Ian Fleming

Perfil completo de James Bond

Quem vê James Bond sempre destemido, pronto para se dar bem em qualquer situação, não supõe que ele foi um menino com problemas escolares e que perdeu os pais no início da adolescência. O casal Andrew Bond e Monique Delacroix Bond - ele escocês, ela suíça - tiveram apenas um filho, James, que nasceu na Escócia em uma data incerta entre 16 e 21 de novembro de 1924, portanto signo de escorpião. Andrew Bond trabalhava como representante estrangeiro da indústria britânica de armamentos Vickers e tinha de viajar por vários países, o que permitiu ao pequeno James iniciar os estudos no exterior e aprender com perfeição já nessa época o francês e o alemão. A infância privilegiada do garoto foi brutalmente interrompida aos 11 anos quando perdeu os pais. Eles sofreram um acidente fatal nas montanhas de Chaminix, nos Alpes. O garoto foi, então, morar com a tia Charmian Bond, irmã de seu pai em uma casa de campo em Pett Bottom, perto de Canterbury, na Inglaterra. Nessa fase James frequentou escolas públicas britânicas até ingressar, aos 13 anos, no tradicional Eton College, onde havia sido matriculado desde o nascimento pelo pai. De certa forma a morte nas montanhas evitou a Andrew o constrangimento de ver seu filho único, dois anos depois, ser expulso por ter se envolvido com a criada de um dos colegas. Ao que tudo indica seu afã sedutor começava a se manifestar. No tradicional colégio para rapazes, James mostrou ter sido, o tempo todo, um estudante fraco. Quando pequeno não ia bem na escola, não que não fosse capaz. Ele simplesmente se entediava. Uma alma inquieta, Bond era o tipo de pessoa que não conseguia ficar inativa por muito tempo. Era um homem de ação. Sua carreira em Eton foi insignificante. Passou dois anos lá, sobressaindo-se nas atividades esportivas e ignorando as acadêmicas. Foi pego em uma pequena indiscrição com a criada, por isso foi convidado a deixar a escola, pelo que ficou grato. O lugar não significava nada para ele. Com James longe do Eton, sua tia teve de transferi-lo para o Fettes, antigo colégio de Edimburgo, na Escócia, onde estudava o pai. Um lugar de atmosfera calvinista, que exigia o cumprimento de padrões rigorosos dos seus alunos, tanto do ponto de vista acadêmico quanto esportivo. Ainda jovem, o rapaz aprendeu a jogar golfe, a esquiar e a lutar box e judô. Fora os esportes, ele gostava apenas das aulas de história e dos treinos militares. Neste período, ele demonstrou ter sido mais comportado. Durante um feriado em Paris, na primavera de 1941, James perdeu a virgindade e a carteira na mesma noite. Ao sair do Fettes contou com a ajuda de um amigo do pai da época da Vickers para ingressar no MINISTÉRIO DA DEFESA. James, que tinha 17 anos, precisou mentir sobre sua idade e disse que tinha 19 anos. Após destacadas missões na 2°Guerra Mundial - quando presumivelmente adquiriu sua cicatriz no rosto - e na categoria comandante da Royal Naval Volunteer Reserve, começou a carreira no MI6, o Serviço Secreto Britânico. Aos 26 anos, em 1950, James ganhou o duplo zero, que lhe deu permissão para matar em serviço quando preciso. Três anos depois, foi condecorado com a Ordem de São Miguel e São Jorge, uma recompensa geralmente atribuída em final de carreira, o que revela a dimensão do seu mérito já nesse período. Desde que ingressou no MI6, com pouco mais de vinte anos, James Bond mostrou extraordinária vocação para a vida solitária. As constantes viagens a diversos países nunca o incomodaram. Também não se conhecem amigos íntimos ou se ele tem namoradas - 007, no entanto, foi casado duas vezes. É isso mesmo. O agente secreto teve duas esposas. A 1° foi japonesa Kissy Suzuki, com quem teve de se casar durante um missão, em 1967. O matrimonio arranjado durou pouco e, na missão seguinte, lá se foi o agente para o altar novamente. Dessa vez, o frio e inabalável agente estava apaixonado pela condessa Teresa Tracy de Vicenzo, italiana que conheceu no Estoril. No caminho da lua de mel, porém, ela foi assassinada numa emboscada, preparada pelo líder da Spectro, Ernst Blofeld. Até hoje, o agente mau toca no assunto e, no filme For yours Eyes Only em 1981 há uma cena em que ele visita o túmulo da condessa morta aos vinte e seis anos. A oferta de companhia feminina, contudo, nunca foi problema para Bond. Fisicamente, o agente secreto é um homem que já passou dos 35 anos, mede 1,83, pesa 76kg, seus cabelos são negros e seus olhos azuis. Queixo poderoso e firme, tem uma cicatriz na face direita, uma no ombro esquerdo, assim como a marca de uma operação nas costas. Não é somente por essa descrição que é fácil reconhecê-lo. Além de não usar disfarces, quase sempre se apresenta ao interlocutor dizendo o nome e sobrenome verdadeiro. Outra característica indefectível: Bond está sempre elegante vestindo camisas da Índia ou da Jamaica e gravatas de seda preta. Como qualquer executivo, sua cor preferida é o azul marinho. Usa apenas mocassins, nunca sapatos com cadarços. É mais que por sua forma impecável de se vestir, no entanto, Bond abusa do charme e da Inteligência. Fala fluentemente o inglês, francês, e o alemão. Adora bebidas - martini, vinho tinto e champagne - e dirigir automóveis em alta velocidade. E, é claro adora mulheres. Com tantos atributos ele consegue ser admirado até mesmo pelos inimigos, que quase sempre, tentam em vão, cooptálo. Mas o agente 007 é considerado incorruptível. Em sua carreira no MI6, obteve rapidamente o duplo zero. Bond dá a impressão de ser um funcionário extremamente envolvido com o seu trabalho, mas preferiria não ter de utilizar os apetrechos que recebe a cada missão. Trata-se de um romântico: para ele, as lutas deveriam se resolver apenas no braço ou apenas com arma brancas como facas. Trabalhar muito não é o único vício do agente secreto. Ele come bem e fuma muito, uma média de 60 cigarros por dia. Durante períodos conturbados fuma mais ainda. Seus cigarros preferidos misturam tabaco turco e balcânico e são fabricados para ele pela casa Morlands, da Grovesnor Street. James Bond carrega quase sempre uma cigarreira de aço, capaz de guardar 90 cigarros, e um isqueiro de metal preto. A rotina estressante é aliada a uma dieta tão pouco politicamente correta. Atleta completo, Bond é um exímio atirador, ótimo boxeador e lançador de facas - geralmente carrega uma escondida ao longo do seu antebraço esquerdo - e possui bons conhecimentos de Judô e Esgrima. O agente vive sozinho com sua empregada May, em um pequeno apartamento em Chelsea em Londres. Longe das viagens a trabalho, permanece das 10 às 18 h em seu escritório, num insuspeito prédio em Regents Park, que cedia oficialmente a empresa em que trabalha, a Universal Exports - na verdade, o Serviço Secreto Britânico. É uma forma de combater uma vida solitária, pois não tem parentes vivos. Bond costuma dizer que gostaria de se casar com uma aeromoça, "que vai sempre sorrir e se ocupar de mim, servindo-me pratos quentes e perguntando se preciso de mais alguma coisa". Na falta de uma aeromoça comenta que uma Japonesa serviria, afinal elas tem uma noção bem exata do casamento.

ESSE BREVE "HISTÓRICO" FOI PUBLICADO PELA EDITORA CARAS, NA SUA COLEÇÃO 007.

Peraê

Então James Bond é escocês?? Assim como Sean??

Agora tudo se encaixa...

...agora sei porque George Lazenby (australiano) usa saia em OHMSS.

Sim, o Bond de Ian Fleming, pelo menos, é escocês!

Fleming foi brilhante ao definir a história de seu personagem... é uma aula de profundidade, que se prende pelo detalhismo...

Não sei se foi o John Le Carré ou Tom Clancy, mas um desses dois disse uma vez em um artigo da revista Veja que James Bond tem o perfil de agente duplo, traidor. Ganha pouco e está acostumado a um padrão de vida alto e tem fraqueza por mulheres. Será dor-de-cotovelo pelo sucesso do agente criado por Ian Fleming?

Dizem que Ian Fleming, nos primeiros castings para o personagem, escolheu o ator ROGER MOORE por ser mais parecido ao personagem que criara...

Porém este não pôde aceitar devido a estar trabalhando num projeto (The Saint).

Mas logo conheceu Sean Connery (MISTER Escócia, que antes de ser ator e Mister Escócia, trabalhava em uma fazenda).

Esta história faz muito tempo a encontrei em algum lugar...
Alguém confirma?

Ou pode oferecer mais detalhes?

Quem escolheu o Connery foram os produtores, o Fleming não curtiu muito de início.

Sim, o Roger Moore foi um dos citados pelo Fleming, assim como (se não me engano) o David Niven, o 007 de Cassino Royale dos anos 60.

Quando Dr. No ficou pronto um dos produtores não queria lançar o filme no mercado pois o ator principal (Connery) era estivador.

Sean Connery já era ator bem antes de começar a produção de DN. Tanto que a esposa de Cubby Broccoli que o recomendou para o papel, após ir na estreia de Darby O'Gill and the Little People, musical da Disney de 1959.

Essa do estivador é nova, e deve ser furada...

Exatamente, Moore era um dos favoritos de Fleming, assim como também o inglês David Niven. Ambos eram ingleses e sofisticados e, coincidentemente muito amigos fora das telas.
Porém, Moore não pôde em razão de estar fazendo a série O Santo, que começou no mesmo ano de Dr. No, 1962.

Connery foi escolhido pelos produtores. A descrição do momento é até cômico, pois Connery, árido do jeito que era na época, entrou no escritório e disse aos produtores que eles deveriam aceitar como ele era. Caso contrário, nada feito. De imediato, Broccoli e Saltzman relutaram, mas, um deles observou Connery atravessando a rua e viu os passos longos no andar elástico do escocês e aí pensaram melhor.

Porém, não foi nada fácil, já que Connery teve de ser muito bem lapidado, principalmente pelo mestre Terency Young.

A história do estivador pode não ser verdade, mas é antiga. Um executivo da United Artists teria interrompido uma exibição do filme recém concluído aos brados, dizendo: "Não vou exibir um filme meu com um estivador no papel principal!!!"

Eu sempre li em várias matérias que o preferido de Fleming era o Cary Grant, pois era o que mais se aproximava da visão de Fleming do seu personagem, que tinha o rosto parecido com o do cantor Hoagy Carmichael, mas os produtores não queriam, pois Grant era um astro internacional na época e pediria um cachê muito alto.

Connery teve vários tipos de trabalho antes de ser ator (foi motorista de caminhão) e até enquanto era ator, antes de se firmar na profissão.

Já assisti a vários documentários...

E O QUE VI, ERA QUE IAN FLEMING SEMPRE QUIS ROGER MOORE COMO BOND. Inclusive, foi expressamente contra a escolha de Sean Connery para fazer o papel de James, por achá-lo sem classe e grosseiro para um papel que deveria ser de um homem refinado.

A coisa se resume no seguinte: logo que Broccoli e Saltzman compraram os direitos para fazerem uma série de filmes para o cinema do agente secreto James Bond, o criador do personagem (Ian Fleming) sugeriu uma série de nomes de atores que ele achava ideais para interpretar o agente. E a relação é exatamente esta: Cary Grant, David Niven, James Mason, Rex Harrison, Patrick McGoohan, Richard Burton e Stewart Granger. Todos muito famosos na época. Cary Grant era o primeiro na ordem de preferência de Fleming. Procurado pelos produtores, Grant até aceitou fazer o personagem, contudo ele só faria um filme, pois era muito ocupado com outros projetos. Como a intenção dos lendários produtores era de fazer uma série de filmes, logo o primeiro da lista teve que ser descartado. E exatamente por este motivo, ficou difícil acertar com os outros atores, pois eles já ganhavam uma nota para fazer somente um filme, porque assinariam para fazer uma série de cinco filmes?..., e ainda com um cachê, vamos dizer, curto. Então, como até hoje ocorre, os produtores tiveram que optar por um ator não tão famoso na época. Aí é que entra uma segunda lista de atores com real possibilidade de interpretar o personagem, e já no terreno da especulação (já que os três que poderiam confirmar esta estória já morreram), dizem que desta segunda lista o preferido de Fleming era Roger Moore que, procurado pelos produtores, não pôde aceitar na época, pois estava sob contrato com uma série de TV ''O Santo''. O próprio Moore diz não acreditar que fosse ele o preferido de Ian Fleming, dizendo que ''Fleming deveria querer um ator muito mais famoso que ele para fazer o Bond. Se ele era o preferido, deveria ser da EON''. Agora saindo do universo de especulações, uma coisa é certa e comprovada... O ator que Fleming desaprovava sumariamente para o papel, foi o que acabou sendo contratado. Seu nome: Sean Connery.

Os produtores contrataram Connery mesmo contrariando Fleming, que, dizem, ficou muito aborrecido na época. Questionados pelos executivos, os produtores foram insistentes, dizendo que Connery ''tinha o andar parecido com o de uma pantera''. Parece estranho, mas o argumento dos produtores para convencer os patrocinadores e financiadores foi exatamente este. E estavam certos, pois foi um sucesso enorme. Depois do sucesso, e de bolsos cheios da grana, Fleming fez uma declaração dizendo que estava enganado. Que Sean Connery fora uma boa escolha. Resumidamente, foi isto.

Para aqueles que ainda não sabem, David Niven interpretou Sir James Bond na paródia Casino Royale, de 1967.

O filme eu acho péssimo. Salva-se apenas a trilha sonora de Burt Bacharach.
No elenco também estão Woody Allen, Ursula Andress e Peter Sellers.

O CR de 67 foi apenas uma paródia. Na época os produtores da série oficial ainda não tinham os direitos sobre esse livro de Fleming, daí a liberdade de outros poderem fazê-lo.
Barbara Broccoli inclusive chamou o livro Casino Royale de "Santo Graal" do universo Bond. Só faltava esse.

A intenção não era integrá-lo à série, de forma alguma, nem tem como.    A intenção foi mesmo de aproveitar o embalo do sucesso dos filmes de Bond na época e tentar colher alguns frutos.

E sobre David Niven, sim é um ótimo ator. Ian Fleming o queria em Dr. No, mas Sean Connery sairia mais barato.
Mas CR67 é bem chato mesmo. Um grande elenco pra um péssimo filme.

David Niven era o estereótipo do britânico com classe, mas o Cassino Royale de 67 era só uma paródia. Os produtores não eram os mesmos da série e a ideia era fazer uma comédia para faturar em cima da popularidade que os filmes de Bond tinham na época. Não era para levar a sério.

Alguém já viu o filme "O Calhambeque Mágico" (Chitty Chitty Bang Bang), criado por Ian Fleming? Sabem do que se trata?

Chitty Chitty Bang Bang (O Calhambeque Mágico) é um livro infantil que o Ian Fleming escreveu em 1964 para seu filho Caspar e não tem nada a ver com James Bond. Trata-se da história de Caractacus Potts, um inventor que construiu um carro voador.

A adaptação para o cinema que você citou conta no elenco com Desmond Llewelyn (o Q da franquia de 007), Gert Fröbe (que interpretou o vilão Auric Goldfinger) e Albert Broccoli como produtor.

Pra quem se interessa por mais filmes sobre Ian Fleming que não sejam os de James Bond, indico:

COMANDO DE ELITE (Age of Heroes)

Baseado na história real da formação do 30º Comando, um dos mais respeitados regimentos das forças especiais criado durante a Segunda Guerra Mundial. Após semanas de treinamento intenso, a equipe de Jones é rapidamente designada para a primeira missão: usar um paraquedas e capturar uma tecnologia mortal. Mas assim que eles chegam perto do pouso, a tropa encontra-se no meio de um combate feroz. Em uma batalha sangrenta, com um número bem menor de soldados e perante um inimigo implacável, os soldados logo percebem que é tempo de lutar ou morrer. Um dos oficiais que participou da operação era Ian Fleming, o autor de 007.

https://filmow.com/comando-de-elite-t40040/ficha-tecnica/

Uma vez me disseram que YOLT foi feito no Japão porque o ano era 1967 e os seriados japoneses estavam fazendo sucesso pra caramba, seriados do tipo Ultraman e Ultraseven, e aí os produtores devem ter pensado que as pessoas iam adorar conhecer um pouco mais do Japão num filme de muita ação como o do 007, eu sei que o livro também se passa no Japão, mas o ano certo pra se fazer este filme era este, não acham?

Na verdade, YOLT foi gravado no Japão pois no livro Bond ia para o Japão. A princípio, após Thunderball o filme que seguiria seria On Her Majesty´s Secret Service, porém, devido ao enorme sucesso que o agente britânico tinha no Japão na época de Thuderball (a premiére foi lá, e a música título se chamaria Mr. Kiss Kiss Bang Bang, apelido pelo qual James Bond era conhecido na terra do sol nascente), os produtores decidiram filmar YOLT mesmo. Pelo que sei, esse negócio de Ultraman é novo. hehehe
Espero ter esclarecido
Abraços

O que eu acho interessante nos livros de Ian Fleming é a sua obsessão pelo ouro e pelo número sete.

Em You Only Live Twice (Morte no Japão), por exemplo, James Bond é promovido para o setor de diplomacia do serviço secreto e por causa disso recebe um novo número: 7777.

7777 substituindo agora o 007... Curioso, não?!

Por falar nisso tem até um livro chamado O Código de James Bond, o Mundo Secreto de Ian Fleming e James Bond, de Philip Gardiner - Editora Cultrix.

Achei interessante pois ele trata 007 de uma forma meio que parecida com os romances do Dan Brown.

Alguém já leu esse livro?

Eu li. Achei, com o perdão da mau palavra, mas é a única que cabe, uma grande BOSTA! É muito ruim!

Eu particularmente não me ligo muito nesses lances de numerologia cabalística...