O Diabo na Encruzilhada

Hahahaha relaxa, sei bem os fãs que você se referiu, não são os melhores fãs da banda rs...

Pois é cara, o problema é que quando algo se caracteriza a um certo grupo de pessoas (sejam negros, brancos, asiáticos, ricos, pobres, homens, mulheres etc...). No mínimo causa aquela sensação de "estranhamento" quando não pertencentes ao grupo tentam e/ou se socializam... E isso é uma coisa que devemos cada um tentar diminuir, porque mesmo dizendo "Ah só estranhei" daí para o preconceito é um passo...

Realmente, a melhor forma é não dar ouvidos a quem tem a mente fechada, principalmente em um mundo globalizado de hoje em dia, mas acredito que ainda vamos ver as pessoas mais unidas...

E as vertentes do Rock n' Roll sempre gritaram liberdade, sempre foi e será o estilo musical que consegue transmitir toda a rebeldia e características de uma sociedade, uma ideologia, uma juventude... Pelo menos é a minha opinião...

Gostaria de fazer a defesa do Sam Phillips da Sun Records, a quem admiro muito.

Nos primeiros posts dessa discussão sobre racismo na música ele foi descrito como um mercenário que explorava os negros por dinheiro.

É mentira.

Ele foi talvez o cara que mais deu força aos negros e responsável direto pela sobrevivência de grandes nomes que conhecemos hoje como B.B. King, Muddy Waters, Howling Wolf e tantos outros...

Assista "The road to Memphis" do Scorcese e preste atenção nos depoimentos emocionados de Ike Turner e companhia quando falam do Sam.

Lembrando ainda que ele mesmo "Sam" foi vítima implacável do preconceito por produzir e divulgar a música negra.

É para mim um dos "heróis" da música do século 20.

Olha velho, não sei se foi força exatamente que ele deu. Ninguém é inocente, com o coração purinho, quando se fala de negócios, pois quem era assim naquela época não sobrevivia. O cara era um empresário, e viu que aquela música vendia. Agora, não foi porque ele vendia música negra que ele adquiriu a má fama nos negócios.

Vou dar uma olhada nesse documentário porque confesso que estou por fora, e seria uma boa mesmo pra não falar nenhuma asneira, mas falei aquilo baseado em testemunho dos próprios músicos negros. Soa estranho, mesmo pra mim, o Ike Turner ficar com os olhos cheios de água pras câmeras.

Mas da mesma forma, essa discussão se desvirtuou pra caramba. Falei aqueles lances como exemplo, não pra levantar uma discussão sem fim em cima de um tópico sobre Robert Johnson (não que a informação não seja válida, muito pelo contrário). Não comecei isso querendo mostrar que sei mais que ninguém haha, queria era ver as opiniões em torno do assunto, como prática, o que pode ser feito e tal. Não vi nada disso ainda.

Não fui eu que defini o rótulo Música Negra, Soul Music, Black Music.
Não vejo mal em usar esses termos e tal. Acho que quando se lida com a história da música temos que ser imparciais, e temos também que entender que aquela música tem um berço cultural. Rock'n'Roll ser considerado música negra não é desmerecer o esforço conjunto de negros, judeus, árabes, italianos etc. Mas foram mãos negras que moldaram seus primeiros acordes, afirmar isso é uma afronta a quem é racista dentro do Rock.

Foi por isso que o Rock foi perseguido no início de sua história, era música negra que falava a linguagem dos jovens, era um tapa na cara de quem fosse racista, de quem definisse segregação racial como uma maneira aceitável de ser "politicamente correto".

Hoje em dia Rock infelizmente não transmite mais rebeldia, só na cena underground. E geralmente, a resposta é bem rápida, vinda de quem não curte que lhe apontem o dedo pra isso: "Não existe mais contra-cultura". Mas entendo o que quer dizer, só que isso foi em outros tempos e tal.

Não dá pra ser imparcial também, queria pensar que sempre foi um veículo da liberdade, mas foi dentro do próprio Rock que despertaram novamente os monstros do Fascismo, Nazismo, Racismo e Preconceito como a nova moda de ser radical, até o Eric Clapton teve envolvimento com o National Front em tempos em que não era tão feioso fazer isso, como você ''kbr'' mesmo falou.

Não enxergo tanta sinceridade também no envolvimento com política na contra-cultura, em determinadas épocas da história do Rock, quando o que mais se queria fazer era radicalizar pra ser cool, e não abordar o assunto de forma séria, madura. Antigamente extrema esquerda, hoje extrema direita, pra quem quer causar.
Tenho minhas visões políticas e tal e não acho necessário expôr elas, só que poxa, maluco defender escravidão, pureza racial, preconceito pra ser cool, já é demais pro meu estõmago.

Vamos voltar ao assunto agora falando um pouquinho sobre Eddie James House Junior, ou apenas, Son House, um dos maiores gênios do Blues. Para quem não sabe ou não conhece a história, é a seguinte: um dia após um show eletrizante, Robert Johnson tenta mostrar a Son House suas habilidades como Bluesman, mas foi prontamente impedido por Son. Depois deste dia Robert Johnson ficou decepcionado e sumiu por algum tempo, porém retornou com várias músicas prontas. Aí tem início a lenda que se espalhou pelo Mississipi de que Robert Johnson teria feito um pacto com o diabo para tocar o Blues como tocava.

O blues entrou na minha vida quando eu assisti pela primeira vez o filme ''A encruzilhada'', e a partir daí me interressei por caras como Robert Johnson, Skip James e Son House...

O blues contém todos os sentimentos básicos do ser humano: sofrimento, ódio, amor, felicidade, medo, coragem... tudo! Sentimentos complexos contados em histórias simples. Por isso o blues é tão grandioso.
''O blues é a raiz. Todos os outros são os frutos...'' (Willie Dixon)

Amigos, o velho Robert foi um senhor mestre, ouço seus blues e viajo pra outra dimensão... o blues de Robert Johnson me transporta pro delta, pros estaleiros, e para os campos de algodão... a música dele é mais que nostalgia, ritmo; é spiritual...

Hey caras, pra quem tiver a fim de tocar um blues raiz no seu velho violão, a afinação "G aberto" é a melhor pra se tocar com slide... uma banda que usa muito essa afinação é o Black Crowes... vocês devem curtir também...

Afinações abertas?

Sim... no delta blues essas afinações prevalecem devido a dar um som mais "cheio" por serem mais simples de combinar acordes e riffs... além do slide soar muito melhor e em acordes também...

Vai mais umas aí para a galera:

Open E

E ---- Grossa
B
E
G#
B
E


Open A

E
A
E
A
C#
E

Obs : coloquem um capo na segunda casa quando o violão está em open G

Open D

D
A
D
F#
A
D

Aí está galera, essas mais a G são as mais bluseiras delas... lembrando que afinar em open A estica muito as cordas... é legal estar com cordas mais grossas ou ao menos novas, por isso usar o capo é legal...

Masses Crusher escreveu:

Cachorrão escreveu:

Tom Severo escreveu:
Sobre o pacto, eu ouvi falar que quem espalhou a história foi o Son House na década de 60.

Porque ele tocava mal pra cacete, depois de pouco tempo voltou arrebentando e, literalmente, a galera comentou.

No DVD do Clapton tocando Jonhson ele explica como é difícil reproduzir o que o Johnson toca, e olha que o deus (Clapton is god) tá falando isso! haha...

Adoro a versão dele de Terraplane Blues com o Doyle Bramhall II (que slide cara, que slide) e de Kindhearted Woman... Clapton mandou muito.

No final de 2004, Clapton lançou um projeto colaborativo chamado Sessions For Robert J em CD/DVD. O projeto tem Clapton e sua banda tocando uma leva de músicas de seu disco Me and Mr. Johnson, assim como outras que não estão no álbum. Várias músicas são executadas em dueto com Clapton na guitarra acústica e Doyle Bramhall II, no violão de cordas de aço e dobro. Entre as sessões, Clapton discute sobre a profunda influência de Johnson sobre ele e outros músicos. Um segmento com notáveis características, desempenhado por Clapton no edifício 508 Park Avenue em Dallas, Texas, que serviu como estúdio improvisado em 1937 por Johnson para gravar suas lendárias gravações.

Alguém já viu o filme STOP BREAKING DOWN, de um diretor chamado Glenn Marzano? É de 1999. Conta a historia de Robert Johnson.

''O blues é a raiz. Todos os outros são os frutos'' (Willie Dixon)

''O Blues tem sido a maior influência da música popular ocidental e americana, com expressão no ragtime, jazz, big bands, rhythm and blues, soul, rock and roll, country, reggae, rap, como também na música pop convencional e até na música clássica moderna.''

''Robert Johnson nunca foi famoso em vida. Morto em 1938, ficou ignorado até os anos 1960, quando de repente se tornou um verdadeiro Deus para roqueiros como Eric Clapton e os Rolling Stones, que, com muita reverência, gravaram algumas de suas canções. É difícil entender como um músico modesto de raízes rurais conseguiu transcender sua condição e criar uma obra tão sofisticada, urbana e duradoura...''

Gostei muito da exposição dos colegas sobre o Delta Blues, mas poderíamos também discursar sobre as transformações ocorridas no Blues de 8, 12 e 16 compassos ao longo do tempo.

Exemplificando, temos:

- O Blues no Be Bop (Charlie Parker)
- O Blues Roots (Robert Johnson, John Lee Hooker)
- O Blues de Chicago (Muddy Waters, Willie Dixon)
- O Blues no Hard Bop (Miles Davis, John Coltrane)
- O Blues no Avant Gard (Joe Henderson)
- O Blues no Fusion (Mike Stern)
- O Blues na era do Swing (Duke Ellington)

O Blues nos anos 40:

Vamos imaginar uma Chicago dominada por Mafiosos, drogas e prostitutas. Essa era atmosfera perfeita para o desenvolvimento do famoso Blues de Chicago.
Nomes como B. B. King, Muddy Waters, Albert King surgiram no cenário da música popular, influenciados pelo blues de Robert Johnson, grande nome do estilo nos anos 20.

Na hora certa, no lugar certo:

B. B. King era tratorista em uma fazenda de algodão no delta do Mississipi, e estava no ápice de sua carreira como operário do algodão.
Em um dia de má sorte, ao dirigir-se à garagem para guardar o trator da fazenda, perde o controle, derruba o galpão e destrói o trator. Desesperado, foge para Chicago sem dar explicações.
Ao chegar em Chicago, procura seu primo, um músico de blues conhecido na cena musical da cidade. Encontrando seu primo, percebe que não é bem vindo em sua casa. Sem ter onde ficar, perambulando nas ruas de Chicago, bate na porta de uma rádio. O DJ que o atendeu, com cara de surpresa pergunta: ''Você é músico, não é?''. B. B. King, sem pestanejar, responde: ''Claro!''. O DJ continua: ''então você caiu do céu, preciso colocar no ar um comercial de sabão em pó e você fará o jingle dentro de cinco minutos''. B. B. King entrou no estúdio, cantarolou um jingle de improviso e continuou assim todos os dias por quase um ano, até se tornar DJ da mesma rádio e ter um programa só seu dedicado ao Blues.
Com a popularidade como DJ, montou sua banda e aí todos sabemos o que aconteceu. Ele estava ou não na hora certa e no lugar certo?

Faltou citar o Texas Blues.

E seja bem-vindo ao fórum, Joker!

Você citou o grande B. B. King que tinha sua famosa Gibson chamada Lucille.

Agora vou falar sobre outra lenda do Blues, o texano Stevie Ray Vaughan e suas famosas guitarras.

Number One

Essa guitarra está recheada de lendas, como uma que diz que o instrumento foi enterrado junto com SRV. A Number One surgiu da junção de um corpo de Fender Strato 1959 com um braço largo feito de rosewood de uma Strato 1962 e Stevie a adquiriu em 73, trocando-a por sua primeira Strato de 1963. Várias mudanças foram feitas desde lá, mas uma das mais significativas, e o que caracterizou essa guitarra, foi a troca do Pickguard (o escudo da ponte), que originalmente era branco, por um preto com as iniciais SRV gravado. Outra significativa mudança foi a troca dos trastes, que passaram a ser tipo Jumbo, o que deixou o guitarrista mais confortável para produzir seus bends, dando uma maior eficiência devido às cordas pesadas que usava.
Assim como todas as suas guitarras, a Number One era constantemente reformada, devido às performances do guitarrista que tinha a mania de chuta-la, subir em cima de seu corpo, levanta-la e bate-la no chão segurando-a apenas pela alavanca. Durante uma apresentação em um pequeno clube, Stevie a jogou na parede, causando um profunda rachadura no braço, sendo substituído pelo braço da Scotch.

Charley

Feita em 1983 pelo luthier Charley Wirz, amigo íntimo de Stevie. Essa guitarra tinha um adesivo de uma pin-up com a frase ''para Stevie Ray Vaughan, outra vez em 84'' na parte de trás da guitarra. Seus captadores eram três Danelectros Lipstick Tube, que produziam uma sonoridade parecida com a da Number One, só que mais alta, mais limpa e mais fina. Charley entrava em ação quando Stevie executava músicas como Tin Pan Alley, Lifewithout You (que foi escrita como um tributo a Charley) e Couldn’t Stand the Wheater.

Lenny

Guitarra comprada por Byron Barr e por Lenny, esposa de Stevie Ray Vaughan a quem homenageou colocando o seu nome no instrumento de 1963. Originalmente Lenny nasceu com um pequeno braço em rosewood, que acabou sendo substituído por um braço de maple mais grosso dado pelo amigo Billy Gibbons. Lenny tinha uma sonoridade mais doce, suave e brilhante, e foi essa guitarra que marcou a fase mais ''jazz'' de Stevie, quando ele tocava músicas mais calmas como Lenny e Riviera Paradise.

Scotch

Outra Strato de 1963, ela tinha uma cor creme escura (butterscotch), corpo em semi-mogno e braço em rosewood. Guitarra que salvou o braço da Number One. A Scotch acompanhou Stevie em boa parte do final de sua carreira. Conta-se que, nas últimas gravações de Stevie, a Number One já não tinha mais aquela força de antigamente. A solução encontrada foi nomear a Scotch como ''titular'' nas gravações de estúdio. Foi com ela que Stevie gravou as músicas Leave my Girl Alone, Red e Travis Walk.

Putz... SRV era o cara... e eu que pensava que ele só teve aquela NUMBER ONE...

Robert Johnson - Teoria das gravações aceleradas - comparações

Alguém já ouviu falar do suposto erro de gravação que teria feito a velocidade das gravações se acelerarem em 20%?

Confesso que antes nunca tinha ouvido falar desta teoria não...

Mas, o disco que eu tenho, que seria todas gravações existentes dele, algumas músicas tem duas gravações... e eu tava reparando lá, tem a Come on in My Kitchen com velocidade reduzida em 20%, que é exatamente igual a uma das versões do disco e a outra é um pouco mais rápida, só não sei se é a mesma gravação...

Mas muito interessante, pena que não sabia disso antes, podia ter pesquisado mais a fundo... mas se alguem souber de algo, posta aí pra gente.