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Mitologia Brasileira

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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:34

Na língua tupi existem vários nomes que especificam as qualidades maternas – Yacy = a Mãe Lua, Amanacy = a Mãe da chuva, Aracy = a Mãe do dia, a origem dos pássaros, Iracy = a Mãe do mel, Yara = a Mãe da água, Yacyara = a Mãe do luar, Yaucacy = a Mãe do céu, Acima Ci = a Mãe dos peixes, Ceiuci = a Mãe das estrelas, Amanayara = a senhora da chuva, Itaycy = Mãe do rio da pedra, e tantas outras Mães – do frio e do calor, do fogo e do ouro, do mato, do mangue e da praia, das canções e do silêncio.

As tribos indígenas conheciam e honravam todas as mães e acreditavam que elas geravam seus filhos sozinhas, sem a necessidade do elemento masculino, atribuindo-lhes a virgindade, o que também em outras culturas simbolizava sua independência e auto-suficiência. Em alguns mitos e lendas as virgens eram fecundadas por energias luminosas em forma de animais (serpente, pássaros, boto), forças da natureza (chuva, vento, raios), seres ancestrais ou divindades.

A explicação da omissão, na mitologia indígena, do elemento masculino na criação, era o desconhecimento do papel do homem na geração da criança, além do profundo respeito e reverência pelo sangue menstrual, que, ao cessar “milagrosamente” se transformava em um filho. Somente pela interferência dos colonizadores europeus e pela maciça catequese jesuíta que, na criação do homem, o Pai assumiu um papel preponderante, o Filho tornou-se o segundo na hierarquia, salvador da humanidade, como Jurupary, e à Mãe coube apenas a condição de virgem (como Chiucy).

Porém, apesar do zelo dos missionários para erradicar os vestígios dos cultos nativos da cultura indígena e dos escravos, muitas das suas tradições sobrevivem nas lendas, nos costumes folclóricos, nas práticas da pajelança e encantaria que estão ressurgindo, cada vez mais atuantes, saindo do seu ostracismo secular.
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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:35

Um outro arquétipo da Mãe Ancestral é descrito no mito amazônico da Boiúna, a Cobra Grande, dona das águas dos rios e dos mistérios da noite. Apresentada como um monstro terrível que vive escondido nas águas escuras do fundo do rio e ataca as embarcações e pescadores, a Boiúna ou Cobra Maria é, na verdade, a Face Escura da Deusa, a Mãe Terrível, a Ceifadora, que tanto gera a vida no lodo como traz a morte, no eterno ciclo da criação, destruição, decomposição e transformação.

Outro aspecto da Mãe Escura é Caamanha, a “Mãe do Mato”, que protege as florestas e os animais silvestres, e pune, portanto, os desmatamentos, as queimadas, e as violências contra a Natureza. Pouco conhecida ela foi transformada em dois personagens lendários: Curupira e Caapora. Descritos como seres fantasmagóricos, peludos, com os pés voltados para trás, às vezes com um aspecto feminino, são os guardiões das florestas, que levavam os caçadores e invasores do seu habitat a se perderem nas matas, punindo-os com chicotadas, pesadelos ou até mesmo a morte.

Nas lendas guarani relata-se a aparição da “Mãe do Ouro”, que surge como uma bola de fogo ou manifesta-se nos trovões, raios e ventos, mostrando a direção da mudança do tempo. Na sua representação antropomórfica ela torna-se uma linda mulher que reside em uma gruta no rio, rodeada pelos peixes e de onde se estende nos ares como raios luminosos, ou então surge na forma de uma serpente de fogo, punindo os destruidores das pradarias. Na sua versão original ela era considerada a guardiã das minas de ouro, que seduzia os homens com seu brilho luminoso, afastando-os das jazidas. Seu mito confunde-se com o do Boitatá, uma serpente de contornos fluídicos, plasmada em luz com dois imensos olhos, guardando tesouros escondidos, reminiscência dos aspectos punitivos da Mãe Natureza, defendendo e protegendo suas riquezas. A deturpação cristã do mito punitivo pode ser vista na figura da “Mula sem Cabeça”, metamorfose da concubina de padre, que assombra os viajantes nas noites de sexta-feira.
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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:35

Ocultos em mitos, lendas e crenças, existem ainda muitos resquícios das antigas tradições e cultos indígenas. Descartando as sobreposições e distorções cristãs e literárias, poderemos resgatar a riqueza original das diversas e variadas apresentações da Criadora ancestral brasileira, Mãe da Natureza e de tudo o que existe, que existiu e existirá. Cabe aos estudiosos e pesquisadores atuais desvendar os tesouros históricos do passado indígena brasileiro, com isenção de ânimo e sem distorções, em uma sincera dedicação e lealdade à verdade original, para oferecer às nossas mentes as provas daquilo que os nossos corações femininos sempre souberam: “que a Terra é a nossa Mãe, que nos tempos antigos os seres humanos veneravam e oravam para uma Criadora, que abria os portais da vida e da morte, cujos templos eram a própria Natureza, que somos todos irmãos por sermos seus filhos, interligados por fazermos parte da teia cósmica e telúrica da Sua Criação”.

Mirella Faur, escritora e pesquisadora, dirigente de grupos de mulheres dedicados ao estudo e práticas do Sagrado Feminino
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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:36

Quanto ao significado esotérico de Muyrakitã, devemos decompor seu nome em vocábulos, para compreender sua simbologia feminina: Mura = mar, água, Yara – senhora, deusa, Kitã = flor. Podemos então interpretá-lo como “A deusa que floriu das águas” ou “A Senhora que nasceu do mar”. Esta divindade aquática, considerada a filha de Yacy era reverenciada pelas mulheres que usavam uns amuletos mágicos chamados ita-obymbaé, confeccionados com argila verde, colhida nas noites de Lua Cheia no fundo do lago sagrado Yacy-Uaruá (“Espelho da Lua”), morada de Muyrakitã. Estes preciosos amuletos só podiam ser preparados pelas ikanyabas ou cunhãtay, moças virgens escolhidas desde a infância como sacerdotisas do culto de Muyrakitã, vetado, portanto, aos homens. Nas noites de Lua Cheia as cunhãtay devidamente preparadas esperavam que Yacy espalhasse sua luz sobre a superfície do lago e então mergulhavam a procura da argila verde. A preparação das virgens incluía jejum, cânticos e sons especiais (para invocar os poderes magnéticos da Lua), além da mastigação de folhas de jurema, uma árvore sagrada que contém um tipo de narcótico que facilitava as visões. Enquanto as cunhãs mergulhavam, as outras mulheres ficavam nas margens do lago entoando cânticos rítmicos ao som dos maracás (chocalhos). Depois de “recebida” a argila das mãos da própria Muyrakitã, ela era modelada em discos com formato de animais, deixando um pequeno orifício no centro. Então todas as mulheres realizavam encantamentos mágicos, invocando as bênçãos de Muyrakitã e Yacy sobre os amuletos, até que Guaracy, o Sol, nascia, solidificando a argila com seus raios.

Estes amuletos, que ficaram conhecidos com o nome de muiraquitã, tinham cor verde, azul, ou cor de azeitona, e eram usados como pendentes no pescoço ou na orelha esquerda das mulheres. Acreditava-se que eles conferiam proteção material e espiritual, e que podiam ser utilizados para prever o futuro, em certas noites de Lua Cheia, depois de submersos na água do mesmo lago e colocados na testa das cunhãs.
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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:37

Muiraquitã

Eu lembro da Muiraquitã graças ao livro Macunaíma. Era um amuleto de boa sorte, uma pedra verde em forma de sapinho, muito preciosa para nosso herói Macunaíma.
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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:38

Lenda do Açaí

Há muito tempo, quando ainda não existia a cidade de Belém, vivia neste local uma numerosa tribo indígena. Nesta época os alimentos eram escassos e por este motivo o cacique tomou uma decisão muito cruel: resolveu que todas as crianças que nascessem a partir daquela data, seriam necessariamente sacrificadas, uma vez que não haveria alimento suficiente para todos. Entretanto, IAÇA, filha do cacique, acidentalmente deu a luz a um lindo menino o qual não foi poupado da cruel decisão de seu avô. A índia chorava todas as noites com saudade de seu filho, até que em uma noite de lua cheia, o choro de uma criança a atraiu ao pé de uma esbelta palmeira. Lá seu filho a esperava de braços abertos. Radiante de alegria, IAÇA correu para abaçá-lo, mas quando o fez fortemente, a criança misteriosamente desapareceu! No dia seguinte, a índia foi encontrada morta, abraçada ao tronco de uma palmeira. Seu rosto ainda trazia um suave sorriso de felicidade e seus olhos negros fitavam o alto da palmeira que estava carregada de frutinhos escuros. Então, o cacique mandou que apanhassem os frutos e percebeu que dele poderia se extrair um suco violáceo quando amassado, que passou a ser o principal fonte de alimento daquela tribo. este achado fez com que o cacique suspendesse os sacrifícios e as crianças voltaram a nascer livremente, pois a alimentação não era mais problema naquela tribo. Em agradecimento a TUPÃ e em homenagem a sua filha, o cacique deu o nome de AÇAÍ aos futinhos encontrados na palmeira, que é justamente o nome de IAÇA invertido.
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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:40

Boto

É, certamente, o animal amazônico de maior presença folclórica. Seduz as moças ribeirinhas descuidadas. É, assim, o pai de todos os filhos "de origem desconhecida". Sobre ele narra-se o seguinte: "Nas primeiras horas da noite transforma-se em um belo rapaz, alto, branco, forte, grande dançarino e bebedor, e aparece nos bailes, namora, conversa, freqüenta reuniões e comparece fielmente aos encontros femininos. Antes da madrugada pula para a água e volta a ser o boto". Falou-se ainda: "A sorte dos peixes foi confiada ao Uauiará. O animal em que ele se transforma é o boto." O Uauiará é legítimo filho da selva e tão conquistador quanto o Boto. Conta-se uma história incomum sobre o Boto: "Dois pescadores, de vigia, sacuriram três arpões de inajá (N. do Webmaster: inajá, espécie de palmeira) num vulto de homem que frequentava certa casa na margem do rio. O homem fugiu e deitou-se à água. No outro dia boiava um grande Boto com três arpões de inajá fincados no dorso".
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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:47

Conta a lenda que durante um confronto entre DUAS tribos indígenas (sendo uma delas a dos índios Caetés, os mesmos antropofágicos que devoraram o Frei SARDINHA) houve a prisão de um Grande guerreiro e único sobrevivente de sua tribo.
Tão admirável que os Caetés não tiveram a coragem de devorar (mesmo acreditando que quando comessem seus membros iriam adquirir suas habilidades, como a lenda do Wendigo americano) e resolveram deixá-lo vivo, pois poderia ser bastante útil.

Mas só que o Índio Guerreiro se apaixonou pela filha do Pajé Caeté, sendo este sentimento reciproco, os apaixonados fugiram...

Correndo pelo dia e se amando à noite.

No entanto, a jovem índia não era tão forte para continuar, pelo contrário, ela era muito delicada e já não tinha forças p/ seguir em frente.

Seu amado percebendo tamanha situação, olhou p/ Céu e do seu íntimo
surgiu o desejo de poder seu uma árvore que pudesse dar frutos p/ matar a fome de seu amor água doce para saciar sua sede e que produzisse óleo p/ untar os pés do seu bem querer.

E o dEUS indígena atendendo tal desejo, transformou o índio em coqueiro. Contudo o coqueiro era alto demais pra que a pobre índia pudesse alcançar os seus frutos...

Então o coqueiro, enfrentando algumas leis, se curvou perante ela!

Mas já era tarde, de tão fraca sua amada começou a flutuar, onde seus pés já não se encontrava mais na areia da praia... levitando em direção aos Céus.

Mas o coqueiro não desistiu e mais uma vez enfrentou as leis da Natureza, se erguendo... tentando alcançar sua amada.
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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:47

Cuca

É, certamente, o mais difundido mito do ciclo do medo infantil. Não tem características físicas definidas (apesar de Monteiro Lobato, grande escritor Brasileiro, imaginá-lo como sendo um grande jacaré verde com as costas coloridas em vários tons e com uma cabeleira branca enorme que lhe cai até próximo do início da longa cauda). Sabe-se que leva os infantes insones para um sítio distante e misterioso onde deverão ser devorados ou fazer parte em alguma magia qualquer.
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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:49

YARA - A RAINHA DAS ÁGUAS

Yara, a jovem Tupi, era a mais formosa mulher das tribos que habitavam ao longo do Rio Amazonas. Muito atraente, com longos e negros cabelos, tinha um sorriso meigo e sensual. Mantinha-se, entretanto, indiferente aos muitos admiradores, preferindo ser livre. Caminhava pela floresta e pelas areias brancas dos rios, envolvendo-se constantemente em suas águas claras. Por sua doçura, todos os animais e as plantas a amavam. Numa tarde de verão, mesmo após o sol se pôr, Yara permanecia no banho, quando foi surpreendida por um grupo de homens estranhos. Tinha longas barbas, usavam roupas pesadas, botas e chapéus. Falavam uma língua desconhecida e pareciam muito agressivos. Sem condições de fugir, a jovem foi agarrada e amordaçada, não podendo se livrar daquelas mãos que tocavam todo o seu corpo. Acabou por desmaiar, sendo mesmo assim violentada e atirada ao rio. O espírito das águas transformou o corpo de Yara num ser duplo. Continuaria humana da cintura para cima, tomando-se peixe no restante. Assim permaneceria bela, podendo ao mesmo tempo viver eternamente no rio. Yara passou a entender os pássaros e a conversar com eles e com os peixes, como uma sereia, cujo canto atrai os homens de maneira irresistível. Ao verem a linda criatura, aproximam-se dela, que os abraça e os arrasta às profundezas, de onde nunca mais voltarão.
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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:49

A notar pelo "Y" inicial do nome da protagonista, sua origem provavelmente não é natural indígena, como Iara (apelidada por nós de Mãe-D'água).
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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:50

Mito Kaiapó

Um breve relato kaiapó, retirado de SILVA, Waldemar de Andrade e, (org). Lendas e mitos dos índios brasileiros. Apresentação de W. Andrade e Silva; Introdução de Joya Eliezer; Prefácio de Orlando
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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:51

Mundo Novo

A nação indígena dos Kaiapós habitava uma região onde não havia o Sol e nem a Lua, tampouco rios ou florestas, ou mesmo o azul do céu. Alimentavam-se apenas de alguns animais e mandioca, pois não conheciam peixes, pássaros ou frutas.
Certo dia, estando um índio a perseguir um tatu-canastra, acabou por distanciar-se de sua aldeia. Inacreditavelmente, à medida que o índio se afastava, sua caça crescia cada vez mais.
Já próximo de alcançá-la, o tatu rapidamente cavou a terra, desaparecendo dentro dela. Sendo uma cova imensa, o indígena resolveu seguir o animal, ficando surpreso ao perceber que, ao final da escuridão, brilhava uma faixa de luz. Chegando até ela, maravilhado, viu que lá existia um outro mundo, com um céu muito azul e o sol a iluminar e a aquecer as criaturas; na água, muitos peixes coloridos e tartarugas. Nos lindos campos floridos, destacavam-se as frágeis borboletas; florestas exuberantes abrigavam belíssimos animais e insetos exóticos, contendo ainda diversas árvores carregadas de frutos. Os pássaros embelezavam o espaço com suas lindas plumagens.
Deslumbrado, o índio ficou a admirar aquele paraíso, até o cair da noite. Entristecido ao acompanhar o pôr-do-sol, pensou em retornar, mas já estava escuro...Novamente surge à sua frente outro cenário maravilhoso: uma enorme Lua nasce detrás das montanhas, clareando com sua luz de prata toda a natureza. Acima dela, multidões de estrelas faziam o céu brilhar. Quanta beleza! E assim permaneceu, até que a Lua se foi, surgindo novamente o Sol.
Muito emocionado, o índio voltou à tribo e relatou as maravilhas que viera a conhecer. O grande pajé Kaiapó, diante do entusiasmo de seu povo, consentiu que todos seguissem um outro tatu, descendo um a um pela sua cova através da imensa corda, até o paraíso terrestre. Lá seria o magnífico Mundo Novo, onde todos viveriam felizes.
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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:52

Tupã

Mito ameríndio, do grupo tupi-guarani. Os tupis o considerava personagem ligado aos trovões, às tempestades, às chamas e aos raios, que lhe eram atribuídos e, igualmente, ao ciclo dos heróis civilizadores, pois era crença de que havia ensinado aos índios os primeiros rudimentos da agricultura. Na mitologia tupi-guarani, entretanto, Tupã era um personagem de segunda ordem. Os catecúmenos (N. do autor: Catecúmenos, aqueles que se preparam para receber o batismo; cristão novos) é que, já no período da colonização, principiaram a valorizá-lo como entidade idêntica a Deus. É indispensável, pois, distinguir o mito ameríndio, onde Tupã é apenas um demônio que provoca chuvas, raios e tempestades, tendo uma missão civilizadora entre os homens, e o mito sincrético de Tupã-Deus.
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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:55

Tupã pra os guaranis hoje é um guardião, ele guarda o reino de Nhanderu Tenondé (Deus Primeiro), e existem outros dentro dessa hierarquia, como Nhamandu, Karaí, Jakairá.
Tupã é uma espécie de mensageiro, um contato mais próximo com os nhandevas, ele leva a oração quando toca a terra, na forma de trovão, uma de suas formas.
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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:57

El Dorado

Aí vai então o relato da cerimônia de entronização do monarca chibcha. Entronização essa que deu origem ao mito de ELDORADO.
Retirado de:
(GALINDO, Mauricio Caballero; GARCÍA, Carlos Augusto López, VALENCIA, Jorge Cuellar. Mitos y Leyendas de Colombia: Tradición Oral y Campesina. Bogotá: Círculo de Lectores/Intermedio Edi tores, 2003.
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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:57

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“Dijo de cierto rey, que, sin vestido, en balsa iba por una piscina a hacer oblación según él vido, ungido todo bien de trementina y encima gran cuantidad de oro molido, desde los bajos pies hasta la frente, como el rayo del sol resplandecente…
Y afirmando ser cosas fidedignas: los soldados alegres y contentos entonces El Dorado le pusieron por infinitas vías derramado”
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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:57

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Muitos anos antes da conquista espanhola, os MUÍSCAS, habitantes da savana de Bacatá (Bogotá)possuíam uma série de santuários em pontos estratégicos desse rico e fértil território do centro da Colômbia, o mais importante dos quais era Guatavita, berço dos primeiros monarcas que governaram com sabedoria até a usurpação de Bacatá em 1470.
Em uma bela lagoa, que ainda existe, os indígenas realizavam uma cerimônia singular, arraigada em sua cultura desde os tempos em que a princesa de Guatavita se instalou como rainha das profundezas: o ritual de entronização do príncipe herdeiro, que começava em uma cova secreta e terminava nas águas da lagoa sagrada.
Quem havia de herdar o cargo de cacique devia passar seis anos em uma cova especial. Não podia comer determinados alimentos, ter contatos com mulheres e nem ver a luz do Sol. Suas únicas saídas aconteciam à noite, pois as rigorosas normas o permitiam sair para ver a Lua e as estrelas com a condição de voltar antes do amanhecer. Passado os seis anos, o herdeiro recebia a posse do cargo.
A primeira cerimônia que o eleito devia realizar como cacique acontecia na lagoa sagrada de Guatavita. Para esta solene ocasião se construía uma balsa de juncos que era adornada ricamente e sobre a qual se colocavam quatro tochas e deliciosos perfumes. O povo, vestido de seus melhores trajes e portando seus mais belos adornos de ouro, ocupavam a orla da lagoa. Quando na balsa se acendiam as tochas, os assistentes da cerimônia, na orla, acendiam fogueiras.
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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:58

...
O herdeiro era despojado de suas vestimentas, coberto com lodo pegajoso e, coberto por ouro em pó, era conduzido
à balsa. A seus pés se depositavam esmeraldas e grandes quantidades de objetos de ouro, para que fossem ofertadas à deusa das águas. Também subiam à balsa quatro caciques, igualmente despidos, adornados de ouro e com suas respectivas oferendas. Então a balsa partia para o centro da lagoa, enquanto em sua orla, os nativos cantavam e tocavam instrumentos musicais para acompanhar a travessia. Porém, quando a balsa alcançava o centro da lagoa, tudo se tornava silêncio.
"El índio dorado", como o chamaram os cronistas, lançava à água as esmeraldas e os objetos de ouro, fazendo o mesmo os seus acompanhantes, em meio a uma grande solenidade. Logo depois o cacique se jogava às águas, realizando um banho ritual, do qual regressava à terra firme em meio à festa e sendo reconhecido como cacique.
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Mensagem por Ave de Rapina 4/1/2024, 23:58

...
A cerimônia de entronização do cacique de Guatavita deu origem à lenda do ELDORADO. País ou tesouro que os conquistadores buscaram infrutuosamente durante muitos anos. As primeiras notícias do ELDORADO foram recebidas por Sebastián de Balcazár em Quito, pela boca de um nativo bacatá que por lá se encontrava. Tais notícias motivaram o conquistador e seus homens a tomar o caminho em direção à savana de Bogotá.
Como dizem os cronistas, a voz se estendio ao largo e profundo das Índias, chegando, inclusive, ao próprio reino de Castella. Muitas foram as expedições que se organizaram para encontrar o bem-aventurado ELDORADO. Nicolás de Federman, Ambrósio Alfinger e Gonçalo Jimenes de Quesada, subiram à savana de Bogotá para buscar-lo. Outros acreditavam que o ELDORADO estava ao oriente do país, entre eles Hernán Péres de Quesada. Apesar de seus esforços e das vidas perdidas na busca, tais conquistadores não conseguiram nada diferente de alguns despojos que não se comparavam ao imenso tesouro, esse DORADO inalcançável que a sua imaginação os havia ajudado a construir.
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Mensagem por Ave de Rapina 5/1/2024, 00:00

JURUPARI - Senhor das Leis, é filho virginal de Ceuci. Não podia ser visto por nenhuma mulher; aquela que o visse, morria.
Jurupari-Moisés tapuio:
O Legislador sempre foi austero e puro. Nunca permitiu que qualquer mulher tocasse o seu corpo. Numa dança religiosa, por ele presidida, Paxicarimã, uma bela índia, abraçou-o, sendo transformada em montanha (serra da Pacaraima).
Veja-se a correspondência com Eco rejeitada e transformada em pedra.
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Mensagem por Ave de Rapina 5/1/2024, 00:08

Uirapuru

Uirapuru é um ser mitológico, descrito como homem transformado em pássaro que os índios brasileiros consideram o rei do amor.[1]

A lenda
Diz-se que um jovem guerreiro apaixonou-se pela esposa de um grande cacique e, por não poder aproximar-se dela, pediu a Tupã que o transformasse em um pássaro. Tupã atendeu seu desejo transformando-lhe em um pássaro vermelho-telha que à noite cantava para sua amada.[2]

Entretanto, quem notou fora o cacique que, fascinado, perseguiu o pássaro para prendê-lo, mas o Uirapuru se escondeu nas entranhas da floresta e o cacique por lá se perdeu.

À noite o Uirapuru canta para sua amada, esperando que ela descubra seu canto.

Amuleto
O Uirapuru é considerado um amuleto capaz de proporcionar felicidade no amor, nos negócios e sorte.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Uirapuru_(mito)#:~:text=A%20lenda,noite%20cantava%20para%20sua%20amada.
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Mensagem por Ave de Rapina 5/1/2024, 00:09

A CHEFE NARUNA

Naruna foi eleita governante de sua tribo por ser a mais bonita.

Governava seu povo com a altivez de uma rainha, quando chegaram à aldeia uns estrangeiros de uma tribo dispersa, da qual Jurupari era o chefe.

Naruna, apesar de sua rara beleza, ainda estava solteira, não por opção, mas porque seu coração não havia palpitado mais forte por nenhum guerreiro de sua tribo.

Sendo assim, acolheu os estrangeiros e entre eles, encontrava-se Date, o mais lindo e forte dos estrangeiros que mexeu com suas entranhas de mulher. Escolheu-o então, para ser seu marido.

Date, que também tinha ficado sensibilizado com a beleza e inteligência de Naruna, aceitou-a como esposa.

Marcaram o casamento para a próxima lua. Date temia desgostar à Jurupari, mas estava perdidamente apaixonado por Naruna. Jurupari soube o que se passava pela Mãe do Sono (seu próprio sono). Então partiu com pressa para a aldeia de Naruna, mas só chegou lá no dia do casamento.
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Mensagem por Ave de Rapina 5/1/2024, 00:10

Quando começou a entrega dos presentes, Naruna ficou admirada e ao mesmo tempo fascinada com a imponente presença de Jurupari. Como ainda não estava casada com Date, num impulso pediu-o em casamento. Jurupari recusou e se ofendeu. Naruna, cheia de ódio, mandou que seus guerreiros castigassem Jurupari. Naruna, seus guerreiros e todos os índios adormeceram, ficando como que petrificados com o poder de Jurupari.

Jurupari dirige-se a Date e diz:

-"Toma esta puçanga, governa este povo e submete-o às nossas leis. Quando Naruna acordar não se lembrará que foi chefe." A seguir desaparece na floresta.

Date colocou a puçanga, ordenou a Naruna que acordasse e fosse banhar-se no rio.

Naruna sentiu que havia perdido tudo, mas principalmente o poder de governar e então meteu-se em uma talha de cachiri e acabar de vez com seu sofrimento
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Mensagem por Ave de Rapina 5/1/2024, 00:10

À hora da refeição, Date procurou em vão por Naruna. Colocou a puçanga no nariz e chamou-a. A talha, como se tivesse pernas parou junto dele. Date quebrou a talha e encontrou o corpo de Naruna, morta pelos vapores da fermentação do cachiri. Date enterrou-a e todas as noites ia chorar sobre sua sepultura.

Um dia, encontraram-no morto e ali mesmo foi enterrado junto a Naruna. A tribo pintou-se de urucum e maldisse Jurupari!
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