortos, são enviados para a Gália como escravos. Porém, alguns conseguem escapar, entre os quais, Viriato.

147 a.C. - Viriato é eleito Chefe pelos seus compatriotas. Os Lusitanos, liderados por Viriato, derrotam os romanos, matando milhares de soldados, entre os quais o seu comandante, o Pretor Caio Vetílio.

• 146 a.C. - Um exército pretoriano, comandado por Pláucio, é derrotado pelos Lusitanos, e milhares de legionários romanos morrem em combate. No mesmo ano, o Pretor Cláudio Unímano perde todo o seu grande exército.

• 140 a.C. - Serviliano é derrotado por Viriato. Morrem mais de três mil romanos, e os restantes conseguem fugir a coberto da noite.

• 140 a.C. - Milhares de legionários romanos são encurralados pelas tropas Lusitanas, não tendo qualquer possibilidade de escapar. Num gesto de boa vontade, para acabar com a guerra, Viriato propõe aos romanos um tratado de paz que é aceite pelo Pretor romano e ratificado por Roma. Viriato é declarado “amigo de Roma” e os romanos comprometem-se a deixar os Lusitanos viver em paz nas suas terras.
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Mensagem por Lobo do Leste 26/1/2024, 14:46

139 a.C. - O Procônsul Servílio Cepião, com a autorização de Roma, ataca os Lusitanos e ordena o assassinato de Viriato. Viriato é morto na sua tenda durante a noite, enquanto dormia. Roma, a super-potência da época, orgulhosa da sua cultura e civilização, decidiu terminar assim, de forma cobarde, vergonhosa e desonrosa, com a resistência Lusitana. Porém, essa resistência iria continuar bastante activa, embora com menos baixas romanas, até meados do século seguinte.


Nota:

Segunda Guerra Púnica: segunda de uma série de guerras entre a República Romana e o Império Cartaginês (ou Púnico - palavra derivada de Phoenike, como os Fenícios eram então designados pelos romanos), das quais resultou a hegemonia romana sobre o Mediterrâneo Ocidental.
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Mensagem por Lobo do Leste 26/1/2024, 14:47

Ele foi um dos adversários mais duros que Roma teve de enfrentar.

Diferente de Anibal, os Romanos só venceram Viriato na base da traição.
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Mensagem por Sir Galahad 26/1/2024, 14:49

Simultaneamente, seguindo o exemplo do chefe lusitano, as tribos celtibéricas da Hispânia Citerior (Belos, Titos e Arevacos) revoltavam-se contra as prepotências romanas, acendendo uma luta que só terminaria em 133 a.C., com a queda de Numância.

Mas então defendendo Numancia, então estavam predominantemente não-lusitanos?
Por que tais chefes só resolvem se revoltar justo quando Viriato já estava vencido? Antes não tinham mais chances numa luta anti-romana
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Mensagem por Sir Galahad 26/1/2024, 14:50

A preferencia por coortes ao invés de manipulos nasce na luta contra iberos (ainda quando havia um poder cartagines que os unia).
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Mensagem por Sir Galahad 26/1/2024, 14:50

Como era o armamento lusitano?
A palavra guerrilha também nasce entre os iberos nessa época, né?
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Mensagem por Sir Galahad 26/1/2024, 14:52

Os acontecimentos na custosa campanha da Ibéria também tiveram reflexos importantes na sociedade romana. O Estado faliu. A plebe estava se revoltando porque os minifundiários se arruinaram (com o expansionismo apesar deste ser bem sucedido do ponto de vista politico-militar desde a vitória sobre cartagineses de Hanibaal). O bolo cresceu mas foi mais mal repartido ainda. Os Gracos propuseram suas reformas e foram mortos. Os aliados italianos não-romanos questionaram abertamente seu status. Os senadores do próprio bolso resolveram bancar o Estado. O que só aumentou o poder deles sobre o dos cônsules. MAS o poder dos generais também teve que ser aumentado (nascendo o poderoso Marius), única alternativa para senadores continuarem com poder sem promover as reformas dos Gracos e, finalmente, após as guerras dos Aliados (bellum socii) todo italiano virou cidadão romano.
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Mensagem por Lobo do Leste 26/1/2024, 14:53

Sem se esquecer que nessa época houve a expansão de Mitridates e a disputa entre Mário e Sila.
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Mensagem por Lobo do Leste 26/1/2024, 14:54

Viriato, aliás, causou mais problemas a Roma que Vercingetorix.
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