Mitologia Grega

No entanto, a lira de Orfeus, foi arrastada pelas ondas do mar até a ilha de Lesbos, onde antes estivera a cabeça de Orfeus, e foi depositada em suas praias. Quando as ondas batiam ritmadamente nas cordas, a lira tocava suaves melodias. Seu som foi ouvido por Apolo, que foi até lá e levou-a da beira-mar para o Céu, com o consentimento de Zeus, onde hoje cintila nas alturas: é a Constelação da Lira (Lyra).

Muitos anos depois, as ondas ainda repetiam a canção doce e ritmada, quando batiam nos promontórios rochosas e nas angras arenosas da bela ilha de Lesbos. Por isso, seu povo preservou o amor pela música e a poesia, e a ilha foi berço de grandes poetas e cantores, como Safo, Alceus e Árion.

Quanto à alma de Orfeus, no entanto, estava liberta, e tão logo se viu livre do corpo dilacerado, o deus Hermes a conduziu pela mão até as margens do Aqueronte, onde o barqueiro o esperava para levá-lo de bom grado para a casa de Hádes. E o rei, reconhecendo-o, mandou que o conduzissem direto para os Campos Elíseos. Sem beber a água do Léte, saiu correndo ao encontro de sua amada Eurídice, que o aguardava ansiosamente.

Quanto aos ossos de Orfeus, foram retirados do túmulo em Libretos quando sofreu um desmoronamento dos seus pilares. Os pilares e a urna foram acidentalmente derrubados por uma grande multidão, que acorrera para ouvir a maravilha com os próprios ouvidos: um pastor adormecera ao meio-dia sobre o túmulo e, em sonhos, entoara suavemente, mas em voz alta, os cantos de Orfeus, como se fosse a sua voz imortal soando desde o Reino dos Mortos. Assim, transportaram os restos mortais de Orfeus para Díon, a Cidade de Zeus, e ergueram-lhe um novo túmulo.

DIONISOS E LUTA CONTRA PERSEUS
Em Árgos, onde Héra era especialmente honrada, o culto de Dionisos encontrava graves dificuldades para se estabelecer. Os habitantes recusaram-se a honrá-lo, e mataram as Mênades que o acompanhavam. O deus feriu de loucura furiosa as mães, que começaram a dilacerar os próprios filhos.

O herói Perseus, Filho de Zeus, já como deus-protetor de Árgos, decidiu então combater seu irmão Dionisos, que contou com a ajuda das Hálias, “mulheres do mar”, mas pereceram em batalha, e Dionisios mandou que se lhe construíssem o monumento de Cória, “a dançarina”, uma de suas Mênades, e o túmulo das Sereias (Haliai).

Em seguida, Dionisos voltou com mais força, acompanhado de seu séquito e de Ariadne, sua esposa. E Perseus, acuado, utilizou-se da cabeça da Górgona e mostrou-a às hordas inimigas, que viraram pedra, inclusive Ariadne. Mas Dionisios conseguiu vencer as forças argivas de Perseus, que teve que ceder. No entanto, sendo ambos filhos de Zeus, que impediu-os de continuar por mais tempo com os conflitos, acabaram firmando um tratado de paz. Então, dedicou-se um templo com um recinto sagrado a Dionisos-Cretense, onde Ariadne foi enterrada. E, sem ter mais o que fazer pelo seu povo, Perseus retornou ao Olimpo.
O herói Perseus, protetor de Árgos, havia decidido então combater Dionisos, e segundo um vaso grego, em que a cena está figurada, não parece ter tido vantagem. Entretanto, segundo outras tradições, teria sido vencedor e teria até lançado Dionisos ao lago de Lerna. Pausânias afirmou simplesmente que, quando a disputa terminou, Dionisos foi honrado em Árgos, onde se lhe ergueu um templo.

DIONÍSIOS, O DEUS DO TEATRO
Em todos os lugares eram realizadas grandes festas em honra do poderoso deus Dionisos. Denominadas Dionisíacas, usualmente eram ocasiões para dançar, beber e divertir-se. Uma delas, de que só mulheres participavam, realizava-se nas montanhas, à noite e à luz de tochas. Duas outras das maiores, aconteciam nos montes Párnassos e Citéron. Porém, a maior e mais bela Dionisíaca era a de Atenas, que originou a arte da comédia. Ela começou como um ditirambo, com hinos a Dionisos cantados por um coro de rapazes fantasiados de Sátiros com pés e pernas de bode. Eram chamados de tragos, “bodes”.

Atores representavam cenas míticas da vida de Dionisos, com fim trágico. Um dos primeiros e mais amados mitos encenados no festival de Atenas foi o de Icários. Durante a apresentação, os tragos apareciam e cantavam odes ou hinos a Dionisos. E assim, das palavras gregas tragos e ode nasceu o nome “tragédia”, que desde então tem sido aplicado a todas as obras teatrais em que os heróis são freqüentemente vitimados por um destino terrível e imerecido, como aconteceu com Icários e Erígone.

Essa foi a origem da tragédia, uma forma de arte que atingiu o mais alto nível de drama e expressão poética na Grécia. E o primeiro teatro de pedra e mármore que se construiu foi o de Dionisos, no sopé da Acrópole, em Atenas, onde pode ser visto ainda hoje.

Hoje comemora-se Santo Dionísio, versão cristianizada do deus pagão Dionisos, divindade do vinho, da fertilidade e da colheita.

Um antigo ritual recomendava misturar vinho de uma safra anterior com o da atual e beber uma taça pedindo a cura dos males antigos e recentes. Dionisos ou Baco, era o deus greco-romano do prazer, da natureza selvagem, da expressão livre, das sensações e emoções, dos rituais, da renovação e regeneração.

Em Roma se comemorava o Festival de Baco, realizado no dia 4 de outubro.

Baco, que quer dizer “alto e arruaceiro”, estava sempre acompanhado pelos Sátiros e por um séquito de mulheres chamadas de Mênades ou Bacantes. Os símbolos relacionados a este deus eram a hera, a videira, o vinho, a flauta, o tamborim e os címbalos. Mas seu símbolo principal, que o representava, era uma bengala entrelaçada de hera.

O culto a Dionisos influenciou outras culturas. Associado às danças, aos disfarces e ao uso de máscaras, esse Deus criou o teatro, o drama, a comédia e a sátira. Hoje ele é cultuado pelos wiccanos, além de ser considerado o deus da vegetação pelas seitas neo-pagãs.

FIM

Algumas informações extras

DIÓNYSOS (em grego transliterado), "deus de Nisa"
BACO, ou Bacchus (em latim)
ANTIOS, "florido", em Atenas e Pátras, porque suas estátuas achavam-se sempre cobertas de uma veste ornada de flores, e lhe faziam oferendas com as primeiras flores da primavera.
AÔNIO, natural da Beócia, onde se elevavam os montes Aônios.
BASSAREUS, porque as Bacantes, às vezes, vestiam peles de raposa. Era assim venerado na Lídia.
BASSÁRIO, representado com vestes compridas, ao modo oriental. As Bacantes, nesse caso, chamavam-se Bassárides.
BIBULUS, "bebedor" de vinho, entre os romanos.
BICORNIGER ou BICORNIS, entre os romanos, às vezes representado com dois cornos, símbolo de força e coragem.
BIFORMIS, porque o vinho tornava alegre ou furioso o homem, segundo o seu temperamento.
BRÔMIOS, ou Bromius (em latim), "ruído", "aquele que treme", "estremecimento"
BRUMOS, ou Brumus (em latim)
CALIDÔNIO, com culto em Cálidon, na Etólia
CALÍFRON, "o que amolece a alma", "o que está no delírio da embriaguez"
CISSOS, entre os acarneses da Ática
CTÔNIO, pois relacionava-se com a Terra.
DIFIÉS, "o que tem duas naturezas"
DITHYRAMBOS, entre os gregos, assim invocado nos banquetes.
EGOBOROS, "o comedor de cabras"
ELEUTÉRIOS, "o que liberta", assim chamado pelos gregos
ERAFRIOTES, deus cosido na coxa de Zeus.
ETÍOPE, pela cor do vinho e pelo calor que proporcionava aos homens.
ÉUBULOS, "bem-avisado", "prudente"
EVAN, do grito das Bacantes ("Euói!"), na cidade de Nisa
GINIDA, por acharem que ele tinha dois sexos.
HEDÍPOTES, "que se compraz nas doces bebidas"
HEDITROOS, "o que faz ouvir uma doce harmonia"
ÍACO, ou Íakkhe ou Iakkhos (em grego), "o que exulta", assim venerado em Elêusis.
IGNÍGENA, "nascido do fogo"
LÂMPTER, por causa das Lamptérias, festas noturnas em sua honra, em Pelene, na Ática, em que acendiam muitos archotes
LENEUS, "deus do lagar"

LIBER, "livre", ou, segundo os romanos, "aquele que liberta", porque o vinho desembaraça o espírito
LIEUS, "o quebra-cuidados"
MASÁRIS, tomado de Ma, sua ama em Eubéia, e de Áres, o deus da guerra, entre os cários.
MEDIDOTES ou METIDOTES, "o que produz a embriaguez"
MELANÉGIS, "da égide negra", por ter auxiliado Melantos, filho de Andropompos, a evncer Xantos, rei da Beócia, num duelo, que o tornou rei de Atenas.
MELPÔMENOS, entre os atenienses, presidindo aos teatros
MEÔNIO, adorado na Meônia (a Lídia)
MÓRICOS, por aspergirem seu simulacro com vinho doce, figos e amoras, no tempo da vindima.
MÚSICO, "amante da música"
NARTECÓFOROS, "o que carrega uma haste de férula"
NICTÉLIOS, "noturno", pois suas festas eram celebradas à noite.
NISEU, de Nisa, na Índia, onde teria vivido logo ao nascer, segundo uma versão do mito. Outros localizaram Nisa na Trácia, no Egito e na Lídia.
NISOHUS ou LIHUS, em Nisa, "que afugenta a mágoa", entre os romanos
NÔMIOS, deus dos pastores
ODRÍSIOS, deus dos trácios
OGÍGIO, segundo Ovídio
OMÁDIOS, "cruel", cujas festas, as Omofagias, eram realizadas em Quios e Tênedos, em sua honra.
OREUS, por ser cultuado nas montanhas
TIONEUS, nascido de Tíone (Sémele)
XANTOCARENO, "de cabeça loura", portanto era louro.
XENODOCTES, "o que conduz os hóspedes"
XISTÓBOLOS, "o que lança o dardo"
ZAGREUS, "grande caçador", assim venerado em Creta, assimilado com o antigo deus Zagreus, sua encarnação.
ZELODÓTER, "o que inspira ardor"

Foi assimilado a OSÍRIS, entre os egípcios, a SABÁZIOS, entre os trácios, e foi chamado pelos hebreus de SESAC.

Suas festas mais conhecidas foram as BACANAIS, a AGRIÔNIA, as RAMÁLIAS, as BRUMÁLIAS, as FÁLICAS, as ANTESTÉRIAS, as DIONISÍACAS, as LIBERÁLIAS, as LAMPTÉRIAS, as OMOFAGIAS, a OSCILA, as TRIÊNIAS, as TRIETÉRICAS, as FAGÉSIAS,, os sacrifícios chamados DENDROFORIAS, e cantos e danças chamados TÍASOS e GIMNOPEDIA.

Seu templo mais famoso estava na Arcádia, onde, diante dos seus altares, as moças eram cruelmente flageladas.

Um dos cumes do Párnassos era-lhe consagrado.

Os Edônios, um povo trácio, eram seus ardentes veneradores.

Suas plantas sagradas: vinha, cisso ou hera, carvalho, mirto, figueira e pinheiro

Seus animais sagrados: touro, bode, burro, cabrito, pavão, corsa, tigre, lince, pêga e fênix

Suas crateras de vinho eram guardadas pelos Grifos nos montes Rifeus (Urais?).

Sua carruagem era puxada por panteras.

Entre suas amantes e filhos, contavam:
ERÍGONE: Estáfilos, Enópion, Céranos, Pepáretos, Toas e Taurópolis
ARIADNE: o argonauta Eumédon
FÍSCOA: Narceus
NICÉIA: segundo uma versão, tinha os Sátiros como seus filhos.
AFRODITE: Príapos e, talvez, Himeneus, Iálemos e as deusas Cárites
ALFESIBÉIA: Medos
AULA ou AURA: teve dois filhos

Foi pai também de METÉIA (a embriaguez) e do Argonauta FANOS.

Meus amigos,

Alguns podem se perguntar: "o que tem a ver tanto assim o vinho com a Mitologia Grega? Por que enfatizar tanto essa cultura?"

Pois é, os gregos, ou ainda os povos do Mediterrâneo, de modo geral, eram muito ligados à agropecuária, à cultura das vinhas, das oliveiras, do trigo, das flores, dos grãos, das macieiras, das laranjeiras, das figueiras... Sua atividade mais comum, além do artesanato, da música, do teatro e da indústria têxtil, era a pecuária, a criação de gado, de ovelhas, de cabras...

Os gregos, em especial, além de excelentes marinheiros, eram exímios pastores, e eram comuns o culto aos deuses campestres, como Ninfas e Sátiros. Grande parte dos deuses, se não estavam ligados diretamente ao mundo aquático ou ao Olimpo, estavam ligados à terra, aos campos e às florestas.

GÉA era a terra.
RÉIA representava a fertilidade do solo.
DEMÉTER presidia aos grãos.
ATENA relacionava-se com a cultura da oliva.
No mito de APOLO e DAFNE surgiu o louro.
PAN era deus-sátiro entre os pastores.
AFRODITE, ADÔNIS e PRÍAPOS estavam ligados à primavera e às flores em geral.
ARISTEUS era apicultor.
As NINFAS e os SÁTIROS eram deuses que representavam as florestas, as montanhas e os córregos.
DIONISOS fez surgir a uva e o cultivo do vinho.
PERSÉFONE representava o grão de trigo.
As HORAS representavam as estações do ano.
O mito de ERISÍCTON simbolizava a esterilidade do solo e a fome.
O mito de ARACNE, a tecedeira de Atenas, representava a indústria têxtil.
HERMES representava a indústria de modo geral.
O mito de ULISSES (a Odisséia) representava a espanção do cultivo do vinho.
As HESPÉRIDES guardavam os pomares de Géa.
O mito de ANCEUS retratava a cultura do vinho.

E assim por diante. Boa parte dos mitos mencionam essas atividades, mostrando que os gregos eram um povo essencialmente formado de agricultores, pastores, pescadores, artesãos, além de excelentes e bem-sucedidos guerreiros.

Dúvida: Hiperborios

Acho que foi Estrabão, geógrafo grego que realmente existiu, que dividiu a Europa em Europa Helênica, Europa Céltica e Europa Hiperborica. A última significaria o Extremo Norte. O interesse grego pelos hiperborios (provavelmente os germanos) aumenta com dados mais palpáveis dados por Piteas de Massilia (atual Marselha), um navegador que pode ter alcançado a Islândia e a Estônia a cata de âmbar-gris, um vômito especial de baleia, ótimo fixador de perfume!
Hiperboria significa "além do vento norte".
Minha pergunta é:
Mesmo antes de Strabo ou Piteas, já existiam mitos gregos sobre este povo? Em que mitos são citados os hperbórios, Hermes e demais amigos?

Muito antes de Estrábon, a Hiperbórea já havia sido mencionada por outros historiadores gregos, aqueles que narraram mitos como:

a de Apolo (a Hiperbórea foi onde o deus cresceu),
o mito de Perseus (a Hiperbórea era onde habitavam as bruxas Gréias),
o mito da Odisséia e dos Argonautas (naquelas versões em que eles teriam retornado através do rio Istros, o Danúbio, rio que separava o mundo a Eupora Helênica da Hiperbórica),
o mito de Héracles e a Corça Dos Pés de Bronze (pois a corça teria fugido para a Hiperbórea),
o mito dos gigantes Arimaspes (habitantes da Hiperbórea, que lutavam contra os Grifos dos montes Rifeus - nome antigo dos montes Urais ou dos Cárpatos),
o mito dos Cimérios (que eram vizinhos dos Hiperbóreos),
o mito de Héracles e a princesa Équidna (rainha dos Hiperbóreos)...

Esses são apenas alguns que consegui lembrar.

A localização da HIPERBÓREA seria o extremo-norte em relação a gregos e romanos, já que essa denominação foi dada por essa cultura clássica. Portanto, seriam aquelas regiões que circundam o Mar Báltico (Noruega, Suécia, Finlândia, Estônia, Letônia, Lituânia, Dinamarca, norte da Alemanha e norte da Polônia). Essas regiões incluíam lugares míticos que tanto gregos como romanos imaginavam existir: a Ciméria ou terra dos Cimbros, a região dos Arimaspes, o país de Thule ou Scandia, os Germanos ou Teutões... A Hiperbórea não deveria incluir as Ilhas Britânicas, a Islândia (até então desconhecida), nem os reinos ao sul, nem mesmo a Sibéria ou a Rússia.

Antes de tudo obrigado. Não incluiria Bielorrússia, Rússia e Ucrânia (isso seria a Citia segundo gregos)? Mas os Rifeus então não seriam os Urais mesmo? Somente os Cárpatos??? Não sei se entendi.

Amigo. Você sabe, não sou professor de história, mas ainda consigo me defender. O que entendo é que os antigos gregos pouco conheciam dessas regiões ao norte dos Cárpatos. Se os Cárpatos eram ou não os Rifeus dependeria do ponto de vista de cada historiador, já que a localização da Ciméria era imprecisa. Poderia ter sido na Dinamarca (mais provável, relacionando os Cimérios com os Cimbros) quanto na própria Trácia setentrional (próxima dos Getas e dos Citas). Se a Ciméria estivesse na Dinamarca, então os Cárpatos seriam os Rifeus; se a Ciméria estivesse na Trácia setentrional, então os montes Urais seriam os Rifeus, as montanhas onde se passava o mito dos Arimaspes e os Grifos. Os Rifeus, para os gregos, marcava um dos limites do fim do mundo ou do mundo desconhecido.


A Bielorrússia (ou Rússia Branca) pertenceu aos Sármatas, mas isso não significa que não ficasse localizada na grande Hiperbórea, que na verdade não era nenhum reino, mas sim uma grande porção territorial significando "extremo-norte". Não mencionei a Bielorrússia pelo óbvio: a Hiperbórea era a região que circundava o mar Báltico (mar Croniano entre os antigos).


A Ucrânia era a Cítia do lado europeu, mas viviam lá também outras tribos dependentes, como os Tauroscitas, Hérulos, Vândalos, Hamaxóbios, Iacígios, Vênetos (que deram origem aos Vênetos da Itália), Sabiros...
Seria exatamente esse o território onde teriam vivido os Arimaspes que confrontavam-se com os Grifos dos montes Rifeus (seja Cárpatos ou Urais). A Ucrânia foi a mesma Ruthenia, assim chamada na Idade Média. E havia também a antiga Cítia oriental, do lado asiático, cujos Citas viviam entre o sul da Sibéria e o atual Irã, ou seja, no território do Turquestão.


Espero ter ajudado. Um abraço, amigo.

Beleza, superelucidativo.

É, os Hiperbóreos eram a Escandinávia. Isso sem sombra de dúvida.

Eu diria que a Escandinávia era uma parte da Hiperbórea. Há autores que preferem localizar a Hiperbórea somente nos Países Bálticos (Letônia, Estônia, Lituânia...) e a Ruthenia na Bielorrússia ou Polônia.

Janus

JANOS era um jovem de origem cita, da Cítia, ou era de Perrébia, na Tessália, ou de Atenas, na Ática. Sabe-se, pelo menos, que era filho de Apolo e Creúsa, ou provavelmente de Evadne (filha de Erecteus, o rei de Atenas).

Chegado na idade adulta, Janos equipou um navio e partiu para a Itália, onde reinava Cameses. Tendo lá chegado, após algumas conquistas, construiu uma cidade chamada Janícula, e tornou-se rei da região, no lugar de Cameses, que lhe cedeu o trono. Nessa época, amou uma ninfa chamada Crane.

Cronos, saindo do convívio dos deuses Olímpicos, após ter sido perdoado e libertado por Zeus, refugiou-se na sua corte, onde foi bem recebido por Janos. Reconhecido, Cronos dotou-o de grande prudência e deu-lhe o dom de fazer-se presente o futuro e o passado.

Foi pai da ninfa Canente (esposa de Picumnos, filho de Cronos e da ninfa Garamântis). Foi também pai de Fontis. Com Camise, teve Tiberinos, que deu nome ao rio Tibre.

Seu reinado, sob a total proteção de Cronos (agora Saturno, com o surgimento de uma cidade chamada Satúrnia), foi pacífico, tanto que, após sua morte, os seus súditos veneraram-no como deus da paz. Passou a presidir à geração da vida humana e à duração do ano.

Seus descendentes foram os adivinhos Jânides, que presidiam o porvir através do exame e inspeção da pele ou do couro cortado das vítimas.

Janícula e Satúrnia desapareceram, e, incorporadas por cidades ao seu redor, como Laurentum, surgiu ROMA em seu lugar.

Em Roma, Janus era invocado em primeiro lugar, em qualquer sacrifício a outro deus. Seu templo ficava entre o Quirinal e o Capitolino.
As Agonais era festas em sua honra, celebradas em 9 de janeiro, em Roma.

Outros epítetos:

BIFRONS ou BICEPS, "de duas frontes", como o deus que olhava para o futuro e para o passado
CLUSIUS, "o que fecha", porque as portas do seu templo permaneciam fechadas durante o tempo de paz.
CLAVÍGERO, representado com uma chave na mão
CUSTOS, "guardião"
DIANUS, deus do sol, também entre os romanos
DIDIMEUS, representado com duas faces
EANUS, também entre os romanos
GEMINUS, "duplo"
JANITOR, "porteiro", pois presidia às portas
JANUOE, guardião das portas
JUNONIUS, por ter introduzido na Itália o culto de Juno (antes Héra) e porque presidia ao começo de cada mês
LIMENTINOS, a soleira da porta, presidindo à guarda das portas das casas
PATULCUS, "o que abre", porque seu templo costumava ficar aberto em tempo de guerra, ou porque o deus abria o ano e as estações
QUADRICEPS, "de quatro frontes"
QUADRIFORMIS, "que tem quatro formas", como deus do ano, dividido em quatro estações

Era o VADIMON ou VAGIMON entre os etruscos.

Janos era um deus romano, não grego. Mas teve sua origem grega como ser-humano. Houveram outros casos, como Héracles (cultuado como deus em Roma) e Fauno (neto de Cronos). Evandros foi também cultuado como deus romano, e tinha sua origem humana na Grécia, passando a reinar também na Itália.

Quanto a Juno, foi Janos quem levou à Itália o seu culto. Somente isso. São dois personagens distintos.

Não é a toa que comemoramos no dia 1º de Janeiro o Dia Mundial Da Paz. Tem tudo a ver com Janus, e por isso mesmo o dia é festejado como Dia de Confraternização Universal, ou Dia da Paz.

Às vezes menciono JANOS e às vezes JANUS. É o mesmo. Só que Janos seria uma denominação grega no seu tempo de ser-humano. Ou poderíamos chamá-lo de IANOS.

Defendo a hipótese dele ter sido ateniense. E defendo também a hipótese de Zeus ter perdoado Cronos e dele ter partido para a Itália para se tornar seu deus, iniciando uma nova Idade do Ouro nessa região. Fundou a cidade de Satúrnia, enquanto Janos era rei de Janícula. Civilizou os povos selvagens, os Aborígenes, nascidos das árvores, deu-lhes leis e ensinou-lhes a cultivar a terra. Àquele país chamou de Saturnia Tellus.

Depois disso, partiu e foi habitar a ilha dos Bem-aventurados. E passou a ser venerado com o nome de Saturno, enquanto que Janos foi cultuado como JANUS BIFRONS. Foram instituídas a Cronos-Saturno as festas Saturnalia, realizadas no dia 17 do mês de dezembro, celebrando-se a época de alegria universal.

Então, para quem é fanático por Mitologia Greco-romana, podemos cultuar JANUS no dia 1º de Janeiro.

A hipótese de Janos ter sido ateniense é devido sua origem: sendo sua mãe CREÚSA, esta era filha de Erictônios, rei de Atenas; sendo filho de EVADNE, esta era filha de Erecteus, outro rei de Atenas. ERICTÔNIOS (avô) e ERECTEUS (neto) foram, portanto, reis de diferentes épocas, mas não tão distantes. Vejo até, com mais probabilidade, de ter sido Janos filho de Apolo e Creúsa (filha de Erictônios e Praxitéia). Violentada por Apolo, teve o filho Íon; portanto, Janos era irmão de Íon.

Dúvida: pela similaridade de ambos os nomes, IANOS (ou JANOS) e ÍON (ou JÔNIO), poderiam ser o mesmo personagem, já que hipoteticamente tinham os mesmos pais? Será que o tronco dos Jônios não teria se tornado um deus em Roma? É só uma suposição...

FIM

Entendi o simbolismo das duas faces, ou quatro, mas há alguma explicação na narrativa da biografia mítica do Jano de como ele adquiriu duas faces?

Os jônios não são exatamente conhecidos como povos pací­ficos. Os atenienses eram jônios e os jônios da Ásia eram encrenqueiros a encher saco de imperadores persas razoáveis como Ciro e Dario I.

Muito interessante, Zeus perdoar o pai.

Entendo que Janos (ou Janus) só passou a ser representado com duas faces por ter recebido de Cronos o dom de tornar presente o passado e prever o futuro.

Quanto a ser de origem jônica, de Atenas, isso não obrigatoriamente deveria lhe definir a personalidade. Era um filho de Apolo, e como tal um ser do bem e já com tendências proféticas.

Justamente por isso que esse personagem foi disputado por outras nações.

E quanto a Zeus ter perdoado Cronos, seu pai, é compreensível. Entendo Mitologia Grega com sentidos figurados, por exemplo: "Cronos devorando seus filhos" significa que o Tempo a tudo consome, a tudo destrói, transforma em ruínas.

Cronos era senhor do Tempo, e ele preso no Tártaro seria desastroso para a Humanidade (em sentido figurado, mitológico): as pessoas parariam de crescer e envelhecer, o curso do tempo ficaria estático, e as populações vivas encheriam a Terra. A morte é necessária para a sobrevivência das espécies, e a morte sem o curso do tempo é nula.

Todos os Titãs presos no Tártaro foram substituídos por outros deuses, fossem seus filhos ou entre os Olímpicos. Somente Cronos era único e desempenhava uma função exclusiva e imprescindível: o curso do tempo.

Cronos foi um dos deuses mais amados pelos seres humanos, sendo narrativas do mito. Foi o filho preferido de Géa, e a ele deu apoio, e constantemente se pôs contra os atos de Zeus.

Porém, leva-se em consideração a impossibilidade de Cronos tentar vingar-se de Zeus, já que foi perdoado na condição semi-humana, e como tal exilou-se na Itália, iniciando uma nova Era de Ouro, e depois foi morar nos Campos Elísios.

Mais perguntas:

Niceia = Vitória

A grafia não é esta, mas quero evitar citação da famosa marca de tênis e conhecer se há mitos próprios para aquela figurinha alada que às vezes é representada na mão de Zeus ou Atena. De quem ela é filha? A Vitória também era cultuada pelo senado romano. Mas houve templos específicos para ela? A estátua bela e mutilada de Vitória da Samotrácia (batalha dentro da guerra do Peloponeso) também representa esta deusa?

Biblide

BÍBLIDE, Filha de Mileto e da ninfa Cianéia. Amou seu irmão Cauno, que deixou a casa para fugir-lhe ao assédio. Bíblide enloqueceu e pôs-se a errar por toda a Ásia Menor.

Quando ia precipitar-se de um rochedo, as Ninfas transformaram-na em fonte.

Segundo outra versão, Cauno abandonou o lar exatamente por amar a irmã e esta, ao vê-lo partir, enforcou-se.

BIBLOS, Cidade da Fenícia conhecida na antiguidade por seu culto a Adonis. Seu nome foi dado em memória a BÍBLIDE.


1) Primeiro, o mito foi descrito corretamente?

2) Por que os gregos resolveram renomear Gebal em homenagem a esta fonte? Há um rochedo proximo da cidade fenícia?