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Ares, o deus da guerra

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Ares, o deus da guerra - Página 2 Empty Re: Ares, o deus da guerra

Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:09

Eram Héra, a esposa de Zeus, e Ártemis, a deusa da caça. As duas conversavam animadamente, gozando daquele fim de tarde verdadeiramente paradisíaco. Quando Héra levou um susto e viu em frente do palácio dois enormes seres que as observavam. Ambas correram até Zeus, e todos os deuses que ali estavam foram até as janelas para ver do que se tratava.

Isso foi mais do que os Imortais eram capazes de tolerar, e Zeus preparou seu raio para acabar com eles. Antes que o lançasse, porém, Poseidon apareceu e pediu-lhe que os poupasse, prometendo que acalmaria os arroubos dos filhos. Zeus concordou com o pedido, e Poseidon cumpriu a palavra empenhada. Os gênios pararam de desafiar o Céu, o que deixou seu pai bastante satisfeito. E os montes foram postos nos seus devidos lugares. Na verdade, porém, os dois andavam a elaborar planos que os interessavam ainda muito mais.

O mais velho, Efialtes, esfregando as mãos, gabava-se:

— Viste que beleza de mulher é aquela com ar mais majestoso? Provavelmente é a esposa de Zeus. Eu vou casar com ela!

— Vou ficar com a outra, que leva jeito de ser guerreira ou caçadora! Destronaremos Zeus e as possuiremos! Mas... conseguiremos vencê-lo?

Efialtes deu-lhe um tapa na cabeça e respondeu:

— Ora, Ótos! Esqueceste que somos invencíveis e que a única maneira de sermos mortos é nos matando um ao outro?

— Sim, eu sei, e tu nunca irás me matar, é lógico...

— Só se eu fosse doido...!

E os dois, presunçosos, avançaram com toda a força contra os Olímpicos, que muito pouco puderam fazer. Eles voltaram a empilhar as montanhas e começaram a lançar desaforos. Zeus era alvo de conspirações por parte dos Gigantes. E Zeus, rei do Olimpo, se encontrava irado.

— Isso é um ultraje! Dois garotos declarando guerra contra nós, os deuses do Olimpo! Conta-me, Hermes, quero saber como tudo começou!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:10

— Aconteceu que Poseidon, o deus dos mares e teu irmão, tivera dois filhos com uma mortal chamada Ifimedéia. A jovem, muito bela, conquistara Poseidon indo tomar banho no mar todas as noites. Os dois jovens que nasceram de sua união tinham uma estranha aparência, cresciam muito durante os dias que se passavam e adquiriram uma força descomunal, até que a mãe Ifimedéia foi levada para uma terra, ao norte, onde passou a se dedicar ao culto de Dionísios, abandonando os filhos. Desobedientes e insolentes, os jovens desacataram as ordens da madrasta Eriboea e decidiram que conquistariam o Olimpo. Construíram uma escada enorme que os levaria a estes muros. E ainda declararam que, caso os deuses desobedeçam, farão o mar desaparecer da Terra.

— Querem governar o Olimpo?

— Sim... e seu maior desejo é casar-se com as deusas! Um deles deseja casar-se com Héra e outro com Ártemis!

Os deuses estavam aflitos sob aquela ameaça e passaram a traçar planos para derrotá-los.

Mas Apolo puxou sua irmã para um canto e disse-lhe:

— Ártemis, tu és a única que pode nos salvar.

— Como?

— Prometendo casar-se com Ótos.

— Não, meu irmão, eu prefiro a Morte a ter que me casar! Seja lá com quem for!

— Ninguém disse que tu tens de cumprir a promessa. Pensa um pouco: tu podes, com a maior facilidade, mandar os gêmeos para o Tártaros e te livrares deles.

— Mas é impossível! Héra já profetizou que nem os deuses nem os mortais são capazes de matá-los.

— Pode ser. Mas toda profecia sempre tem algum tipo de brecha.

Percebendo que Zeus estava perturbado demais para resolver a situação, Ártemis reuniu seus animais numa clareira da floresta e sentou-se para pensar. Fechou os olhos e invocou a luz do luar. Assim que a Lua lhe cobriu com seus raios poderosos, a paz reinou, e ao abrir os olhos, viu em sua frente Hécate, deusa da magia. Belíssima naquele momento, como não costumava ser, os seus olhos imensos e negros, os cabelos esvoaçantes, o sorriso translúcido, era uma deusa muito poderosa.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:10

— Tu estás correndo grande perigo, querida, mas creio que posso ajudar-te. Responde: qual é o animal de corrida mais rápido que conheces?

— A corça.

— É nisso que tu te transformarás! E essa será a perdição daqueles dois presunçosos!

Disse isso tirando de sua bolsa de couro ervas encantadas.

Transformada em corça, começou a saltar com facilidade e leveza, inimaginável para qualquer outro ser, divino ou humano. E muitos dias se passaram até que Ótos e Efialtes recebessem de Hermes uma mensagem de Ártemis, prometendo encontrar-se com Ótos na ilha de Náxos e casar com ele lá mesmo. Efialtes ficou muito enciumado quando Hermes levou o recado para Ótos, mas manteve as esperanças. Ambos foram à floresta para o encontro, com o intuito de raptá-la e violentá-la. E foi aí que Hermes aproveitou para procurar pelo irmão Áres, e, graças à ajuda da linda Eriboea, a madrasta dos Gigantes, encontrou-o enfraquecido e esgotado em sua dolorosa prisão. E o libertou.

Os Alóades, cruzando o mar a pés secos, chegaram na ilha de Náxos logo que a Noite chegou. Caminhando e gritando, começaram a chamar a deusa, pisoteando animais e arrancando as árvores em seu caminho.

Os Gigantes, apesar de estarem sempre juntos, não se davam bem. Nervosos, eram grosseiros e ríspidos quando conversavam entre si. E Efialtes ainda não se conformava por não ter recebido o recado de Héra. E começou a resmungar:

— E por que Héra também não prometeu vir? Não há dúvida de que ela há de preferir a mim: sou mais forte que Zeus...

Ótos riu-se:

— Tu podes ser muito forte, mas como é que podes esperar que uma deusa se apaixone por uma cara feia como a tua?

— E a tua, então?

— Ártemis a admira.

— Admira, mesmo? Bom, nesse caso, ela pode admirar a minha também. Eu sou o mais velho e, quando ela chegar, eu me caso com ela em vez de Héra!

— Não, Ártemis é minha. Além do mais, ela sabe que eu sou muito melhor arqueiro do que tu.

— Mentiroso! Quero ver tu provares isto!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:10

Enquanto os dois brigavam, Ártemis, então disfarçada em corça branca, correu de forma a colocar-se em frente de Ótos. A corça atraiu sua atenção fazendo movimentos estranhos no solo.

— Que animalzinho interessante!

O gigante se abaixou para apanhá-la. Ártemis deixou-se apanhar, pois sabia que Hécate lhe dera o poder da transformação, e nada de mau iria lhe acontecer. Imediatamente, Efialtes aproximou-se para ver o que estava acontecendo.

— O que é isso em tua mão? Me dá esse animalzinho! Também quero brincar com ele.

O gigante Ótos afastou-se e gritou:

— Cai fora, vai embora! O bichinho é meu! Cansei dessa brincadeira de casar com deusas. Quero ficar um pouco aqui, com ele em minha mão.

O outro deu-lhe um tapa no rosto com tamanha força que Ótos caiu. O solo se abalou e várias árvores desabaram. Ártemis saltou de sua mão, retomou sua forma divina e escondeu-se atrás de uma pedra.

— Estás vendo? O bichinho fugiu! E por tua culpa!

— Ora, estou cansado de tua voz! Cala-te!

— Cala-te tu, encrenqueiro!

A resposta do outro foi um soco. E assim se atracaram numa luta mortal, destruindo tudo o que estivesse no seu caminho. Seus berros eram ensurdecedores. Lutando, caindo e rolando pelo chão, acabaram chegando à praia. Ártemis observava-os de longe, e já pressentia que um acabaria com o outro. E já se preparavam para uma luta de vida e morte. Mas eles entraram nas águas, e uma onda gigantesca formou-se, veio crescendo e engoliu os dois irmãos. Ártemis viu que fora obra de Poseidon, o deus do mar, que aparecera montado em imensos cavalos-marinhos, empunhando seu tridente.

— Voltai para casa, filhos desobedientes! Nunca mais tornareis a perturbar a vida na Terra! Ficareis presos em meu palácio até o final dos tempos!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:11

SÍSIFOS

Zeus, sabendo que Sísifos, filho de Éolos, havia sido o delator do rapto de Égina, mandou seu irmão Hádes prender Sísifos e dar-lhe um castigo realmente pesado por ter traído um segredo divino. Hádes, por sua vez, mandou Tânatos, a Morte, ir buscá-lo.

— Sísifos, vem comigo!

— Não vou, não. O deus encarregado de vir buscar almas é Hermes e não tu. Além disso, ainda não chegou a minha hora de morrer. Estou bem vivo. Há muito me encontro neste mundo e ainda vou aqui permanecer. Aliás, o que é que tu estás carregando aí nessa sacola?

— Grilhões para impedir-te de fugir.

— O que são grilhões?

— São pulseiras de aço acorrentadas uma à outra. Aliás, foi Hefaístos quem as inventou e usou primeiramente em Prometeus.

— Pois mostra-me como funcionam...!

E Tânatos, ingenuamente, envolveu as algemas em si mesmo para mostrá-las a Sísifos, que, rapidamente, as trancou nos pulsos do deus. Derrubou-o, passando-lhe uma rasteira, e, com as correntes que soltara o cão de guarda de sua casa, prendeu a coleira em torno do pescoço da própria Morte.

— Agora te prendi, Tânatos...!

E começou a rir.

Embora Tânatos gritasse e suplicasse, Sísifos o manteve acorrentado no seu canil um mês inteiro. Ninguém podia morrer enquanto a Morte permanecesse presa.

Foi quando Áres, o deus da guerra, descobriu que as batalhas tinham virado brincadeiras de criança. Ninguém mais morria.

O deus Áres, indignado pela ousadia de Sísifos, de prender a própria Morte em correntes, resolveu procurá-lo pessoalmente e ameaçou estrangulá-lo.

— Não adianta tentares me matar, deus da guerra. Eu estou com Tânatos preso em meu canil, acorrentado, e sei que não morrerei.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:11

— Eu sei, mas posso apertar tua garganta até tua cara tornar-se preta e a língua ficar pendurada para fora da boca, o que tu não irias gostar nada. E também posso cortar tua cabeça, mesmo que não morras, e escondê-la onde eu quiser. Solta Tânatos imediatamente!

Resmungando, o rei Sísifos fez o que Áres mandava, mas antes de seguir Tânatos ao Mundo dos Mortos, pediu que fosse se despedir de sua esposa. E, deixando o deus da morte na porta, do lado de fora, planejou um truque com a esposa:

— Mérope, preciso de tua ajuda. Promete que não irás prestar-me as devidas honras fúnebres.

— Sim, eu prometo.

E Sísifos seguiu Tânatos, a Morte, para os Infernos, aonde pediu à rainha Perséfone, que era mais compreensível que Hádes:

— Oh, Perséfone, senhora da mansão subterrânea! Não podes calcular o quanto me arrependo por ter interferido nos atos do pai dos deuses e na vida dos homens! Mas, vê, como poderei permanecer aqui se minha desgraçada mulher fez a mim uma afronta muito maior do que qualquer uma que eu tenha feito aos deuses?

Como estarei aqui em paz se ela não prestar-me as devidas honras fúnebres? Não é justo ser trazido assim deste modo. Eu nem sequer fui enterrado como se deve. O rei Hádes devia ter-me permitido ficar do outro lado do Estige, onde os Juízes não podem me punir. Por favor, deixa-me voltar lá para cima e ajeitar as coisas neste sentido; prometo que, tão logo tenha resolvido tudo, estarei aqui de volta. Afinal, tu sabes que não morri, e não poderei aqui estar se tudo não for preparado para que isto aconteça.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:12

— Muito bem: tu podes subir de novo ao mundo dos vivos e tomar todas as providências para ser enterrado com uma moeda debaixo da língua. Mas volta amanhã, sem falta. Sei que irás cumprir prontamente, pois não és tolo, caso contrário Hádes, ele próprio, irá buscar-te da maneira mais vexatória.

Um outro ser humano, comum, certamente faria isto; não Sísifos. Perséfone, desavisada, nada suspeitava e permitiu que Sísifos voltasse para o mundo dos vivos. Ele foi para casa rindo e, no dia seguinte, não retornou. E, por certo, ele foi esquecido, pois Sísifos continuou vivo até avançada idade.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:12

O SACRIFÍCIO DE CRISÓMALOS

Obedecendo a uma ordem recebida de Apolo, em seu templo, Frixos, após fugir de Orcômenos com sua irmã Héle no dorso de Crisómalos e de encontrar asilo e residir na Cólquida, sacrificou o maravilhoso aríete alado em honra de Zeus-Fíxios, o salvador dos fugitivos, como protesto de gratidão, e ofereceu o tosão ao rei Eétes. Este, logo que pôs as mãos no troféu, começou a sentir um forte desejo, o de ser o mais poderoso soberano da Terra. Sentia que o velo de ouro lhe daria esse poder.

O espírito de Crisómalos foi posto entre os Astros, tornando-se o signo e a Constelação de Áries (Aries).

Notadamente, a medida que passava o tempo, Eétes notava que seu poder crescia, que seus inimigos mantinham distância de seu reino, pois o temiam por algum motivo. O país crescia em abundância, Eétes tornava-se mais respeitado e rico que todos os seus vizinhos, tornando-se a Cólquida um dos reinos mais poderosos de toda a Ásia. Com isso, temendo que dele se apossassem, imediatamente vestiu-o, mas notou que o tosão, de repente, perdia o seu brilho e se transformava em lã comum. Assustado, retirou-o dos ombros, que passou a brilhar novamente o seu ouro original. Eétes, com essa experiência, percebeu que aquele Tosão de Ouro era todo ligado às virtudes humanas, e que não era digno vesti-lo.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:12

E, sabendo em sonhos que tinha em suas mãos um poderoso amuleto, o Tosão de Ouro, resolveu consagrá-lo ao deus Áres e, para mantê-lo distante de seus inimigos, suspendeu-o num carvalho de difícil acesso, em frente ao templo do deus, situado num bosque guardado por um terrível dragão que jamais dormia, por um decreto do Destino, tornando-se aquele amuleto o troféu mais cobiçado pelos heróis que dele ouviam falar. E, sobretudo o medo de aventurar-se, haveria um homem, algum dia, que dele haveria de se apossar. E foi com esse boato que muitos reis e heróis perderam a vida. No mundo inteiro, o Velocino de Ouro era considerado um bem precioso, e por muito tempo se falou dele na Hélade, até o dia em que uma plêiade de heróis helênicos empenharam-se numa expedição em busca desse troféu, com o fito de recuperar o espírito de Frixos. E, nessa expedição, pelo menos dois heróis eram filhos de Áres: Meléagros e Anceus.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:13

O NASCIMENTO DE MELÉAGROS

Altéia, mulher de Oineus, rei de Cálidon, teve um filho chamado Meléagros. Sete dias após o nascimento do menino, ardia em febre, quando as Moiras foram ter com a mãe, em sonhos:

— Rainha, viemos para te dar um aviso.

Com os olhos fechados, em sonhos, ela ergueu a cabeça do encosto do leito.

— Um aviso?

E avisou-lhe Láquesis:

— É exatamente sobre o teu inocente menino. Ele há de tornar-se um grande herói.

E disse-lhe Cloto:

— Será um homem corajoso, de espírito nobre.

Altéia encheu-se de alegria, até ouvir a observação da mais velha, Átropos:

— A vida de teu filho só há de durar o tempo que o ramo de oliveira levar para queimar na lareira.

— Não...!

Altéia, que diziam ter gerado Meléagros do deus Áres, saltando da cama, ajoelhou-se diante da lareira e pôs sua mão frágil na brasa que ardia e retirou imediatamente o tição que queimava ao fogo, um ramo de oliveira. Enrolou-o nas dobras de suas vestes e derramou água para apagá-lo. Depois, voltou os olhos para pedir piedade às três deusas, mas elas já haviam desaparecido. Em seguida, guardou o ramo cuidadosamente num cofre bem fechado. Com isto, o menino melhorou de saúde.

Meléagros, o filho legítimo de Áres, atingindo idade adulta, após uma alegre infância, se tornaria o melhor lanceiro da Hélade.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:13

AS BATALHAS DE ÁRES CONTRA OS GIGANTES

O deus Áres, mesmo sendo o deus temido e sanguinário do Olimpo, foi presa fácil para os irmãos Alóades. Mas os deuses do Olimpo não tiveram tempo para comemorar a vitória sobre os Alóades, pois descobriram que tinham pela frente um outro pavoroso inimigo. Tudo isso acontecia porque Géa ficou zangada com Zeus e os demais Olímpicos, pois ainda guardava rancor em favor de seus filhos, os Titãs, que pelo menos quatro deles ainda se encontravam aprisionados no Tártaros. A Mãe-Terra, com a derrota de seus filhos, fez uma última tentativa para se livrar da supremacia dos Olímpicos. Para vingar-se, Géa concebeu do sombrio Tártaros mais um filho, monstruoso e infatigável: Tífeo, gigantesco dragão alado de cem cabeças de asno, com línguas negras, lançando fogo pelos olhos. Da cintura para baixo, tinha o corpo recamado de víboras. Seus urros semelhantes aos do leão ou do touro furioso ecoavam pelas montanhas como tempestade. Por onde Tífeo passava, deixava para trás um rastro de furacões destruidores. Em tamanho e força excedia a todos os outros filhos que tivera. Era mais alto que as Montanhas.

Logo que nasceu, foi ocultado num antro da Cilícia e vigiado pelas serpentes Délfines.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:13

Quando viram aquele horrível monstro se aproximando, os deuses do Olimpo, mal recuperados da guerra, ficaram apavorados e fugiram para a África, para diferentes lugares do Quemit (o Egito), aonde se camuflaram na forma de animais para não serem descobertos pelo gigante: Zeus disfarçou-se em carneiro, Héra em vaca, Apolo em corvo, Poseidon em cavalo, Ártemis em gata selvagem, Hefaístos em boi, Hermes em grou, Dionisos em bode, e mesmo Áres, o mais temível dos deuses, acovardou-se diante do monstro, e foi também abrigar-se na forma de um peixe. Eles nunca viram monstro mais horrendo, e perderam a coragem de lutar, pois Tífeo era o Terremoto personalizado. Essa passagem fez surgir a crença egípcia nos diversos deuses antropozoomórficos e zoomórficos. Só Atena se recusou a fugir. Chamando Zeus de covarde, ela afirmou que sentia vergonha de ter que admitir ser sua filha. E ambos ofereceram resistência. No final das contas, os deuses venceram.

Mas Áres não se acovardou diante dos Gigantes que ameaçaram escalar o Olimpo e conquistá-lo. O deus conduzia o seu carro de guerra, com os cavalos relinchantes, em meio à multidão densa de inimigos que contra-atacavam. Seu escudo dourado reluzia mais do que o fogo, e o penacho alto de seu elmo oscilava, brilhante. Em meio à confusão da batalha, ele perfurou o gigante Péloros, cujos pés eram duas serpentes enormes. Em seguida, esmagou os membros do gigante caído com seu carro. Ainda meio tonto, tentou levantar-se, mas Áres atravessou-lhe o gládio em um dos olhos.

Um dos Gigantes, Efialtos, com seus olhos enormes, vendo o irmão cair, agarrou a ilha de Lemnos para atirá-la contra o deus. Áres foi atingido na cabeça, e caiu de joelhos, gemendo de dor. E Héracles, que havia vindo auxiliar os deuses nessa guerra, virando-se para Apolo, sugeriu-lhe:

— Eis aí alvos bem visíveis para as nossas flechas!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:14

Áres foi salvo por seu irmão Apolo, que atirou uma seta no olho direito do gigante, enquanto Héracles atingia-lhe o esquerdo.

Os Gigantes armaram sua última resistência em Trápesos, na Arcádia. Poseidon, Zeus e Áres — que até então não haviam brilhado muito, seguidos de Héracles, passaram a lutar ferozmente, com tridente, raios e dardos, respectivamente, enquanto Hermes, que pedira emprestado o elmo de invisibilidade a Hádes, apunhalava o inimigo Hipólitos por trás.

Quanto ao resultado da guerra, os deuses venceram depois de exterminar a todos os Gigantes.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:14

DUELO COM HÉRACLES

Havia um desentendimento natural entre Áres e o semideus Héracles, pela preferência de Zeus. Ares já não suportava que Atena fosse a filha predileta entre os deuses, e foi a gota d’água quando descobriu que Héracles era o filho predileto do rei do Olimpo. Por isso, tramou junto de sua mãe Héra as desavenças do herói de Tebas. E ficou ainda mais excitado depois que Héracles matou suas aves Estinfálides.

Héracles, incumbido de uma nova tarefa, resolveu seguir, sem saber exatamente para onde ir, em direção do Ocidente em busca do Jardim das Hespérides. E, durante o tempo todo, preocupava-se de que maneira poderia enfrentar um monstro tão terrível como Ládon. As provas haviam-se tornando mais difíceis, por isso teve que contar com o auxílio de seu amigo e escudeiro Íolas e de uma preciosa ajuda divina: recebeu dos deuses, emprestado, o divino corcel Aríon, e atrelou-o ao seu carro, e em seguida, assim que cumprisse o seu trabalho, deveria levá-lo a Adrastos, em Árgos.

A mando do deus Apolo, Héracles e Íolas seguiram pela estrada de Delfos rumo à Tessália. Cicno, um salteador famoso, costumava a agir nos limites da Fócida com aquela região, apesar de ter sua residência num bosque de Apolo em Págasai, nas proximidades de Iolcos. Com os despojos dos viajantes que iam ao templo do deus, em Delfos, Cicno oferecia-os em sacrifício ao pai, o deus Áres. Por isso, com segunda intenção, Apolo indicou a Héracles o caminho mais longo, onde se encontraria com Cicno, o “cisne”.

Sobre Cicno, este, um dia, se encontrava sentado a pensar.

— Todos os deuses do Olimpo têm um templo, e somente meu pai, o bravo deus Áres, é que não dispõe de um. Isto é injusto!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:14

Cicno pôs-se em pé e decidiu pôr mãos à obra. Começou a amontoar algumas pedras, umas sobre as outras, mas não se satisfez. Era simplório demais, sem expressão, indigno de seu pai. Ele pretendia que o templo fosse mais original e fizesse menção direta ao ofício do deus da guerra. Depois de muito pensar, Cicno, que também era um guerreiro, de talhe agigantado e muito forte, chegou à seguinte e brilhante conclusão:

— Já sei! Farei com que, em vez de pedras, sejam empilhados ossos na confecção do templo.

Depois de analisar o número e o tamanho dos ossos que seriam necessários, Cicno, armado de uma poderosa clava, saiu à cata de seu material de construção. Por onde passava, ia abatendo as pessoas que julgava terem ossos de boa qualidade, arrastando-as em seguida até o local escolhido para a construção do templo. De um lado ia empilhando as caveiras, para fazer o teto, e de outro deixava separados os ossos longos, que reunidos em feixes da espessura de colunas dariam futura sustentação ao prédio.

— Absolutamente genial!

E começou a cozinhar os ossos num caldeirão a fim de limpá-los e torná-los mais atraentes. E, quanto mais ossos amontoava, mais ficava ansioso para tornar a sua obra mais grandiosa. E seus assassinatos tornaram-se ilimitados, causando preocupação ao deus Apolo, pois o seu santuário passava a ser menos frequentado, e não pretendeu ele mesmo dar cabo da situação. Por isso, foi indicar ao herói Héracles aquele falso caminho e levá-lo até Cicno.

Um atalho, uma rocha, uma saliência qualquer na estrada podia servir de esconderijo para um homem a quem o Destino reservou uma triste missão: roubar e matar. Os poucos caminhos da Hélade atravessavam regiões desabitadas e muitas vezes hostis. Em cada estrada, poderia estar oculto um criminoso certo para assaltar os viajantes, apossar-se de seu ouro e de suas mercadorias. E, depois, matá-los.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:15

Héracles e Íolas estavam atravessando uma zona perigosa, às margens do rio Equédoros, na Tessália, onde receavam emboscadas. O herói Héracles, então, parou, pois viu sair da margem da estrada, a sua frente, um carro puxado por fogosíssimos corcéis, e vinha em sua direção. Em vez de sair do caminho, plantou-se bem no meio da estrada. Íolas, um tanto prudente, disse-lhe:

— É melhor sair do caminho...

Mas o herói não lhe deu ouvidos, e ali ficou. O áuriga estacou seus animais com um violento puxão das rédeas. E, reparando bem no homem que tinha pela frente, pensou:

— Que ossos enormes deve ter esse homem! E que formoso animal ele tem atrelado ao carro!
Cuspiu em sua clava e, em seguida, desafiou:

— Quem és tu, homem atrevido, que interrompes a marcha do carro de Cicno, o filho de Áres?

Esse era Cicno, uma espécie de rei, famoso domador de cavalos, filho do deus Áres e da ninfa Círene. Orgulhoso da sua origem divina, vivia cometendo em toda parte os maiores abusos. Héracles, que não lhe ignorava o mau renome, respondeu:

— Desce do teu carro, áuriga, e passa de largo puxando os animais. Sou Héracles, filho de Zeus, o senhor do Olimpo.

Cicno, gravemente ofendido pelas palavras de Héracles, deu rédeas e estimulou os cavalos para que o atropelassem, mas o herói os agarrou pelos freios e os arrancou do carro. Cicno ficou na cômica situação de um cocheiro sentado na boleia de um carro sem cavalo nenhum. Íolas pôs-se a rir, não conseguiu resistir.

O herói Héracles, então, passando de leve a mão sobre o cabelo, estendeu-a em seguida para o alto e disse calmamente:

— Teremos chuva?

Cicno, sem se dar por vencido, tomou sua clava e mais uma que possuía, e, louco de raiva, com as clavas nas mãos, desceu do carro e ameaçou Héracles, impondo-lhe uma luta em igualdade de condições.

Cicno desferiu dois potentíssimos golpes com as clavas na cabeça da sua vítima. E Héracles resmungou:

— É, já são duas gotas!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:15

Héracles agarrou-o pelo pescoço e o arrojou de encontro às rochas. Mas o filho de Áres não se deu por vencido, e investiu de novo, desta vez com uma lança, porém a ponta resvalou na pele invulnerável do Leão de Neméia. Héracles, apanhando o mesmo dardo, atirou-o contra Cicno, perfurando-lhe o pescoço, entre o elmo e o escudo. Foi um golpe mortal.

E um rugido reboou; era o próprio deus Áres que aparecia em socorro do filho.

— Cruel filho de Zeus! Mataste meu filho, que só pretendia prestar-me uma homenagem!

Ali estava, a sua frente, vestido de sua magnífica armadura, empunhando um gládio curto e reto. O herói Héracles, sentindo-se desprotegido contra aquele deus guerreiro, arrancou do braço do cadáver o seu escudo. Íolas passou-lhe a clava e foi-se esconder, pois estava terrivelmente assustado com a presença do próprio deus da guerra. Os dois tremendos contendores trocaram olhares chamejantes de ódio — afinal, junto com a deusa Héra, Áres era seu arquinimigo — e arremessaram-se um contra o outro. O deus Áres estava acostumado a ver todo inimigo rolar por terra ao primeiro empate. Bastava-lhe um único golpe. Mas com a firmeza de uma rocha, Héracles resistia ao tranco do tremendo guerreiro, que por certo parecia imbatível.

Foi então que uma voz soou imperiosa:

— Basta, Áres! Héracles é teu irmão! E lembra-te de que as Moiras houveram separado o destino de Cicno nas mãos de Héracles.

Era Palas Atenas, que descera da mansão dos deuses para por fim àquele combate. Áres, porém, cego de ódio, não lhe deu ouvidos e atacou o herói com o gládio que nunca repetiu um golpe sequer. Atena desviou a direção do golpe, e o deus, endoidecido, ergueu de novo no pulso. Ao erguer a lâmina, o pulso do deus ficara fora da proteção do escudo, e um golpe da clava de Héracles em sua coxa fez com que largasse o gládio. Um grito de dor saiu da boca de Ares. Pela primeira vez um homem havia ferido um deus em combate. Héracles ainda conseguiu desferir contra o deus um golpe de clava em sua coxa, e o derrubou...
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:15

De súbito, Zeus mandou um raio, que separou os combatentes. Ao verem aquilo, Foibos e Deimos, os companheiros de seu pai Áres em todos os combates, lançaram-se em seu socorro, levando-o para o carro do deus, e dispararam rumo ao Olimpo a galope.

Íolas não acreditava naquilo que assistia.

— Derrotaste o próprio deus da guerra?! Pode um deus ser vencido por um homem? Parabéns, Héracles, te superaste.

Depois disso, Héracles e Íolas enterraram Cicno e prestaram-lhe honras fúnebres em consideração de Áres, não sem antes apossar-se de suas armas. Logo, foram-se banhar no Equédoros.

Enquanto isso, no Olimpo, ferido, Áres decidiu reparar o erro de Cicno com o mesmo erro:

— Só me resta, agora, fazer por meu filho o que ele pretendia fazer por mim.

O deus da guerra ordenou, então, a Ceix (ou Keyx), sogro de seu filho morto, que reconstruísse o templo que ficara pela metade, agora em honra do falecido:

— Quero que fique tão belo quanto estava destinado a ser.

Outras vez montanhas de ossos foram empilhadas e dispostas harmoniosamente para que se cumprisse uma mesma desastrada e funesta vontade. Depois de algum tempo, Ceix o invocou:

— Está pronto, ó Áres divino, senhor supremo de todas as batalhas!

Uma grande festa se realizou, embora nenhum outro deus compareceu. Na verdade, Áres, com suas extravagâncias, não era lá muito querido pelos seus colegas imortais.

A grande festa, com alguns poucos convidados humanos, estava no seu final quando um zumbido irritante se fez ouvir, que aumentava cada vez mais, até se descobrir que o rio Ámaros (ou Anauros) descia furiosamente a montanha, mandado pelos deuses para destruir de uma vez aquele templo infame. Áres escapuliu a toda pressa, enquanto as colunas do templo eram arrancadas pela base, vindo a desmoronar. E naquele dia o ameno Ámaros levou em suas torrentes tantos ossos, que quem via suas águas passarem em turbilhão pelos vales pensava que era o próprio Estige que subira à superfície para regurgitar seus mortos.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:16

OS ARGONAUTAS E OS GANSOS DA ILHA DE ÁRES

Os Argonautas, a meio caminho de Iolcos e a Cólquida, passando ao longo da costa sul do Euxinos, alcançaram a pequena ilha de Áres, ou Aretia. Estavam cansados de tanto remar e necessitavam repousar. Porém, avistaram ao longe uma nuvem imensa e escura que se posicionava sobre a ilha.

— Teremos uma tempestade.

— Não parece uma nuvem comum...

E Jáson ordenou a Erginos:

— Vamos nos aproximar para ver melhor.

Virando as velas, Erginos fez com que o Árgo passasse rente à ilha, o que bastou para provocar a aproximação da nuvem estranha, que parecia carregar uma tempestade. Num instante, a gigantesca nuvem já se encontrava bem acima da nau Árgo, e eles puderam perceber do que se tratava, e Linces foi o primeiro a ter uma reação:

— Poseidon nos proteja! São bestas!

Súbito, sobreveio uma chuva de setas com ponta de aço, de diversas direções. Eram muitas, que cravavam-se no navio como flechas e lanças. E uma das setas emplumadas foi ferir gravemente o ombro do herói Oíleo. Ferido, deixou cair seu remo, e seus companheiros foram acudi-lo. Os heróis ergueram-se assustados, protegendo-se com seus escudos de bronze, procurando localizar os inesperados inimigos, já que ainda não os haviam distinguido. Nada viam senão uma tempestuosa nuvem negra. O pavor os tomou, enquanto as setas zuniam. E Linces gritou de novo:

— Erginos, cuidado!

O aviso chegou tarde demais, e Erginos foi atingido mortalmente. Anceus, o árcade, correu para tomar o remo, enquanto um companheiro seu o protegia com seu escudo. Jáson quis correr e recolher o corpo, mas Linces preveniu-o:

— Não, ele está morto! Levanta o escudo! Não é uma nuvem, mas sim aves monstruosas!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:16

Foi quando Clítios, que estava com o arco retesado, abateu uma ave que sobrevoava mais baixo; a seta foi cravar-se num ponto vulnerável da mesma, que foi cair no meio dos Argonautas. Afinal percebeu-se que vinham de cima. Voejava sobre eles um bando de gansos de asas de bronze, e as setas eram penas que caíam como setas. Os heróis que haviam vindo da Arcádia reconheceram os monstros, e gritou Cefeus para Jáson:

— Estinfálides! São as mesmas aves que Héracles enfrentou e afugentou às margens do Estínfalos, há um tempo atrás! Esta ilha deve ser o seu ninho!

— Aves infernais!

Foi quando Atena, a figura da proa, pela boca do herói árcade Anfídamas, gritou para Jáson:

— Jáson, a ilha já está próxima, mas não confieis nesses monstros. Há tantos deles que certamente não teríamos setas suficientes para abatê-los, se quiséssemos desembarcar. Pensemos no modo como afastaremos esses animais. Colocai vossos elmos com penachos, enfeitai o navio com lanças e escudos reluzentes e erguei todos um clamor assustador. Deveis fazer a maior algazarra possível com as espadas contra os escudos! Gritai o mais que puderdes, fazei o máximo de ruído, e as afugentareis!

Metade da tripulação continuou a manejar os remos, protegidos por seus escudos acima de suas cabeças, ao passo que a outra metade subiu ao ponto mais alto do navio, até mesmo sobre as traves do mastro principal, e, protegidos com seus escudos, olharam-se esperando o sinal com ansiedade. E, assim que as aves aproximaram-se para atacá-los, Jáson gritou:

— Vamos lá, guerreiros, batei nos escudos, com toda a força! E gritai, e gritai por vossas vidas!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:17

Assim foi feito. E com bom resultado. Assim como Héracles havia feito às margens do lago Estínfalos, agitando os poderosos címbalos de Hefaístos, os Argonautas entrechocaram seus escudos, espadas, lanças, gritaram e bateram os pés, que as aves, atordoadas, perderam-se nas nuvens, desfazendo o bando, e muitas setas foram cravar-se nos escudos dos heróis gregos. Outras aves, que voavam baixo, atordoadas, iam cravar-se na ponta das lanças dos Argonautas. E, até que se refizessem e se reorganizassem, os heróis já contornavam a ilha de Áres, despistando-as a longa distância.

Os heróis Argonautas, aliviados por escapar do perigo, tinham motivos, no entanto, para estarem mais abatidos do que felizes, devido aos ferimentos de Oíleo, que Asclépios logo tratou de medicar, e à morte de Erginos, que recém havia ocupado seu lugar como timoneiro. Mas o Árgo estava muito bem equipado, contendo excelentes tripulantes: Anceus e Éufemos também eram experientes timoneiros, e Náuplios era grande conhecedor dos mares, um experimentado navegante.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:17

ADÔNIS, A PAIXÃO PROIBIDA

O tempo corria, e Adônis, filho do rei Cíniras com sua própria filha Mirra, se transformava no rapaz de beleza mais exuberante que até então havia pisado o solo do mundo dos vivos. Pessoas acorriam, curiosas, de longe. Vinham de toda parte apenas para admirar seu porte, seus movimentos, seu modo de olhar e de sorrir. E fez amigos, como Mélos, um moço oriundo da ilha de Delos. Este havia se casado com uma de suas irmãs, Pélia. Com ele teve estreita amizade, e passavam muitas horas juntos.

Ninguém sabia dizer com certeza se ele, Adônis, era um deus ou um homem comum. Os mais velhos o admiravam. Os jovens o respeitavam, reverenciando-o. As moças solteiras suspiravam por ele só de ouvirem seu nome ser pronunciado:

— Tem o andar mais gracioso que o de um príncipe...

— Seus cabelos parecem cachos de ouro puro...

— Quem será a mulher abençoada que o escolherá?

— Será um deus?

— Ou será um simples mortal, cheio de qualidades?

— Ninguém sabe. É apenas Adônis.

E quis o Destino que a própria deusa do amor e da beleza acabasse cruzando os caminhos de Adônis. Um dia, das alturas do Olimpo, Afrodite o viu colhendo maçãs bem cedo, antes do orvalho secar.

— Quem será esse rapaz? Nunca vi ninguém mais belo...

Éros, que estava com ela, deu uma olhada rápida. Sem responder, voltou-se novamente para seus afazeres, pois estava polindo suas flechas.

Afrodite, percebendo que o seu garoto estava com ciúmes, abraçou-o, enternecida.

— Vamos, deixa de ciúmes! É apenas um belo rapaz, mas nenhum é tão belo quanto o meu filho!

Ao tomá-lo nos braços, porém, a deusa acabou ferindo-se com a flecha que ele segurava, e ela sentiu a picada.

— O que foi, mamãe?

— Não foi nada, meu filho, continua o teu trabalho...

Foi um enorme choque para ela, que sentiu uma incontrolável vontade de conhecer aquele mortal. Então disse a Éros, seu filho:

— Vem, meu filho, vamos dar um passeio pelo mundo dos homens.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:17

Éros voou a preparar suas coisas, em especial seu arco e suas flechas encantadas, enquanto perguntava:

— E qual parte do mundo dos mortais vamos visitar?

— Eu quero respirar um pouco o ar puro das montanhas da Fenícia... Vem.

A aparência de Adônis impressionou Afrodite. Ela, oculta por detrás de um teixo, alisava distraidamente a casca rugosa da árvore, de um intenso marrom avermelhado. Seus olhos estudavam o corpo do jovem, cujas formas ressaltavam por entre a fina túnica que o cobria.

Então, Adônis, percebendo que uma de suas sandálias estava desamarrada e, após amarrá-la, num gesto viril, estirou os dois braços para o alto para continuar o seu trabalho, colhendo maçãs. Os cabelos das axilas do jovem agitaram-se levemente sob a brisa que soprava. A deusa, sem poder conter-se mais, deixando Éros a brincar pelos bosques, saiu lentamente do esconderijo e procurou aproximar-se de Adônis. Displicente, comentou:

— Posso comer uma? Senti de longe o perfume dessas maçãs e não consegui resistir...

Adônis, gentil como era com todos, virando-se em direção da voz, respondeu um tanto impressionado com a beleza extraordinária daquela mulher:

— Uma apenas? Posso colher quantas maçãs tu quiseres...

— Mesmo?

— As frutas existem no mundo para o deleite de quem nele estiver...

Afrodite provocava:

— Mortais... E imortais?

— A fome e o prazer valem para todos da mesma forma, não é assim?

A resposta de Afrodite foi um sorriso que quase colocou o jovem de joelhos.

— Sou Adônis.

— Pelo teu porte, és um caçador, não é mesmo?

— Sim, eu sou.

— Vens sempre caçar por aqui?

— Sempre não, mas é meu bosque preferido.

E Adônis, mesmo impressionado pela beleza da moça, com freqüência desviava o olhar. Na verdade, era muito dedicado à caça, e tinha pouco interesse pelas lidas do amor. Parecia que, cada vez mais, ele se afastava, dando pouco caso.

— Tu não és um deus, é?

— Não, moça, na verdade eu...

— Como podes ter a beleza de um deus e não ser um deles?
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:18

Subitamente, antes que ele se voltasse, Afrodite pisou nos cordões da outra sandália de Adônis.

— Olha, a tua outra sandália também está desatada!

Adônis fez menção de abaixar-se.

— Vamos, coloca o pé sobre a pedra, outra vez!

— Por favor, moça, deixa que eu...

— Vamos, Adônis, eu amarro para ti!

O jovem apoiou o seu pé esquerdo sobre a pedra. Colocando-se à frente, a deusa inclinou-se, tomando as duas tiras soltas em seus dedos. De cabeça baixa, seus longos cabelos roçavam de maneira involuntária a cintura de Adônis. Foi a sua vez de ser docemente surpreendida. O jovem, no seu orgulho viril de caçador, achava que já cedera demais às audácias da estranha e tomou delicadamente as tiras de sua mão.

Porém, nesse mesmo instante, Éros, protegido pelas árvores, sem saber que sua mãe por ali se encontrava, disparou uma flecha certeira no coração de Adônis, e em seguida voltou a brincar. O caçador atingido percebeu, então, que estava diante da mais bela das deusas. E emendou:

— Mortais inclinam-se diante dos deuses, e não o contrário.

— Por que tem de ser sempre assim? Deixa-me reverenciar também a ti.

Adônis já ouvia falar que Áres, o implacável deus grego da guerra, amava uma belíssima deusa, Afrodite, e sentia-se extremamente ofendido pelo flagrante que Hefaístos havia-lhe aprontado. E reconheceu-a. Mal sabia ele que Áres já o conhecia, pela boca da deusa Ártemis, que, um dia, havia jurado vingança a Afrodite por seu envolvimento na morte de Hipólitos, filho de Teseus.

O efeito da seta de Éros começava a fazer sentir-se, porém, erguendo-a do chão, suavemente, Adônis, com uma repentina visão, teve tempo para pensar:

— Não pretendo passar a eternidade amarrado a uma roda giratória de moinho, nem a uma roda em chamas, como aconteceu com o infeliz Íxion, castigado por ter o atrevimento de cortejar Héra, a esposa de Zeus.
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Ares, o deus da guerra - Página 2 Empty Re: Ares, o deus da guerra

Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:18

Adônis conhecia as sagas dos deuses gregos, por isso sabia de seu limite, e quis dizer algo, mas um beijo de Afrodite apagou todas suas palavras e borrou todos os seus pensamentos. Sentiram uma ardente e irresistível atração um pelo outro. Viveram dias e noites ininterruptos de doce amor, e já sabiam que não conseguiriam mais separar-se. Passavam o tempo todo juntos. Apreciavam os passeios por entre as árvores da floresta das alturas da montanha e os banhos de mar nos dias em que o calor abrasava as praias do litoral fenício.

A partir de então a deusa passou a descer todos os dias de sua morada celestial para trocar carícias e beijos com o belo amante. E, aninhada em seus braços, prometia:

— Vou fazer de ti um deus...

Feliz e apaixonada, Afrodite abandonou de vez o monte Olimpo, a morada dos deuses , e desceu para habitar o mundo dos mortais, em país estranho entre deuses estranhos, assim decidida. Foi morar com Adônis numa aconchegante casinha de pedra em meio à floresta. E tiveram uma filha, Béroe, de cujo nome se projeta ria uma nova cidade: Beritos (hoje Beirut). E, logo que nasceu a criança, Afrodite foi visitar Hermíone, a filha que tivera com seu amante Áres. Foi perguntar-lhe se o dom da justiça seria concedido à cidade que haveria de nascer.

No entanto, Afrodite havia deixado no Olimpo seu amante Áres. Era demasiadamente ciumento e perigoso. Principalmente depois de perceber o que estava acontecendo entre Adônis e Afrodite, foi tomado por um ciúme desesperado. E, sem saber muito bem o que fazer, evitando demonstrar o que sentia ao irmão Hefaístos, decidiu confidenciar com seu pai, que levava a fama de infiel, mais do que ninguém:

— Esse rapaz vai pagar caro por sua ousadia...

— Se queres vingança, pesa bem tua decisão, Áres...

— O belo jovem gosta de se apaixonar, não é mesmo? Pois vou lhe fazer a vontade e estimular nele uma outra ilimitada e incontrolável paixão...
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