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A Guerra de Tróia

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Hermes Trismegistus
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 14:24

Laómedon, durante seu reinado, havia tido muitos filhos, entre os quais Títonos — raptado pela deusa Éos e levado para algum país da África, e, segundo relatos, construíra uma cidade no Oriente chamada Susa. Os demais chamavam-se Lampos, Hicetáon, Timoetes, Bucólion, Clítios e Podarces, o mais jovem dos varões, e também as filhas Étila, Cila, Procléia e Hesíone. O soberano fez o que fez para evitar que uma de suas filhas fossem sacrificadas. Subornava, conspirava e exigia, de modo que elas não fossem sorteadas.

De todas as mulheres de Tróia, uma que escapou ao sorteio foi Antígone, irmã de Laómedon e Temístea. Jovem ainda, de grande beleza, muito orgulhosa de sua soberba cabeleira, teve a imprudência de dizer que tinha os cabelos mais belos que os da rainha do Olimpo, a deusa Héra. Indignada, a deusa transformou a opulenta cabeleira de Antígone em serpentes. Mas os deuses tiveram piedade da moça e metamorfosearam-na em cegonha, grande inimiga das serpentes.

Crínisos, um príncipe da cidade, expôs sua filha no mar a fim de livrá-la de ser escolhida como sacrifício ao monstro. Ela desapareceu no Helespontos e no Arquipélago para sempre.

Cada vez que se aproximava a época de expor uma donzela para alimentar o monstro Ceto (Kétos), a Dor e a Aflição tomavam conta da gente de Tróia. Seguindo o exemplo de Crínisos, que havia conseguido livrar a filha das garras do titã, muitos começavam a fazer o mesmo às ocultas, inclusive o próprio rei Laómedon, que burlava a vez de sua filha Hesíone. Mas poucos conseguiram o seu intento.

Havia um homem, um príncipe troiano chamado Hípotes, que pôs sua jovem filha Egesta numa barca, a fim de livrá-la de Ceto, pois a amava e não via com bons olhos as indignas atitudes de seu rei. Muito tempo levou até a barca atingir algum ponto além do mar, em terra firme, e Egesta aportou na Trinácria. Sozinha em lugar estranho, passou a ele pertencer, e os deuses fizeram-na uma ninfa.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 14:26

HÉRACLES EM TRÓIA

Na volta para a Hélade, depois de regressar da terra das Amazonas, sua frota guerreira se dividiu, tomando rumos diferentes. Três dos seus heróis decidiram se instalar na região de Sínope, próximo do país dos mariandinos. E Héracles e os tripulantes de seu navio passaram por Tróia. A cidade era governada pelo rei Laómedon, “o senhor do povo”, filho do grande Ilos. Quando os navios se aproximavam do porto, viram uma linda jovem acorrentada a uma rochedo. Ao aportarem, ficaram sabendo de toda a história pela boca de um transeunte.

— Laómedon é o homem mais mal-agradecido da Terra. Para testá-lo, Apolo e Poseidon, disfarçados de mortais, apareceram diante dele e prometeram construir uma muralha de pedra tão forte, ao redor da cidade, que nenhum exército a derrubaria. Fariam isso em troca de cem touros. O rei topou o negócio, mas depois de construída a muralha, pôs Apolo e Poseidon a correr, tanto que o rei ignorava quem eram, ameaçando prendê-los, se insistissem em querer receber a recompensa. Diante disso, Apolo lançou uma praga sobre Tróia. Quando Laómedon soube que eram deuses, era tarde demais. Poseidon fez emergir um monstro do mar que devorava todos os que se aproximassem da costa. Desesperado, o rei foi consultar o Oráculo para saber o que poderia fazer para acabar com as desgraças. A resposta foi que tudo acabaria se ele desse sua filha Hesíone para ser sacrificada ao monstro, isso depois que morreram outras filhas de Tróia. Laómedon abominou tal ideia e mandou que fossem escolhidas três moças da cidade para serem oferecidas em lugar da princesa. O povo, revoltado, escondeu suas filhas, e Laómedon só conseguiu encontrar três jovens, filhas de um sujeito pobre chamado Faenódamas, que defendeu bravamente suas filhas, e não houve outro jeito senão o rei ordenar que Hesíone fosse acorrentada ao solitário rochedo.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 14:28

Condoído com a sorte da moça, que nada tinha a ver com as atitudes maldosas de seu pai, lá se foram Héracles, Télamon e alguns homens a fim de oferecerem-se ao rei para matar o monstro do mar. E disse-lhe Héracles:

— Não temo esse monstro, rei Laómedon, e me comprometo a matá-lo e a salvar a princesa.

— E o que queres em troca?

— Meu único pedido são os dois cavalos de Áres que puxam a tua biga real, pois sei que são dotados de poderes mágicos, todos conhecem a história; foram dados por Zeus de presente ao rei Trós em compensação do rapto do príncipe Ganímedes. Teu avô soube, da boca dos próprios deuses do Olimpo, que o seu filho não havia sido raptado pelos meônios.

— Sim, naquela altura, o rei Tântalos já tinha morrido e seu filho Pélops já se havia expatriado. Mesmo constrangido, aceito a tua proposta. Afinal, a vida de minha filha é mais valiosa.

Héracles, entendendo que a missão era sua de acabar com o monstro, preferiu fazê-lo sozinho. Por isso, ordenou para que seus amigos se mantivessem distantes, apenas Télamon acompanhou-o para ajudá-lo a carregar suas armas: algumas lanças e uma acha. E foi preparar-se.

Héracles foi preparar-se para o duelo contra o monstro. Precavendo-se contra a fúria do monstro, incitado por Atena, exigiu que os troianos construíssem uma parte do muro em ruínas para protegê-lo sempre que precisasse recuar. O rei aceitou e deu ordens aos seus soldados, adiando o sacrifício até que o muro fosse levantado.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 14:30

Ao terminarem a construção, Héracles deu as últimas coordenadas para o duelo com o Ceto, o “monstro marinho”. Permitiu que Hesíone permanecesse acorrentada para atrair o monstro que deveria emergir do mar. Protegido pelo muro, que lhe foi muito útil, usou-o como um escudo contra o titã. Héracles, no dado momento do combate, foi engolido pelo monstro, que o levou para o fundo do mar, e o conservou ali, em seu estômago, por um bom tempo, uns três dias, até que, crendo seus amigos e os troianos que ele estivesse morto, já preparavam-lhe um funeral simbólico, quando ele, o filho de Zeus, acessando o coração do monstro, apertou-lhe com tanta força que fez o Ceto dar um tremendo gemido, chamando a atenção de todos que estavam na praia a providenciar o túmulo. O Ceto, então, apareceu boiando nas ondas do mar, e, pela boca do animal, saiu Héracles ileso, tendo perdido parte de seus cabelos, arrastando a língua do monstro, e, cambaleante, foi até Hesíone e libertou-a, tal qual fizera o seu bisavô Perseus quando salvou Andrômeda das garras de um medonho monstro-marinho.

Em seguida, aclamado pelo povo troiano, Héracles levou a princesa Hesíone para o pai, no palácio de Tróia, e pediu-lhe a recompensa tratada. Mas Laómedon, pela segunda vez, não cumpriu a sua palavra, recusando pagar-lhe.

— Valoroso Héracles, lamento, mas não posso cumprir minha promessa, pois esses corcéis brancos se destinam exclusivamente aos reis de Tróia. Dar-te-ei qualquer outra coisa que me pedires. Desejas levar uma de minhas escravas?

Héracles, indignado, avançou contra o rei, mas foi cercado por seus soldados. Héracles poderia enfrentá-los, mas temeu pela vida da princesa que havia salvo e pelos seus amigos que haviam ficado no navio, ignorando o que se passava. Os soldados ameaçavam-no, mas Podarces, o mais jovem dos filhos do rei, opôs-se ao atentado e à mentira do pai, insistindo que ele pagasse e permitisse que Héracles partisse são e salvo. E Héracles ameaçou:
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 14:31

— Se não pagares o que deves, agora, voltarei um dia para levá-los, Laómedon.

O rei não se importou com as ameaças de Héracles nem com as palavras de seu filho Podarces, mas atendeu-o apenas em parte: expulsou Héracles de Tróia de mãos vazias.

Héracles abandonou o palácio, prometendo que voltaria, em outra oportunidade, para acabar com o rei e sua cidade. O rei, amedrontado com suas ameaças, reuniu-se aos seus filhos e filhas. E Télamon, que se apaixonara por Hesíone, fez um pedido ao amigo:

— Quando empreenderes uma expedição contra Tróia, conta comigo. Serei o primeiro a tomar a linha de frente.

Héracles, a caminho do porto, a fim de reunir-se aos seus amigos, depois de ter acabado com o Cetos e de ter sido expulso de Tróia, sentiu muita sede, e, não conseguindo encontrar o rio que banhava a cidade, pediu ao pai Zeus que lhe indicasse uma fonte. Zeus lhe indicou o monte Ida. Héracles subiu o monte, onde Zeus fez surgir uma pequena fonte, mas o herói achou-a insuficiente para saciar-lhe e, por isso, cavou a terra com tanta força que chegou a encontrar um lençol d’água. O Escamandros era um rio subterrâneo, que nascia no monte Ida, sumia no interior da terra e ia juntar-se ao mar.

Dali surgiram duas fontes: uma quente e outra fria, cujas águas, unidas, tornariam louros os cabelos da mulher que nele se banhasse. Por tal motivo, o Escamandros passou a ser também conhecido pelo nome de Xantos, “rio amarelo”.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 14:39

Crínisos, ao presenciar a vitória do filho de Zeus sobre o monstro que assolava Tróia, aproveitou o tumulto e a desordem na corte para empenhar-se a procurar pela filha que um dia salvara da Morte. Depois de muito vagar, de um lado para outro, nos mais longínquos países além do mar que os cercava, sem encontrá-la, chegou na Trinácria. Desesperançado de encontrá-la, chorou tanto, que os deuses, apiedados, mudaram-no em rio. Como tal, passou a ter o dom de transformar-se no que quisesse, para então surpreender as Ninfas, e acabou, pelo Destino, unindo-se na forma de um cão a Egesta, que também um dia havia morado em Tróia com seu pai. Dessa união, tiveram um filho e o chamaram Acestes, destinado a reinar sobre os povos daquela região.

Crínisos, que havia exposto sua filha no mar a fim de livrá-la de ser escolhida para ser sacrificada ao monstro Ceto, depois que Héracles partiu, tomou um pequeno barco e foi em busca da filha, deixando que as ondas o levassem para algum lugar. Os deuses o ajudaram e levaram-no para a Trinácria. Porém, Crínisos não a encontrou em parte alguma, chorou até encontrar a Morte, mas os deuses transformaram-no num rio, que passou a levar o nome de Crínisos.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 14:41

NA CASA DE TÉLAMON

Talvez devido à tristeza que sentia pelo destino de seu amigo Quíron, cuja ferida, incurável e dolorosa ele mesmo fora responsável, ou ainda por todas as perseguições que sofria, mesmo depois do auxílio que prestara à deusa Héra durante a luta contra os Gigantes que ousaram invadir o Olimpo, Heracles, o filho de Zeus, começava a atormentar-se a cada obstáculo que lhe atravessasse o caminho, principalmente no que envolvesse a sua própria família, que era algo que jamais poderia suportar. E Héra preparou-lhe uma nova armadilha com o objetivo de lhe anular o ânimo e não conseguir realizar as últimas tarefas, o que lhe causou profundo sofrimento: voltando a Tebas, Héracles surpreendeu sua fiel esposa Mégare nos braços de outro homem. Terrivelmente furioso, matou-o e recambiou sua esposa para a casa de Créon, declarando que a partir daquele momento não mais seria sua esposa. Relembrava, porém, como haviam sido felizes no passado e sofreu amargamente com a separação.

Héracles, ouvindo falar de uma grande expedição que pretendia se empenhar Jasão e um grande número de heróis da fina flor da juventude helênica, em direção do Oriente, resolveu ausentar-se de Tebas e do convívio de Mégare, também aproveitar e preparar sua expedição contra Tróia e seu rei, Laómedon. Por isso, decidiu juntar-se a eles e com eles aventurar-se. No entanto, os planos de Héra falharam, pois Héracles caiu em si, lembrando que um dia fora perdoado pelo assassínio de filhos seus, e Mégare foi a primeira a receber-lhe de braços abertos. Era hora de resignar-se e procurar ouvi-la, e assim soube que o homem que com ela encontrou era um instrumento da deusa Héra para lhe prejudicar. Com a ajuda de testemunhas, Mégare provou-lhe ter sido usada num embuste, e havia sido violada por um homem estranho e sedutor quando Héracles foi-lhe ao encontro. O herói, convencido de sua fidelidade, encheu o peito voltando o olhar para o Céu. Quis atirar os piores ultrajes à deusa, mas manteve-se firme em respeito ao pai.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 14:43

Então, adquirindo ainda mais vontade de prosseguir e alcançar a Glória, despediu-se de sua querida esposa e de seus filhos, e, acompanhado do sobrinho Íolas e seu criado Hilas, foi visitar um amigo, Télamon, filho de Éacos.

Ao visitá-lo em sua casa, na Salamina, encontrou-o à mesa. Télamon levantou-se da mesa, ofereceu ao bem-vindo hóspede e amigo uma taça de ouro cheia de vinho e convidou-o a sentar-se com ele. Em longa conversa, Héracles tocou no assunto, que, certamente, atiçou a vontade de Télamon a fazer parte das expedições, tanto de Jasão quanto de Héracles.

— Sim, Héracles, temos de acertar contas com o rei Laómedon de Tróia, porque, quando lhe salvaste a filha do monstro que ia devorá-la, se recusou a entregar a recompensa prometida. Se ofendeu ao meu melhor amigo, ofendeu também a mim.

— É, meu amigo, e lembro-me lhe haver dito um dia, voltaria para buscar o que me pertence. Esse dia, penso eu, já chegou.

Logo, apareceu um menino, Ájax, filho de Télamon. Apesar de sua tenra idade, tinha um porte superior aos demais meninos da cidade, que o fazia especial. Héracles, atraído pela curiosidade e vê-lo como um herói, envolveu-o na sua pele de leão e pediu a Zeus:

— Zeus, meu pai, se alguma vez ouviste com misericórdia as minhas preces, concede a Télamon a alegria de ter um filho corajoso e invulnerável como eu, que está sob a pele do Leão de Neméia!

Mal terminou de pronunciar essas palavras, Zeus enviou-lhe uma majestosa águia. E Héracles dirigiu-se a Télamon:

— Sim, Télamon, meu amigo, este é teu filho, que te honrará e será o melhor entre os melhores. Ájax é um nome forte, e o poder de Zeus paira sobre seus ombros.

O jovem Ájax tornou-se invulnerável, o que em parte foi concedido, pois excetuavam as partes que sustentavam o carcaz, nos ombros, nas costas e também a parte das axilas.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 14:45

ULISSES E O JAVALI

Ao completar dezoito anos, Ulisses despediu-se de sua irmã, Clímene, e de seus pais, e compareceu à presença do avô materno, Autólicos. Homenagearam-no com um farto banquete e recebeu magníficos presentes. No dia seguinte, convidado para uma caçada, com uma matilha de cães, o príncipe ítaco e um grupo de amigos galgaram a encosta do Párnassos, e, ao amanhecer, chegaram à floresta coberta de folhas secas. Logo os cães farejaram as pegadas de um javali, escondido numa moita. Tentou fugir, mas deu de frente com os caçadores e parou, ameaçando um possível bote. Ulisses, de lança em riste, foi o primeiro a avançar. E o javali, num salto, conseguiu mordê-lo acima do joelho, arrancando-lhe um naco de carne, mas não lhe atingiu o osso. Mesmo assim, desequilibrado, Ulisses não errou o golpe, atravessando-lhe a lança, e a fera tombou estrondosamente sem vida. Logo, Ulisses foi socorrido; estancaram o sangue que jorrava, puseram ervas na ferida e ergueram preces aos deuses médicos. Depois carregaram-no e levaram-no para o palácio, e lá Ulisses permaneceu até o ferimento cicatrizar, ficando a marca dos dentes do ferocíssimo javali estampada em sua perna para o resto de sua vida.

Um dia, Laertes e seu filho, Ulisses, foram para Ecália, na corte do amigo Êuritos, filho de Melaneus. Êuritos era um excelente arqueiro e havia sido mestre de Héracles em sua modalidade. Ífitos havia herdado do pai um famoso arco, muito grande e pesado, de difícil manejo. Essa arma Ífitos deu de presente ao amigo Ulisses. Em troca, este lhe entregou uma espada e uma lança.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 14:47

OS ARGONAUTAS E A TOMADA DE TRÓIA

Héracles, Hilas, também Télamon e seu irmão Peleus, foram-se reunir a Jasão e mais um bom número de heróis, entre príncipes, marujos, caçadores e guerreiros, na distante cidade de Iolcos, governada pelo usurpador rei Pélias. Selecionados os tripulantes da nau Árgo, com destino à longínqua e oriental Cólquida, com o fito de buscar o famoso Tosão de Ouro, partiram pelo mar Arquipélago, atravessando inúmeras ilhas e enfrentando alguns perigos, até alcançarem a ilha de Crisa, aonde ergueram um altar a Palas-Atena. Lá aguardavam seis naus helênicas comandadas por Deímacos e Teseus, amigos de Héracles, a fim de empreender uma das grandes expedições militares do século XIII a.C.

Com os companheiros Argonautas de acordo com os planos de Héracles, e as seis naus helênicas, o herói voltou a Tróia, como havia prometido, frente a uma expedição de assédio. Ao chegar na praia, deixou a pequena frota aos cuidados de Oicleus (Oikles), neto de Melampos, e alguns remadores, enquanto, à frente de seus guerreiros, fortemente armados, cruzou a planície de acesso à cidade.

O rei de Tróia, já havia muito, tinha esquecido esse caso do compromisso rompido e da ameaça de Héracles; ou, se jamais o recordava, era apenas para rir-se da loucura de um homem que pensava impor sua vontade ao rico soberano de uma das mais poderosas cidades da Ásia. No próprio poder da cidade residia, entretanto, sua fraqueza; como ninguém ousasse atacá-la, longos anos de paz e segurança tornaram seus habitantes desprevenidos. As portas da cidade eram fechadas ao por-do-sol e abertas somente de manhã; dia e noite, porém, as sentinelas que guardavam as fortificações pensavam mais em seu conforto e prazeres do que em repelir um possível mas improvável ataque de surpresa.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 14:49

Porém, vigiados desde que chegaram por alguns homens fiéis ao seu rei, foram logo surpreendidos por uma notícia desastrosa: enquanto se dirigiam para Tróia, Oicleus e os outros haviam sido abatidos pela guarda costeira do soberano, e um sobrevivente havia ido avisar-lhe. Dando meia volta, não sem antes introduzir na cidade alguns homens disfarçados, Héracles e sua tropa voltaram para a praia, mas era tarde demais: já estavam mortos. E saíram a perseguir os agressores, que foram refugiar-se no interior das muralhas de Tróia, onde deram o alarme.

Então Héracles, sagaz na guerra e acompanhado dos melhores guerreiros de sua época, destemidos e aguerridos, encontrou na tomada de Tróia um problema mais fácil de resolver do que supunha o rei Laómedon. E, na escuridão da noite, com as tochas apagadas, aproximou suas forças do sopé das muralhas, enquanto sabiam os troianos estarem bem protegidos, iniciando os gregos um silencioso assédio.

Enquanto a cidade dormia e os guardas cochilavam em seus postos, num excesso de confiança, os agentes gregos, introduzidos na cidade, abriram uma pequena porta lateral, após dominar os seus guardiães. Héracles e seus homens precipitaram-se por ela e invadiram a cidade. O primeiro companheiro de Héracles que avançou contra os troianos foi o seu amigo Télamon, e já de cara fez tombar um bom número de troianos, o que lhe causou uma certa inveja, apesar de reconhecer nele o mais corajoso de seus guerreiros. Porém, apesar de serem surpreendidos, conseguiram os troianos revidar. Poucos puderam transpor a porta, Télamon foi rechaçado, alguns helenos ficaram encurralados e os demais ficaram de fora. A porta se fechou, e os que ficaram no interior das muralhas foram mortos a punhaladas pelo número excessivo de oponentes.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 14:51

Deímacos, um herói da Beócia, filho de Eléon, enquanto perseguia alguns troianos que fugiam, retirados à força pela porta aberta de Tróia, encontrou uma ninfa troiana de nome Gláucia, filha do deus-rio Escamandros, e por ela se apaixonou. Gláucia era irmã de Calírroe e Teucros, o primeiro rei da Frígia.

Enquanto o assédio à Tróia se verificava, os dois uniram-se. Porém, tão logo, Deímacos morreu em combate. E Héracles tomou a mãe, viúva, e deu-lhe proteção, e, assim que a guerra atingisse o seu final, a mandaria para a Hélade, aonde deveria ser entregue a Eléon, para que a adotasse, e lá a ninfa tivesse o seu filho.

Tróia não conseguia resistir aos duros ataques de heróis tão poderosos. E começou a cair no momento que Télamon, lugar-tenente de Héracles, escalou e transpôs as muralhas da cidade. Enfurecido por este ser demasiado ousado e mais valente, agindo constantemente por conta própria, desta vez Héracles não resistiu: quis surpreendê-lo e castigá-lo. Aquela era a primeira vez, em sua vida, que via sua coragem ser superada por outro herói. Por isso, o filho de Zeus não perdeu tempo em segui-lo e abatê-lo. Ao alcançá-lo, se deteve ao vê-lo recolher e acumular pedras. Intrigado, perguntou-lhe:

— Não temes a Morte, Télamon? Enlouqueceste? O que estás fazendo?

— Erigindo um altar em tua honra, e chamar-te-ás Héracles-Nicéforos, o herói que um dia saqueou Tróia.

Por um momento, Héracles quase deixou cair a espada e o escudo de suas mãos, arrependido de pretender atentar contra a sua vida, e reconheceu ainda no amigo e companheiro, além de muita coragem, nobreza e fidelidade. Aquele amontoado de pedras acabou se tornando o primeiro monumento a Héracles, que Télamon intitulou Nicéforos, “vitorioso”, e tardiamente foi denominado Calínicos (Kallinikos) ou Alexícacos, referente ao herói Héracles como “o afastador do mal”.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 14:53

Héracles e seu exército, encontrando as ruas desertas da cidade, pois todos, temerosos haviam ido se esconder, conquistaram Tróia e pilharam-na. Em curto espaço de tempo, tanto o palácio de Laómedon como todas as casas da cidade ardiam em chamas. O herói matou a flechadas Laómedon e seus filhos, exceto o jovem Podarces, “pé-ligeiro”, protegido nos braços de Hesíone.

— Ó valente filho dos deuses, compadece deste jovem indefeso! Lembra-te de quando seu pai recusou o prêmio que te foi prometido, os alvos corcéis! Tens um débito com ele!

Héracles baixou o arco e, encarando o jovem príncipe, lembrou-se dele e do que havia feito, e falou-lhe:

— Não temas, garoto, quando teu pai me recusou o prêmio que me prometeu, tu intercedeste a meu favor, dizendo que a recompensa fora prometida e ganha honestamente, e não devia, portanto, ser recusada. Tens a nobreza em teu sangue, mereces um dia ocupar o lugar entre reis justos. Por causa disso, pouparei tua vida. Mas te levarei prisioneiro para a Hélade.

— E o que será de minha irmã Hesíone? Não quero abandoná-la. É o meu sustento, o meu regaço...

— Ela me deve a vida; levá-la-ei comigo, junto com os corcéis brancos do curral.

Porém, lembrando-se de Télamon — que separara-se da esposa Peribéia —, como prêmio por sua coragem, Héracles deu-lhe, na partilha dos despojos, a bela princesa Hesíone, para servir-lhe de esposa e mãe de seus filhos. A princesa, não querendo se separar de seu irmão mais novo, atirou-se aos pés de Télamon e pediu-lhe que permitisse com ele ficar. Télamon, então, pediu a Héracles que libertasse o jovem príncipe. Mas o filho de Zeus se negou, já que o havia escolhido como escravo. Era prêmio seu. Para tanto, só aceitaria em troca de um resgate. Hesíone ofereceu ao herói o seu diadema e um velo dourado que tinha em seus aposentos, e Héracles lhe entregou Podarces. Em seguida, foi apoderar-se das éguas e dos corcéis de Laómedon.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 14:54

Mais tarde, os mortos foram sepultados aos pés das muralhas de Tróia. A tumba de Laómedon se encontrava fora da cidade, frente à porta Escéia. E então, seguiu-se a previsão do Oráculo: a cidade seria inexpugnável enquanto a tumba permanecesse intacta, e permaneceria assim por um longo tempo.

Depois, Héracles mandou de volta para a Hélade os companheiros e suas seis naus, como heróis, e incumbiu-os de conduzir Hesíone, Podarces, Gláucia e outros escravos para aquele país, até que voltassem os Argonautas da expedição à Cólquida. Hesíone e Podarces seriam levados para Salamina, e Gláucia para a Beócia, na corte do rei Eléon, onde deu à luz um menino, Escamandros.

Depois que os heróis Argonautas regressaram vitoriosos a Iolcos, com seu troféu e a tarefa cumprida, Peleus tornou-se rei de Ftia, tornando-se sede dos Mirmidões, e iniciou-se uma nova era de heróis na Hélade.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 18:18

O RAPTO DE HELENA POR TESEUS

Um dia, em Atenas...

— Homens como nós, Píritous, não deveriam esposar mulheres mortais, mas, de preferência, filhas de deuses.

— É verdade, Teseus, e estou pronto a tentar a sorte.

— Ouvi dizer que em Esparta, no país da Lacedemônia, vive uma rainha chamada Leda, mulher do rei Tíndaros, de tão grande beleza que foi cortejada por Zeus. Todos os dias ia banhar-se no rio, onde Zeus, a fim de se acercar dela mais facilmente, tomou a aparência de um formoso cisne, ao qual Leda se afeiçoou. Um dia, ao acariciar suas penas, ele transformou-se em homem, que manifestou a Leda seu amor com tanta veemência, que ela veio a ter dele dois pares de gêmeos, dois varões, Polideuces e Cástor, que se tornaram heróis na expedição à Cólquida, e duas filhas, Clitemnestra e... Helena. Dizem que as filhas, apesar de mocinhas, são de beleza incomparável, e quando crescerem serão, sem dúvida, cortejadas pelos jovens príncipes da Hélade. Ora, penso em desposar uma dessas meninas, a entregarei aos cuidados de minha mãe até ela atingir a idade de fazê-la mulher. Já imaginaste? Eu, Teseus, esposo da filha de Zeus?

— Boa sorte, então.

Teseus foi para a Lacedemônia, desejando aventurar-se no seu casamento com Fedra, e foi pedir a Tíndaros, o rei de Esparta, a mão de sua filha Helena em casamento. Ora, o rei achava-o muito velho para sua filha, que estava na flor da idade, pois mal tinha completado doze anos de idade, enquanto Teseus já beirava os cinqüenta anos. Mas Teseus se alegraria em ter por cunhados os Dióscuros espartanos. E quando não pôde obter Helena pacificamente, foi buscar a ajuda de seu amigo Píritous.
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A Guerra de Tróia - Página 3 Empty Re: A Guerra de Tróia

Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 18:19

Teseus e Píritous haviam feito um pacto de amizade, e tramaram raptar Helena, da casa do rei Tíndaros, em Esparta. Chegando em Esparta, esconderam-se, permanecendo de atalaia até o dia do festival em que as meninas participavam de um Bailado das Donzelas; então, Teseus e Píritous viram-na dançando no Templo de Ártemis-Órtia. Não só Teseus, mas Píritous foi tomado de paixão por ela. Ousados e arrogantes, aprisionaram o espartano Cnageus, o responsável pela menina. Raptaram a princesa do santuário e, perseguidos, a levaram, junto com Cnageus, para Tégea, na Arcádia. Ali tiraram a sorte para ver quem ficaria com ela, e ambos prometeram fraternalmente amparar-se na busca de uma outra beldade para aquele que saísse derrotado. Teseus ganhou a donzela no sorteio. Em seguida, levaram Helena e seu tutor para a Ática.

Helena, com apenas nove anos, foi entregue aos cuidados de Aetra, mãe do rei de Atenas, que morava em Afidnas, pequena aldeia perto da cidade-sede da Ática. Mas, apesar da tenra idade de Helena, Teseus não soube esperar e, secretamente, a fez mulher e fê-la engravidar.

TESEUS E PÍRITOUS
NOS INFERNOS

Píritous, vendo o amigo Teseus vangloriar-se de possuir uma filha de Zeus e a mais bela das mulheres da Terra, e esquecido de Hipodâmia, disse-lhe:

— Estou apaixonado por uma mulher muito bela. Será que poderias também ajudar-me a raptá-la?

— Mas é claro. Não é verdade que sou o rei mais corajoso do mundo? Vê só o que eu fiz com as Amazonas! Vê o que fiz com o Minotauro! Mas dize-me: eu a conheço?

— Já ouviste falar...

— Quem é essa mulher tão misteriosa?

— Perséfone, filha de Deméter.

— Quê?! Estás falando sério? Perséfone é uma rainha, esposa do rei Hádes, o senhor dos mortos!

— E tu, não és o rei mais corajoso do mundo?

— Sou, mas...

— Então, vamos! Para provar que a amo, estou disposto a ir ao Reino das Sombras e raptá-la, para fazer dela minha esposa.
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A Guerra de Tróia - Página 3 Empty Re: A Guerra de Tróia

Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 18:20

Parecia uma mera conversa entre os dois, mas os empolgou pouco a pouco. Eles prenderam as espadas na cintura, aprontando-se para uma longa e árdua aventura. Píritous deixou Hipodâmia em sua casa, na Tessália, e Teseus deixou a jovem Helena aos cuidados de sua mãe, Aetra, em Afidnas, perto de Atenas. Sua mãe, temerosa com a viagem que estavam prestes a fazer, preveniu-lhe:

— Os filhos do Cisne atacarão a cidade, e eu serei escrava em outro reino. Fica e protege teu país e tua gente.

Teseus já estava decidido. Deu um beijo no rosto de sua mãe e, sem perda de tempo, deixando seus jovens filhos Acamas e Demofóon no governo de Atenas, ele e Píritous partiram e buscaram a entrada dos Infernos, no cabo Tênaros, e desceram ao Mundo Subterrâneo, por uma porta lateral que haviam encontrado.

Depararam, enfim, com o portal sombrio do Érebos, cujo guarda era o cão de três cabeças chamado Cérberos, ali postado não para impedir a entrada dos espíritos dos mortos, mas sim, a sua saída para todo o sempre. Ao verem Teseus e Píritous, as três cabeças uivaram, pois sabia o mastim que eles não eram espíritos, mas homens vivos, cuja presença não se justificava naquele lugar. Depois de dar de comer três bolos empapados em suco de papoula ao mastim Cérberos, pondo-o assim para dormir, Píritous bateu no portão do palácio e entrou. Imediatamente foram recepcionados por um espírito demoníaco, que os levou para o palácio de Hádes, que se achava sentado em seu trono de tétrico esplendor, tendo ao lado a deslumbrante beleza de Perséfone, que rebrilhava como viva chama. Os três juízes dos mortos, Minos, Radamantes e Éacos, leram em seus pensamentos o que pretendiam fazer. Radamantes já conhecia Teseus, viu-o pela primeira vez a caminho da ilha de Creta, quando Minos, seu irmão, já não mais existia, e reinava sobre os cretenses seu neto Minos II. Este, desprezando a fama do herói mortal, cochichou ao ouvido de Hádes sobre as intenções dos dois invasores. Hádes segurou-se para não rir e manter a compostura.
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A Guerra de Tróia - Página 3 Empty Re: A Guerra de Tróia

Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 18:21

Ainda assim, surpreso, Hádes questionou-os:

— Quem sois? Mortais?... O que pretendeis em meu reino?

Respondeu-lhe Teseus, desembainhando a espada:

— Sou Teseus, o rei mais valente do mundo dos vivos. E este é meu amigo Píritous, que acha que a rainha Perséfone é boa demais para ti. Ele quer casar com ela.

Hádes não mais aguentou: caiu na gargalhada, embora nunca antes alguém o tivesse visto rir. Acalmou-se e respondeu:

— Bem, é verdade que Perséfone não é exatamente feliz aqui comigo, e eu sou até capaz de deixar que ela vá embora se vós me prometerdes que a tratarão com bondade.

Os dois aventureiros se entreolharam; afinal, nunca foi tão fácil entrar no Reino das Sombras. E Hádes nem parecia um deus, tanto que não lhes metia medo algum... E Hádes continuou:

— Vamos ter uma conversa tranqüilo a respeito? Por favor, sentai-vos aqui neste banco confortável...

Teseus e Píritous sentaram-se, meio que desconfiados. Estaria mesmo o próprio Hádes abrindo mão de Perséfone? Era sentar e esperar para ver... e esperar muito tempo sentado. Porém, o banco de pedra que Hádes lhes oferecera era maligno: ambos ficaram grudados nele e jamais conseguiriam fugir dali sem rasgar e deixar para trás uma parte de suas nádegas. Hádes ficou de pé e se arrebentou de rir. Ria muito.

— Tu, grande Teseus, ficará ligado para sempre a uma rocha, da qual não te poderás separar sem perderes a pele. E tu, que mal conheço, que vieste aqui para roubar minha bela esposa, sofrerás o mesmo castigo que sofre o teu pai Íxion!

E, enquanto as Erínias açoitavam os dois amigos, fantasmas de cobras pintadas picavam seus corpos, enquanto Cérberos, ao acordar, de quando em quando, passava a morder os dedos das mãos e dos pés de ambos — que depois renasciam — fazendo-os gritar de dor e se arrepender de terem ousado tanto.

— Pobres idiotas. Jamais saireis deste lugar. Havereis de morar aqui para sempre, comigo e... Perséfone.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 18:21

ACADEMOS, O DELATOR

Os Dióscuros, irmãos de Helena, aproveitando o momento da ausência do rei Teseus e a debilidade de Atenas, resolveram recuperá-la. E foram para Atenas com um exército, a fim de revê-la e resgatá-la. Solicitaram pacificamente que Helena lhes fosse devolvida. Mas quando os habitantes da cidade responderam que ela não se encontrava ali e que não sabiam onde Teseus a deixara, os dois se enfureceram e ameaçaram atacá-los. Os atenienses então ficaram temerosos. Mas Academos (Akádêmos), um herói ateniense, reprovando a atitude de seu rei, resolveu ajudar Cástor e Polideuces, revelando-lhes o lugar onde Helena estava retida como prisioneira, por isso suas terras, situadas às margens do rio Céfisos, a seis estádios de Atenas, foram poupadas. Com o tempo, essas terras passaram a ser um formoso jardim, o qual tomou o nome de Academia.

Cástor e Polideuces organizaram o seu exército e atacaram Afidnas. Certamente Teseus não estava lá defendê-la, mas encontraram certa resistência por parte de seu povo comandado por Afidnos, seu herói-epônimo, que feriu Cástor na coxa direita. Lá, conseguindo penetrar na cidade, encontraram Helena e seu tutor, Cnageus, que estava preso em uma masmorra, e o libertaram. Em seguida, voltaram para Atenas e ameaçaram pô-la abaixo.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 18:23

A CONSPIRAÇÃO DE MENESTEUS

Menesteus, filho de Peteus e bisneto de Erecteus, tomara para si o papel de porta-voz da multidão, inclinando-se a tomar o trono que tinha ficado vago. Ele já era pretendente ao sólio ateniense. E conseguira convencer a nobreza, alegando que o rei, ao fazer com que deixassem suas terras e se mudassem para a cidade, os tinha transformado em súditos e escravos. Por outro lado, dizia ao povo que, sonhando com a liberdade, tinham abandonado seus santuários e deuses campestres e, em vez de servirem a seus bons senhores rurais, serviam agora a um déspota estrangeiro. Enquanto isso, encontrando certa resistência, os Tindáridas arrasavam a vila que se estendia ao redor do palácio, fazendo recuar soldados e oficiais atenienses, porque viam que não valia a pena sacrificar suas vidas pelas atitudes insanas de seu rei. Como a conquista de Afidnas pelos Tindáridas assustara os atenienses, Menesteus também aproveitou-se desse sentimento do povo e convenceu os cidadãos a abrirem a cidade aos filhos de Tíndaros, que tinham arrancado Helena das mãos de seus vigias, e os recebessem amigavelmente, uma vez que estes só estavam em guerra contra Teseus. E dessa vez Menesteus disse a verdade, pois embora os irmãos entrassem em Atenas por portas abertas e ali tivessem tudo nas mãos, não causaram mal a ninguém, só pedindo para serem iniciados nos mistérios de Elêusis, assim como os nobres atenienses e os descendentes de Héracles. No palácio, encontraram Aetra, mãe de Teseus, que zelava dois jovens, Acamas e Demofóon, príncipes herdeiros. Estes, muito jovens, substituíam o pai no trono, na sua ausência.

Então, despediram-se dos atenienses e voltaram para sua pátria. Porém, Menesteus temia que Teseus retornasse, por isso resolveu não coroar-se de vez, mas encontrar um momento mais propício.

Aetra se tornou escrava de Helena em Esparta, e seria responsável por todos os seus passos e pela educação da criança que a moça haveria de ter.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 18:23

Em seguida, voltaram para Esparta, na Lacedemônia, levando consigo a irmã Helena, que estava grávida; e, vingando a ousadia de Teseus, levaram Aetra como escrava, que já havia-se tornado confidente de Helena. Cnageus também retornou, mas não lograva permanecer muito tempo em Esparta, já que estava destinado a um dia ser vendido como escravo em Creta para servir à deusa Ártemis.

PRÍAMOS, REI DE TRÓIA

Finalmente, Hesíone, a filha de Laómedon, com o consentimento de seu então esposo Télamon, rei de Salamina, levou Podarces para Tróia arrasada e habitada por um número de pessoas desorientadas. Lá, instalou-o no trono e fê-lo tornar-se um dos mais poderosos reis da Ásia Menor, reconstruindo Tróia e tornando-a uma das mais importantes cidades de toda a Ásia, equiparando-se a Damasco e Babilônia. A cidade de Tróia ressurgia na última restinga da costa da Anatólia, diante do eterno esplendor do mar, toda murada, com suas construções brilhando ao Sol. De suas torres até ao mar, que assinalava a sinuosidade das praias com uma alva feixa de ressaca, dominava a vasta planície regada pelo curso prateado do Escamandros.

Mais no alto, além da cidade murada, erguia-se o rochedo de Pérgamos, enfeitado pelas sagradas oliveiras dedicadas a Palas-Atena, que finalmente passou a ser devidamente venerada. Mais abaixo, reluziam os telhados e os terraços da corte do rei Podarces, verdejavam os jardins que flanqueavam as veredas íngremes e sombrias. Do mar, avistava-se Tróia, a cidade sagrada, alta e luminosa, qual uma miragem, contra o fundo azul do monte Ida; a cidade mais poderosa da Ásia Menor, centro dourado de lendas e glórias, misteriosa porta do Oriente.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 18:24

Podarces, senhor absoluto dos míssios e frígios, passou a ser conhecido pelo título de Príamos, por ter sido resgatado em troca de um velo de ouro, com o qual perpetuou. Príamos passaria a designar, no idioma frígio, o mesmo que perramos, que significava “rei”. No decorrer do seu reinado, sustentaria o cetro de todos os reinos que circundavam Tróia, em meio aos seus troianos e um grande número de filhos e filhas: cinqüenta varões e também um grande número de moças, com diferentes esposas e concubinas.

Então, o rei Príamos, assim que recebeu os emissários vindos do país vizinho, a Frígia, que lhes contou que um exército de Amazonas assediava as cidades governadas pelo rei Otreus, decidiu aliar-se a eles e oferecer combate às terríveis guerreiras. E a luta decisiva se deu às margens do rio Sangários. As Amazonas, pressionadas, com muitas perdas, foram derrotadas e acabaram fugindo e voltando para Temiscira, sua sede no Póntos.

Formada uma aliança tão sonhada com os reis da Frigia, através de Otreus, o vencedor das Amazonas, Príamos obteve a mão de Arisbéia (ou Alexírroe), filha de Mérops e Clímene. Mérops era um famoso adivinho da Frigia, e tinha também os filhos Ânfios, Adrastos e a falecida Clita, esposa do rei Cízicos, que outrora havia hospedado os heróis Argonautas.

De sua união com Arisbéia, nasceu Ésacos, o intérprete de sonhos.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 18:24

A ORIGEM DE ENÉIAS

Embora Zeus nunca se tenha deitado com sua filha adotiva, a magia do cinturão de Afrodite o punha em constante tentação, e por fim ele decidiu humilhá-la fazendo-a apaixonar-se desesperadamente por um mortal. O jovem Anquises era filho de Cápis e neto de Assáracos, irmão do grande rei Ilos, de Ílion. Sua mãe chamava-se Temístea, que era filha de Ilos e irmã do falecido soberano Laómedon. Anquises, que governava em Dárdanos, era também pastor e guardava os seus rebanhos no monte Ida, perto de Tróia (ou Ílion), quando a deusa Afrodite viu-o e por ele se apaixonou. À noite, apareceu-lhe a deusa, dizendo ser uma filha de Otreus, rei da Frígia e bom amigo do rei Príamos. Disse que havia sido raptada pelo deus Hermes e transportada até as pastagens do monte Ida.

Anquises enamorou-se da moça, e foi inevitável; uniram-se os dois. Quando se despediram, pela manhã, ela revelou ao amante quem realmente era. Anquises ficou horrorizado ao saber que descobrira a nudez de uma deusa e implorou a ela que lhe poupasse a vida. Ela lhe assegurou que nada tinha a temer e contou que lhe daria um filho:

— Guarda segredo, pois Zeus não deverá sabê-lo, pois matará a criança que te entregarei. Assim que o menino nascer, educa-o e leva-o até o centauro Quíron. O menino crescerá e haverá de se tornar famoso, e eu estarei sempre presente para protegê-lo.

Anquises soube guardar segredo, pelo menos por algum tempo. Afrodite teve um menino, às margens do Símoeis, e chamou-o Enéias. A criança foi entregue aos cuidados de uma ninfa do monte Ida, que o aleitou. Mais tarde, o menino foi entregue ao rei Anquises.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 18:25

Num dia de festa, Anquises bebeu vinho demais e se vangloriou de seus amores, em especial Afrodite. Zeus, o pai dos deuses, indignado pelo desaforo daquele homem, um simples mortal, quis matá-lo lançando contra ele um de seus raios; Afrodite conseguiu afastá-lo a tempo, de sorte que mal lhe raspou a pele, mas o suficiente para jogá-lo ao chão, de modo que ficou coxo e a luz o tornou cego. Mas Zeus poupou a criança que havia nascido da união entre aquele mortal e Afrodite.

Anquises, então, desposou uma jovem princesa chamada Eriópis. Teve delas vários filhos, entre os quais Hipodâmia, a mais velha, e Linos, e criou-os junto com o pequeno Enéias. E, assim que tornou-se apto às lições do velho pai, Anquises lembrou-o o que seguidamente o ensinava:

— A maioria das almas anseia, mais cedo ou mais tarde, pelo céu aberto, e vêm para beber o esquecimento e nascer outra vez.

Um dia Enéias entenderia as suas palavras e se viria frente a frente com as sombras do outro mundo.

Enéias, ao atingir condições de aprendizado, foi levado pelos servos do pai para a casa do centauro Quíron, no norte da Hélade. Lá, foi educado tal qual os grandes heróis do passado, como Héracles, Teseus, Orfeus, Cástor, Polideuces, Ídas, Linces, Télamon e Peleus.

E, na vizinhança da cidade do rei Príamos, onde moravam os dárdanos, Zeus, um dia, havia enviado ao rei Trós cavalos divinos. Anquises, secretamente, mandou cobrir as suas éguas por esses garanhões e obteve seis prodigiosos potros, dois dos quais destinaria ao seu filho Enéias.

OS PRIMEIROS FILHOS DE PRÍAMOS

Príamos, o grande rei de Tróia, desposou em segundas núpcias a princesa Hécuba, de nome divino, filha do rei Dimas, da Frígia, fortalecendo assim suas alianças e seu poder. No entanto, considerada descendente de imortais, Hécuba passava por ser filha também do rio Sangários.

Para tanto, sem ao menos enfraquecer sua aliança com o rei Otreus e seus vizinhos, Príamos teve que abandonar Arisbéia, a filha de Mérops, mas manteve o seu jovem filho Ésacos em seu palácio.
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A Guerra de Tróia - Página 3 Empty Re: A Guerra de Tróia

Mensagem por Hermes Trismegistus 1/3/2021, 18:26

Então, Príamos e Hécuba tiveram o seu primeiro filho: chamaram-no Lampos, ou Heitor, “o sustentador”, pois destinava-se a ser a peça mais importante na vida do povo troiano, e seus pais não sabiam ainda qual o significado disso, e criaram-no com atenção redobrada. No mesmo dia, nascia também um menino chamado Polídamas, da casa de Pantous, e se tornaria o melhor amigo de Heitor.

Príamos, o rei de Tróia, tendo já sido abençoado com o nascimento de seu filho Heitor, estava às vésperas de ser pai outra vez. Mas, aproximando-se o momento do nascimento da criança, Hécuba teve, uma noite, um horrível pesadelo. Sonhou que dava à luz um archote donde surgiam serpentes sibilantes, o qual ateava fogo a toda a cidade até reduzi-la a cinzas.

Acordou aos sobressaltos, e não conseguia mais dormir. E Príamos, meio sonolento ainda, tomou as faces da rainha em suas mãos, e confortou-a:

— Hécuba querida, alegra tua alma, pois logo logo nascerá o nosso segundo filho, que os deuses haverão de fazer tão formoso quanto nosso amado primogênito!

Ela, agarrando-lhe os ombros, muito assustada, lhe contou:

— Príamos, meu esposo, estou com medo! Eu tive um sonho funesto esta noite!

Príamos era supersticioso, temia os maus presságios.

— Hécuba, querida, acalma-te e conta-me tudo!

E ela, após enxugar as lágrimas, falou:

— Sonhei que, no lugar de uma bela criança, saía dentro de mim uma tocha, uma imensa tocha de labaredas ardentes!

— Como pode ser? O que isto deve significar?

— E isto não é tudo! Sonhei ainda que esta tocha ganhava vida e que alastrava suas terríveis chamas por todo o nosso reino, a ponto de só restarem ruínas!

Príamos desvencilhou-se involuntariamente dos braços hirtos de sua esposa e dirigiu-se até a janela a observar a silenciosa cidade que dormia.

— É um aviso dos deuses! Só pode ser...
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