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Ares, o deus da guerra

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Ares, o deus da guerra - Página 4 Empty Re: Ares, o deus da guerra

Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:27

Héra incitou os cavalos, que relincharam e voaram entre a Terra e o Céu. Quando as deusas chegaram a Tróia, onde os rios Símoeis e Escamandros se encontravam, ali Héra parou os cavalos, tirou-os do carro e lançou uma espessa nuvem em torno deles, para escondê-los. O deus-rio Símoeis fez manar a ambrosia, para que eles se alimentassem.

As deusas chegaram ao lugar onde se encontravam os melhores guerreiros, e em maior número, formando um círculo fechado em torno do valoroso Diómedes. Héra, tomando a aparência de Estentor, gritou:

— Envergonhai-vos, argivos covardes, bravos apenas na aparência! Enquanto Aquiles participava da batalha, pouco os troianos se atreveram a sair das portas, pois temiam sua fúria. Agora, porém, estão combatendo longe da cidade, junto dos navios!

Assim falando, incitou o espírito e o valor de todos. E Atena surgiu perto de Diómedes, que estava de pé em seu carro junto de Estênelos, curando o ferimento causado pela seta de Pândaros, no seu braço esquerdo, o mesmo que segurava o escudo. Estava cansado e era com esforço que sustentava as rédeas e tratava de estancar o sangue. A deusa, apoiando a mão direita no jugo dos cavalos, disse:

— Tideus em verdade teve um filho, mas bem diferente dele. Embora tivesse ele pequena estatura, era um combatente sempre disposto. Ainda quando eu não o deixava combater ou se lançar como um louco à luta, quando ele deixou os aqueus para ir, como mensageiro, a Tebas, entre tantos inimigos, ele, com seu espírito valoroso, desafiou os cádmios e conquistou facilmente a vitória: tanto eu o ajudava. Quanto a ti, embora eu me coloque a teu lado e te proteja, e te incite a lutar contra os troianos, ou o cansaço de muito lutar caiu sobre teus membros ou, talvez, o medo te tenha tomado. Não és descendente de Tideus, o filho do famoso Oineus.
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Ares, o deus da guerra - Página 4 Empty Re: Ares, o deus da guerra

Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:27

Ouvindo isso, Diómedes levantou os olhos para a deusa e, fitando-a surpreendido, retrucou:

— Conheço-te, deusa, e falarei francamente contigo, e não esconderei nada. O medo e a covardia não me possuem, nem recuo, mas ainda me lembro das ordens que me deste. Não me deixarias lutar contra qualquer dos deuses, mas me disseste que, se Afrodite entrasse na batalha, eu poderia feri-la com a lança. Assim, recuei e ordenei aos outros que também o fizessem, pois vi Áres se aproximar.

— Filho de Tideus, caro ao meu coração, não temerás Áres, nem qualquer outro dos Imortais, pois vou ajudar-te. Vamos, dirige teus cavalos contra Áres em primeiro lugar e ataca-o em combate singular, e não receies esse deus louco, aquela praga, aquele renegado, que, há pouco, te prometeu, e a Héra também, lutar contra os troianos e ajudar os aqueus e, agora, se junta aos troianos e esquece os seus aliados.

E Atena empurrou Estênelos, fazendo-o descer do carro, e acomodou-se ao lado de Diómedes. Imediatamente, tomou o chicote e as rédeas, dirigiu o carro e investiu contra Áres. Este estava despojando da armadura do enorme Périfas, filho de Oquésios, que era, incontestavelmente, o melhor dos etólios. Atena, então, pôs o elmo de Hádes, para que o poderoso Áres não a visse. Áres viu Diómedes e preferiu abandonar o cadáver de Périfas, por ele abatido, e foi lançar-se contra o tidida, arremessando a lança contra o herói; mas Atena agarrou a lança, mudando-lhe a trajetória, fazendo-a perder-se no ar. E Diómedes, respondendo à agressão, também arremessou a sua, e Atena guiou-a contra a parte inferior do ventre de Áres, que estava cingida por um cinto. Áres deu um grito estrondoso, tão alto como a voz de dez mil guerreiros. Um tremor caiu ao mesmo tempo sobre os gregos e troianos, pois pensavam que fosse o trovão de Zeus.

Numa negra sombra, Áres subiu ao Céu como um furacão. Velozmente, ele voltou à morada dos deuses, ao alcantilado Olimpo, e assentou-se, com dor no coração, perto do pai Zeus. A ele mostrou o ferimento.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:28

— Pai Zeus, não te iras, ao ver isto? Em verdade, nós os deuses temos de sofrer cruelmente pela vontade uns dos outros, quando favorecemos os homens. Todos nos revoltamos contra ti, pois deste nascimento a uma virgem imprudente, desgraçada, cujo espírito está sempre voltado para atos violentos. Todos nós obedecemos-te e nos sujeitamos a ti. Tu, porém, não a censuras, nem pela palavra nem pelos atos, porque é tua preferida: ao contrário, estimulas, pois tu mesmo criaste essa insolente. Ela agora incitou o filho de Tideus, o valoroso Diómedes, para atacar os Imortais, que também sofrem com a dor. Primeiro, ele feriu Afrodite, em combate singular, e, depois, investiu contra mim, como se fosse um deus. Meus pés velozes me ajudaram a fugir, porém, de outro modo eu teria sofrido prolongadas angústias entre os horríveis montes de mortos ou perdido as forças com os ferimentos que só os homens deveriam sentir.

Zeus encarou-o com desdém e replicou:

— Não vem choramingar perto do mim, Áres. És, para mim, o mais detestável dos deuses que moram no Olimpo, pois amas a Discórdia, a Guerra e a Morte. Tens o espírito intolerável e teimoso de tua mãe Héra, pois mal consigo contê-la com palavras. Acho que foi por causa dela que sofreste desse modo. Não permitirei, porém, que sofras, pois também és meu filho. O médico dos deuses se incumbirá de aliviar-te. Mas ouve ainda: se, insolente como és, fosses filho de qualquer outro dos deuses, terias sido rebaixado de há muito entre os filhos do Céu.

Zeus, então, ordenou a Asclépios, então deus do Olimpo, que o curasse. Ele espalhou sobre a ferida drogas calmantes, e curou-o, pois ele não era feito como um mortal. A irmã Ivi banhou-o e envolveu-o em belas vestes, e ele foi sentar-se perto de Zeus.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:28

As deusas Héra e Atena, dando por encerrada a intromissão, regressaram à casa de Zeus, tendo impedido que Áres continuasse a matar os homens como se fosse um guerreiro troiano. Assim, os guerreiros investiam uns contra os outros, entre o Símoeis e as correntes do Xantos (Escamandros), sem a ajuda dos deuses.

Mais tarde, quando Diomedes preparava-se para investir contra seu inimigo, o lício Glaucos, este lhe disse algumas palavras que o fez reter sua espada:

— A esposa de Belerofonte gerou três filhos dele: Isandros, Hipólocos e Laodâmia. Zeus deitou-se com Laodâmia e ela concebeu Sarpédon, o melhor dos lícios. Quando Belerofonte tornou-se odiado por todos os deuses, vagou sozinho pela planície Aleiana, consumindo o coração e evitando os caminhos dos homens. Seu filho Isandros foi morto por Áres, quando lutava contra o glorioso rei Sólimos, e Ártemis irou-se e matou sua filha Laodâmia. Hipólocos foi poupado, e esse foi meu pai. Ele mandou-me a Tróia e recomendou-me muitas vezes que me destacasse e me sobrepujasse aos demais, e não envergonhasse a raça de meus ancestrais, a mais valente em Éfira e na vasta Lícia. Eu me orgulho de pertencer a essa raça e a esse sangue.

Foi o suficiente para que ambos não travassem duelo e, reconhecendo cordialmente sua relação oriunda, selaram ambos um acordo de paz.

Após um longo embate no campo de batalhe, uma trégua de 12 dias foi necessária para que ambos os lados enterrassem seus mortos e se reorganizassem. Assim que a guerra se refez, Zeus começou a valorizar Aquiles, e os aqueus começaram a sofrer contínuas derrotas. Então, Poseidon sobreveio e decidiu apoiar as forças de Agamémnon, e Héra passou a distrair Zeus para que cessasse de ajudar as hostes troianas. Zeus, ao perceber tamanha afronta, ameaçou-a e revelou suas verdadeiras intenções.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:29

Héra, então, compreendeu as intenções de Zeus, mesmo lamentando a morte de seus favoritos, os argivos, e o triunfo dos odiosos troianos. Mas, sem desobedecer, pelo menos por enquanto, foi das montanhas do Ida ao Olimpo. Lá chegando, encontrou os deuses reunidos na morada de Zeus. Ao vê-la, todos levantaram-se e brindaram-na com suas taças. Ela, ignorando os demais, aceitou a taça da bela Têmis, que se aproximou da rainha, dizendo-lhe:

— Héra, por que vieste? Pareces perturbada. Certamente, teu esposo te amedrontou.

— Não me perguntes, Têmis. Tu mesma sabes como o seu espírito é arrogante e violento. Estás preparando o festim dos deuses dentro dos salões. Saberás de tudo juntamente com os demais, acerca das sinistras ações que Zeus ameaça executar. Nem todos os corações ficarão deleitados, ouso dizer, sejam dos homens sejam dos deuses.

Assim falando, Héra assentou-se e os demais Imortais ficaram perturbados. Ela sorria, mas, ao mesmo tempo, não denotava alegria, franzindo a testa. E, com indignação, falou-lhes:

— Vós, que em vossa loucura ficais irados com Zeus! Ainda desejamos aproximar-mos dele e conquistá-lo por palavras ou pela força, mas ele não nos dá atenção nem se impressiona conosco. Diz ele que, entre os deuses, ele é supremo, acima de qualquer dúvida, pela força e pelo valor. Aceitai, portanto, seja o que for que ele impuser a cada um de vós. Agora mesmo, creio que Áres irá sofrer, pois seu filho Ascálafos pereceu na batalha, aquele que é para ele o mais caro, aquele que o poderoso Áres chama seu filho.

Houve um tumulto, e Áres, batendo com as mãos nas imponentes coxas, lamentou-se:

— Não me priveis, Olímpicos, do direito de eu ir entre os aqueus e vingar o assassinato de meu filho favorito, ainda que seja meu destino o de ser atingido pelo raio fulminante de meu pai Zeus e ser jogado nas profundezas do Tártaro.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:29

Áres, às pressas, chamou Deimos e Foibos, seus servos, e ordenou-lhes por seus cavalos sob o jugo, enquanto começava a vestir a armadura. Mas Atena, temendo a ira de Zeus, correu até a porta, impedindo a passagem de Áres. Tirou de sua cabeça o elmo e de seus ombros o escudo, tomou de sua mão a lança e a escorou na parede.

— Louco, de espírito conturbado, estás perdido! Certamente não ouviste bem o que Héra nos disse. Não estás sendo sensato e provavelmente deves estar surdo. Tu desejas sofrer muitos males e voltar à força ao Olimpo, com todo o teu pesar, ao mesmo tempo que acarretarás problemas aos outros? Ele, por certo, deixará a contenda entre gregos e troiamos e virá até aqui a fim de lançar sua ira sobre nós. Não distinguirá culpado de inocente. Peço-te que domines tua ira por causa de teu filho. Muitos guerreiros melhores do que ele têm sido mortos e ainda serão outros, provavelmente. É difícil salvar a linhagem e a prole da humanidade.

E Áres, olhando para fora e para dentro do palácio, em silêncio, pôs-se a caminhar, cabisbaixo, em direção da mesa e foi-se sentar. E Poseidon teve que retirar-se do campo de batalha. E, para valorizar Aquiles, torná-lo o herói das hostes gregas, foi preciso morrer Pátroclos.

O retorno de Aquiles ao campo de batalha dividiu definitivamente os Olímpicos. Héra, Atena, Poseidon, Hermes, Tétis e Hefaístos partiram e reuniram-se nos navios dos aqueus. Áres, Apolo, Ártemis, Leto, Xantos (o mesmo Escamandros dos homens) e Afrodite foram-se juntar aos troianos. Com cada um dos dois grupos, seguiram outras tantas divindades para os apoiar. Mas houveram muitas que permaneceram neutras e preferiram não participar diretamente do conflito, pois temiam a ira de algum deus superior.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:29

Enquanto os deuses não se misturaram com os heróis, os aqueus conquistaram grande glória, graças a Aquiles. Um terrível tremor tomou os membros de todos os troianos, atemorizados ao verem o filho de Peleus, resplandecente em sua armadura. Quando, porém, os Olímpicos entraram na batalha, levantou-se a poderosa Éris, que passou a incitar a discórdia entre todos, e Atena gritou: ora estava junto ao profundo fosso, fora da muralha, ora nas alturas das nuvens. Áres gritou do outro lado, dando ordens violentas aos troianos, da altura da cidade, e, outras vezes, correndo sobre as alturas do Calicolone, ao lado do Simoeis.

Assim, os deuses incitaram os dois lados e, em seu meio, eles próprios provocaram a luta encarniçada. Do Olimpo, Zeus descarregava os seus raios, enquanto Poseidon sacudia a Terra, cujos alcantilados cumes das montanhas oscilavam, fazendo rolar grandes rochas morro abaixo. Até Hádes, rei do Mundo Subterrâneo, estremeceu e desceu do trono, amedrontado, receando que o irmão Poseidon rompesse a terra acima dele, e que a sinistra mansão, odiosa aos Olímpicos, se revelasse aos mortais e aos Imortais. Tal foi o fragor que se ergueu quando os deuses se enfrentaram na luta. Diante de Poseidon estava Apolo, com suas setas infalíveis, e diante de Áres (ou Eniálios) estava Palas-Atena. Héra se encontrava ameaçada por Ártemis, com suas setas de ouro. Diante de Leto estava Hermes, e enfrentando Hefaístos estava o torrentoso Xantos, conhecido pelos homens por Escamandros.

Quando o poderio do Escamandros, que ameaçava a vida de Aquiles, foi dominado por Hefaístos, Héra fez cessar a disputa, embora estivesse irada. Os demais deuses nutriam mútua hostilidade, estavam divididos, e se atiraram uns contra os outros com tal violência que toda a vasta Terra estremeceu e os Céus ressoaram como clarins poderosos. Zeus, no Olimpo, ouviu tudo aquilo e entristeceu-se ao ver que os Imortais investiam-se uns contra os outros, como muitas vezes havia acontecido noutros tempos.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:30

Áres foi o primeiro a avançar. Empunhando a lança e o escudo, atacou Atena, lançando-lhe injúrias:

— Então, Atritônia, lanças os deuses uns contra os outros, com tua tempestuosa coragem? Por que tanto te incita o coração? Não te lembras de quando incitaste Diómedes a ferir-me e tu mesma, abertamente, empunhaste tua lança e a arremessaste contra mim e me feriste? Pois agora ajustemos contas, tu e eu, deusa indomável!

E investiu contra a terrível égide de Atena, que nem mesmo o raio de Zeus podia destruir. O sanguinário Áres arremessou contra ela sua lança, mas Atena esquivou-se e agarrou uma enorme pedra, a mesma usada pelos homens para marcar os limites dos campos cultivados. Com essa pedra, ela atingiu Áres no pescoço, e suas pernas fraquejaram, caindo como uma árvore no solo.

Atena deu uma risada e, vangloriando-se, disse:

— Louco! Não percebeste ainda que sou superior a ti e não podes medir forças comigo? Assim paga as censuras de tua mãe Héra, zangadíssima contigo por te haveres separado dos gregos e defendido os insolentes troianos, justo os gregos que te adoram!

Disse isso e desviou os olhos do deus, deixando-o ali mesmo. Mas Afrodite, compadecida, tomou-o pela mão e levou-o para fora do campo de batalha, pois se encontrava muito mal e gemendo muito, da maneira imortal.

Ao vê-la, Héra disse a Atena:

— Palas, não notas com que provocação a deusa do amor retira do tumulto o deus da guerra? Não a perseguirás?

A deusa guerreira não estimava Afrodite, visto que esta havia ofendido o irmão e esposo Hefaístos com a infidelidade, unindo-se ao deus Áres, união esta reprovada pela maioria dos deuses. Ademais, tanto ela quanto Héra haviam sido vencidas pela deusa do amor num concurso de beleza, tendo o troiano Páris por juiz. E Atena apressou-se em persegui-los, e, aproximando-se, bateu com força, com o punho cerrado, no peito de Afrodite, fazendo-a fraquejar e cair no chão, arrastando na queda o deus ferido. E disse-lhes:
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:30

— Tombem assim todos os que se atreverem a auxiliar os troianos! Se todos os nossos tivessem conseguido o que eu consegui, há muito que estaríamos sossegados e Tróia completamente aniquilada!

Héra sorriu de satisfação. Poseidon, aproveitando o momento, dirigiu-se a Apolo:

— Febo-Apolo, por que nos mantemos afastados se os demais iniciaram a luta? Seria vergonhoso para nós voltarmos ao Olimpo sem ao menos combatermos. Vai na frente, pois és o mais moço: não convém a mim, que nasci antes e sou mais experiente. Louco, como tu és insensato! Nem ao menos agora tu te lembras dos males que só nós, entre os deuses, sofremos em Ílion, quando, mandados por Zeus, como homens, para junto de Laómedon, o servimos durante um ano, mediante um salário, e ele nos dava ordens como se fôssemos seus escravos. Construí uma grande e bela muralha em torno da cidade dos troianos, para que ela se tornasse inexpugnável. E tu, Febo, pastoreavas o gado de chifres retorcidos, com tua túnica flutuante, nos vales do Ida. Quando, porém, chegou a estação de recebermos o pagamento do salário, o terrível Laómedon nos lesou de tudo e nos despediu com ameaças. Ameaçou amarrar nossos pés e mãos e mandar-nos para ilhas distantes, e cortar nossas orelhas a fio de espada. Assim, partimos com ira no coração, furiosos por causa da maldade daquele rei. Por isso, agora agradeces ao seu povo e não nos ajudas para que os insolentes troianos sejam levados à ruína, com seus filhos e mulheres.

— Ora, Poseidon, não poderias chamar-me de insensato se eu lutasse contigo por causa de desgraçados mortais, que, como as folhas, ora florescem com a chama da vida, comendo os frutos do campo, ora são levados pela Morte. Por isso, retiremo-nos sem demora da batalha e deixemos que lutem sozinhos.

Apolo, negando-se a erguer o braço contra o irmão de seu pai, deu-lhe as costas, deparando-se com sua irmã Ártemis, que ria com sarcasmo. E disse a Apolo:
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:31

— Foges, Apolo? Pretendes deixar a vitória a Poseidon? Tu deste a ele uma glória imerecida... irmão. Tu és um tolo, pois portas inutilmente este arco e estas flechas... Não quero mais ouvir tuas gabolices nos salões de nosso pai, como sempre fizeste, entre os Olímpicos, que podes combater Poseidon frente a frente.

Apolo permaneceu calado, muito confuso. Héra, percebendo, ofendeu-se com aquele sarcasmo, e interveio:

— Víbora desavergonhada! Quererás, porventura, medir as tuas forças com as minhas pelo fato de levares algumas flechas em tua aljava? Será difícil para ti enfrentar-me, já que Zeus te fez um leão entre as mulheres e te permitiu matar a quem quiseres? Sim, é melhor matar os animais, as feras e as corças selvagens, nas montanhas, do que lutar contra os que são mais fortes do que tu. Se queres, porém, aprender algo sobre a guerra, já que és tão teimosa, disso poderás saber muito bem: que sou muito melhor que tu se medires tuas forças comigo...

Assim falou, agarrou Ártemis pelos pulsos, com a mão esquerda e, com a direita, arrancou o arco e a aljava de seus ombros, sorrindo, e bateu com eles em seu ouvido e as setas caíram todas no chão. Ártemis, chorando, afastou-se correndo, como uma pomba fugindo do falcão. Sua mãe Leto quis acorrer em seu auxílio, mas Hermes impediu-a, dizendo:

— Leto, não lutarei contigo, pois é difícil enfrentar as esposas de Zeus. Podes vangloriar-te entre os deuses de teres me vencido com tua força poderosa. Mas acalma-te...

Hermes proferiu tais palavras em tom apaziguador. Leto, inconformada, apanhou o arco, a aljava e as setas dispersas pelo chão, e com elas rumou para o Olimpo, em busca da filha. Foi à casa de Zeus e a encontrou sentada, chorando sobre os joelhos do pai, como uma criança. Zeus abraçou-a e, carinhosamente, perguntou-lhe:

— Quem, do Olimpo, ousou maltratar-te, querida filha, ainda que tenhas errado?

— Pai, foi tua esposa Héra. Ela bateu-me, ela por cuja culpa a Discórdia reina entre os Imortais.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:31

Zeus desatou a rir, e acariciando Ártemis, dirigiu-lhe palavras de consolo. Entrementes, Febo-Apolo entrou na sagrada Ílion, eis que estava preocupado com o destino da muralha, receando que os gregos a rompessem naquele dia, antes do tempo. Os demais deuses voltaram ao alcantilado Olimpo: alguns irados e outros grandemente orgulhosos, e se sentaram ao lado de seu pai, que estava envolvido em nuvens escuras.

Num combate singular com Pentesiléia, rainha das Amazonas, Aquiles atirou-lhe a lança invencível, obra do centauro Quíron, seu protetor e mestre. A lança atingiu a rainha por cima do seio direito. Não tardou em jorrar sangue do ferimento, e Pentesiléia viu-se abandonada pelas forças. Da mão lhe caiu o machado, e os olhos se encheram de lágrimas e nuvens escuras. Apesar de tudo, reviveu um instante, e cravou os olhos no rosto do inimigo, que se aproximava para derrubá-la do cavalo. Pentesiléia conseguiu refletir se devia desembainhar a espada e defender-se, ou se convinha apear e suplicar a Aquiles que lhe poupasse a vida, em troca de ouro e bronze. Aquiles, porém, não lhe deu tempo para decidir, pois, inflamado pelo orgulho, com uma lançada atravessou o cavalo e a amazona. Pentesiléia deslizou da montaria e tombou ao chão. Palpitava ainda, apoiada ao cavalo que, mortalmente ferido, também caíra sobre os joelhos.

Percebendo os troianos que a heroína sucumbia, precipitaram-se para as portas da cidade, em fuga e atônitos, queixando-se da perda. O filho de Peleus, voltando-se para a moça, disse-lhe, alegremente:

— Fica aí, infeliz, e serve de pasto a cães e abutres! Quem te mandou contra mim? Esperavas obter do rei Príamos presentes pelos inúmeros gregos que sacrificaste, mas foi outro prêmio que te coube.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:31

Assim falando, arrancou a lança do corpo da amazona e do cavalo, arrancando um grito de dor de ambos. Em seguida, tirou o elmo da cabeça de Pentesiléia, e contemplou o rosto da jovem que, neste momento, escapava-lhe a vida. Apesar do sangue e do pó que cobriam seu rosto, conservavam aquelas nobres feições maravilhosa formosura, e os gregos que rodearam o cadáver ficaram admirados ao ver a virgem que, comparável a Ártemis adormecida, jazia estendida. Aquiles, bem mais jovem que a rainha, se sentiu dominado pela Dor, que aumentava à medida que a contemplava, e viu-se obrigado a reconhecer que, em vez de morrer às suas mãos, a rainha teria merecido rumar para Ftia como sua esposa.

Foi quando Aquiles ouviu um grito que vinha em sua direção: era Cálcon, um guerreiro de Cipárissos, escudeiro do herói Antílocos, que, apaixonado pela amazona e enlouquecido pelo deus Áres, resolvera atacar Aquiles, o homicida. Cálcon, assim como o Amor, tornara-se cego perante aquele ato de covardia, por isso esqueceu quem era Aquiles e de que lado se encontrava, se dos gregos ou dos troianos. Mas o pelida, descontente por tal ação indigna, matou-o sem piedade; e a sua morte não foi sentida por grego algum. Clete, a ama de Pentesiléia, que havia seguido a rainha para lutar, apavorada, largou as armas e pôs-se em fuga, para fora do campo de batalha. Deixando Tróia, ao invés de retornar ao Termódon, tomaria então um barco e seria atirada pela tempestade nas costas da Itália meridional, onde fundaria uma cidade, Clete, e onde pereceria em combate contra a cidade de Crotona. Seu filho Cáulon haveria de fundar Caulônia.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:32

A morte de Pentesiléia causou enorme dor também ao deus Áres, seu pai, o qual, tendo falhado com Cálcon, como raio seguido do trovão, se precipitou do Olimpo à terra, armado, e rumou para o monte Ida. À sua passagem, tremiam montanhas e vales, e a sua presença houvera acarretado a desgraça dos gregos, não fora Zeus, que o impediu, descarregando-lhe sobre a cabeça uma chuva de raios. No meio do estrondo do trovão, Áres reconheceu a voz do pai, e não ousou continuar, detendo-se contra a sua vontade. Não sabia se devia regressar ao Olimpo ou, desafiando a vontade de Zeus, continuar a tingir as mãos com o sangue de Aquiles, quando se lembrou dos muitos filhos de Zeus que, por decisão deste, deveriam morrer e a quem nem ele próprio conseguiria salvar do Destino. Conhecia muito bem o poderoso pai e sabia que quem se lhe opusesse seria vítima do impetuoso raio e atirado junto aos Titãs, no Tártaro.

Entretanto, os gregos amontoaram-se em volta do cadáver de Pentesiléia, desejosos de lhe arrancarem as armas. Aquiles, no entanto, continuava ao seu lado, com outro propósito. Ele que, poucos momentos antes, desejava entregar aquele corpo aos cães e aos abutres, contemplava incansavelmente a donzela com tristeza e sentia o coração corroído por uma pesar idêntico ao que sentira pela morte de Pátroclos.

Após a morte de Aquiles, pela flecha de Paris e a intervenção de Apolo, os gregos foram buscar em Ciros um guerreiro para substituí-lo: Pirros, seu filho, chamado então de Neoptólemos. Esse jovem guerreiro, tão feroz quanto o próprio pai, mostrou aos troianos para que veio, e as fileiras acaias ganharam novo vigor. O deus Áres, resolvido a ajudar Tróia, lançou-se pessoalmente ao meio da batalha, montado no seu carro de guerra, puxado por corcéis que vomitavam fogo pela boca. Empunhando a lança, instigou os troianos, com fortes gritos, que pasmaram ao ouvir a voz divina, pois não o conseguiam ver. Hélenos, filho de Príamos, reconheceu o deus e gritou aos companheiros:
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:32

— Não temais! O poderoso deus da guerra está conosco. Não ouvistes o seu grito de guerra?

Os troianos, após se refazerem do susto, reiniciaram a luta. Áres infundiu enorme valor a eles. Finalmente, as fileiras gregas começaram a vacilar. Somente Pirros não parou para descansar, um só momento, abatendo um a um os inimigos. Áres, encolerizado com tamanha temeridade, estava decidido a aparecer aos olhos do filho de Aquiles. Foi aí que Atena abandonou o Olimpo e correu ao campo de batalha. A terra e as águas do Escamandros estremeceram com a chegada da deusa, de cujas armas brotavam raios cintilantes, enquanto as serpentes de seu escudo soltavam fogo pela boca. E avançou contra Áres, mas Zeus, do alto das nuvens, temendo uma desgraça aos dois, intimidou-os com um raio de advertência. Ambos, assustados, compreenderam a vontade do senhor dos deuses. Áres retirou-se para a Trácia e Palas-Atena rumou para Atenas, na Hélade.

Com a ausência do deus da guerra, e sentindo isso, a força dos troianos começou de novo a fraquejar, e eles recuaram depressa para a cidade, seguidos de perto pelos gregos, que tentaram invadi-la e escalar seus muros, pensando arruiná-la naquele mesmo dia. Mas Zeus, conhecendo os desígnios do Destino, envolveu Tróia nas trevas, causando terror aos dânaos (aqueus) que, com o conselho de Nestor, viram-se obrigados a recuar para os navios, pois acreditavam que Tróia cairia pelas próprias mãos de rei dos deuses. Assim, voltando ao acampamento, enterraram seus mortos e, depois, descansaram. Então, passados dez anos de tanta insistência, os aqueus entraram em Tróia e a conquistaram.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:32

DIÓMEDES E CALÍRROE

Enquanto Diómedes lutava em Tróia, Egiálea, sua esposa, filha do famoso rei Adrastos, de Árgos, o traía nos braços de Cometes, a quem Diómedes havia confiado o reino e a casa. Era mais um plano bem-sucedido de Náuplios e a sua pérfida vingança. No entanto, Cometes era apenas um instrumento da cólera de Afrodite, que havia sido ferida pelo guerreiro argivo em Tróia. Por isso, ainda antes de Cometes, Afrodite havia-se entregado a vários outros homens.

Graças à tempestade provocada por Atena e Poseidon, que também havia apanhado sua frota, grande parte dos navios de Diómedes afundou. De nada adiantou a correria dos seus tripulantes, todos os esforços, gritos e ordens, tudo perdeu-se na imensidão do mar. Naufragando, os navios em pedaços dos argivos foram levados pelas ondas. Botes foram improvisados, homens desesperados atiraram-se no mar, procurando vencer a correnteza que os arrastava em direção dos recifes.

Por fim, sobreveio a calmaria. Os poucos que conseguiram chegar à terra deixaram-se cair na areia, exaustos, e adormeceram profundamente. Ninguém sabia onde estava, que lugar era aquele ou o nome do seu povo e do seu rei. Diómedes havia naufragado até chegar às costas da Líbia, onde reinava Licos, filho do deus Áres. Era um homem cruel: encarcerava todo estrangeiro que por acaso se aproximasse de sua morada. E depois, em honra de seu pai, torturava o cativo até matá-lo.

Ao saber do recente naufrágio, pela boca de seus vigias, o filho de Ares dirigiu-se pessoalmente à praia e mandou aprisionar os estrangeiros. Diomedes nada pode fazer, estava fraco e fatigado. Após longos anos de lutas, queria apenas rever a terra natal e sua família. E agora estavam, ele e seus poucos companheiros sobreviventes, encerrados numa escura caverna, à espera do momento final: por decisão de seu rei, seriam sacrificados em honra do deus Áres, como de costume. Não demorou muito e os argivos foram levados, um a um, ao altar do sacrifício.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:33

Passaram-se dias tristonhos para Diomedes, o único prisioneiro a permanecer vivo. Mas lá fora não existiam resquícios da tempestade. O céu estava azul. O sol brilhava forte. Na praia, distante do local onde estava preso, conseguia vislumbrar um vulto, talvez uma moça belíssima, quem sabe uma ninfa. Era a linda Calírroe, filha do rei Licos, que contemplava a espuma das ondas. Ela reprovava o mau costume de seu pai, e justamente por isso não conseguia entender porque apenas um dos prisioneiros continuava vivo, e por um tempo maior.

De retorno para casa, a jovem passou pela prisão de Diomedes. Curiosa, foi conhecê-lo. Conversou com o herói e por fim prometeu suavizar-lhe o sofrimento. Mais tarde, às escondidas, voltou à caverna com um pouco de comida. E por vários dias fez o mesmo: alimento e consolo. Diómedes foi recuperando as forças. Fez confidências à moça e contou-lhe episódios da guerra a que participara por dez longos anos. Calírroe sentiu algo estranho por aquele homem. Não conseguiu definir o que era — mas sabia que nunca sentira por ninguém. Talvez nem mesmo por seu próprio pai. Diomedes percebeu-lhe a emoção, os olhares suplicantes, o carinho tensamente contido. A moça estava apaixonada.

A partir dessa descoberta, o herói sentiu reviver sua esperança de liberdade. Pois o amor de Calírroe seria a chave que abriria as portas de sua prisão. Trêmulo de impaciência, aguardava o novo encontro. As horas transcorriam lentas demais para sua aflição. Por fim, a jovem pisou o solo úmido da caverna. E Diómedes, ansioso, declarou-lhe amor inexistente. Prometeu desposá-la e leva-la consigo para a Hélade, onde seriam felizes para sempre. Calírroe acreditou.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:33

Chegado a hora do sacrifício, ao ser levado ao altar, Calírroe, a filha de Licos, apaixonada pelo prisioneiro, intercedeu por ele, conseguindo a sua liberdade com a promessa de ser desposada. Diómedes fingidamente correspondeu ao amor da moça, pensando em rever a esposa, em Árgos. O rei consentiu por entender que havia algum propósito de tanta demora para o seu sacrifício. Então, marcou data para a realização do casamento.

Diómedes, em particular com sua futura prometida, disse-lhe que temia por sua vida, e combinou com ela uma fuga para a Hélade no dia seguinte. Ela, apaixonada, novamente acreditou nas promessas de seu futuro esposo, e concordou em conseguir e lhe mostrar uma pequena embarcação para ambos, e marcou com ele o local. Mas, antes do amanhecer, quando Calírroe chegou onde a embarcação se encontrava, avistou Diómedes já em alto-mar, longe da praia. Percebeu que havia sido enganada. Não pode suportar a ideia. Desesperada, levou as mãos à cabeça. Seus dedos nervosos desalinharam os cabelos, arranharam o seu belo rosto e chegaram ao pescoço. Fora de controle e enlouquecida, apertou a própria garganta descontroladamente, como se uma mão alheia o fizesse, até que sufocou, distante, muito distante dos pensamentos de Diómedes.

Ao voltar à Pátria, soube através de seus servos mais fiéis sobre a infidelidade da esposa, e teve que ser cauteloso. A mulher arranjou-lhe armadilhas, das quais ele escapou, indo refugiar-se junto do altar de Héra, que o protegeu. Dali, fugiu com um grupo fiel de guerreiros para o Ocidente, e foi parar na Ibéria, onde fundou a colônia de Tyde (hoje Tuy, na Espanha).
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:33

Mais tarde, seguiu para junto do rei Daunos, na Itália, em companhia de seus fiéis soldados, onde ajudou o rei daquela terra a combater os seus inimigos. Porém, acabaram se desentendendo, e Daunos tirou-lhe a vida. Os deuses, compadecidos, transformaram seus companheiros em aves de rapina, os pardilhões. Quanto a Diómedes, Atena, sua protetora, fez dele um deus, que passou a ser cultuado na Magna-Grécia, especialmente numa das muitas ilhotas, agora conhecida como Le Tremiti, fronteira ao monte Gárganos, onde o profeta Calcas passaria a ter o seu oráculo.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:33

RÔMULO E REMO

Era o século VIII a.C., e os latinos chegaram às margens do rio Tibre, onde ergueram vários pequenos povoados. E subia ao trono de Alba-a-Longa o notável Númitor. Porém, Amúlio, irmão menor do novo rei, mediante uma conspiração, depôs Númitor do trono, expulsou-o do reino, matou a todos os seus filhos varões, e declarou-se rei de Alba-a-Longa, obrigando Réa Sílvia (Ília), única filha do irmão, a tornar-se Vestal, sacerdotisa de Vesta (a Héstia dos gregos), temendo que esta tivesse descendentes que viessem a prejudicá-lo mais tarde. Com isso, ela não poderia se casar nem ter filhos, sob pena de severo castigo, e assim se sucedeu durante trinta anos.

A vestal Réa Sílvia, filha de Númitor, o rei deposto, foi à fonte buscar água para lavar os objetos para o rito. Cansada, sentou-se no chão para refrescar-se com o peito descoberto, de modo que a sombra da árvore, o canto dos pássaros e os ruídos da água lhe causaram profundo sono. O deus Áres (ou Marte) por ela se apaixonou e a possuiu, usando seus poderes para ocultar o ultraje.

Sem realmente o saber, as Vestais trataram de explicar a gravidez de Réa Sílvia, e para que não fosse tão grave, se difundiu o rumor de que havia sido um deus. Porém, quando Amúlio soube do acontecido, já que sua gravidez não poderia ser oculta por muito tempo, meteu-a na prisão até o término da gravidez. As Vestais, inteiramente consagradas ao culto divino, sabiam que não podiam casar nem ter filhos, sob pena de morte. E esta foi a sorte de Réa Sílvia. Segundo as tradições do país, a infeliz foi enterrada viva e os filhos, que eram gêmeos, atirados ao Tibre.

Mas o servo, que devia executar a ordem, pusera o cesto, onde se encontravam os dois meninos, sobre as águas do rio, em época de enchente. O cesto encalhou entre os caniços das margens, ao pé do Palatino, e os pequenos foram encontrados por uma loba, que, enviada pelo deus Marte, ao invés de dilacerá-los, amamentou-os.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:34

Mais tarde, o pastor Fáustolos recolheu-os, levou-os para sua choupana e criou-os como filhos, junto de sua esposa Aca Laurência, que no passado havia sido uma prostituta, e chamou-os Remo e Rômulo. Aca amava-os como seus filhos, mas Faústolos tinha sérias suspeitas de que se tratassem dos filhos de Réa Sílvia, ou seja, eram de estirpe real, e temia que um dia iria perdê-los.

Ao chegarem à idade adulta, Remo e Rômulo conheceram sua origem através de seu pai, o deus Marte, e em seus corações acendeu-se o desejo de vingar-se do usurpador. A frente de um grupo de jovens guerreiros,assaltaram o palácio, mataram Amúlio e reconduziram ao trono Númitor, que desde longos anos mofava como prisioneiro.

Os jovens heróis desejaram, então, ser independentes, e conceberam a ideia de fundar uma cidade no mesmo lugar onde haviam sido amamentados pela loba, entre duas colinas. Ademais, a população havia aumentado consideravelmente, inclusive os pastores da região haviam resolvido mudar-se para Alba. Tanto Lavínion como Alba haviam ficado pequenas para tanta gente. Por isso, Númitor doou aos netos uma área de terra junto à margem esquerda do Tibre, não distante do ponto em que o pastor Fáustolos os encontrara quando meninos. Naquele lugar haveriam de construir uma nova cidade.

A primeira dificuldade se deu porque queriam mandar os dois. Rômulo e Remo eram gêmeos, e ambos tinham os mesmos direitos de primogenitura. A solução buscaram nos deuses: fariam sacrifícios às divindades protetoras do país, que por meio de sinais, os augúrios, indicaram sua vontade. Um dos dois seria o rei, e este haveria de dar o seu nome à nova cidade.

Rômulo desejava construí-la sobre o Palatino, mas Remos sobre o Aventino, mais ao leste e mais perto do rio. Mas este acabou cedendo. E os dois irmãos puseram mãos à obra, demarcando, antes de tudo, os limites da nova cidade. Era o dia 21 de abril do ano 753 a.C.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:34

Como ambos desejassem dar o próprio nome à cidade, resolveram interpretar a vontade dos deuses, estabelecendo que aquele dos dois que visse voando maior número de pássaros seria o escolhido. Subiram a dois morros diferentes: Remo foi para o Aventino e viu sete abutres que lá pousaram. No momento em que iam anunciar que Remo havia sido favorecido, Rômulo, sobre o Palatino, avistou doze abutres, e ali pousaram, como um sinal mais importante. E Rômulo começou a demarcar o Pomerium, recinto sagrado da cidade que haveria de nascer. A cidade, de Rômulo, passaria a chamar-se Roma, “cidade do rio”, já que Rumo era um antigo nome dado ao Tiberis (o Tibre).

Remo, despeitado porque acreditava ser o vencedor, por ter sido o primeiro favorecido, não deu o braço a torcer. Foi logo tomando o arado tirado por um cavalo e um boi, ambos alvos como a Aurora, e começou a produzir sulcos para delimitar a extensão de sua cidade, bem como o costume dos tirrenos, seus vizinhos. Começou com uma simples discussão, e acabou com censuras e provocações. Remo largou o arado e foi apanhar pedras para erguer os muros que rodeariam o Septimontium, as sete colinas que a região abrangia. E Rômulo fez o mesmo. Devido à vitória que considerava injusta do irmão, Remo ultrapassou, em gesto de desprezo, o sulco, insultando-o publicamente; porém Rômulo, tomado de cólera, atravessou-lhe a espada, demonstrando, assim, que a ninguém era permitido ultrajar Roma. E disse-lhe:

— Assim farei sempre que alguém tente invadir o que é meu.

Em seguida, enterrou-o no Aventino.

Quando tudo ficou pronto, Rômulo notou que o lugar só era um trecho de pântano e mata. Rômulo, preocupado em povoar a localidade, criou o Capitólio e acolheu os primeiros habitantes em seu pequeno povoado: eram bandidos obrigados a fugirem de suas terras, pastores sem morada fixa, homens rudes e ferozes. Foram esses os primeiros romanos, os progenitores daquele povo que iria conquistar o mundo.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:35

Rômulo realizou sacrifícios a muitos deuses segundo a maneira e o rito dos albanos, mas os sacrifícios a Hércules (o Héracles grego) os levou a cabo segundo o rito grego, como o havia instituído o antigo rei Evandros. E este foi o único culto estrangeiro que adotou Rômulo, como predizendo a imortalidade a que estava chamado.

Rômulo havia fundado uma cidade sem habitantes. Para isso, não teve outra ideia senão convertê-la em lugar de asilo, reunindo-se a ele fugitivos e mendigos. Dessa forma, reuniu-se em Roma uma multidão de pessoas de toda classe e condição, mas todos do sexo masculino. Os primeiros habitantes foram os latinos e os sabinos. Reuniram-se, vindos de todos os quatro cantos da Itália, acamparam no Palatino, fortificaram-no e, depois, lançaram-se a atacar os mercadores transeuntes, enquanto que no Aventino crescia uma colônia de pacíficos lavradores sabinos, lado a lado com os romanos. Viviam com suas mulheres e filhos, constantemente aterrorizados pelos seus turbulentos vizinhos.

Rômulo tornou-se, assim, o primeiro rei de Roma, e dedicou-se também às tarefas de paz. Dividiu a população em tribos e fez-se assistir por uma assembléia, denominada “senado”, pois era constituída de cidadãos já de idade avançada.

Rômulo instituiu ministros da religião romana, e chamou-os Arúspices, que estavam encarregados de examinar as entranhas das vítimas do sacrifício aos deuses, a fim de tirar os presságios. Esse gênero de divinação havia sido ensinado aos romanos pelos etruscos (tirrenos).

Foi instituído um calendário pelos romanos, que era estritamente lunar pelo que não correspondia com as estações. Era o Calendário de Rômulo, que ele havia criado no mesmo ano da fundação de Roma. O ano se iniciava com o equinócio da Primavera e tinha dez meses, cuja duração alternava trinta e trinta-e-um dias. Estes meses não encaixavam com nenhum ciclo astronômico nem sequer de maneira aproximada. E ao primeiro mês do ano chamou Março, em honra a seu divino pai.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:35

ÁRES E A SUA DESCENDÊNCIA

Árês (em grego), “bravo”.
Marte = Mars (em latim), entre os romanos.
Bellator, “guerreiro”, entre os romanos.
Bodhisattva, entre os japoneses.
Cæcus, “cego”, entre os romanos.
Camulus, assim invocado pelos sacerdotes Sálios.
Caturix, “rei do combate”, entre os gauleses.
Eniálios, “belicoso”, venerado em Esparta e Creta.
Esus, entre os celtas.
Hachiman, entre os budistas.
Hemocares, “aquele que ama o sangue”, segundo Simônides de Sámos.
Hípio, venerado em Olímpia, na Élide.
Hoplóforos, “o que porta armas”.
Huitzlopoztli, entre os astecas.
Indra, entre os indianos.
Mamercus ou Mamertus ou Mamers, entre os oscos.
Marte Gradivo = Mars Gravidus ou Marspiter, com um célebre templo na Via Ápia.
Mavors, como deus da morte, entre os romanos.
Órion, entre os partas, da Ásia.
Pater Gradivus ou Rex Gradivus ou Gravidus, entre os romanos, como deus agrícola, que fazia crescer as plantações.
Quirinus, entre os sabinos. Era representado sob a forma masculina de uma lança (quiris). Esse nome foi dado também a Rômulos, seu filho, após sua morte.
Rinotoros, “o que perfura os escudos de couro”.
Silvano, “selvagem”.
Teichosipletes, “que sacode as muralhas”.
Teutates, deus da tribo, entre os gauleses.
Tiw, entre os anglo-saxôes.
Tiwar ou Tiuz, entre os germanos do norte.
Tyr, entre os escandinavos.
Ultor, “vingador”, entre os romanos.
Victor, “vitorioso”, entre os romanos.
Ziu, entre os germanos do sul.

Filho de Zeus e Héra.
A deusa guerreira Ênio (Belona) foi, provavelmente, sua ama, ainda que outros preferem fazê-la sua irmã, esposa ou filha.

Com a sua filha Hermíone (que as lendas da Trácia faziam-na filha de Zeus e Electra), teve por filhas algumas das mais famosas rainhas das Amazonas, ainda que, segundo uma tradição, todas passavam por ser suas descendentes.
Com a ninfa Círene (Pírene ou Polópia), teve Cicnos, Diómedes (rei dos trácios) e Licáon, todos mortos por Hércules. E uma filha, Abdera, heroína que deu nome a Abdera, na Trácia.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:35

Com Afrodite, sua grande amante, teve Ânteros, Éros, Deimos, Foibos e Harmonia (esposa de Cadmos).
Com Astíoque, teve Ascálafos e Iálmenos, heróis na famosa guerra de Tróia.
Com Párnassis, teve o filho Sínops.
Com Astínome, teve Cálidon.
Com Réia Sílvia, teve Rômulo e Remo, antepassados lendários dos romanos.
Talvez, com Seta, tenha sido pai de Bítis.
Com Demônice, teve Évenos, Pilos, Téstios, entre outros.
Com Filónome, teve Licastos e Parrásios.
Com a ninfa Hárpine, teve Enômaus.
Com Tebe, teve Evadne (mulher de Capaneus).
Com a amazona Lísipe, teve o filho Tânais.
Com Protogênia (filha de Cálidon e Eólia), teve Óxilos.
Foi pai de Éagros (rei da Trácia e pai de Orfeus).
Com Aglauro, teve Álcipe.
Com Trítia (filha do rio Tríton), teve o filho Melânipos.
Com Crisa, teve Flégias.
Foi pai dos heróis Álmenos e Anceus.
Com Teógone, teve Tmolos (rei da Lídia).
Com Aérope (filha de Cefeus), teve Aéropos.
Foi pai de Erimantos, Partáon, Tereus e Trassa. Foi pai também da ninfa Brítis.
Com uma filha de Réia, teve Médios (o fundador da cidade sabina de Cures).
Desposou a deusa Néria, dos sabinos.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 23/6/2021, 05:36

Era deus da guerra sangrenta, da força brutal. Personificava a Carnificina. Era inconstante, malvado e furioso. Sobretudo, primitivamente, foi cultuado como deus das tempestades.
Sua voz era mais estridente que a de 10.000 homens, toda vez que gritava com a fúria da guerra.
Seus escudeiros foram Deimos, Foibos, Éris e Ênio.
As Queres o acompanhavam nas batalhas. Todos faziam parte de seu cortejo e, às vezes, também juntava-se a eles o barqueiro Caronte.
Os Sálios foram seus sacerdotes mais fiéis, em Roma e nos demais reinos latinos.
Tinha um Oráculo na Trácia e um templo em Atenas.
Entretanto, não era venerado pelos gregos, mas foi adorado especialmente por citas, trácios e romanos. Teve certa importância para os lacedemônios.
Tornou-se deus nacional de Roma e favorito dos romanos.
Animais: cão, ou lobo, abutre, cavalo e galo.
Eram-lhe sacrificados o touro, o varrasco e o carneiro.
Entre os italiotas, os jovens que atingiam a idade viril eram-lhe consagrados.
Equírias, festas em sua honra, instituídas por Rômulo, realizadas no Campo de Marte.
Marciais = Martiales ludi, entre os romanos, jogos realizados em Roma, em sua honra.
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