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Navegações Históricas

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Mensagem por Navegante 22/1/2024, 12:47

Há relatos (mesmo mitológico, como Odisséia e Argonáutica) sobre navegações por milhares de quilômetros pelo mediterrâneo a até mesmo pela costa atlântica norte da África. Alguns dizem que os Egípcios circunavegaram a África, que os púnicos chegaram no Congo e que os gregos chegaram na Inglaterra ainda na época clássica (se não me falha a memória).
Que outras grandes viagens desse tipo vocês conhecem, ou detalhes sobre as que eu já citei?
A capacidade de navegar parece ser muito antiga na humanidade, afinal nem sempre, no Paleolítico, eles dependeram de pontes de terra ou gelo para se espalharem pelo globo. Mas essa capacidade era mesmo muito grande?
E quanto à construção de barcos, que técnicas surgiram primeiro? Velas, remos, leme etc.
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Mensagem por Galego 22/1/2024, 12:49

Tópico interessante, que vai fazer a gente pesquisar e estudar bastante.
Mas creio que a primeira forma que o homem descobriu para boiar deve ter sido a jangada, ou, como se sabe a respeito da travessia de rios, bexigas de animais cheias de ar...
As jangadas deveriam servir para atravessar lagos. Mas, o mar deve ter sido alguma coisa da qual os primeiros homens tinham muito medo e perder esse pavor pelo desconhecido deve ter levado alguns milhares de anos.
Quanto aos primeiros barcos, li ontem alguma coisa que vou procurar, a respeito da descoberta de um barco minóico.
Volto logo...
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Mensagem por Galego 22/1/2024, 12:50

Não consegui encontrar a notícia inteira. Mas, vamos explicar a coisa. Aquele arqueólogo submarino que achou o Titanic, o Robert Ballard, estava fazendo algumas prospecções no Mar Negro e encontrou um barco minóico de mais ou menos 2000 a.C. Diz ele que o barco está bem preservado, mas que ainda não é possível retirá-lo do fundo, porque haveria a necessidade de um enorme laboratório para que a madeira não virasse poeira, assim que saisse da água.
Achei uma notícia pequena, mas está dentro de um monte de notícias, que talvez interessem a vocês.
Vou postar aqui. Mas terão que procurar, porque fica quase no final do link que tem uma enormidade de notícias sobre a Grécia.
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Mensagem por Galego 22/1/2024, 12:53

A notícia vem abaixo mas já é um pouco antiga:

Navio grego é encontrado no Mar Negro
Equipe de Robert Ballard encontra a mais antiga embarcação do Mar Negro

Pesquisadores americanos e búlgaros anunciaram que descobriram o naufrágio mais antigo do Mar Negro. Os restos do navio de 2.400 anos é mais uma prova do papel desempenhado pelo Mar Negro nas rotas comerciais da Antigüidade. O navio está carregado com ânforas e em uma delas os pesquisadores encontraram ossos de seis ou sete peixes-gato, uma comida popular na Grécia Antiga.

Robert D. Ballard, o descobridor do Titanic e líder da equipe, disse que o barco estava a 83 metros de profundidade e vários quilômetros distante da costa búlgara. Ballard acredita que o navio estava viajando de uma colônia grega do Mar Negro para a Grécia com vários produtos. "Entre outras coisas, os gregos buscavam peixe e ouro", disse Ballard.

Fredrik T. Hiebert, arqueólogo na Pennsilvânia University, analisou a forma da ânfora e afirmou que ela era típica dos artesãos de Sinop, Turquia, uma próspera cidade grega do século IV a.C. Ainda segundo ele, vários escritores da Antigüidade registraram que bifes de peixe seco vinham da Criméia, região do Mar Negro.

Hiebert ainda disse, que a viagem do navio poderia ter começado em Sinop, passando pela Criméia para pegar uma carga de peixe-gato, animal muito comum nos rios da região. Os pesquisadores especulam que o navio ao se dirigir para o oeste acabou afundando. Exames de radiocarbono nos ossos dos peixes-gato indicaram uma data entre 488 a 228 a.C.

A descoberta foi anunciada pela National Geographic Society, que financiou a pesquisa com a Ocean Exploration Initiative of the National Oceanic and Atmospheric Administration e o Institute for Exploration, onde Ballard trabalha. Segundo Dwight F. Coleman, do Institute for Exploration, o local foi identificado inicialmente por um sonar, mas depois, três membros da equipe desceram com um submergível que encontrou os restos do navio em 1º de agosto do ano passado, no último dia da temporada de expedições. A equipe de Ballard pretende voltar ao local novamente em julho deste ano.
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Mensagem por Galego 22/1/2024, 12:54

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Mensagem por Galego 22/1/2024, 12:55

Navios gregos antigos

Os gregos têm navegado por 10 mil anos, e possuem uma das mais fortes tradições de navegação do mundo.

Achados arqueológicos – combinados com cerâmica, peças de arte e poemas daquele período – levaram os especialistas a acreditar que os gregos antigos usavam navios a remo com grandes tripulações, assim como barcos à vela com desenhos diferenciados.

Um afresco descoberto na ilha grega de Santorini, na escavação da cidade de Antiga Akrotiri, descreve a variedade de navios usados pela civilização Minoana há 3.500 anos. Entre eles, estão navios mercantes e de trabalho, e barcos ricamente decorados, que carregavam um pequeno número de passageiros importantes.

Uma das mais importantes descobertas navais da Grécia antiga aconteceu na costa norte da ilha de Chipre, nos anos 60. Os destroços de um naufrágio em Kyrenia – uma cidade portuária ao norte de Chipre – foram explorados por uma equipe de especialistas em 1967, e os trabalhos de recuperação começaram em 1968.

Os destroços deste naufrágio constituem o achado marítimo mais bem preservado do gênero no mundo. Foram recuperadas 6.000 peças, que ficaram protegidas por lama e areia no fundo do oceano.

A carga do navio continha 40 ânforas – potes para transporte - que também foram recuperadas, e algumas delas ainda continham sementes de figo e amêndoas. Os especialistas acreditam que a carga do navio era proveniente de diferentes portos da região, incluindo Rhodes e Samos.

Acredita-se que o navio achado em Kyrenia abrigava uma tripulação de quatro pessoas.

Pontas de lanças, redes e outras ferramentas foram recuperadas na escavação. Calcula-se que o barco tinha 14,75 metros de comprimento por 3,4 metros de largura máxima, e um calado de aproximadamente 1,4 metros.

Os vestígios do barco e suas ânforas estão em exibição no castelo do porto de Kyrenia, em Chipre.
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Mensagem por Galego 22/1/2024, 13:05

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Mensagem por Galego 22/1/2024, 13:07

Arquimedes e os navios de Siracusa


Navegações Históricas Plut0r1
 
O texto que aqui traduzimos é um extracto da obra Vida de Marcelo da autoria de Plutarcoum dos mais profícuos e cativantes prosadores gregos do período Greco-Romano.  

O texto 
narra um episódio relativo à participação de Arquimedes no terrível conflito armado que opôs Roma a Cartago entre os anos 218 - 201 a.C. 
 
          Segundo a tradição, Plutarco terá escrito mais de 200 livros. Chegaram até nós cerca de 50 biografias de gregos e romanos ilustres reunidas em Vidas Paralelas e ainda 78 escritos sobre os mais variados tópicos. É difícil avaliar a extensão de influência de Plutarco. Ele é certamente um dos autores gregos mais lidos dos últimos 500 anos. Montesquieu (1689/1755), Rousseau (1712/1778) e Napoleão (1769/1821), entre outros, inspiraram-se nele e o grande Shakespeare (1564/1616) terá recorrido directamente a Pluatarco para escrever, por exemplo, Júlio CésarCoriolanoAntónio e Cleópatra...
 
Navegações Históricas Cartagoroma
O mapa mostra a extensão dos território romano e cartaginês após a II Guerra Púnica.
 
Como escreve Maria Fernanda Estrada: 
" Siracusa estava na zona de influência cartaginesa e foi cercada, no decurso da segunda guerra púnica, pelas tropas do general roma Marcelo. A tradição, transmitida por diversos autores antigos, entre os quais se destaca o biógrafo Plutarco (é esse justamente o texto que aqui traduzimos) apresenta Arquimedes como tendo inventado máquinas de guerra terríveis, que espalhavam a desordem e o terror nas hostes inimigas. Arquimedes conseguiu atrasar significativamente a tomada da cidade pelos romanos, mas não a consegui evitar, e foi morto furante o saque que se lhe seguiu." (Estrada et allii, História da Matemática, 2000: 304 e 305).

 
[size=32]Vida de Marcelo[/size]
(Traduzido a partir de uma versão em língua inglesa de J. R. Newman (1988), in The World of Mathematics, Washington: Tempus Books, vol I, pp.175-179)
 
         Marcelo, irritado por injúrias feitas por Hipócrates, comandante dos Siracusanos (que, para dar provas da sua boa amizade para com os Cartagineses e para se transformar em tirano, matou muitos Romanos em Leontini) sitiou e tomou pela força a cidade de Leontini. Nenhum dos habitantes da cidade foi maltratado; somente os desertores que, tantos quanto consegui saber, sujeitou à punição do açoite e machado. Mas Hipócrates enviou um boato para Siracusa, segundo o qual Marcelo tinha ameaçado toda a população adulta com a espada e agora se dirigia para os Siracusanos. Estes levantaram-se em tumulto por causa desse falso boato, e Hipócrates nomeou-se a si próprio tirano da cidade. Por causa disto, Marcelo deslocou-se com todo o seu exército para Siracusa e, acampando perto da muralha, mandou embaixadores para a cidade para relatar aos Siracusanos a verdade sobre o que tinha acontecido em Leontini. Quando a situação deixou de poder ser mantida pacificamente, estando toda a autoridade então nas mãos de Hipócrates, Marcelo foi por diante com o ataque à cidade, tanto por terra como por mar. As forças terrestres foram conduzidas por Appius: Marcelo, com sessenta galés, cada uma com cinco fileiras de remadores, equipadas com todo o tipo de armas e mísseis, e uma enorme ponte de madeira atravessada em oito navios acorrentados uns aos outros, cada um transportando um mecanismo para lançar pedras e flechas, atacou as muralhas, confiando na abundância e no esplendor dos seus preparativos, e na sua própria glória anterior. Tudo isto, contudo, foram apenas ninharias para Arquimedes e as suas máquinas.  Hipócrates lançou um boato sobre Marcelo para se tornar tirano de Siracusa.
 
Marcelo, sentindo-se injuriado e não podendo provar que o boato era falso, atacou Siracusa por terra e por mar.
Navegações Históricas Ponte
As máquinas de Arquimedes iriam revelar-se muito poderosas e decisivas para atrasar a conquista de Siracusa.
Estas máquinas foram desenhadas e inventadas por Arquimedes, não como assunto de alguma importância, mas como meros divertimentos em geometria, em conformidade com o desejo e pedido do Rei Hierão, formulado pouco tempo antes e segundo o qual Arquimedes deveria pôr em prática algumas das suas admiráveis especulações em ciência. Este esforço de ajustamento da verdade teórica à utilidade e ao uso vulgar originou em geral grande estima das pessoas por Arquimedes. Eudoxus e Archytas foram os primeiros criadores destes longinquamente famosos e altamente apreciados mecanismos, que usaram como uma elegante ilustração da verdade geométrica e como meio de sustentar experimentalmente, com satisfação dos sentidos, conclusões demasiado intrigantes para serem provadas com palavras e gráficos. Por exemplo, para resolver o problema, tão frequentemente requerido em construção de figuras geométricas, dados os dois extremos, encontrar duas rectas médias de uma proporção, ambos os matemáticos recorreram à ajuda de instrumentos, adaptando ao seu propósito certas curvas e segmentos de recta. O que desencadeou a indignação de Platão e as suas invectivas contra estas construções que Platão considerava como mera corrupção e aniquilação de uma boa geometria que assim era indignadamente afastada dos objectos imateriais da pura inteligência e de novo recorria aos sentidos e pedia ajuda (não para continuar sem suporte e depravação) à matéria. Foi deste modo que os mecanismos se tornaram separados da geometria e, repudiados e mal tratados por filósofos, tomaram o seu papel como uma arte militar. Arquimedes, que era parente e amigo do Rei Hierão, escreveu-lhe que, com uma dada força, era possível mover qualquer peso; e, encorajado, como se diz, pela força da demonstração, declarou que, se houvesse outro mundo e ele pudesse ir para esse mundo, daí ele poderia mover este. Hierão ficou assombrado e suplicou-lhe que desse  uma demonstração parcial do problema e mostrasse a possibilidade de alguns objectos grandes serem movidos por pequenas forças. Arquimedes em consequência escolheu um navio mercante de três mastros de entre os navios do rei que foi arrastado para terra com grande esforço por um largo grupo de homens e, depois de ter posto a bordo muitos homens e a carga habitual, Arquimedes a alguma distância dali e sem especial esforço, puxou gentilmente com a sua mão na extremidade de uma complexa roldana de retorno e moveu o barco suavemente e uniformemente em direcção a si como se ele estivesse a flutuar na água. Espantado com isto, e percebendo o poder desta arte, o rei persuadiu Arquimedes a construir mecanismos para serem usados em todo o tipo de situação de guerra, alguns defensivos e outros ofensivos; ele próprio não usou estes mecanismos porque passou a maior parte da sua vida afastado da guerra e em paz, mas os seus instrumentos revelaram-se de grande vantagem para os Siracusanos, e com o instrumento seu inventor.
Arquimedes não dava muita importância às máquinas que construia, para ele eram meros divertimentos. Estas máquinas foram construidas a pedido do rei Hierão e fizeram com que Arquimedes fosse muito estimado por parte da população em geral.
Eudoxos e Archytas foram os primeiros a fabricar mecanismos semelhantes aos de Arquimedes.
Estes mecanismos serviam para sustentar verdades geométricas que pareciam demasiado intrigantes.
 
Platão considera que estas construções eram mera corrupção da boa geometria. Para Platão os elementos da matemática não são realidades do mundo físico, são subsistentes, pre-existentes, estão fora do sugeito e são independentes dele. Para Platão conhecemos os seres Matemáticos através da contemplação e não necessitamos de experiências físicas.
Os mecanismos foram repudiados pelos filósofos e passaram a fazer parte da arte militar e não da geometria. Foi aqui que surgui a separação entre ciência pura e a ciência aplicada.
Em carta ao Rei Hierão Arquimedes escreveu-lhe a sua célebre frase onde diz que conseguiria mover este mundo.  
Para demonstrar ao Rei Hierão o poder da sua teoria, Arquimedes moveu, sem grande esforço, um grande navio carregado com a carga habitual.
 
O Rei, apercebeudo-se das potencialidades desta descoberta, pediu a Arquimedes que construir-se mecanismo para serem usados em situações de guerra.
          Por consequência, quando os Romanos atacaram Siracusa por terra e por mar, os Siracusanos estavam silenciosamente com medo, pensando que nada poderia valer-lhes contra tal violência e poder. Mas Arquimedes começou a pôr em funcionamento as suas máquinas e lançou com violência contra as forças terrestres toda a espécies de mísseis e grande quantidade de pedras, que caíam com um barulho e velocidade incríveis; o peso desses mísseis tudo atacava, deitavam ao chão tudo o que aparecia no caminho e abriam as fileiras para a desordem. Além disso, a partir das muralhas, foram subitamente lançadas hastes de âncoras sobre os barcos, e alguns dos navios foram afundados por meio de pesos fixos às hastes das âncoras que surgiram do alto; outros eram puxados por grampos de ferro, ou beques tipo guindaste, presos à proa, e eram imersos na sua popas, ou eram torcidos em círculo e virados por meio de cordas no interior da cidade, e desfeitos contra os penhascos colocados pela Natureza por debaixo da muralha e contra as rochas, com enorme destruição da tripulação, que era triturada em pedaços. Frequentemente, havia a terrível visão de uma navio erguido do mar para o ar e que  rodopiava como se preso, até os homens serem atirados para fora e disparados em todas as direcções, quando o navio caía vazio sobre as muralhas ou escorregava do cabo que o tinha ajudado. No que diz respeito ao mecanismo que Marcelo trazia na plataforma dos navios, e que era chamado sambuca por alguma semelhança no seu formato com o instrumento musical, enquanto ainda estava a alguma distância dali, sendo carregado para a muralha, uma pedra de dez toneladas de peso foi lançada sobre ele e, depois desta, uma segunda e uma terceira; alguma delas, caindo com grande estrondo no mar dando origem a uma onda, esmagaram a base do mecanismo, sacudiram a armação e expulsaram-no da barreira.  Marcelo, perplexo, navegou dali para fora e passou a palavra à sua força terrestre para se retirar.  
Quando os Romanos atacaram Siracusa, os Siracusanos não acreditavam que podessem evitar a conquista de Siracusa. Mas Arquimedes começou a lançar pedras enormes e hastes de âncoras. Vários navios foram afundados e muitas pessoas foram mortas.
 
 
 
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Arquimedes destuiu a sambuca de Marcelo arremessando pedras com dez toneladas.
          Num concílio de guerra foi decidida uma aproximação às muralhas, durante a noite. Os romanos pensavam que as cordas usadas por Arquimedes, como davam um impulso poderoso, iriam mandar os mísseis por cima das suas cabeças e iriam falhar o seu objectivo uma vez que não havia espaço para o seu lançamento. Mas Arquimedes, ao que parece, tinha a algum tempo preparado para tal uma contingência de mecanismos adaptados a todas as distâncias e mísseis de curto alcance. Através de aberturas na muralha, pequenas em tamanho mas muitas umas a seguir às outras, colocou mecanismos de curto alcance chamados escorpiões que podiam ser experimentados em objectos perto sem serem vistos pelo inimigo. Arquimedes demonstra aqui a sua prespicácia. Os mecanismos que havia construido seviam, não só para alcançar alvos a longas distâncias, mas, também, para combater o inimigo quando este se encontra a curtas distâncias (ao contrário do que os Romanos pensavam).
          Quando, assim, os Romanos se aproximaram das muralhas, pensando passar despercebidos, mais uma vez foram confrontados pelo impacto de muitos mísseis; pedras caíram sobre eles quase perpendicularmente, a muralha disparou setas sobre eles de todos os pontos, e eles retiraram para a retaguarda. Aqui, outra vez, quando eles estavam parados a alguma distância dali, voaram mísseis para diante e apanharam-nos enquanto retiravam causando-lhes muita destruição. Muito dos navios foram desfeitos de tal modo que não puderam retaliar contra o inimigo. Como Arquimedes tinha feito a maior parte dos seu mecanismos dentro da muralha, os Romanos pareciam estar a lutar contra os deuses, uma vez que caíam sobre eles inúmeros males vindos de uma origem oculta.  
 
 
 
 
 
Os mecanismos de Arquimedes eram de tal maneira poderosos que davam aos Siracusanos uma força quase divina.
          Apesar disso Marcellus escapou e, repreendendo os artífices e artesãos, disse: “Não devemos parar de lutar contra esta geometria Briareus, que usa os nossos navios como copos para tirar água do mar, que derrotou a nossa sambuca e a conduziu na desgraça, e que ultrapassou a façanha dos monstros das cem mãos da fábula ao lançar tantos mísseis contra nós de repente? Na realidade os Siracusanos eram apenas um corpo para o instrumento de Arquimedes, e ele o único espírito movendo e rodando tudo: todas as outras armas permaneceram sem ocupação, e a cidade em seguida usou apenas as suas, tanto de ataque como de defesa. No fim, os Romanos ficaram tão cheios de medo que, se vissem um pequeno pedaço de corda ou de madeira projectado da muralha, gritavam, “Aí está, Arquimedes está a lançar algum mecanismo sobre nós”, e fugiam; vendo isto Marcelo abandonou todo o combate e ataque e para o futuro permaneceu afastado.  Marcelo conseguiu escapar afirmando que não conseguiria vencer os Siracusanos e a sua geometria.
Note-se que, para Plutarco, não foram os Siracusanos que derrotaram Marcelo e as suas tropas, mas sim o génio geométrico de Arquimedes.

Este frase é semelhante a outra de Plutarco: "O corpo é o instrumento da alma e a alma o instrumento de Deus" . No caso do texto, Arquimedes é a alma do Siracusanos e será, portanto, um instrumento de Deus.
          Apesar de Arquimedes possuir um tão soberbo génio, um tão profundo espírito, e uma tal abundância de pesquisa científica e, embora tenha adquirido através das suas investigações um nome e reputação de uma inteligência mais divina que humana, ele não se dignou a deixar um único texto sobre este assunto. Contrariamente aos mecanismos e a todas as habilidades utilitárias ignóbeis e vulgares, Arquimedes deu a sua devoção zelosa apenas aos objectos cuja elegância e subtileza eram livres das necessidades da vida; esses objectos, dizia ele, não podem ser comparados com nenhum outro; esses assuntos estão ao nível da demonstração, esses sim possuindo força e beleza, outros exactidão e transcendente poder. Em geometria, as mais difíceis e pesadas questões são tratadas em termos puros e simples. Alguns atribuem isto a dons naturais do homem, outros pensam que isto é o resultado de feito sem esforço e com facilidade. Se bem que por seu próprio esforço ninguém possa descobrir a demonstração, contudo, assim que a aprende, fica com os créditos como se a tivesse descoberto: tão fácil e rápido é o caminho que leva à conclusão. Por este motivo não vale a pena desacreditar das histórias contadas sobre Arquimedes que, continuamente enfeitiçado por uma sereia familiar que com ele vivia, se esqueceu de comer e de tomar conta do seu corpo. Quando era arrastado por uma grande força, como frequentemente acontecia, para o local de banhos e massagens, Arquimedes desenhava figuras geométricas nas lareiras e rectas com o dedo no óleo com o qual o seu corpo se estava a untar, ele estava dominado por grande prazer e inspirado pelas Musas. E embora tenha feito muitas descobertas elegantes, diz-se que implorou aos seus amigos e parentes que colocassem na sua sepultura depois da sua morte um cilindro incluindo uma esfera, com uma inscrição dando a proporção pela qual o sólido que inclui (o cilindro) excede o incluído (a esfera).Mais uma vez, é referido o facto de Arquimedes não dar grande importância aos mecanismos que construía e ter dedicado o seu espírito e a sua sabedoria à investigação da geometria pura.
Fica bem claro, nesta parte do texto, que Plutarco era um platonista e que considerava que ser mais digno estudar geometria pura que aplicá-la a fins vulgares.
Podemos também ver o fascínio de Plutarco pela demonstração (devido à sua exactidão e poder). A geometria é mais uma vez valorizada por tratar as questões em termos puros e simples.
 
São aqui relatados algunsd episódios da vida de Arquimendes: constantemente enfeitiçado por uma sereia que seria a geometria, Arquimedes esquecia-se da sua higiéne pessoal e até de comer.
Mesmo quando arrastado para o local de banhos, continuava a desenhar figuras geométrias.
Arquimedes terá pedido que, sobre a sua supultura, colocassem simplesmente um cilindro incluindo uma esfera e uma inscrição dobre a proporção dos seus volumes (Arquimedes provou que o volume da esfera é exatamente dois terços do volume do cilindro).
          Assim era Arquimedes, que se revela a si próprio, e que a cidade também revela, invencível. Enquanto o cerco continuava, Marcelo tomou Megara, uma das primeiras cidades gregas fundadas em Sicília, e tomou também o acampamento de Hipócrates em Acilae, matou acima de oito mil homens, tendo-os atacado enquanto estavam ocupados na construção das suas fortalezas. Invadiu grande parte de Sicília; conquistou muitas cidades aos Cartagineses e derrotou tudo o que se atreveu a defrontá-lo. Enquanto o cerco continuava, Damippus, um Lacedemónio, lançado ao mar num navio de Siracusa, foi vencido. Quando os Siracusanos mais desejavam redimir este homem, e existiam muitas reuniões e acordos  sobre o assunto entre eles e Marcelo, ele teve oportunidade de observar uma torre dentro da qual podia ser secretamente introduzido o corpo de um homem, como a fortaleza perto disto não foi difícil de dominar, e aí descuidadamente guardada. Vindo frequentemente do outro lado, e mantendo conferências animadas sobre a libertação de Damippus, Marcelo tinha calculado bastante bem a altura da torre, tendo escadas preparadas. Os Siracusanos celebraram uma festa a Diana; esta conjectura, quando eles estavam a desistir inteiramente da vitória e divertir-se, Marcelo desprendeu-se e, antes que os cidadãos percebessem, não só se possuiu para fora da torre, mas, antes do nascer do dia, encheu a muralha em redor com soldados e tomou o seu caminho para Hexapylum. Os Siracusanos começaram então a mover-se, e para dar sinal de alarme do tumulto, ele ordenou que as trombetas soassem por todo lado, e deste modo assustando-os para a luta, como se todas as partes da cidade estivessem já ganhas, se bem que a mais fortificada, e mais leal, e mais amplo quadrante permanecesse por vencer. É chamado Acradina, e estava separada da cidade por uma muralha, uma parte da qual eles chamavam Neapolis, a outra Tycha. Sabendo ele próprio disto, Marcelo, por volta do nascer do dia, entrou pelo meio de Hexapylum, todos  os seus oficiais o congratularam. Mas olhando dos locais mais altos para a bonita e vasta cidade em baixo, diz-se que chorou muito, lamentando a  calamidade que estava suspensa sobre ela, quando imaginou quão sombria e desagradável estaria a face da cidade em poucas horas, quando pilhada e saqueada pelos soldados. Por entre os oficiais do seu exército não existia um que ousasse recusar o produto da pilhagem da cidade às exigências dos soldados; ou melhor, muitos estavam iminentes que deveria ser incendiada e reduzida ao nível do solo: mas a isto Marcelo não deu ouvidos. Todavia outorgou, mas com grande repugnância e relutância, que o dinheiro e escravos deveriam ser pilhados; dando ordens, ao mesmo tempo, que ninguém deveria ultrajar uma pessoa livre, não matar, maltratar, ou fazer escravo qualquer Siracusano. Não obstante ele ter usado esta moderação, continuava a considerar que a condição da cidade era deplorável e, até entre as congratulações e regozijo, mostrou os seus fortes sentimentos de simpatia e comiseração vendo todas as riquezas acumuladas durante uma longa felicidade, agora dissipadas numa hora. Pelo que é relatado, não foram menos pilhados e saqueados ali, que mais tarde em Cartago. Não muito depois, obtiveram também o produto da pilhagem de outras partes da cidade, que foram tomadas por deslealdade;  deixando apenas ileso o dinheiro do rei que foi conduzido para o erário público. Mas o que causou especial pesar a Marcelo foi a morte de Arquimedes. Sucedeu que Arquimedes estava sozinho, examinando cuidadosamente um gráfico; e tendo fixos não só a sua mente como os seus olhos no objecto da sua pesquisa, não se apercebeu nem da invasão dos Romanos nem da tomada da cidade. Subitamente um soldado aproximou-se dele e ordenou-lhe que o seguisse até Marcelos, mas Arquimedes não iria enquanto não acabasse o problema e o resolvesse pela demonstração. Em consequência disso o soldado ficou furioso, puxou a sua espada e liquidou-o. Outros, contudo, dizem que o Romano se aproximou dele com a espada levantada tencionando matá-lo de vez e que Arquimedes, ao vê-lo, suplicou e rogou-lhe que esperasse um pouco para que ele pudesse não deixar a questão incompleta e apenas parcialmente investigada; mas o soldado não percebeu e matou-o. Existe ainda uma terceira história, que enquanto ele estava a carregar alguns dos seus  instrumentos matemáticos, tal como quadrantes, esferas e esquadros ao tamanho aparente do sol, alguns soldados o encontraram e, com a impressão que carregava um tesouro na caixa, o mataram. Existe, contudo, consenso que Marcelo ficou angustiado, se afastou do assassino com de uma pessoa profana, e se dirigiu aos parentes de Arquimedes para os honrar. No plano da guerra, Marcelo somava conquistas, como se pode ver no mapa acima, após a II Guerra Púnica os Romanos já tinham conquistado toda a Sicília, incluindo Siracusa.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
No mapa pode verificar que Siracusa, como é referido no texto, estava dividida em três parte, Acradina, Neapolis e Tycha.
Navegações Históricas Mapa
(Clique para ver o mapa num tamanho maior)
Segundo Plutarco, Marcelo chorou ao imaginar como ficaria Siracusa depois de saqueada, mas a tristeza de Marcelo não bastou para impedir que o pior acontece-se.
No entanto, Marcelo ordenou que nenhum dos seus soldados maltrata-se os homens livres de Siracusa.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Durante este combate Arquimedes foi morto. 

Existem 
várias versões sobre a morte de Arquimedes mas, em todas elas, é descrito o pesar sentido por Marcelo quando soube do sucedido.
 
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Mensagem por Galego 22/1/2024, 13:08

A viagem de Hanno

“A Viagem de Hanno, Rei dos Cartagineses, às regiões líbias da terra, além dos Pilares de Hércules...” Estas são as palavras iniciais do Périplo de Hanno, uma tradução grega de uma inscrição púnica que havia sido colocada no templo do deus principal de Cartago, Ba'al Hammon.1 Neste documento o shophet Hanno relata como conduziu uma expedição que trouxe novos colonos a quatro povoações cartaginesas estabelecidas onde a cadeia do Atlas chega ao Atlântico e depois, tendo fundado uma nova colónia no Trópico, procedeu a partir daí para explorar a costa da África até o Equador.

Salvo algumas omissões, o documento fornece dados precisos que permitem uma reconstrução detalhada da viagem de Hanão. Mas a interpretação deste precioso texto foi prejudicada pelo dogma de que os antigos eram vagos em questões de medição e usavam padrões elásticos. A visão geral é resumida por um comentarista: “As distâncias são dadas em termos de navegação diurna, uma unidade variável mais do que normalmente incerta em águas tão estranhas.”2 Se isso fosse verdade, Hanno teria composto um documento inútil, que teria sido benéfico apenas para os estudiosos clássicos escreverem sobre ele comentários igualmente inúteis. Mas pode-se demonstrar que os antigos eram extremamente cuidadosos quando expressavam as suas ideias por escrito e, mais especificamente, que não deixavam nada ao acaso quando cortavam as inscrições.3 O relato de Hanão foi gravado em pedra como uma inscrição e, portanto, pretendia ser aberto e público. Segundo suas próprias palavras, foi “dedicado no templo de Cronos, para torná-lo conhecido”.4

O propósito da viagem de Hanão é descrito assim:

Os cartagineses decidiram que Hanno deveria navegar para fora dos Pilares de Hércules e fundar cidades dos Libifenícios. E ele navegou com uma frota de sessenta navios de cinquenta remos, e um grande número de homens e mulheres, em número de trinta mil, e com trigo e outras provisões.

Vários comentadores afirmam que o número de 30.000 colonos, homens e mulheres, é um grande exagero, embora seja perfeitamente razoável.5

O empreendimento de Hanão foi tão importante que quando os romanos, em 146 a.C., arrasaram a capital dos cartagineses com tal meticulosidade que os escavadores de hoje têm dificuldade em traçar o seu contorno, eles devem ter sentido que esta conquista dos seus inimigos não poderia ser ignorada. É possível que os romanos, quando procederam à destruição sistemática dos vestígios da glória cartaginesa, tenham sentido alguma piedade perante a inscrição de Hanno e a tenham traduzido para o grego. O vencedor de Cartago, Cipião Africano, enviou seu amigo, o historiador grego Políbio, em uma expedição para refazer passo a passo a rota de Hanão. Talvez os romanos não pudessem acreditar na veracidade e na exatidão do relatório de Hanão. Talvez tenha sido o intelectual Políbio, mantido prisioneiro pelos romanos e tentando educá-los, que pediu a Cipião que lhe concedesse o uso de uma frota para esse fim.6 É significativo que Plínio, escrevendo cerca de 250 anos após a queda de Cartago, fale do relatório (commentarii) de Hanão,que temos, como não existindo mais, e sendo substituído por relatos mais longos de escritores gregos e romanos que o expandiram com material fabuloso. (V. 1. Cool.

O grego da tradução poderia ter sido escrito na época da queda de Cartago. Pertence definitivamente à era helenística, embora muitas peculiaridades de estilo, como a falta de partículas conectivas, devam ser explicadas pela influência do original semita. O grego da tradução pode ser comparado com a tradução da Septuaginta da Bíblia; ele tenta laboriosamente produzir um grego preciso, mas é suficientemente literal para que ainda possamos apreciar aquela vívida franqueza e simplicidade da literatura cananéia que aprendemos a apreciar no Antigo Testamento.7 Possivelmente a tradução grega foi introduzida na parte geográfica da história de Políbio, que deve ter contido também o relato da viagem do próprio Políbio citado por Plínio. Ao apresentar o relato de Políbio, Plínio o qualifica como annalium conditor, o que sugere que o relato estava nesses anais ou narrativas cronológicas.

A essência do relatório de Políbio é transmitida por Plínio.8 Pode-se deduzir que o relato de Políbio seguiu literalmente o de Hanão e aparentemente tinha o único propósito de indicar que Hanão não estava contando histórias fabulosas.9 No entanto, enquanto Hanão tinha fornecido dados apenas em termos de latitude e longitude, Plínio, escrevendo para um público menos científico, converteu os números em milhas romanas medidas ao longo da costa.

Aprendemos com Avieno e Plínio que Hanno e seu irmão Himilko foram enviados de Cartago para além dos Pilares de Hércules para explorar as terras extremas do mundo, esperando-se que Himilko se movesse para o norte e Hanno para o sul, circunavegando a África. Segundo Plínio (II. 67. 169) Hanão fez uma viagem que o levou ao limite da Arábia:

Também Hanno, na época em que o poder de Cartago floresceu, navegou de Gades até a Arábia e publicou um relato de sua viagem, assim como Himilko, enviado ao mesmo tempo para explorar as regiões exteriores da Europa.10

Há quem afirme que a expedição mencionada por Plínio é a mesma relatada por Hanão; mas a inscrição de Hanão não menciona que outra expedição foi enviada ao mesmo tempo sob o comando de seu irmão. Avieno refere-se à exploração das regiões do norte por Himilco: “O cartaginês Himilco relata que a viagem pode ser feita em menos de quatro meses, como ele pode testemunhar por sua própria experiência”.11 É sofisma argumentar que Avieno não pode ser acreditado porque não há registro da viagem de Himilko, quando nada da extensa literatura dos cartagineses permaneceu, e quando o relatório de Hanão sobre uma viagem anterior sobreviveu em um único manuscrito.

Parece perfeitamente sensato que, depois do sucesso da primeira empresa de Hanno, ele tenha tentado completá-la percorrendo toda a África, enquanto o seu irmão foi para o norte da Europa; não há razão para duvidar desta informação, exceto pela suposição de que se estaria atribuindo muita alma racional aos cartagineses se acreditasse que eles teriam se envolvido em um processo de exploração tão metódico. Tendo rejeitado esta afirmação como absurda, os estudiosos descartam a afirmação concomitante de que Hanno e Himilko eram filhos do shophet Hamilkar que comandou os cartagineses contra os gregos na batalha de Himera em -480.12 Nesta batalha, os gregos da Sicília derrotaram os cartagineses no mesmo momento em que os gregos do continente derrotavam os persas em Salamina. Quando a batalha estava se voltando contra o seu lado, Hamilkar, em um último esforço vão para recuperar a situação, se jogou no fogo, na esperança de ser aceito pelos deuses como bode expiatório no lugar de seu exército. Os filhos permaneceram fiéis a este espírito de fortaleza e devoção ao serviço público. Himilco sucedeu a seu pai como shophet em 480 aC; e pode-se presumir que Hanno assumiu o cargo cerca de vinte anos depois. Assim, Hanão foi contemporâneo de Heródoto, embora os estudiosos lhe atribuam datas que vão de 570 a.C. a cerca de 450 a.C.13

Hanão inicia sua narrativa no ponto em que a frota sai do Mediterrâneo: “Quando passamos pelos Pilares seguimos em frente e, navegando além deles por dois dias, fundamos uma primeira cidade que chamamos de Thymiaterion”. Samuel Bochart reconheceu que Thymiaterion deriva do púnico Dumathiria, que significa “uma planície”. Em árabe, dumathir ou dumthor significa “terreno plano”. Esta derivação é confirmada pela frase a seguir: “Está situado no meio de uma ampla planície”.

“Depois”, continua a narrativa, “navegando em direção ao oeste, chegamos a Soloention, um promontório da Líbia, coberto de árvores”. Soloention evidentemente deriva do hebraico Soloeis, que significa “costa”. Nosso texto não especifica a distância entre Thymiaterion e Soloention; ainda assim, pelos escritos de Plínio e outros, sabemos que Soloention é hoje o Cabo Cantin (32°37'N); assim, a distância é de exatamente meio dia.

O relato de Hanno continua:

Tendo erguido ali [Soloention] um templo para Poseidon, navegamos novamente em direção ao leste por meio dia, até chegarmos a um pântano não muito longe do mar, densamente coberto por altos juncos. Lá vimos muitos elefantes e outros animais pastando.

Existe um consenso geral de que esta lagoa é o estuário do Tensift (32°00'N).

Indo além do pântano durante um dia de navegação, estabelecemos cidades à beira-mar chamadas muralha [ou fortaleza] de Karikon e Gytta, e Akra, e Melitta, e Arambi.

Parece que os cartagineses tinham motivos para querer fortalecer as suas colónias estabelecidas naquele trecho da costa entre Mogador e Agadir, onde a cadeia do Atlas confina com o mar.14 Este troço de costa, hoje denominado Litoral dos Marroquinos, era delimitado por duas praças fortificadas, situadas nas duas extremidades do Atlas, que receberam o nome púnico de Agadir. Esta designação equivale ao hebraico gader, “muralha, cidade fortificada”, e foi traduzida para o grego como teikhos, “ muralha, fortaleza”. Hoje, na língua berbere do Marrocos, agadir significa “cidade fortificada”. O nome de Agadir permaneceu ligado à cidade no extremo sul. O nome do gader do norte ainda é ouvido no nome atual, Mogador.15 Em nosso texto é distinguido por um adjetivo que os gregos traduziam como Karikon. O geógrafo grego Éforo menciona a “Fortaleza de Karikon” (Karikon teikhos) como “uma cidade da Líbia, fora dos pilares de Hércules”.16 Talvez Karikon seja uma tradução de um equivalente púnico do substantivo hebraico comum para “cidade”, qiriah , que ocorre no nome da própria Cartago, “Cidade Santa”.17 Os Movers entenderam-no como referindo-se a um assentamento de Carians, os renomados marinheiros da antiguidade, aliados dos fenícios.

Gytta foi entendida por Bochart como uma referência a um local onde o gado é criado.18 No entanto, pode ser outra tradução de gader .

Akra aparentemente deriva de hakra hebro-fenício , ou seja, fortaleza.

Melitta é derivado do hebro-fenício melet, que significa cimento ou concreto.19 Pode ser uma referência às paredes de cimento branco da fortaleza. O nome da ilha de Malta deriva da mesma raiz. O geógrafo Hecateu, que escreveu na geração anterior a Heródoto, menciona “Melissa, uma cidade dos líbios”.20

Intrigante é o termo Arambi, porque Homero na Odisséia (IV 83-85) apresenta Menelau relatando: “Eu me perguntei até Chipre, Fenícia e Egito, fui até os Aithiopes, os Sidonioi, os Eremboi e Líbia.” Os antigos discutiam sobre a questão de onde ficava a terra dos Eremboi ou Aremboi; alguns sugeriram que era a Arábia, o que é uma explicação pobre, mas melhor do que a moderna, de que os erembianos ou aramianos eram arameus. Sugiro que os Aramboi sejam os habitantes do Magrebe, já que Heródoto chama a parte montanhosa do Magrebe pelo nome de “região central das feras” e Hanno fala de “etíopes hostis em uma terra povoada por feras” ao se referir a para a cadeia do Atlas. Portanto, Aramboi poderia ser explicado pelo hebraico ereb, “ lugar das feras”. No entanto, Bochart entendeu Arambi como derivado do hebraico har-anbin, uma montanha produtora de videiras.21 Poderíamos perguntar-nos se Arambi é Marraquexe que deu nome ao país Marrocos.

Foi sugerido que estes cinco assentamentos são centros menores entre a Fortaleza Karikon e Gytta; mas seria mais razoável inferir do texto que são centros interiores no vale do Sous que termina em Gytta, isto é, Agadir.22

Tendo reforçado as colônias cartaginesas do Atlas, a expedição seguiu para o sul: “Navegando de lá chegamos ao grande rio Lixos, que sai da Líbia”. O nosso texto não indica a distância entre as cinco cidades do sopé do Atlas e o rio Lixos. Mas como, como é geralmente aceite, o Lixos pode ser identificado como o Dra (28°45'N), podemos concluir que a distância foi de um dia de navegação. O Dra é o maior rio da região e marca o limite sul das terras cultiváveis. Isto corresponde bem ao relato de Hanno. Nas proximidades do rio Hanno encontrou

Alguns povos nômades, os Lixitai, pastoreando seus rebanhos: Ficamos um tempo com eles, tornando-nos amigos.

Acima deles viviam os hostis Etíopes, numa terra povoada por feras, dividida por grandes montanhas de onde, dizem, flui o Lixos. Nestas montanhas vivem homens de diferentes formas, os Cavernas. Eles podem correr mais rápido que cavalos, segundo dizem os Lixitai.

Tomando entre eles intérpretes, navegamos para o sul, ao longo de um deserto, durante dois dias. Depois disso navegamos novamente em direção ao sol nascente por um dia. Ali, no fundo de uma baía, encontramos uma pequena ilha com cinco estádios de circunferência. Nós resolvemos isso, nomeando-o Kerne.

Certamente a área de Kerne era conhecida dos cartagineses porque dificilmente teriam enviado uma colónia para um lugar desconhecido. Mais tarde mostrarei que Kerne interessava aos cartagineses porque ficava 12° a oeste de uma importante mina de sal que costumavam chegar através do Saara.

Como Samuel Bochart foi o primeiro a reconhecer, o nome Kerne deriva do fenício Khernaa, que significa última habitação, correspondendo ao hebraico akharon; na mitologia grega, o rio Aqueronte separa “a última habitação” onde habitam as almas dos mortos, da terra dos vivos. Conseqüentemente, Kerne ficou conhecido como ultima Kerne entre os romanos. A maioria dos estudiosos identifica Kerne com a Ilha de Herne (23°50'N) no Saara Ocidental, perto da atual cidade de Dakhla (antiga Villa Cisneros). Esta identificação é sem dúvida correta,23 e serve para confirmar a etimologia de Bochart; a sugestão de que o nome Kerne/Herne possa ser derivado do hebro-fenício qeren, que significa “chifre”, deve ser rejeitada, uma vez que o hebraico koph não poderia ser transformado em um h suave, mas um cheth poderia. A antiguidade do topônimo moderno Herne foi traçada por Carcopino.24

O manuscrito afirma que a ilha de Kerne tem um circuito de 5 estádios, mas, como sugeriu Bochart, isso deve ser um erro de transcrição de 15, já que Plínio (X 8, 22), que sempre calcula 8 estádios para uma milha romana, diz “menos de duas milhas” sob a autoridade de Cornelius Nepos (VI.35); este poço corresponde ao circuito da Ilha de Herne.25

Aqueles que tentaram identificar Kerne com a ilha de Arguin, que fica mais a sul, encerrada no promontório de Cap Blanc, tiveram de alterar o texto, uma vez que a viagem do Draa demoraria consideravelmente mais do que os três dias permitidos pelo texto. .

Nenhum dos vários escritores que identificam Kerne com a Ilha de Herne (23°50'N) menciona o fato fundamental de que ela está situada no Trópico. Os gregos calcularam o Trópico como estando a 23°51'N; era cerca de 23°45'N na era de Hanão. Foi porque Kerne era a colônia cartaginesa mais extrema e estava no Trópico, que Hanão relaciona sua posição com a de Cartago:

Estimamos, a partir da navegação, que Kerne estava em linha direta com Cartago, porque parece que a navegação de Cartago até as Colunas de Hércules é a mesma que até Kerne.

Esta passagem é o dado mais específico para a interpretação de todo o texto, mas até agora não foi compreendida. Carl Kaeppel se pergunta “Se o texto grego significa alguma coisa”. Especifica que se pode desenhar um quadrado geodésico com um lado igual ao segmento paralelo de Cartago às Colunas de Hércules e um lado igual à diferença de latitude entre Kerne e as Colunas de Hércules. A diferença de latitude entre Kerne (23°50'N) e os Pilares de Hércules, medida na Ponta Almina (35°54'N), é de 12°. Como na latitude 36° o grau de longitude foi calculado como 4/5 do grau básico, 12 graus de latitude são iguais a 15 graus de longitude, a diferença entre Ponta Almina e Cartago (10°17-18'E).

Como os fenícios não estabeleceram nenhuma colônia além de Kerne, os gregos e romanos presumiram que o mar além de Kerne não era navegável.26

A verdadeira viagem de exploração começou em Kerne, mas o texto indica que a área era conhecida do povo de Lixos, que trabalhava como intérprete. Depois de estabelecer a colônia de Kerne, Hanno procedeu a uma viagem exploratória preliminar na qual encontrou um rio chamado Chretes:

Navegando por um grande rio, Khretes, chegamos a um lago. Este lago tinha três ilhas, cada uma maior que Kerne. Dali, depois de um dia de navegação, chegamos à parte mais interna do lago, acima da qual se erguiam grandes montanhas, cheias de homens selvagens vestidos com peles de animais, que, ao atirarem pedras em nós, impediram-nos de desembarcar.

Há um amplo consenso de que este rio é o Senegal, que pode ser percorrido cerca de 600 milhas por navios modernos durante a estação chuvosa que começa em maio. O Lago mencionado na narrativa pode ser o Lac de Guiers, que liga ao Senegal. Aristóteles (Meteorologica I, 13) menciona um rio Khremetes “um dos maiores rios da Líbia que deságua no mar exterior, onde antigamente o Nilo costumava fluir”.27 Se Khretes é o equivalente ao hebraico Hires ou hereth, “ floresta”, ocorrendo frequentemente como um nome geográfico; significa que o rio já era conhecido dos marinheiros fenícios ou púnicos.28

Navegando dali chegamos a outro rio, grande e largo, cheio de crocodilos e hipopótamos. Depois, virando-nos mais uma vez, voltamos para Kerne.

A maioria dos intérpretes identifica este rio com o estuário da Gâmbia, mas eu sugeriria a lagoa costeira formada pelo rio Siwa, também chamado Bum, da Serra Leoa. A maioria dos intérpretes negligenciou o facto de crocodilos e hipopótamos não serem encontrados em águas salgadas: O estuário da Gâmbia é salgado numa grande distância para o interior. Este rio deve ser o mesmo que Plínio chama de Bambotum, descrevendo-o como “infestado de crocodilos e hipopótamos” (V. 1. 10). O rio Bum ou Siwa da Serra Leoa forma uma lagoa costeira que se abre para o mar no mesmo ponto onde termina o She. A abertura deste estuário é denominada Bamba no Mapa de Pesquisa emitido pela Administração Britânica de Serra Leoa. O mapa de Guillaume Deslisle (Amsterdã, 1792) situa ali a foz de um rio chamado Madrebomba. Já foi sugerido por Bochart que o nome Bambotum de Plínio poderia ser explicado pelo conhecido termo hebraico bihemoth, “hipopótamo”. O facto de as localidades abaixo de Kerne terem adquirido nomes fenícios indica que a área foi bem frequentada por comerciantes fenícios após a expedição de Hanno, especialmente porque os nomes dos rios são os mais resistentes à mudança.29 O ponto de que falo, a entrada de Sherbro, fica a 7°23'N 12°32' W; Políbio, que conta as distâncias ao longo da costa, situa-a a 616 milhas (= 911 km) de Cabo Verde, ao passo que abrindo uma bússola num mapa obtive uma distância aproximada de 950 km.

Depois de retornar a Kerne, Hanno partiu mais uma vez em direção ao sul. É na segunda viagem que Hanno estabelece os principais pontos geográficos, dando a sua distância.

De lá navegamos para o sul por seis dias,30 mantendo-se perto da terra, habitada pelos Etíopes, que fugiram de nós e não quiseram ficar. Eles falavam uma língua estranha que nem mesmo os Lixitai que estavam conosco entendiam.

Depois, no último dia, observamos grandes montanhas cobertas de florestas. Havia também um bosque perfumado de várias espécies de árvores.

Este promontório arborizado é Cabo Verde, o ponto mais ocidental de África, onde hoje se encontra o principal porto de Dakar.

O realismo e o valor prático do relato de Hanno podem ser evidenciados comparando a sua descrição de Cabo Verde com uma descrição moderna: “A península consiste em terras moderadamente altas elevando-se gradualmente até às colinas de Cabo Verde; as duas mais altas, Les Mamelles, têm 311 e 344 pés de altura e parecem ilhotas à distância. Les Mamelles são bastante distintas e são cobertas por vegetação atrofiada durante a estação chuvosa, quando formam um grande contraste com a costa árida ao norte.”31 Segue-se que Hanno viu Cabo Verde na estação chuvosa de Maio a Setembro, como era de esperar.

Podemos comparar o relato de Políbio através do resumo de Plínio, que na sua segunda parte diz: “Depois surge um golfo de 616 milhas, fechado pelo promontório do Monte Barce, correndo para o Ocidente, que se chama Surrentium”. O promontório que corre para o Ocidente deve ser Cabo Verde. Para quem vem do norte, a costa que vira para leste depois de Cabo Verde pode ter parecido um golfo. Na época de Políbio, este promontório adquiriu o nome púnico de Barce, “relâmpago” (hebraico baraq), o nome da família de Aníbal. Quanto ao termo Surrentium, eu sugeriria provisoriamente que pode ser um nome púnico para o vento oeste.32 Plínio relata que o golfo tem uma extensão de 616 milhas (= 911 km), ou seja, estende-se até o meio da Serra Leoa, uma vez que o relatório de Políbio mede distâncias ao longo da costa.

Até aqui as minhas interpretações concordam substancialmente com as actuais; Tentei apenas introduzir mais precisão considerando as afirmações de Hanão sobre longitudes e considerando o pano de fundo púnico do texto grego. De acordo com os padrões antigos, um dia de navegação à vela corresponde a 1 grau ou 30 parasangs persas. Partindo do princípio de que um dia de navegação à vela é 1_°, formulo o seguinte cálculo:

Pilares de Héracles — 35°54'N

2 dias = 3°
Timiaterion = Mazagan — 33°16'N

_ dia = 0°45'
Soleis = Cabo Contin — 32°33'N

_ dia = 0°45'
Lagoa com junco = Tensift—32°00'N

1 dia = 1°30'
Fortaleza Karikon = Mogador

Gilta = Agadir — 30°25'N

Akra, Melitta, Arambi

1 dia = 1°30'
Lixos = Dra—28°46'N

3 dias = 4°30'
Kerne = Herne—23°50'N

6 dias = 9°
Promontório arborizado = Cabo Verde — 14°47'N


O total é 14 dias = 21°. O cálculo é preciso para Kerne e Cabo Verde que são os pontos de maior preocupação.33 A grande divergência diz respeito à última parte da viagem de Hanão, que é a parte de interesse vital.

Navegando por estas [montanhas] durante dois dias, chegamos a uma imensa abertura no mar: de cada lado havia uma planície. Dela víamos à noite fogueiras que ardiam ora mais, ora menos, por todos os lados.

A “abertura imensa” identifica-se com o estuário do Gêba na actual Guiné-Bissau que é realmente imenso porque está rodeado pelas ilhas do Arquipélago dos Bijagós. Este deve ser o mesmo que o rio Palsum mencionado por Plínio,34, a menos que Plínio se refira a outra entrada do Gêba a 11°50'N. Hanno situa-o a 2 dias = 3° abaixo de Cabo Verde. Aqueles que identificam a “imensa abertura” com o estuário da Gâmbia têm dificuldade em explicar o número de dois dias de viagem dado no texto, pois mesmo fazendo de um dia de navegação uma unidade flexível variável de acordo com as condições locais, o progresso de Hanno teria sido excepcionalmente tranquilo ao longo deste trecho da costa.

O relato de Hanão continua: “Então, pegando água, navegamos durante cinco dias ao longo da costa, até chegarmos a um grande golfo que nossos intérpretes disseram ser chamado de 'Corno Ocidental'”. O Corno Ocidental deve ser o Cabo Palmas, o começo. do Golfo da Guiné. Cinco dias correspondem a 5_°, o que corresponde bem à distância entre o Gêba e o Cabo Palmas.

[Nesta baía] havia uma grande ilha e na ilha um lago de mar; neste lago havia outra ilha. Chegando lá, não vimos nada além de florestas durante o dia, e à noite muitas fogueiras acesas; e ouvimos o som de flautas, e o barulho de címbalos e tambores, e muitos gritos. O medo tomou conta de nós e os adivinhos ordenaram-nos que abandonássemos a ilha.

Nosso texto reduziu o número de dias de navegação de leste a oeste, do Chifre Ocidental à grande ilha, mas Plínio, em seu relato da viagem de Políbio, menciona que a distância do Promontório de Hesperion até a montanha chamada Theon Okhema é de dez dias. e dez noites de navegação. Segundo Hanno, o Theon Okhema estava a quatro dias de navegação da grande ilha, ou seja, 6°. Isto significa que a distância do Corno Ocidental à grande ilha era de seis dias, ou nove graus.

A descrição da Ilha Grande corresponde ponto a ponto à ilha da baía de Lagos, que encerra um lago que é também um braço de mar, com ilhas mais pequenas no seu interior.

O objetivo de Hanno era provavelmente estabelecer contato com a grande cultura do Benin, localizada no interior deste desembarque; mas aparentemente os nativos eram hostis.

Navegando rapidamente, passamos por uma região de fogo cheia de vapores, de onde fluíam grandes torrentes de fogo para o mar. Não foi possível chegar ao terreno por causa do calor.

Saímos de lá rapidamente, tomados de medo. Depois de navegar quatro dias, avistamos à noite uma terra cheia de chamas. E no meio dela havia um fogo mais alto que o resto, que parecia tocar as estrelas. De dia, percebemos que se tratava de uma montanha de grande altura chamada Theon Ochema.

Ao descrever uma erupção vulcânica de uma alta montanha que se eleva sobre o mar, Hanno menciona detalhes como vapores sulfúricos e fluxos de lava. A única área vulcânica na África Ocidental é representada pelo Monte Camarões, que ainda hoje está ativo.35 Situa-se no ponto mais profundo do Golfo da Guiné, onde surge repentinamente da costa marítima, atingindo uma altura de mais de 4000 metros. O pico do Monte Camarões está em 4°13'N, 9°10'E. quase exatamente 6° (igual a quatro dias de navegação) a leste da Grande Ilha de Lagos. Quem a viu do mar considera-a uma das paisagens mais impressionantes do mundo. Os nativos a chamam de Mongana-Loba, “Montanha dos Deuses”, o que concorda bem com o grego Theon Ochema, “Carruagem dos Deuses”, do nosso texto.36 Hanno dificilmente poderia ter sido mais específico e eficaz na descrição do que viu, mas é consenso universal entre os estudiosos que é impossível que ele tenha visto o Monte Camarões: os antigos eram demasiado primitivos para serem capazes de navegar tão longe como o Golfo da Guiné. O que Hanno descreveu como um vulcão seria Serra Leoa. A interpretação do texto é simples se rejeitarmos as premissas de que Hanno era um “primitivo” e os “primitivos” nunca poderiam ter navegado para além do Cabo Palmas. Aqueles que, não estando comprometidos com os dogmas rígidos da academia, como o notável explorador Sir Richard Francis Burton, reconheceram o Monte Camarões na montanha mencionada por Hanno, foram recebidos com caquinações.37

A opinião predominante é que o que Hanão viu foram fogueiras acesas pelos nativos. Diz-se que os fluxos de lava poderiam ter sido a fosforescência das folhas (Del Turco). Mas, se Hanno era um personagem patológico que mentiu escandalosamente ou distorceu os fatos além de todas as proporções, não faz sentido escrever monografia após monografia comparando seu relatório com dados geográficos.

Del Turco melhora a opinião atual ao sugerir que Hanno viu uma montanha arborizada em Serra Leoa que naquele momento estava em chamas. A descrição do evento como uma erupção vulcânica teria resultado do “deslumbramento de mentes desprovidas de nossas cognições científicas”. Quais são, perguntamo-nos, as nossas cognições científicas de que fala Del Turco? Talvez seja a sua exposição de termos técnicos de geografia matemática que obviamente ele não entende. Ou talvez seja o sentido de responsabilidade de Del Turco, que por uma questão de efeito retórico afirma que a inscrição de Hanão foi gravada numa mesa dourada (p. 44). Ou talvez seja a lógica de Stéphane Gsell que, na sua monumental história da África nos tempos antigos, argumenta que Hanno viu um vulcão, mas que este vulcão estava na República da Guiné, embora admita que, segundo os geólogos, nunca poderia ter havido atividades vulcânicas naquela parte da África.38

O curso da expedição de Hanão foi refeito no século II aC por Políbio, um dos mais cuidadosos historiadores da antiguidade, que é citado por Plínio (VI 35, 197) como tendo falado de um imminens mari mons excelsus aeternis ardet ignibus, Theon Ochema dictus – “uma montanha de grande altura, perto do mar, queimando com fogos perpétuos, chamada Theon Okhema”.39 Será que Políbio também confundiu fogueiras com um enorme vulcão? Ou o incêndio florestal sugerido por Del Turco ainda ardia trezentos anos depois?

No terceiro dia após o avistamento de Theon Okhema, Hanno chegou ao Corno Sul:

Durante três dias navegamos de lá, passando por torrentes de chamas, até chegarmos a uma baía chamada Southern Horn.

Sendo três dias equivalentes a 4° de latitude, o Corno Sul deve ser o grande estuário do Gabão. Hanno, por causa da erupção vulcânica, fugiu pela lagoa de Fernando Vaz (1°38' S), navegável por muitos quilómetros para o interior, até às proximidades de Lambaréné, onde o rio desagua num grande lago onde existem numerosas pequenas ilhas.

Esta interpretação é confirmada por uma passagem do geógrafo Estácio Seboso, citada por Plínio (VI 36, 201), afirmando que são 40 dias de navegação do Atlas até a ilha das Górgonas (Hesperidum insula) e mais um dia até o Chifre de Hesperium (o nome que mais tarde geógrafos gregos e romanos deram ao Chifre Sul).

O relato da viagem de Hanão termina com esta observação:

No recesso desta baía [isto é, o Chifre Sul] havia uma ilha, como a anterior, com um lago, onde havia outra ilha, cheia de homens selvagens. Havia mulheres também, em número ainda maior. Eles tinham corpos peludos e os intérpretes os chamavam de Gorilas. Quando os perseguimos, não conseguimos capturar nenhum dos homens; pois todos haviam escapado, subindo os lugares íngremes e defendendo-se com pedras; mas pegamos três das mulheres, que morderam e arranharam seus líderes e não nos seguiram. Então nós os matamos e os esfolamos, e levamos suas peles para Cartago. Pois não viajamos mais, pois as provisões nos faltaram.

Hanno havia falado de ter encontrado mulheres com corpos peludos que os intérpretes chamavam de gorilas. Como o poeta Hesíodo havia falado das “Górgonas que vivem além do Oceano, em direção ao distante reino da noite, onde vivem as Hespérides”, a fonte de Mela e Plínio identificou o último local visitado por Hanão, onde viu os gorilas , com a fabulosa Ilha das Hespérides, aqui chamada Ilha das Górgonas. É por causa das Hespérides que Estácio Seboso chama o Chifre Sul de Hanão de Hesperium, ou Ocidental. Plínio deixa claro que o cabo chamado por ele de Hesperium está confinado em Africae — no limite da África. O valor de 30 dias é obtido contando 30° ou 20 dias desde o Equador até ao sopé do Atlas em Agadir e adicionando 15° ou 10 dias para a distância leste-oeste ao longo da costa do Golfo da Guiné.

Da região do estuário do Níger, Hanno atravessa o Golfo de Biafra até o Cabo Lopez, que fecha o Gabão ao sul. Durante esta navegação ele viu o Monte Camarões em erupção. A intenção era parar nas águas do Gabão, no Chifre Sul, que fica na linha do Equador, mas aparentemente o vento carregava as cinzas para o sul, de modo que parou mais ao sul, perto da lagoa de Fernán Vaz.

Como os intérpretes não reconheceram que o relatório de Hanno é um documento científico sério, pensaram que o seu final com a menção dos gorilas é um detalhe pitoresco, embora se refira ao objectivo principal da viagem. Tem sido debatido se Hanno se encontrou com chimpanzés ou pigmeus; no texto há argumentos para apoiar qualquer interpretação. Acredito que a ambigüidade é de certa forma intencional. Os pigmeus eram objeto de grande interesse dos egípcios, pois viviam na linha do Equador, onde ficam as nascentes do Nilo. Atualmente, as tribos pigmeus são encontradas em uma área que se estende 5° ao norte e 5° ao sul do Equador, desde os grandes lagos até o mar. Por esta razão, os pigmeus são frequentemente retratados em monumentos egípcios, já no Império Antigo. Mais tarde aparecem em vasos gregos. Até a dinastia ptolomaica, os pigmeus foram incluídos na lista das nações que prestam homenagem ao rei do Egito, porque a autoridade da coroa egípcia deveria se estender até as nascentes do Nilo, até o Equador. Alguns reis egípcios tinham uma guarda de pigmeus. Mas, apesar disso, os estudiosos de até um século atrás, quando foram directamente confrontados com os factos, rejeitaram os pigmeus como uma entidade imaginária; apenas o fato de os antigos falarem deles com tanta persistência já era considerado uma evidência de que eram criaturas fabulosas. Em 1863, Vivien de Saint-Martin escreveu:

A fábula dos pigmeus está entre as mais antigas, e deve-se dizer, para dar conta da credibilidade que recebeu ao longo de toda a antiguidade, que ainda hoje é uma das lendas mais difundidas e comumente aceitas das terras que fazem fronteira com a Abissínia.40

O próprio facto de os antigos serem tão persistentes em falar deles foi usado na época para desmentir o relato dos primeiros exploradores europeus que os tinham visto. Aristóteles havia dito (Hist. of Animals, VIII): “Os grous sobem até os lagos do Egito, onde nasce o Nilo; lá vivem os pigmeus. E isto não é uma fábula, mas pura verdade.” Como se presumia a priori que Aristóteles não poderia saber que o Nilo se origina dos grandes lagos equatoriais, esta passagem foi considerada mais uma evidência de que os pigmeus eram fruto da imaginação. Homero (Ilíada III 6) falou dos pigmeus como vivendo nas margens do Oceanus (o rio que continua o Nilo ao longo da linha equatorial). O que mais era necessário para provar que os pigmeus não existiam? Hanno precisava trazer de volta alguns pigmeus como prova de que havia chegado ao Equador, assim como Colombo trouxe de volta algumas pessoas que ele chamou de índios e que nós chamamos de índios desde então. Plínio (VI 36, 200) relata que duas das peles trazidas por Hanão foram vistas em Cartago, no Templo de Juno (Tanit Pne Ba'al, esposa de Ba'al Hammon, ou Cronos) até a destruição. da cidade pelos romanos; sua redação, argumenti gratia, deixa claro que eles foram trazidos de volta como prova. Esta é a razão pela qual Hanno entra em detalhes para explicar por que não conseguiu trazê-los de volta vivos e voltou com a pele de três espécimes femininos. Hanno pretendia trazer de volta alguns pigmeus, mas pode ter conseguido alguns gorilas. Embora os pigmeus tenham mais pêlos no corpo do que a maioria dos outros africanos, dificilmente se pode dizer que tenham corpos peludos. Não é fácil esfolar humanos e a sua pele não seria particularmente impressionante. O comportamento dos gorilas que sobem nas rochas, atiram pedras, se defendem com cabeçadas e arranhões, se ajusta bem aos hábitos dos gorilas. Aqueles que leram Hanno desde a Renascença entenderam que ele se referia a macacos antropóides e, como resultado, o termo gorila entrou nas línguas europeias. Para mim é muito significativo que Hanão, detalhado em sua descrição, não se refira aos gorilas como falantes. Segundo o que me disseram, os nativos do Golfo da Guiné costumavam dizer que os macacos antropóides são, na verdade, humanos que fingem não poder falar, para que o homem branco não os ponha a trabalhar. Também é significativo que Hanno não fale dos gorilas como sendo pequenos, ao passo que teria enfatizado o pequeno tamanho dos pigmeus. A questão torna-se complicada pela circunstância de o habitat dos gorilas coincidir mais ou menos com o território onde habitam os pigmeus.

Mas Hanno relata que os intérpretes, que deviam falar berbere, chamaram os humanos selvagens pelo nome de gorila. Como nas línguas Fulani o substantivo para “homem” é gorko e sua forma diminutiva é gorel, parece que os intérpretes aprenderam a aplicar o termo gorel aos pigmeus das tribos de língua Fulani que viviam entre eles e a terra dos Pigmeus. . Talvez os intérpretes tenham tentado agradar Hanno, assegurando-lhe que os gorilas que ele capturou eram realmente os gorel, “homenzinhos”, que ele procurava.

Alguns detalhes adicionais sobre a expedição de Hanão podem ser obtidos na Argonáutica de Dionísio de Mitilene. Por se tratar de um poema épico geográfico em que os heróis vagam pelo mundo, o autor pegou a história de Hanão, deu-lhe algumas reviravoltas e incluiu-a em sua composição. Segundo a história de Dionísio, contada por Diodoro da Sicília (III. 52-55), as amazonas, depois de lutarem contra várias tribos númidas e africanas, fundaram uma cidade no pântano de Tritão, que chamaram de Chersonesos, ou Península. O Lago de Tritão é o Pequeno Syrtis. A história até aqui tem simplesmente o propósito de transformar as Amazonas em Cartaginesas. A rainha das Amazonas reuniu um exército de 30.000 soldados de infantaria e 3.000 cavaleiros e atacou a cidade de Kerne, na terra dos atlantes (isto é, os berberes), que viviam em um país próspero e possuíam grandes cidades. Eles viviam ao longo da costa do Oceano e a mitologia coloca o nascimento dos deuses entre eles. Esta é a história do rei Hanno que liderou 30.000 colonos e estabeleceu a colônia de Kerne na terra dos berberes ou atlantes.

As Amazonas capturaram a cidade de Kerne, os homens atlantes foram massacrados e suas mulheres escravizadas, mas depois as Amazonas fizeram as pazes com o resto dos Atlantes. Como os Atlantes foram atacados pelas Górgonas, a rainha das Amazonas foi convidada a invadir a terra das Górgonas. Eles capturaram 3.000 Górgonas, mas os outros escaparam para a floresta. Os 3.000 prisioneiros atacaram as Amazonas de surpresa e mataram algumas delas. Como resultado, os prisioneiros da Górgona foram mortos e as Amazonas retornaram ao seu próprio país.

É fácil reconhecer que temos aqui uma repetição da história dos três gorilas; mas a variação da história de Hanão fornece informações muito valiosas. O rei cartaginês Hanno com 30.000 homens atacou a cidade de Kerne e ali se estabeleceu, mas posteriormente estabeleceu boas relações com os atlantes, ou seja, os berberes. Os berberes estavam em conflito com as Górgonas, ou seja, o povo de língua Ful, em cuja língua um homem é chamado de gork. Como muitas tribos africanas são chamadas pelo termo que significa “homem” em sua língua, as tribos de língua Fulani eram chamadas de gorko. Mas este não deve ser o nome que eles aplicaram a si mesmos, já que gorko é singular e o plural é bem diferente.

A história indica que o povo gorko ou de língua Ful fazia fronteira com os berberes e que a expedição de Hanno foi dirigida ao território gorko. Os cartagineses conduziram uma expedição contra as Górgonas e capturaram 3 gorilas, enquanto os demais fugiram. Mas os gorilas reagiram e foram mortos. Hoje os gorko constituem grupos dispersos na Mauritânia, no Senegal, na Serra Leoa, ao longo do curso do Níger e nos antigos Camarões franceses; mas a evidência da viagem de Hanão indica que eles estavam mais solidamente estabelecidos no território em que são agora uma minoria. Aparentemente ocuparam grande parte do território entre os pigmeus e os berberes, de modo que os berberes aprenderam a chamar os pigmeus pelo termo Fulani gorel. Os intérpretes de Hanno aparentemente conheciam Fulani, e as suas observações de que algumas pessoas da África Ocidental falavam uma língua que os intérpretes não conseguiam compreender poderia significar que não compreendiam as línguas Mande.

Como resultado, o Corno Sul de Hanno foi identificado com a ilha das Hespérides, onde vivem as Górgonas. Isto criou uma confusão pela qual o Chifre Sul (Cabo López) é chamado de Hesperium, nome que Hanão aplicou ao Cabo Palmas. Os termos Corno Ocidental e Corno Sul aparentemente já estavam estabelecidos; representam os limites do Golfo da Guiné, do qual a Carruagem dos Deuses é o centro. O Corno Sul situa-se no Equador, no ponto em que a navegação para sul encontra a resistência da Corrente de Benguela que sobe ao longo da costa vinda da África do Sul. Mas Xenofonte de Lampakos foi um pouco mais científico e observou que o ponto alcançado por Hanno não era uma ilha. Assim, ele colocou as ilhas Gorgades, as duas ilhas das Hespérides, a dois dias do continente, contra o cabo. Muito provavelmente ele se refere à ilha de São Tomé que está quase no Equador (0°01'N a 0°24'N) e está na longitude 6°20'E, cerca de dois dias = 3 graus do Cabo López (9 °30'E). Havia precisão científica suficiente em Xenofonte para observar que as Górgonas não eram mais vistas ali: Gorgonum quondam domus, relata Plínio (VI 36, 200). Plínio observou que omnia circa hoc incerta sunt, porque Estácio Seboso, combinando duas versões, situou a ilha das Górgonas a 40 dias da cadeia do Atlas, ou seja, no Equador, mas identificou a ilha das Hespérides com a última parada de Hanno (lagoa de Fernan Vaz), situando-os corretamente um dia antes do que chama de Cabo Hesperium (Plínio, VI 36, 201).

Políbio colocou Kerne “contra o Monte Atlas” (Plínio, VI 36, 199); isso significa que ele colocou Kerne na latitude do Monte Atlas mencionado por Heródoto como sendo também chamado de Pilar do Céu. O Pilar do Céu é o pico mais alto da cordilheira Ahoggar que domina o Saara central e foi utilizado como ponto geodésico, estando no Trópico. O Pilar do Céu estava na linha do quadrado geodésico estabelecido por Hanão para ligar Kerne a Cartago. Plínio afirma que Políbio está errado quando coloca o Atlas no espaço de 10 dias a leste do Cabo Hesperium (Cabo Palmas) em direção à Carruagem dos Deuses; Plínio objeta que todos os outros escritores colocam o Atlas no limite extremo da Mauritânia (em Agadir), significando o que hoje chamamos de Cadeia do Atlas. Mas Plínio (VI 36, 198) relata ainda que, além de Kerne, Políbio mencionou outra ilha, chamada Atlântida, e também colocada “contra o Monte Atlas”. de onde há dois dias de navegação até o Cabo Hesperium. Políbio incluiu neste contexto alguns cálculos de latitude e longitude que as gerações posteriores não conseguiram compreender. Ele mencionou um quadrado geodésico em que a linha norte era o Trópico de Kerne ao Monte Atlas (Pilar do Céu, Ahoggar) e o lado oriental ia deste Monte Atlas até uma ilha chamada Atlântida, que fica a 2 dias = 3° do etíopes ocidentais e o que os romanos chamam de Cabo Hesperium (Cabo Lopez). Portanto, a Ilha da Atlântida é São Tomé. Que a Ilha das Gorgades é igual à Ilha da Atlântida é provado pelo fato de que ambas estão a 2 dias de viagem do Cabo Hesperion. Como Kerne está a 15°48' W, deve ter sido calculada uma unidade geodésica padrão de 20° dele até o Monte Atlas do Ahoggar, considerado em 5°48'E.

O valor do grau de longitude no Trópico deve ter sido considerado como 9/10 do grau básico, o que na realidade é correto para a latitude de Tebas no Egito (25°43'N). Heródoto fala do Pilar do Céu como estando na linha de Tebas. Portanto, 21°36' de longitude foi considerado igual a 24° de latitude. O lado oriental da praça geodésica ia do Pilar do Céu ao Equador. Para se obter um cálculo que tornasse o mundo racional, a posição de São Tomé deve ter sido combinada com a outra ilha das Gorgades, Annobom. Annobom (1°35 S, 5°3'E) está contra a última parada de Hanno, lugar dos gorilas, enquanto São Tomé (0°10'N, 6°20'E) está contra o Corno Sul; combinando a latitude de São Tomé com a longitude de Annobom, obteve-se o ponto geodésico Atlântida que completa o quadrado geodésico Kerne-Atlas-Atlântida. Um cálculo deste tipo não pode ter sido realizado por Políbio, mas deve ter estado contido na obra de Hanão. Aparentemente Hanno, para evitar a erupção do Monte Camarões, regressou a casa mantendo-se afastado da costa e tocando primeiro em Annobom e depois em São Tomé. O texto da sua reportagem eliminou a menção à viagem de regresso e terminou com a dramática história dos gorilas.

Na minha opinião, a questão de saber se os antigos tinham circunavegado a África não pode ser resolvida decidindo a priori se atingiram um nível cultural adequado, mas considerando se existem dados geográficos precisos sobre a latitude do Cabo da Boa Esperança.41

Heródoto (IV 43) relata que o rei Xerxes (-485 a -469) remeteu a sentença de morte imposta a um parente chamado Sataspes com a condição de que ele circunavegasse a África pelo oeste. Sataspes partiu com um navio egípcio e uma tripulação egípcia, mas regressou sem cumprir a sua missão, alegando que ao chegar à terra dos pigmeus o seu navio ficou paralisado e não pôde prosseguir. Como resultado, a sentença original foi executada contra Sataspes.

Uma expedição como a de Sataspes não poderia ter sido enviada sem a aprovação dos cartagineses, pois nessa altura eles controlavam toda a costa desde a sua cidade, pelo menos até Soleis. Se Hanão não tivesse sido o primeiro a chegar ao Golfo da Guiné, teria falado em termos diferentes. Parece razoável supor que, quando o rei Xerxes ouviu falar da façanha de Hanão, pensou que havia chegado o momento de dar um passo adiante e circunavegar a África. Os cartagineses estavam interessados ​​em ir até onde houvesse ouro para adquirir, mas colocar o Golfo da Guiné em contacto com o Oceano Índico teria sido de grande vantagem para os súditos do Império Persa em torno do Mar Vermelho e do Golfo Pérsico.

Heródoto afirma que Sataspes não conseguiu prosseguir depois de chegar à terra dos pigmeus, o Equador, enquanto os fenícios que vieram do leste tiveram sucesso. Isto é perfeitamente razoável, uma vez que Sataspes encontrou a resistência da corrente de Benguela, o que teria ajudado os fenícios ao longo de toda a viagem.

Heródoto (IV 43) indica que foi após o fracasso da viagem de Sataspes que os fenícios navegaram do Golfo Pérsico até os Pilares de Hércules. Ele declara duvidar do relato de que tinham o sol à direita, ou seja, ao norte. Visto que relataram um fato que aparentemente ia contra a cosmologia aceita, deve ser uma questão de experiência empírica. Devem ter descido abaixo do Trópico de Câncer, enquanto a extensão máxima do Oikoumene aceite por um geógrafo grego é de 24 graus Sul.


Referências
O documento está preservado num único manuscrito, datado do século X (Codex Heidelbergensis 398); foi publicado por Sigmund Gelenius em Basileia em 1533.
J. Oliver Thomson
Não acredito na existência de inscrições destinadas a serem mantidas confidenciais e discordei veementemente dos epigrafistas sobre a possibilidade da existência de inscrições enigmáticas. As informações que deveriam ser mantidas confidenciais foram escritas em comprimidos dobrados e lacrados, com uma declaração resumida escrita na parte externa.
É verdade que os cartagineses pretendiam excluir os mercadores de língua grega da sua área de comércio, mas obtiveram esse resultado ocupando os principais portos ao longo das rotas e não ocultando informações. Os cartagineses tentaram fechar o Mediterrâneo Ocidental aos gregos ocupando a Sardenha e a Córsega; a Primeira Guerra Púnica começou quando os cartagineses ocuparam o estreito de Messina e, assim, ameaçaram isolar completamente o Mediterrâneo Ocidental; quando os romanos quebraram o bloqueio cartaginês, forçando-os a abandonar a Sicília e a Sardenha no tratado que se seguiu à Primeira Guerra Púnica, Aníbal tentou manter o bloqueio eficaz ocupando a Espanha.
A suposição é que os antigos usavam números aleatoriamente; a história de Cartago desenvolve até o que chama de “uma teoria psicanalítica da história antiga” para explicar o uso selvagem dos números pelos escritores antigos. Pierre Hubac, Cartago segunda edição. (Paris, 1952), pp.
As palavras de Plínio (V. 1. 9) accepta classe poderiam ser entendidas como tendo tal significado.
L. del Turco, que editou o texto grego com tradução e comentários, apresentou a teoria de que Hanno configurou a inscrição em duas línguas e que o texto grego é tão antigo quanto o original púnico. (Annone, Il Periplo Florença, 1958, p. 12). Isto prova apenas que Del Turco, que não respeita o conteúdo do texto, também não dá qualquer consideração à sua forma gramatical. Há palavras que são usadas num sentido que ocorre apenas em escritores da era helenística; o uso sistemático do aoristo para o perfeito é um sinal certo de uma data tardia.
Plínio faz uso de sua técnica habitual em que dados separados são combinados e pequenas citações de outros autores, muitas vezes irrelevantes ou relevantes apenas em termos de uma má compreensão do original, são intercaladas. O método de Plínio é semelhante ao dos estudantes que preparam esboços sublinhando mecanicamente cada quarto ou quinto parágrafo.
Acusações semelhantes seriam feitas muito mais tarde contra outro explorador, Marco Polo.
Et Hanno Carthaginis potentia florente circunvectus a Gadibus ad finem Arabiae eam navigationem prodidit scripto: sicut ad extera Europae noscenda missus eodem tempore Himilco.
Quae Himilco Poenus mensibus vix quatuor, ut ipse semet re probasse retulit enavigantem, posse transmitti adserit.
Iustinus, Pompeia Trogi Historiae Phil. Epítomo, XIX.2.
A data de 570 foi sugerida por Bougainville, Mémoires de l'Académie des Inscriptions , vol. XXVIII, (ou é XVII?] p. 288.
O texto implica que essas colônias foram estabelecidas anteriormente. A fundação de colónias fenícias na costa ocidental de Marrocos numa data precoce é discutida por Carcopino, Le Maroc Antique, (Paris, 1948); mas cf. Rousseaux, “Hannon au Maroc”, Revue Africaine, vol. 93 (1949), pág. 175.
Mogador é uma versão portuguesa ou espanhola do nome Amogdul, mencionado por al-Bakri no século XI d.C.; hoje Mogador é chamado de Sarai, “pequeno recinto”, pelos árabes. As explorações arqueológicas da ilha de Mogador revelaram vestígios da presença fenícia desde a segunda metade do século VII a.C. até à primeira metade do século VI. A. Jodin, “Nota préliminaire sur l'établissement pré-romain de Mogador,” Bulletin d'Archéologie marocaine, Vol. II, 1957, pp. 9–40 e Mogador, comptoir phénicien du Maroc Atlantique, (Tânger, 1966)
Citado por Stephanus Byzantinus.
Na tradução da Septuaginta do Antigo Testamento encontramos o mesmo lugar chamado polis Arbok ou Kariaqarbok; polis Iareim e Kariaqiareim. Karikon Teikhos é mencionado por Éforo (fl. 350 aC?) fr. 96, em Müller, Fragmenta Historicorum Graecorum (Paris, 1849), I. p. 261.
Do aramaico geth, pl. gitthin. Faleg,
Como observou Bochart, a raiz melet é encontrada em Jeremias 43:9 como uma expressão para concreto feito de areia e cimento.
Citado por Stephanus Byzantinus.
Bochart, Phaleg. Plínio (V, 1) e Estrabão mencionam o florescimento da viticultura nessas regiões.
Suspeito fortemente que o tradutor entendeu mal o texto púnico. Talvez o texto falasse de dois lugares chamados Kariogadir e desse os nomes correspondentes em berbere; numa língua semítica ocidental, uma explicação ou tradução seria introduzida por um vau, que os gregos traduzem por kai nas frases semíticas que entraram na sua língua.
O caso de Herne foi apresentado por EH Bunbury, A History of Ancient Geography Among the Greeks and Romans from the Early Ages Until the Fall of the Roman Empire (Londres, 1879), Vol. Eu, pág. 324, e com alguns detalhes de Carcopino, Maroc Antique (Paris, 1948). Cf. AA Merlin, “La Véritable portée du Périple d'Hannon”, Journal des Savants, 1944, pp.
Maroc Antiguidade , pp. Müller em seu comentário (Geographi Graeci Minores) refere-se a uma carta marítima publicada em Paris em 1852 que menciona Herne pelo nome: Côte occidentale d'Afrique. A parte compreende entre le Cap Bojador e le fleuve de Sierra Leone. Dépôt geral da marinha.
Segundo Plínio, Políbio disse que Kerne estava a 8 estádios, ou seja, uma milha romana, da terra (História Natural, VI. 199): “ Políbio em extremos Mauritânia, contra montem Atlantem, a terra stadia VIII abesse prodidit Cernen.” Plínio cita Cornelius Nepos dizendo que é p. X, “10 milhas” do continente, (loc. cit.) , mas provavelmente este é um erro material para p. M. _ “uma milha” para 10 estádios.
Scylax, Periplus, Geographi Graeci Minores, ed. por HH Müller.
Cf. Nonnus, Dionísio. XIII, 347, XXXI, 163; Hesíquio e Suidas, SV
Bochart sugeriu uma derivação do fenício naar cheremat, “rio de vinhas”, e em apoio disso trouxe a declaração de Scylax sobre os etíopes que moravam no interior de Kerne, que cultivam a uva. Cf. Comentários de HH Müller em Geographi Graeci Minores .
Muitos rios da Europa Ocidental têm nomes da Ligúria; no Japão, os nomes dos rios muitas vezes são anteriores à chegada da população atual; e os nomes dos rios são a maior contribuição dos índios para a atual civilização dos Estados Unidos.
O número de 2 para o número de dias entre Kerne e o promontório arborizado é o resultado de um erro de transcrição; vários intérpretes propõem que o número 12 seja substituído. Eu altero o 2 em 6.
Instruções de navegação emitidas pelo Serviço Hidrográfico dos EUA.
Em hebraico existe uma raiz ZRH, “espalhar”, que forma o nome de um vento chamado mizrah, o vento que espalha as nuvens, limpando o céu, e vem do leste ou do norte. O nome pode ter sido dado a um vento de leste nas condições daquela parte da costa da África. O Surrentium pode ter sido o vento oposto ao chamado hoje harmattan, “o maligno”, que é um vento opressivo e carregado de poeira que sopra do interior. Naquela parte da África, a principal distinção é entre o harmattan e os bem-vindos ventos do mar que sopram principalmente do oeste e do norte. A mudança nos nomes dos ventos é indicada pela circunstância de os habitantes francófonos de Dakar se referirem ao harmattan, soprando de leste ou nordeste, como vent de l'est ou scirocco. Na Itália e na França, o scirocco é um vento do sul ou sudeste.
O cálculo é confirmado por uma passagem da geografia da África escrita por Juba da Mauritânia na época de César, citada por Plínio (VI 34, 175). Do lugar chamado em grego Leuke Akte, “Cabo estreito”, e em latim Drepanum, “Foice” (Ponta Almina, o pilar sul de Hércules), existem 1.500 milhas romanas = 20° até a ilha de Malichu (a ilha de Arguin, a 20°' N, que substituiu Kerne como ponto de paragem na época portuguesa); 225 milhas = 3° até Scaeni (foz do Senegal a 18° 20' N); 150 milhas = 2° até à ilha de Sardanus (Cabo Verde) “onde a costa vira na direcção leste em direcção ao Atlântico na ilha Atlântida”. A ilha Atlântida, como indicarei mais adiante, é a ilha de São Tomé, no Equador, no Golfo da Guiné.
O nome púnico Palsum corresponde ao substantivo acadiano pelsu, “violação, avanço”, e à raiz hebraica PLS, “abrir o caminho”.
O explorador Richard F. Burton foi o primeiro a identificar o Monte Camarões como o Theon Okhema de Hanno. Veja seu Abeokuta e as montanhas dos Camarões, vol. II (Londres, 1863), pp. A emenda de R. Hennig de Theon Okhema (Carruagem dos Deuses) para Theon Oikema (Habitação dos Deuses) está provavelmente correta. Terrae Incognitae (Leiden, 1944), Vol. Eu, pág. 93.
Illing, pág. 40.
Illing, pp. 39-40, e Mer, p. 53, seguiram a interpretação de Burton, assim como, mais recentemente, Jacques Ramin, The Periplus of Hanno (BAR Supplementary Series 3, 1976), pp.
Conhecimentos geográficos de Grecs sur les côtes africaines de l'ocean, (Paris, 1928). Cf. idem, Histoire ancienne de l'Afrique du Nord, (Paris, 1914-1928).
Cf. Plínio II 90, 238: Maximo tamen ardet incendio Theon Ochema dictum Aethiopum iugum, torrentesque solis ardoribus flammas egerit. Cf. Mela III. 9.
A fábula dos pigmeus é dos mais antigos; et l'on doit dire, pour justifier la creance qu'elle a trouvee dans toute l'antiquite, que meme aujourd'hui c'est une des legendes les plus repandue et les plus universalmente afirmado dans les contree qui avoisinent l'Abyssinie.
Máximo de Tiro distorce todos os dados com o propósito de comprovar que a África tem uma extensão imensa ao sul, mas cita a informação de que um certo Diógenes foi empurrado para o sul a partir do Promontório dos Aromas (Cabo Guardafui, 11° 50' N)
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Mensagem por Sir Galahad 22/1/2024, 13:11

Navegador grego

Piteas de Massilia (atual Marselha).
A rota por dentro da Galia descendo o Rodano se tornou importante pra gregos obterem estanho bretão quando fenicios tomaram colunas de Melkart/Herakles/Hercules
Os gregos chamavam a britania de Pretaniké (isto é os pintados), lembrando os romanos que chamavam os bretões não-romanizados de além muralha de Adriano de pictos. Celtas pintados e/ou tatuados com isatis
Outro nome pra GraBritania que aparece em fontes grecoromanas é Albion??? Ou só nos nos textos quinhentistas classicistas?
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Mensagem por Sir Galahad 22/1/2024, 13:12

O almirante Agricola circunavegou a GraBritania pouco depois do esmagamento da revolta de Boudica. Os romanos chegaram a construir um forte no extremo norte em Inchtut Hill. Mas por provável análise risco-custo-beneficio caíram fora de lá.
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Mensagem por Galego 22/1/2024, 13:13

Acho que mesmo sem a Boudica esse pessoal pintado de azul era fogo...
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Mensagem por Galego 22/1/2024, 13:14

Parece que Arquimedes construiu um grande navio com espaço para carga, passageiros, tripulação e que esse navio, por ter sido enorme, durante muito tempo foi considerado lenda. Mas, há pouco, encontraram os restos de um outro que era quase do tamanho alegado para esse que Arquimedes projetou. Essa notícia foi dada em um documentário do History Channel...
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Mensagem por Dom Diniz 22/1/2024, 13:15

O maior navio da Antiguidade não tinha nada a ver com Arquimedes: era o Tessarakonteres, de Ptolomeu IV:

Ptolemy Philopator built [a ship] of forty banks of oars, which had a length of two hundred and eighty cubits, and a height, to the top of her stern, of forty-eight; she was manned by four hundred sailors, who did no rowing, and by four thousand rowers, and besides these she had room, on her gangways and decks, for nearly three thousand men-at‑arms. But this ship was merely for show; and since she differed little from a stationary edifice on land, being meant for exhibition and not for use, she was moved only with difficulty and danger. However, in the ships of Demetrius their beauty did not mar their fighting qualities, nor did the magnificence of their equipment rob them of their usefulness, but they had a speed and effectiveness which was more remarkable than their great size. http://en.wikipedia.org/wiki/Tessarakonteres
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Mensagem por Dom Diniz 22/1/2024, 13:16

Mas vejam que o tamanho desses navios não os ajudava em nada a fazer navegações transoceânicas. Pelo contrário, manter alimentada uma tripulação de 4 mil remadores devia ser impossível por mais do que um dia ou dois. O importante não é o tamanho do navio e sim sua autonomia, que depende de invenções como o leme e a vela latina, que surgiram durante a Idade Média.
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Mensagem por Marco Polo 22/1/2024, 13:17

E eu li a um tempão atrás em um site que os romanos chegaram a ir até a atual Noruega para capturar alces para os jogos do Coliseu. Depois eu acho o link para vocês verem.
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Mensagem por Galego 22/1/2024, 13:19

Dom Diniz

O tal navio se chamava Siracusa. Pode ser uma lenda, mas tem gente que acredita nele e seria muito maior que o que você citou.
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Mensagem por Dom Diniz 22/1/2024, 13:23

Como é que você sabe que seria maior? Quais seriam suas dimensões?
Dom Diniz
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Mensagem por Navegante 22/1/2024, 13:24

Galego

Eu fiquei até sem ar quando você falou "navio minóico" (Amo esse tema)... mas na reportagem falava de um barco do período clássico, não?
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Mensagem por Navegante 22/1/2024, 13:24

Interessantes os nomes Cassiteritas e Olissipolis (foi chamada depois de Olisipo, né?)
Mas a vela triangular não era egípcia e muuuito mais antiga?
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Mensagem por Navegante 22/1/2024, 13:25

E quanto a navegações bem mais antigas?
Um texto egípcio parece citar invasores etruscos uns 1.000ac... (estariam junto com os povos do mar, mas seriam etruscos).
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Mensagem por Galego 22/1/2024, 13:26

Desculpe, mas esse do Ballard é realmente do período clássico. Mas um forista uma vez postou alguma coisa sobre um navio mais antigo, encontrado, creio, perto de Dardanelos. Vou procurar o tópico e trago para cá.
Galego
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Mensagem por Sir Galahad 22/1/2024, 13:29

Mas a vela triangular não era egípcia e muuuito mais antiga?
Os barcos que hoje se vê com velas triangulares no vale do Nilo são tecnologia islâmica (após século VI pelo menos). As caravelas do século XV as adaptaram. As velas faraônicas eram quadrangulares.
Sir Galahad
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Mensagem por Galego 22/1/2024, 13:30

Fui eu quem falou em velas triangulares?
A vela egípcia antiga era realmente quadrangular.
Galego
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Mensagem por Galego 22/1/2024, 13:36

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