Mitologia vs Arqueologia

Este tópico serve para ajudar os interessados em saber onde se localizavam (e se localizam hoje) os lugares mencionados na Mitologia Grega.

A intenção é familiarizar os mitos com os lugares atuais, na medida do possível, os nomes atuais dos lugares antigos, das cidades, dos rios, das montanhas, dos reinos, dos mares... Pode se tornar um excelente tópico de pesquisa.

Antes de eu mesmo expor uma lista de lugares mencionados na Mitologia Grega, com seus devidos correspondentes atuais, é importante salientar que as localizações nem todas são precisas, variando de acordo com o historiador que a mencionou no passado. De modo geral, as fontes foram retiradas de enciclopédias, livros de História Antiga, mapas geo-históricos e demais livros da Mitologia Grega.

Um abraço a todos!

Vulcão Etna

Etna ou Teália era uma ninfa da Sicília, filha de Zeus, ou de Úranos e Géa, a Terra. Arbitrou a questão surgida entre Hefaístos e Deméter pela posse da Sicília. Foi mãe dos deuses Palicos, que ela teve do deus Hefaístos. Em sua homenagem, foi dada seu nome ao maior vulcão da ilha, onde Hefaístos passou a ter uma de suas forjas.

Monte Olimpo

Haviam vários montes com esse mesmo nome, na Míssia, na Cilícia, em Creta, na Arcádia, na Élide, em Cipros (Chipre)... Porém, destacamos o Olimpo mais citado da Mitologia Grega: a residência dos deuses.

No início, o governo do mundo era feito através das regiões etérias (na Lua?), regidas por Tártaros, depois por Úranos. Ógigos (Ofíon) preferiu governar do mar. A partir de Cronos, seus palácios divinos passaram a ser localizados na terra dos homens, que muito os estimava. Cronos gostava de passar o tempo em seu palácio no monte Taumásios, onde recebia visita de seres-humanos e favorecê-los. A Titanomaquia se deu em campo aberto, na Tessália; os deuses se posicionaram sobre o Olimpo e os Titãs sobre o Ótris. Como o Olimpo serviu de quartel-general dos vencedores, os deuses construíram ali um palácio para Zeus, enquanto que Hádes mandou construir um para si nas profundezas da Terra (com inúmeras entradas) e Poseidon o seu palácio de Aigai, nas profundezas do mar Egeus.

Pertenceu ao grupo de montanhas chamadas de Hestiaeotis.

O Olimpo, hoje, cujos picos são quase inacessíveis (só os deuses conheciam o caminho para o palácio), equivalem ao monte Ólimbos ou Elymbos Youns, chamado também de Laca ou Eldos.

Montes Cáucasos

Cadeia de montanhas ao sul da Rússia, entre o Ponto Euxinos (mar Negro) e o Hircânio (mar Cáspio), tendo ao sul a Armênia e a Turquia.

Antigamente chamavam-se Nífates, e mais tarde foi chamada de Káukasos pelos gregos e Caucasus ou Alani pelos romanos, pertencendo à cadeia do Tauros. Na Idade Média foi também chamada de montes Iassar, ou Sancti (segundo Ortelius), e hoje chamam-se Kavkaz.

Curiosidade: Cáucasos era um pastor da Cólquida, que costumava apascentar seus rebanhos sobre o monte Bóreas, o mais alto pico dos Nífates. Foi morto por Cronos, durante a Titanomaquia, quando o titã se escondia sob a mãe-Terra para evitar a cólera de seu filho Zeus. Cáucasos foi o delator. Zeus, em sua memória, deu seu nome ao monte que até então chamava-se Bóreas, no grande Nífates.

Foi sobre o monte Bóreas que Prometeus foi acorrentado.

Monte Ossa

Ossa era uma ninfa que se uniu a Poseidon e teve um filho, Síton, futuro rei da Trácia. A ela deu-se o nome de uma montanha da Tessália que futuramente foi habitada pelos Centauros.

Hoje chama-se Ussa ou Ossa.

Monte Pélion

Monte da Tessália famoso por ser o local onde habitava o sábio centauro Quíron, enquanto seus parentes broncos habitavam o monte Ossa.

Diz-se ter sido ali onde se realizou a festa de núpcias de Peleus e Tétis, e entre os convivas estavam, além de amigos e parentes, os deuses, os gênios das florestas, Ninfas e Centauros. E foi durante a festa que Éris, única a não ter sido convidada por ser uma deusa encrenqueira, apresentou às deusas o Pomo da Discórdia.

Hoje é conhecido como Pilíon ou Pílio ou Plessidi ou ainda Mavrovouno, Mavrovouni, Petras ou o nome carinhoso de Pequeno Imittós.

Monte Pírene

Pírene era uma princesa, filha de Bébrix, rei de Narbona, na Gália. Tornou-se amante de Héracles, quando este rumava para o reino do gigante Gérion, a fim de capturar sua manada de bois, mas, no tempo próprio, deu à luz uma serpente. Horrorizada por ter engendrado semelhante monstro, fugiu para as florestas, onde foi despedaçada pelas feras.

Numa outra versão do mito, havia sido morta por Gérion, rei de Erítia e seu pretendente, que ateou fogo no lugar onde ela se escondia. Mais tarde, Héracles haveria de vingar sua morte.

Héracles, de qualquer forma, encontrou-lhe os restos e sepultou-os na montanha vizinha, a que deu o nome: Pírene.

Mais tarde, o nome Pirineus (Pirinéos) passou a designar toda a cadeia de montanhas que separa a Espanha e Andorra da França.

Montes Píndos

Píndos era filho de Macédon, e um dos seus irmãos foi Píeros, pai das famosas Piérides, que ousaram rivalizar com as Musas.

Encontrou, certa vez, numa caçada, uma enorme serpente. O monstro, porém, passou por ele sem o atacar. Grato por isso, Píndos passou a alimentá-la, e acabaram amigos. Tempos depois, quando o jovem foi assassinado pelos três irmãos ciumentos, a serpente matou-os e velou o cadáver de Píndos, até que os pais chegaram e prestaram-lhe as honras fúnebres. Em sua honra, foi dado o nome Píndos a uma cadeia montanhosa que corta o norte da Grécia.

Essa cadeia montanhosa da Tessália é hoje conhecida como Píndho ou Elymbos ou Mezzovo.

Monte Párnassos

Párnassos era filho do deus Posseidon e da ninfa Cleódore, e seu pai mortal foi Cleopompos. Tornou-se o herói epônimo do monte Pàrnassos, consagrado a Apolo, e passou a habitar nas cercanias. Fundou o velho Oráculo de Pito, consagrado a Géa, que foi em seguida ocupado por Apolo. Conhecia a arte de prever o futuro pelo voo dos pássaros.

Tornou-se célebre pelo duelo de Apolo e a serpente Píton, que foi vencida. E, segundo a versão mais conhecida, foi o lugar onde a arca de Deucálion encalhou assim que as águas do Dilúvio baixaram.

A outra parte do monte foi chamada de Lykorea.

Parnaso ou Liákura são os respectivos nomes pelos quais o monte é hoje conhecido.

Montes Taígetos

Os atuais montes Taïýetos (ou Taíghetos ou Pendadhákhtilos ou Magne), originalmente foi chamado de Amyklai, no tempo dos primeiros reis de Esparta, na Lacônia.

Taígetos era filho de Zeus e da plêiade Taígete, e seu irmão chamava-se Lacedémon, que tornou-se rei. Era cunhado de Esparta e tio de Âmiclas e Eurídice. Foi ele mesmo quem deu nome a essa cadeia de montanhas.

Monte Átos

Átos era um dos tantos filhos de Poseidon. Deu seu nome ao monte Átos (Áthôs), entre a Macedônia e a Trácia.

Hoje, chama-se igualmente Áthos, na sua forma grega atual.

Monte Erimantos

Houve um personagem mitológico chamado Erimantos, filho de Apolo, que teria flagrado Afrodite enquanto se banhava. A deusa, irada, tirou-lhe a visão. Segundo uma versão, para vingar o filho, Apolo transformou-se em javali e matou Adônis, o favorito da deusa.

Porém, o personagem do monte foi outro: Erimantos era um filho de Áres, o deus da guerra. Deu seu nome a um rio da Élide, que desembocava no Alfeus. Após sua morte, uma montanha da Arcádia levou seu nome.

O monte tornou-se célebre por ser a morada do javali monstruoso que assolava a região e foi capturado por Héracles.

Hoje chama-se Erímanthos ou Kallifonios ou Olonos.

Montes Himetos

O antigo Hymettós (Himetos) hoje chama-se Imittós ou Telo vuni ou Trelo-vuni.

Monte Oeta

Hoje, Katavothra, na Tessália.

Conhecido pelos romanos pelos nomes de Oeta ou Oeloeus, foi nas encostas desse monte que se deu o trágico desfecho de Héracles, quando ele pretendia sacrificar a Zeus. Ao vestir a túnica embebida com o sangue e o elixir mortal de Nessos, sentiu queimar sua pele, e dores terríveis tomaram conta do semideus. Ele, enlouquecido pela dor, subiu o monte Oeta e atingiu o Rodúncia, o cume do monte, próximo da nascente do rio Oliras, onde ele mesmo preparou sua própria pira funerária; ateou fogo e deitou-se nela para morrer, mas os deuses foram buscá-lo e levá-lo para tornar-se um deus no Olimpo.

Monte Cilene

O Kylléne dos gregos, o Cyllene dos romanos, hoje chama-se Killíni ou Zyria, na Arcádia.

Cilene era uma ninfa árcade; foi mãe do famoso rei Licáon, que teve de Pelasgos, filho de Zeus. Cuidou de Hermes recém-nascido. Deu seu nome ao monte Cilene, onde Hermes nasceu e foi criado.

Monte Licábetos

O Lykabettós antigo é hoje o Likavittós.

Monte Citéron

Conhecido pelos gregos como Kytheros ou Kithairón ou Eláteia, foi originalmente chamado de Astérion.

Citéron era rei de Platéia, na Beócia. Foi o predecessor de Ásopos no trono da cidade. Aconselhou Zeus a reconciliar-se com Héra, pois haviam brigado. Por isso, em recompensa, o rei do Olimpo deu seu nome aos montes vizinhos de PLatéia, então chamados de Astérion, que separavam a Beócia de Mégara e Ática.

Diz-se que Citéron matou o próprio pai e atirou o irmão Hélicon do alto de um rochedo, pois era violento e brutal, apesar de muito formoso, por isso foi amado pela erínis Tisífone. Ele, temendo-a, não correspondeu, e Tisífone transformou um fio de seus cabelos em serpente, que picou-o e o matou. Ironicamente, as Erínias passaram a habitar o Citéron.

Os romanos chamaram-no de Cytherus ou Citheron, e mais tarde Parnes ou Parnethis, nomes equivalentes ao grego Párnês e Párnêthos.

Monte Pentélicon

O Pentelikón ou Pentelikós dos gregos foi inicialmente chamado de Brilessos.

Hoje é conhecido por Pendelikón ou Penteli ou Mendeli.

Monte Íthome

Conhecido hoje pelo nome de Vourkáno ou Vurkano, na Messênia.

Ítome era uma ninfa. Companheira da ninfa Neda, costumavam banhar-se na fonte Clepsidra, perto de Ítome (Messena). Existia nessa região um santuário de Zeus Itomas, que revelava Oráculos, e onde se usava nos ritos a água da fonte Clepsidra.

Monte Liceus

O Lykaíos ou Olýmpos, dos árcades, hoje equivale ao monte Draforti ou Liceo.

Monte Hélicon

Hélicon tinha um irmão chamado Citéron, rei de Platéia. Era amável e delicado, ao contrário de seu irmão. Citéron matou o pai e atirou o Hélicon do alto de um rochedo. E uma montanha vizinha tomou o seu nome, e nela passaram a habitar as Musas.

Foi nesse monte que se deu a disputa musical entre as Musas e as Piérides, as nove filhas de Píeros. E foi com um coice de Pégasos que fez surgir sobre o monte a fonte de Hipocrene.

Hoje o maciço chama-se Elikón ou Elikónas ou ainda Paleo-Vuno.

Rio-Oceano

Como os gregos de épocas mais remotas desconheciam a imensidão dos mares que rodeavam o seu antigo mundo, acreditavam eles que a Terra (Géa), abrangendo a Europa, Ásia e África, era protegida por um cinturão aquático chamado Rio-Oceano, originalmente formado pela existência de uma divindade primordial chamada de Ógigos, ou Ofíon (a serpente), considerado o primeiro dos Titãs, confundido erroneamente com Océanos. Portanto, na concepção desse povo, a Terra era circular, protegida por uma gigantesca cúpula chamada de firmamento (o céu), que tendo ruído durante a Titanomaquia, Átlas foi condenado a ser o seu sustentador para todo o sempre.

Océanos, o único entre os Titãs a não rebelar-se contra o Olimpo, recebeu de Zeus a soberania do reino marítimo outrora pertencente a Ógigos.

Hoje, nós, conhecedores da imensidão do planeta, temos a consciência de que esse cinturão deveria equivaler a todos os mares que circundam o Velho Mundo: o Atlântico, o mar Ártico, o mar Antártico, o Índico e o Pacífico. Os fenícios, os vikings e outros povos que teriam imigrado para o continente Americano, descobriram que havia muito mais além das Colunas de Hércules e do Cinturão Oceânico, teoria defendida por Cristóvão Colombo.

Fonte de Hipocrene

Chamada de Hippou Krênê, pelos antigos gregos, hoje é chamada de Kryopegadi, a "fonte fria".

Origem: Píeros era filho de Macédon, e tinha três irmãos. Havia-se tornado rei de uma região a que denominou Piéria, na parte sul da Macedônia. Ali, casou-se com Antíope (ou Evipe) e teve nove filhas, que se chamaram Piérides, e, apesar de terem nomes próprios, resolveu apelidá-las com os nomes das nove Musas. Até aí, nada que pudesse ter ofendido às deusas do Hélicon. Mas as moças ousaram desafiar as Musas num concurso artístico. E, vencidas, foram transformadas em pêgas. No grande concurso de canto, entre as Piérides e as Musas, o monte Hélicon se envaideceu e se enfunou tanto de prazer, que ameaçou atingir o Céu. Poseidon, então, ordenou a Pégasos que desse uma patada no monte, a fim de que ele voltasse às dimensões normais e guardasse seus limites. Hélicon obedeceu, mas, no local atingido por Pègasos, brotou uma fonte, Hipocrene, a “fonte do cavalo”.

Rio Aqueronte

O Akhéron dos gregos era conhecido como Acheron ou Gurla pelos romanos. Hoje é chamado de Akhéron, Phanariotikos, Fanariotikos, Mavro-pótamo ou ainda Verlichi. Este ficava na antiga região de Tesprótia, no Épiro.

Porém, o mais famoso, o rio infernal citado na Mitologia Grega, está hoje localizado na Lacônia e chama-se Makro-pótamo.

Aqueronte foi um dos filhos de Hiperíon e Géa. Havia sido transformado em rio e lançado nos Infernos por ter dado água aos Titãs, inimigos de Zeus, tornando-se, no subterrâneo, um afluente do Estige.

Como um deus-rio, teve de sua filha Orfne um filho chamado Ascálafos, que passou a servir Hádes.

Suas águas corriam pela Lacedemônia (Lacônia) e desapareciam nos arredores do cabo Averno, que dava acesso aos Infernos através de uma caverna. Chamado de "Rio das Dores", nele atravessavam as almas para chegarem ao Mundo dos Mortos, conduzidos pelo barqueiro Caronte. Suas margens eram entrelaçadas de caniços e outras plantas dos pântanos. Era pesado, lodoso, amargo e borbulhante (possivelmente vulcânico).

Rio Cocitos

O Kôkytos, "Rio dos Gemidos", era um afluente do Aqueronte e do Estige, com o qual corria paralelamente. Tinha curso d'água muito frio, gelado aliás, e, segundo uma crença popular, suas águas eram formadas das lágrimas dos maus e dos pecadores. Apresentava uma vegetação de folhagem sombria.

A ninfa Menta era filha do deus-rio Cocitos.

Hoje, equivale ao rio Margariti, no Épiro.