Alexandre, o Grande

Alexandre
Local e data de nascimento: Pella, Macedônia, 20 de Julho de 356 a.C.
Local e data do falecimento: Babilônia, Pérsia, 10 de Junho de 323 a.C.

Em todas as listas dos principais personagens da história universal, a figura de Alexandre, o célebre conquistador macedônio, ocupará sem dúvida algum lugar de proeminência, e se por acaso seja o referido rol considerado sob a ótica da capacidade e gênio militar, tomará seu nome a primeira posição.

Jamais em qualquer época da história, um general e seu exército, lograram uma conquista tão grande como a alcançada por estes obstinados guerreiros, que em apenas onze anos, após deixarem a Grécia, então o centro do mundo antigo, dominaram uma extensão maior que o território do Império Romano. Tudo isso, não como um exército comum, onde os soldados obedecem às ordens apenas pelo temor da autoridade, a qual Alexandre certamente exercia sobre seus comandados, mas antes, como um rei adorado por cada um dos seus subalternos, a ponto de no final de cada uma das batalhas, nas quais nunca foram derrotados, cada um de seus homens querer antes de tudo, se assegurar que seu jovem comandante tinha sobrevivido, pois esta era a maior proteção que eles tinham. Sem ele não prosseguiriam, mas com ele não haveria limite.

É claro que a luz da história temos de dizer que Alexandre, longe de ser uma unanimidade como pessoa, oferece uma farta discussão sobre seu aspecto humano, sendo ao mesmo tempo para os ocidentais o grande general, e para os orientais, em especial para povo do Irã (antiga Pérsia), o demônio em pessoa. Tal observação é evidenciada, quando atentamos para o comportamento do homem que havia no mito. Seja pelo modo como aniquilava os inimigos, muitas vezes até mesmo aliados que eram passados ao fio da espada ao menor sinal de conspiração, pelo comportamento decorrente das monumentais rodadas de vinho, as quais eram comuns na tenda do general, pela sua intimidade sexual compartilhada com um companheiro de infância ou ainda pela sua posterior reivindicação de uma origem divina ao declarar-se descendente dos deuses, o que o fazia desejar ser reverenciado através da prosternação daqueles que dele se aproximassem. Situação esta, que se para os persas era comum, por estarem acostumados a ver Dario e todos os reis persas como divindades dignas de adoração era, contudo, para os inúmeros gregos do seu exército, uma abominação devido à ideia do poder absoluto que para estes era inaceitável.

Temos então os vários aspectos de Alexandre, às vezes o céu, outras vezes o inferno. No entanto, em nenhum momento irá o leitor questionar a cognome “o Grande”, após percorrer as postagens que aqui se iniciam, pois que irão se deparar com uma história ímpar, onde a grandeza está não somente nos atos levados a cabo pelo General e seus companheiros, mas muito mais que isso, na capacidade que eles tiveram de acreditar que poderiam ir cada vez mais ao encontro do sol nascente.

Sem desmerecer Alexandre

Sou fã de carteirinha do macedônio, mas acho que quando se discute suas brilhantes vitórias sobre os aquemênidas fica-se muito centrado nas virtudes do Alexandre Magno, na possível covardia do Dario III e no problema do exército imperial ser composto de mercenários gregos ou escravos de nações vencidas (que talvez não morressem de amores pelo império). Mas vejo pouca gente falando que o Império não ia bem das pernas, não era mais como no século VaC.
1) O Egito (vital em cereais) conseguiu se libertar e ter três dinastias nativas na virada do século no meio do período de domínio persa. Eram dinastias de um ou dois faraós cada, que tiveram ajuda grega e foram esmagadas após anos, mas é um sinal...
2) Pouco antes de Dario III, assumir o Império passou por crises dinásticas sérias envolvendo guerras civis (vide Anabase do Xenofonte) e intrigas de eunucos
3) Após as derrotas militares para os gregos no século VaC, o Império passou a patrocinar as picuinhas eternas de gregos versus gregos com habilidade. Ora o ouro persa apoiava Atenas, ora Esparta. Mas essa habilidosa diplomacia foi abandonada. Por que?

Derrotas de Alexandre Magno

Antes de mais nada sou fã de carteirinha do macedônio, mas se a gente for analisar bem, ele não foi absolutamente invicto.
Creio que houve uma batalha nos confins da Ásia Central, onde os macedônios foram sovados por citas massagetas. Os alexandrófilos dizem que era só um destacamento com um outro malandro no comando. De todo modo parou-se o avanço no além-Iaxartes para o norte.
A própria recusa do exército de alcançar o Ganges foi uma derrota moral para meu herói megalomaníaco, não?
A decisão de voltar pelo deserto sul da Pérsia, me soa como "ah seus putos, vocês querem voltar comigo para casa? Então toma aí o caminho de casa". De todo modo as baixas foram tantas que não foi bom nem para o ego dele. A coisa foi totalmente fora de propósito! O cara já tinha visto no deserto oeste do Egito o que é atravessar um deserto. Mas os alexandrófilos dizem que ele queria completar o perímetro do império recém-tomado atrás de possível resistência aquemênida.
Finalmente há a derrota para a malária e para a posteridade do império que ele conquistou: seus melhores amigos matando sua família e depois se entredevorando. Principalmente se for verdade que suas últimas palavras a certas cláusulas de seu testamento deram margem a isso.

Muito interessante,

mas discordo de ti em alguns pontos. vejamos:
1 - quanto a essa batalha da ásia central, é a mais realmente complicada. porque Alexandre não estava nessa batalha, quem a estava comandando era outro general; talvez, uma prova da dependência do exército para com Alexandre. Com ele no campo de batalha (aí sim!) o exército nunca foi derrotado
2 - também acho que a recusa da tropa em seguir adiante, apesar do distância absurda de casa, do tempo da campanha, foi uma falta de carisma do grande general;
3 - já vi várias explicações para o cruzamento do deserto de Gedrósia. Essa tua é uma delas, mas a que pareceu-me mais cabível, e que combinava com o ego de Alexandre, é a seguinte: ninguém nunca tinha cruzado aquele deserto com vida. Assim como ninguém tinha conquistado a pedra de Aornos, assim como ninguém tinha tomado Bucéfalo, assim como ninguém tinha chegado aonde ele chegou. Como diziam que era impossível, ele TINHA que fazer. Foi assim em toda a sua vida. Aliás, sabe-se que realmente não daria pra passar com vida daquele deserto. mas ele e um terço do exército (ou menos) passou. Por que? Porque, numa reunião do exército, todos já sabendo que iriam morrer de sede, ainda assim juntaram todo resto de água disponível num capacete e deram ao rei. O que Alexandre fez? Jogou toda a água na areia, como querendo dizer: "o meu destino será o de vocês". Isso fez com que, ainda poucos, uma pequena parte do exército sobrevivesse. (fonte: A sabedoria de Alexandre o grande, de Lance B. Kurke)
4 - sim, é provável que ele tenha sido "derrotado" pela malária. outros dizem que foi um porre; outros, veneno; fraqueza dos ferimentos, especialmente o recebido na batalha contra os Malians; tristeza pela morte de Hefestion, seu melhor amigo e... né?; ou tudo junto! A última frase dele teria sido: "ao melhor"; outros dizem que teria sido para Crátero; talvez ele não se importasse muito com a continuidade do império, não ligava muito para herdeiros; mas é só uma suposição.
Porém, em batalha, aí sim, ele nunca foi derrotado!

A história do capacete...
... com água não diminuiria ainda mais a chance de sobrevivência de todos? Claro que passaram a amá-lo mais que nunca na Gedrósia.
Quanto aos "finalmente" do Alex. Realmente o cara não tinha um projeto dinástico, mas a malária já deveria ter torrado o milo dele mesmo. Porque foram DUAS bolas fora. Eu não postei de maneira explícita isso.
Ele primeiramente disse " ao mais forte" quando perguntaram quem seria o regente, enquanto Alexandre IV era criança! Ora ele tava pedindo que houvesse um pau entre os diádocos. Só não sei se a intenção do Alex era que o vencedor dessa disputa saísse tão fraquinho que não ameaçasse o garoto...
A outra bola fora foi a previsão explícita de um "se algo ocorrer à criança, vocês devem..." nas cláusulas de um tratado. Não sei se tal tratado foi de autoria do Alexandre publicado postumamente ou se já foi um tratado após um primeiro round de porrada entre os seus generais (quando morre Perdicas, Antipatro, Arrideu, Olímpia e Roxana).

Um destacamento dele foi derrotado por citas, mas numa batalha em que ele estava em pessoa venceu um exercito cita em território cita e ainda fundou uma de suas "Alexandrias" no território deles (ele vivia fazendo cidades com este nome).

Antes dele ninguém tinha derrotado os citas em planícies, ou entrado tão fundo no território deles.

Os caras eram tão fodas que venceram duas grandes batalhas em cima dos Persas, e numa delas eles até mataram o rei persa.


Posso estar enganado quanto ao que vou falar, mas acho até que a Alexandria em território cita foi a última a ser fundada. Teria que pesquisar mais.

Vejo a morte dele como uma catástrofe para o império, mas meio que 'fecha' com o estilo de vida dele... ele tinha uma ideia na cabeça de que era como o Aquiles... este tinha uma escolha a fazer... morrer velho porém sem glória ou morrer cedo mas ser lembrado para sempre.... esta noção está bem presente nos escritos de Homero.

Alex e seu amigo tinham aspirações de ser como o Aquiles e seu primo... e em certo ponto de sua vida fez a mesma escolha que herói da Ilíada.

Esqueceu disso quando começou a se achar um Deus (coisa que se desenvolveu a partir do que o 'oráculo do Egito' lhe disse e continuou através da bajulação dos servos persas.

Mas no final ocorreu como na Ilíada... o amigo de Alex morre antes (como o primo do Aquiles) e depois é seguido da jovem e inconforme morte do próprio Alex (como o Aquiles). E no desenrolar histórico após tais mortes, o império que deveria ser formado pela guerra de Tróia se desfaz - coisa que também ocorre com o império que as guerras alexandrinas deviam ter consolidado.

Se não me engano os macedônios venceram uma força cita, mas nem era a mais numerosa, a base de cavalaria ligeira e pesada sem infantes. Pouco depois de cruzar o rio Iaxartes, os cavaleiros leves localizaram a unidade cita (basicamente arqueiros montados) longe do rio, Alexandre despachou um destacamento de cavaleiros pesados como isca, enquanto outro destacamento misto se posicionava discretamente em volta da unidade cita. Quando a unidade cita atacou o destacamento-isca. Este disiplinadamente manteve terreno sem atacar (sua blindagem permitia ficar algum tempo sob chuva de flechas). Quando os citas diminuíram o perímetro em volta da isca para flecha-los de diferentes ângulos sem teme-los porque os macedônios não estavam reagindo carregando, as unidades mistas também diminuíram o perímetro com discrição. A disposição total dos combatentes agora parecia com um alvo. As iscas no miolo, os citas no anel intermediário e as unidades de cavalaria mista no anel externo. Não podendo tomar mais dano sem se prejudicar seriamente, o miolo carregou. Os citas responderam de modo padrão fugindo de modo radial divergente, mas desta vez caíram nos braços das unidades mistas e sofreram a carga do miolo por trás. Foi vitoria, mas mesmo assim muitos citas escapuliram. Alexandre notou que o buraco era mais embaixo. Recebeu presentes de alguns orgulhosos lideres tribais que não se sentiam derrotados (era para se sentir?), transou com algumas princesas tribais (como mandava o protocolo cultural local para sedimentar alianças) e nunca mais cruzou o Iaxartes.

Alex era extremamente misericordioso... se contam nos dedos as cidades onde foi excessivamente violento (coisa raríssima para um conquistador da época), já o Gengis fez vários massacres gigantescos... tem estimativas que colocam suas execuções próximo da casa dos milhões...


Não vá pelo filme... a história de Alex é extensa demais para ser retratada em 3 horas... o que fizeram foi um apinhado de seus 'maus momentos' dando a entender que era intransigente, opressivo e alcoólatra, quando na verdade sabe-se que a maior parte do tempo ele ouvia muito bem os conselhos de seus generais... era cordial e extremamente culto... e bebia tanto quanto todos os outros nas festas...


Por fim o mérito do Alex em conquistar a Ásia é enorme... o pai dele desenvolveu as falanges macedônicas, mas nunca teria conquistado a Ásia toda....


Quanto a ser estrategista... saiba que a tão elogiada manobra em que os alemães na WWII contornaram a linha Maginot (e derrotaram a França rapidamente) tinha sido inventada pelo Alex (e aplicada de modo muito mais difícil) 2300 anos antes! E isso foi uma de suas primeiras manobras quando recém assumira o trono! Com isto reconquistou a Tessália sem derramar uma gota de sangue... isto parece a atitude de quem não se importa com as próprias tropas?


O pai do Alex, Filipe II, era um gênio e criou um pequeno império em 20 anos, mas enfrentou seus inimigos 'um de cada vez' e ele tinha a inovadora falange macedônica. Quando Alex assumiu todos os pires conquistado se rebelaram e tomaram medidas específicas para anular as vantagens das tropas macedônicas. Alex, sem as vantagens especiais de suas tropas e enfrentando todo mundo quase ao mesmo tempo, reconstruiu e expandiu o império do pai em poucas semanas!


Tudo isto foi apenas o inicio de sua vida como rei... ele nem tinha pisado na Ásia ainda.

As conquistas do Alex ocorreram a 2300 anos e ele ainda tem, hoje em dia, o recorde de maior território conquistado por um líder utilizando infantaria a pé! (e seu povo não era nômade... Alex desgastou sua autoridade convencendo suas tropas a irem adiante...)

Se é só conseguir umas tropas melhores que as demais para conseguir conquistar um enorme império por que, em 2300 anos, ninguém mais conseguiu superar ou igualar os feitos do Alex (tirando Gengis Khan que usava cavalaria nômade)? Afinal, em vários momentos da história bons líderes tiveram tropas bem melhores que as dos demais povos...

Então por que ninguém 'bateu' o Alex? O porquê é que não é o bastante ter tropas melhores... o líder tem que ser o melhor... Estudando a fundo Alex vê-se dezenas, se não centenas de exemplos de inteligência, inovação e 're-invenção' de táticas e estratégias militares... e é claro, quase sempre combatendo na linha de frente...

Quanto a Gengis Khan... o admiro imensamente e admito, sem esitação, que sua escalada vindo do nada é imensamente mais impressionante do que o berço dourado do Alex... mas em termos puramente militares coloco os dois no mesmo patamar: Criaram os maiores impérios de '1 homem só'... usando bem as vantagens e superando as desvantagens de suas próprias unidades militares (transformando fraqueza em força como prega Sun Tzu).

Infantarias pesadas de Alexandre

O exército com Alexandre invadiu o Império persa possuía uma infantaria pesada com três diferentes tipos de infantaria pesada:
1) Hoplitas gregos
2) Hipoaspistas
3) Pexérteros, que seria a "o falangista tipicamente macedônio"
Os textos não diferenciam bem os três, alguém pode ajudar? Como diferiam o equipamento? Qual era o papel de cada uma destas unidades?

Se entendo bem a diferença entre hipoaspista e pexértero era a nacionalidade e confiabilidade (e portanto papel na porrada)? Hoplon e aspis são palavras gregas que significam escudo e, por extensão, proteção. Então não havia grande diferença de equipamento entre hipoaspistas e hoplitas gregos?

Haviam também os peltasts (ou "peltastes"), infantaria leve que se protegia utilizando um escudo chamado peltarion, um pouco maior que a dos hoplitas, e arremessava dardos, assim como os vélites romanos. Possuíam também elmo leve e nenhuma armadura corporal. Há indícios também de peltasts utilizando uma espada curta semelhante ao gládio, uma lança não-arremessável maior que a dos hoplitas e um peltarion menor. Diz-se que eles seriam os precursores da falange macedônica.

E vale sempre lembrar que a arma decisiva de Alexandre era a cavalaria.

E que eu me lembre os Hypaspists eram usados como infantaria mais móvel e maleável que os falangistas. Creio que com o equipamento completo de hoplita eles não teriam muita mobilidade.

O que eu li até agora só diz que ele é melhor equipado que o falangista, e mais ágil, e era usado como um "foot companion", ou "companheiro a pé". Por isso acho improvável ele possuir o mesmo peso em equipamento que um hoplita.

Ah, agora que notei que seu questionamento era restrito à infantaria pesada, por isso dos peltasts não terem sido mencionados. Bom, deixa pra lá...

Já que é para falar do estilo macedônio
A falange de sarissas eram os pexérteros (traduzindo ao pé da letra - companheiros a pé).
A cavalaria dos Amigos (Hérteros) do rei era formada por nobres macedônios que usava dardos e espadas, era uma cavalaria pesada e havia um subconjunto dela (sarissoforoi) que usava a lança do infante pesado falangista no lombo do cavalo para carregar. Como carregavam sem estribos não sei.

Desdobramenteos do estilomacedônio

Com o tempo ( Antígono III, Filipe V, Perseus) o exército macedônio superestimou a falange de pexérteros, só sabiam aumentar o comprimento das sarissas e relegou a segundo plano as outras unidades, esquecendo que a chave da vitória era o uso habilidoso das diferentes unidades. O último grande general a seguir à risca a escola de Alexandre (inclusive com a integração cuidadosa e a intervenção oportuna da cavalaria pesada) foi Hanibaal.

Alguém sabe como funcionava o tema financeiro administrativo em relação a remuneração dos soldados? As campanhas militares daquela época às vezes duravam muito tempo... onde ficava o dinheiro recebido pelos soldados? Eles carregavam ele? Tinha algum tipo de sede física onde essa grana pudesse ser preservada? Muitos soldados economizavam esse dinheiro para quando voltarem a sua pátria poderem viver tranquilos... mas como eles faziam isso?

Os soldados de Alexandre eram remunerados sim!!! E tão bem remunerados que quando o Ptolomeu começou a escrever a história do seu general (Ptolomeu Lágida foi um dos primeiros biógrafos de Alexandre, mas infelizmente só restaram referências ao seu texto, encontradas em várias obras de Pérgamo e manuscritos romanos) ele não parava de elogiar o salário que ele pagava aos seus amados amigos soldados. Se não me engano, por mês eles recebiam o suficiente para comprar 5 escravos (não sei converter para sestércios), sem falar que os mais corajosos, mais destemidos, os primeiros em entrar em combate e os mais matadores ganhavam um bônus a mais no salário, ou um presente dado pelas mãos do próprio Alexandre.

Só que, como eles não recebiam diretamente esse dinheiro, pois nas campanhas eles não ficavam muito tempo num lugar, e tudo que era consumido ou usado no acampamento saía dos bolsos do Alexandre, um grande grupo de escribas, o corpo de notas, faziam cálculos detalhados de quanto cada um dos soldados ganhava, ou gastava, e guardavam num arquivo real, que era mandado mensalmente para a ilha de Delos, o "banco" grego de confiança, onde eram guardados e tributados as somas. Assim, quando algum soldado se avariava, ou morria, os escribas enviavam os documentos para o banco, que computavam os cálculos, e entregavam para a família ou para o soldado quando ele voltava e mostrava uma credencial para isso.

Não foi exatamente porque Parmenion estava com o grosso do tesouro real para pagamento que Alexandre mandou matá-lo profilaticamente? Alexandre esmagou uma conspiração de seu filho Filotas, como o pai Parmenion estava com a grana do pagamento em mulas se não me engano a caminho de Ecbátana.
Outro historiador do Alexandre foi seu secretário Eumênio. Acho que ele escreveu "as Efemérides".
O Calístenes foi sobrinho do Aristóteles, mestre do Alexandre. Era historiador da tropa, mas num dado momento parece ter induzido (involuntariamente)os "pajens" a uma conspiração porque Alexandre, na sua opinião, estava ficando mais absolutista persa que oligarca semigrego (e tava mesmo). Uma das versões que li diz que mesmo provada a inocência, Alexandre o prendeu em condições tão desumanas que o coitado continuou acompanhando a tropa, com uma doença supurativa tão fedorenta que Alexandre, a pedido das tropas, o matou e o deixou para as feras. Parece sinistro demais até para Alexandre.

O mistério sobre a morte de Alexandre

Vamos debater sobre a morte do conquistador macedônio Alexandre, o Grande. A descrição dos historiadores antigos não são suficientes para se chegar a uma conclusão definitiva sobre a morte de Alexandre. Pelo fato dele ter sido acometido por uma febre, médicos admitem que pode ter sido malária, febre tifóide, pneumonia ou mesmo veneno que o matou. Esta última hipótese leva a suspeita de assassinato.
Assim sendo, ele morreu de causas naturais ou foi vítima de homicídio?

Outros mistérios...

Eu voto na malaria. Não seria a última vez que ela derrubaria um figurão. Lembrar que a área endêmica da malaria era ainda maior no século IV.
Mas reconheço que um complô mal urdido geralmente é causa de guerra civil (vide morte de Edward II inglês). Os nobres macedônios eram rivais desde antes de Filipe II, os reis macedônios tinham o hábito de morrerem de causa violenta. Filotas, filho de Parmenion não tentou algo assim?
O fato que os generais sobreviventes ao expurgo pós-Filotas amassem o cada vez mais doido Alexandre não os impediu que criassem rivalidades entre si que culminaram nas guerras diadodicas. Alexandre era pouco cimento para unir estes empedernidos. Se houve complô, foi obra de um e não cooperação de todos como o maldito filme do Oliver Stone sugere.
Mas há outros mistérios. Pelo menos pra mim.
Como o cadáver foi parar no domínio dos Ptolomeus (Alexandria) se ele morreu na Babilônia. Foi parte de um acordo? Por que Seleucidas fizeram isto?
Cesar, Augustus, Calígula foram mesmo olhar ou vilipendiar o cadáver do grande general? Cesar chorou sua "velhice" nesta ocasião?
Como alguns afirmam que o corpo foi trocado com o de São Marcos que hoje está se não me engano em Veneza?
E se não foi trocado? O túmulo foi arrasado por cristãos malucos em Alexandria no inicio do século V? E o cadáver foi vilipendiado?

Reza a lenda que o corpo dele ainda está em Alexandria...

Galahad

É exatamente isso que nos deixou a desejar os historiadores antigos. Embora Plutarco e Arriano tenham confirmado a morte de Alexandre a uma doença aguda, jamais foi descartada a possibilidade de um complô, já que os reis macedônios desde Arquelaus (em 399 a.C.) até Filipe II (pai de Alexandre) foram vítimas de conspirações. Quando Alexandre ascendeu ao poder, nove governantes, inclusive seu próprio pai, haviam sido vítimas dos ardis da aristocracia macedônia.
Porém, Alexandre é um caso à parte, mesmo se aceitarmos sua morte como assassinato. Com sua morte, havia a falta de um sucessor legítimo cotado para substituí-lo ou de alguém com autoridade suficiente para o mesmo fim. Se realmente houve uma conspiração, então porque seus generais (os diádocos), nas reuniões ocorridas nos primeiros dias depois da morte dele, não chegaram a um acordo pacífico ou definitivo sobre a divisão do império? Nenhum deles estava disposto a aceitar as condições e nem tampouco a superioridade do outro, mesmo com as conferências de Babilônia (logo após a morte de Alexandre) e a de Triparadisus (em 320 a.C.), que estabeleceram a divisão administrativa do império.

Quanto a possibilidade do corpo de Alexandre estar em Veneza, isso não passa de uma teoria do historiador inglês Andrew Chuqq. Nada prova de que os restos mortais do evangelista Marcos sejam os do conquistador macedônio.

E quanto a se houve dedo de Alexandre no complô que matou Filipe?