A ''realidade'', uma mera ILUSÃO?
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Re: A ''realidade'', uma mera ILUSÃO?
Gilles Deleuze e David Hume.
Quem leu esta primeira obra de Deleuze: Empirismo e Subjetividade - Ensaio Sobre a Natureza Segundo Hume?
E qual o tópico ou abordagem que te chamou a atenção?
Gárgula- Mensagens : 175
Re: A ''realidade'', uma mera ILUSÃO?
Primeira obra entre aspas, já que foi algo como o anexo da tese do Deleuze, né?
Bem, eu li... E dois aspectos (de certa maneira relacionados) me chamaram a atenção. O primeiro deles foi a maneira como Deleuze lê o conceito de natureza tal como ele aparece em Hume. O segundo foi o tratamento que ele dá à questão do que chama o "mundo da cultura"...
Ivanhoe- Mensagens : 128
Re: A ''realidade'', uma mera ILUSÃO?
Neste livro muito me impressionou uma noção, diria, que Deleuze chama (será que o termo é de Hume?) de "impressão do objeto" na relação do sujeito com o que é visado. Você conhece isso?
Gárgula- Mensagens : 175
Re: A ''realidade'', uma mera ILUSÃO?
Bem, o termo não é de Hume, que distingue as impressões entre de sensação e de reflexão. As primeiras seriam principalmente provenientes dos sentidos e as segundas corresponderiam a paixões e coisas do tipo.
Por melhor que seja o livro de Deleuze (e sim, não tenho como negar que é fantástico), é importante notar que ele às vezes toma algumas liberdades com os termos e que algumas de suas interpretações são algo controversas, ainda que sem dúvida consistentes.
Ivanhoe- Mensagens : 128
Re: A ''realidade'', uma mera ILUSÃO?
As impressões dos sentidos ligadas às sensações e aquelas reflexivas relacionadas às paixões.
Eu uso o termo (ou noção) "impressão de reflexão", que na verdade é a formulação que Deleuze usa, para me referir ao processo cognitivo traçado entre sujeito e objeto.
E faço isso num trecho do capítulo intitulado "O que o Ser pode ser" quanto a como pode haver um exercício de linguagem na formulação da experiência.
Esta formulação poderia ter "seu fundo" nesta "reflexão de impressão". O que me parece ser uma prática empírica, não?
Gárgula- Mensagens : 175
Re: A ''realidade'', uma mera ILUSÃO?
Bem, eu tenderia a concordar, mas, da maneira como leio, não acho que há em Hume uma distinção clara entre sujeito e objeto, já que os objetos existem apenas enquanto percepções e o sujeito é, ele mesmo, apenas um amontoado de percepções. É claro que é possível explicar a ideia do self pela teoria das paixões, mas aí a história é outra...
Mas é claro que isso é palpite meu, no fim das contas, hehe. Além do que, entre os meus palpites e os do Deleuze, eu acho que é mais sensato ficar com os dele, né?
Ivanhoe- Mensagens : 128
Re: A ''realidade'', uma mera ILUSÃO?
Que nada!
Quando conversamos vêm à tona "impressões de reflexões".
E uso este termo com liberdade empírica, se isso quer dizer que se o sujeito é um amontoado de impressões, pode haver em tais feixes de impressões um trabalho para a linguagem sugerir alguma forma, de cultura inclusive.
Desculpe o diletantismo, mas como trabalhei esta noção de "impressão de reflexão" como sendo um "meio" em que a linguagem tem, talvez partidas de elaborações (e isso pensando, particularmente mesmo, em literatura), achei de querer conversar sobre isto.
Ou seja: a "impressão de reflexão" é um vestígio, e sugestão do objeto numa formação de alguma subjetividade...
Gárgula- Mensagens : 175
Re: A ''realidade'', uma mera ILUSÃO?
Pois é... Mas ocorre que, no vocabulário humeano, "impressão de reflexão" é algo que tem um sentido muito preciso. Isso, vale a pena dizer, não é frescura acadêmica: o próprio autor define de maneira muito clara o sentido em que usa essa expressão (no caso, impressões como paixões, sentimentos e, talvez de maneira geral demais, todas aquelas que não são provenientes dos sentidos).
Portanto, essa expressão não é sinônimo do eu como feixe de percepções. Aliás, a construção do eu em Hume tem, por assim dizer, algo como um "complemento", com base na teoria das paixões, que tem sido deixado de lado por muitos comentadores, mas não deixa de ter interesse.
Ivanhoe- Mensagens : 128
Re: A ''realidade'', uma mera ILUSÃO?
George Berkeley (12 março, 1685 - 14 Janeiro 1753). Bispo Anglicano da cidade de Cloyne ( Inglaterra ), era um anglo-irlandês filósofo cuja principal conquista foi o avanço de uma teoria que ele chamou "imaterialismo" (mais tarde designado por "idealismo subjetivo" por terceiros).
Essa teoria nega a existência da substância material e alega que os objetos familiares e mais cotidianos em geral, como mesas e cadeiras, são apenas ideias na mente do sujeito cognoscente e, como resultado, não pode existir sem ser percebido. Sua famosa frase: Ser é perceber (Esse est percipere).
Assim, a própria matéria em si, e as coisas que vemos ao nosso redor, seriam as nossas próprias percepções, dispostas no tempo e no espaço por nossa mente.
Em São Tomás de Aquino, Deus PENSA a substância material, os entes, e estes existem justamente por esta causa. A Realidade Natural está situada entre DOIS COGNOSCENTES - o Intelecto Divino (a Palavra de Deus ou Verdade Divina), e o Intelecto Humano (a palavra do homem ou verdade humana). Na correspondência das coisas da natureza e do Universo, ao que há no Intelecto Divino, ocorre a CONFORMAÇÃO do OBJETO COM A MENTE (a Verdade Divina) e, na medida em que as coisas, a partir do NADA, vão se conformando ao que está na MENTE DIVINA, elas passam a existir. Já na correspondência do nosso intelecto humano com as coisas, ocorre o contrário, ou seja, a conformação da mente com o objeto (verdade humana).
Conformação do objeto com a mente (Verdade Divina) e conformação da mente com o objeto (verdade humana).
Essa teoria nega a existência da substância material e alega que os objetos familiares e mais cotidianos em geral, como mesas e cadeiras, são apenas ideias na mente do sujeito cognoscente e, como resultado, não pode existir sem ser percebido. Sua famosa frase: Ser é perceber (Esse est percipere).
Assim, a própria matéria em si, e as coisas que vemos ao nosso redor, seriam as nossas próprias percepções, dispostas no tempo e no espaço por nossa mente.
Em São Tomás de Aquino, Deus PENSA a substância material, os entes, e estes existem justamente por esta causa. A Realidade Natural está situada entre DOIS COGNOSCENTES - o Intelecto Divino (a Palavra de Deus ou Verdade Divina), e o Intelecto Humano (a palavra do homem ou verdade humana). Na correspondência das coisas da natureza e do Universo, ao que há no Intelecto Divino, ocorre a CONFORMAÇÃO do OBJETO COM A MENTE (a Verdade Divina) e, na medida em que as coisas, a partir do NADA, vão se conformando ao que está na MENTE DIVINA, elas passam a existir. Já na correspondência do nosso intelecto humano com as coisas, ocorre o contrário, ou seja, a conformação da mente com o objeto (verdade humana).
Conformação do objeto com a mente (Verdade Divina) e conformação da mente com o objeto (verdade humana).
Hermes Trismegistus- Mensagens : 4041
Re: A ''realidade'', uma mera ILUSÃO?
Ainda segundo São Tomás, nós não vemos os objetos e as coisas na natureza como elas REALMENTE são, pois não sabemos como as coisas CORRESPONDEM ao Intelecto Divino, ou seja, não podemos atingir a MATRIZ das coisas e dos seres, Matriz esta que reside somente na Mente Divina. Isto também concorda um pouco com Kant, que afirma que nós NÃO APREENDEMOS ou conhecemos as coisas e objetos como ''eles são'' de fato, mas apenas conhecemos o nosso próprio conhecimento sobre as coisas e a realidade em geral.
Minha pergunta é: Há alguma possível compatibilidade entre Berkeley e Aquino?
Ora, as coisas existem por serem PENSADAS por Deus. Porquê seria filosoficamente errado conceber as coisas (entes) como sendo conteúdos do pensamento de Deus (percepções)? E porquê os objetos ao nosso redor não seriam também minhas próprias percepções, se todas as nossas percepções ocorrem em nossas mentes?
Como algo pode ser pensado por Deus e depois surgir e se tornar algo real e separado da substância divina?
Minha pergunta é: Há alguma possível compatibilidade entre Berkeley e Aquino?
Ora, as coisas existem por serem PENSADAS por Deus. Porquê seria filosoficamente errado conceber as coisas (entes) como sendo conteúdos do pensamento de Deus (percepções)? E porquê os objetos ao nosso redor não seriam também minhas próprias percepções, se todas as nossas percepções ocorrem em nossas mentes?
Como algo pode ser pensado por Deus e depois surgir e se tornar algo real e separado da substância divina?
Hermes Trismegistus- Mensagens : 4041
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