Alexandre, o Grande

As fontes dizem que Ptolomeu se apoderou do corpo de Alexandre durante o translado para o ocidente.
Também concordo contigo ao sugerir de que não houve uma conspiração coletiva, e sim por parte de alguns dos generais.

Uma coisa é debatermos sobre a morte de Alexandre, ainda que cheguemos a uma conclusão sobre a real causa. A outra, é o o assassinato de Filipe II por seu guarda-costas e suposto "amante" Pausânias, que é um fato. Além disso, o assassinato de Filipe envolve partes distintas.
Existem três versões mais aceitas. Com mais detalhes eu procurarei explicá-las agora.

De acordo com a fonte histórica Diodoros Sículus, Filipe foi morto durante um festival, no qual seria estabelecido a união matrimonial de sua filha Cleópatra (nascida de Olímpias, sendo assim a única irmã legítima de Alexandre) com seu cunhado, o rei Alexandre de Molossis (meio-irmão de Olímpias). O clímax do festival ocorreu ao amanhecer, quando no encontro no teatro de Aigai, uma procissão conduziu 13 esplêndidas estátuas: 12 representavam as 12 divindades principais do Olimpo e 1 representava o próprio rei Filipe. Depois que as estátuas foram conduzidas, Filipe entrou no teatro sozinho, supostamente para mostrar que ele não precisava de sua guarda para ficar seguro entre o seu próprio povo (originalmente estava combinado de que ele entraria ao lado dos dois Alexandres [o filho e o cunhado e genro], mas mudou de ideia no último minuto. Obviamente, isso foi um grande erro, e para alguém que queria matá-lo essa seria uma grande oportunidade para não ser desconsiderada. Sua guarda real, inclusive Pausânias, entrou logo atrás dele em formação habitual.

1 - A questão que envolve o rei persa Dario III

Esta é bastante plausível. O rei Filipe havia conseguido um ano antes a aprovação da maioria das cidades gregas para invadir o Império Persa com o objetivo de libertar as cidades gregas da Ásia Menor do jugo persa. Também já havia tensões entre os dois lados. Estava nas vésperas do ataque, e Filipe já havia até mesmo enviado um exército à Ásia comandado por Parmênio e Átalus, a fim de incitar os gregos que estavam subjugados ao domínio persa. Para se evitar uma guerra, essa seria a hora exata de agir. O rei persa pode simplesmente ter enviado agentes à Macedônia, e Pausânias, profundamente decepcionado com seu rei, pode ter sido muito bem pago para ser o autor do assassinato.
O próprio Alexandre sempre declarou que Dario III era o principal responsável pela morte de seu pai. O historiador Arriano de Nicomédia relatou que Alexandre até fez insinuações por correspondência a Dario no qual o considerava o legítimo assassino de Filipe. Até mesmo na visita de Alexandre ao santuário de Amon em Siwa ele perguntou ao oráculo se o seu pai seria vingado.

2 - A questão que envolve a rainha Olímpias

O que coloca Olímpias como suspeita pelo assassinato de Filipe, é o fato dela ter sido repudiada por Filipe, ao casar-se com uma nobre macedônia de nome Cleópatra (também chamada Eurídice). Ela pode ter interpretado isso não como uma desonra a ela somente, mas também a seu filho Alexandre. Sabe-se que ela e Alexandre que tinha tomado o seu lado contra Filipe, foram exilados para o Épiro. Aí sim isso envolvia algo muito sério: a sucessão.

Filipe havia tomado uma esposa de sangue macedônio, e evidentemente ela seria agora a legítima rainha. Se a nova rainha gerasse um filho varão, os planos de Olímpias de permanecer pelo menos como a rainha-mãe iriam por água a baixo. Isso sem falar no próprio Alexandre, que certamente não ficaria atrás.

Filipe estava prestes a invadir a Ásia, e se morresse em ação, um filho de Cleópatra podia ser cotado para assumir o trono, apesar de que seria apenas uma criança pequena. Mas isso não seria um grande empecilho, já que quando o irmão de Filipe, Pérdicas III, morreu em 360 a.C. seu filho de 4 anos de idade foi declarado rei. Filipe foi regente do menino até se tornar oficialmente o rei em 356 a.C.

O fato de Filipe de ter chamado Alexandre de volta do exílio não significa que ele o faria seu sucessor. Seria necessário ter Alexandre por perto, pois necessitava de um comandante disposto para o exército, ou de simplesmente um futuro regente. De qualquer forma, Alexandre era fundamental para a campanha contra o Império Persa.

Embora muito pouco se sabe sobre a rainha Olímpias, eu a vejo como uma mulher sagaz, de extrema ambição, capaz de qualquer coisa para obter seus objetivos. Na minha opinião, se Olímpias estava por trás da morte de Filipe, é óbvio que Alexandre estava com ela.

Há uma nova versão que diz ser Alexandre meio viciado em uma droga que, se tomada em demasia, mata. Não consigo me lembrar o nome dela, mas vou procurar... Parece que ele tinha encomendado essa droga na Macedônia e era ministrada pelo seu médico particular...

A erva era o Heléboro negro.

Seria o médico Filipe (homônimo do pai) que já havia sido acusado de participar de um complô quando Alexandre ainda estava invadindo o império aquemenidan na Anatólia?

Esse médico foi inocentado pelo próprio Alexandre e parece que continuou seu medico por longo tempo.
Num dado momento o médico que aparece é outro, o médico "que deixou Hephestion morrer" e foi executado por isso.
Na época em que Alexandre morre, não sei quem era seu médico pessoal. Ainda o Filipe?

Mas ainda aposto mais na malaria.
Ainda hoje é considerada pela OMS uma das principais causa de morte no mundo.
Naquela época a área endêmica da malaria era ainda maior (incluía Itália) e ainda hoje malaria é comum na Índia e no Delta do Nilo onde Alexandre transitou.
Pouquíssimos venenos causam hipertermia e nos relatos se diz que Alexandre estava febril, coisa facilmente constatável mesmo naquela época.
Nada impede também que Alexandre tivesse no surto agudo de malaria quando "älguém" resolveu dar uma forcinha para o Plasmodium...

As fontes confirmam que Filipe era o médico de Alexandre no cerco de Gaza em 332 a.C, como o historiador romano Curtius relata que extraiu uma flecha do ombro do rei; mas não é mencionado outra vez, embora outros médicos sejam atestados como pertencentes a corte (por exemplo Critóbulus de Cós, que extraiu a flecha de Alexandre após o ataque a cidade de Mallian, na Índia, segundo Arriano de Nicomédia ; e Glaucias, que foi executado em 324 a.C por não ter conservado a vida de Heféstion, de acordo com Arriano.

Há várias teorias modernas, sendo que algumas delas são bem estranhas. Como por exemplo, aquela que diz que ele morreu vítima de uma infecção causada por um "vírus desconhecido do Nilo".
Outra teoria coloca a morte dele por overdose, pelo fato dele ter bebido muito no dia que antecedeu sua doença.

Mas, são comuns os casos de malária aguda? Na maioria dos casos a malária se cronifica, provocando a chamada febre terçã. Posteriormente, é comum a pessoa infectada pelo plasmódium adquirir anemia.

Malaria

Nas regiões endêmicas, até formas menos comuns alcançam número bruto alto.

A malaria mais braba desde sempre é a falciparum, pela sua letalidade intríseca e hoje porque o protozoario P falciparum tem alto percentual de resistência aos mediamentos usuais ainda eficazes para outras formas.
As malarias cronicas também podem matar porque podem reagudizar. O protozoário é um parasita intracelular das células do figado que, de vez em quando, faz ciclos nas células vermelhas do sangue, no período que suas células ficam "de cara de fora" ao pular de uma célula hospedeira a outra, o sistema de defesa humano responde violentamente e sai "esmerilhando tudo". E aí que a pessoa pode morrer porque o sistema circulatório não circula direito ou porque o pulmão fica "duro, inflamado". A consequência do ciclo nas células vermelhas é exatamente a chance do sangue do doente ser chupado pelo mosquito especial da malaria, no Brasil, o Anopheles. Alguns sertanejos dizem que inclusive o mosquito prefere quem esta com febre. Será?

Na época em que a malaria está em atividade, porém mais branda que o que citei, é comum o febrão com calafrio descomunal, a anemia que você bem citou e a ictericia (pele e mucosas amarelas).

E na maior parte do tempo da cronificação, você é portador assintomático do plasmodio.

Não sei se me fiz entender.

Tomar álcool em quem está com figado a meia bomba com malaria reagudizada ou agudizada pela primeira vez (primainfeccao) não é coisa boa. Os efeitos do álcool serão potencializados sim. Como se morre de overdose de álcool?
O vomito é um truque de defesa que ajuda a eliminar o álcool ainda não absorvido. Porém se quantidade boa já foi absorvida, os subssitemas nervosos que coordenam vômito com respiração se embolam e a pessoa se afoga no vômito (a morte poderia surgir rapidinho ou dias depois por uma bactéria no pulmão e aí a malaria teria entrado só de gaiata na história).
Mas sendo malaria+álcool ou malaria somente ou álcool somente (com pneumonia como causa da febre), o fato é que figurões também podem morrer de causas menos conspiratórias como todos nós, né?
Eu já examinei certa vez o caso do Atila e cheguei também a esta conclusão menos glamourosa.
Buda morreu de infecção intestinal.

Boa Galahad! Gostei da sua descrição. Você só pode ser médico, né?

Eu também prefiro a malária como a causa da morte, mas ainda tenho minhas dúvidas. Não poderia ter sido uma infecção oportunista, tipo pneumonia, como você deixou a entender?
E não haveria chances também de ter sido algo diferente, tipo uma intoxicação alimentar ou proveniente da bebida, visto que Alexandre adoeceu após um bacanal?

As narrações históricas dizem que ele morreu de febre depois de 10 dias de doença. Sabemos que até o século XIX eram pouco eficazes os métodos de diagnósticos. Sendo assim, na época de Alexandre o máximo que um médico conseguiria seria diagnosticar os sintomas e dificilmente poderia identificar uma doença.

Galego

Explica melhor pra gente essa versão moderna de que Alexandre era usuário desta droga.

Essa nova versão diz que Alexandre tinha mania de tomar vomitórios, principalmente depois das tremendas carraspanas que costumava tomar. E que ele começou a ter febre logo após uma dessas festas de arromba. Assim, solicitou que o seu médico, que eu não sei quem era no momento, que lhe ministrasse a tal erva, que era amassada com mais bebida... Vinho, creio. E começou a devolver a erva, o vinho e a febre aumentou muito... Parece que, realmente, ele estava com ataque de alguma doença, que poderia ser mesmo malária. Só que fraco com a febre, de ressaca, tomando mais vinho com essa erva que é altamente tóxica, enfraqueceu o suficiente para passar desta para melhor...

Eu queria saber da lenda de que ele está enterrado nos subterrâneos de Alexandria, em um caixão de vidro... Alguém sabe alguma coisa a respeito? De onde surgiu essa lenda, quem inventou-a etc...

Você ressaltou algo que ainda não tínhamos levado em consideração: a vida boêmia de Alexandre.

Como um homem que entregava-se constantemente aos excessos de bebida e as orgias poderia viver muitos anos? Isso sem falar no desgaste do organismo provocado pelas batalhas e expedições em regiões desérticas, montanhosas e florestais.

Eu, particularmente não o veria vivendo mais do que 50 anos, o que já era uma idade boa para os padrões da época.

Mais uma coisa: fraco Alexandre não era mesmo... Um homem no auge de sua força, que foi ferido inúmeras vezes em batalha, gravemente (inclusive uma flecha atravessou um de seus pulmões), não morreria de um simples ataque de malária. Acho que ele realmente teve sua morte abreviada pelo consumo do Heléboro...

Não posso te responder com toda certeza, mas acredito que essa lenda tenha surgido da necessidade de se encontrar o túmulo perdido de Alexandre. Ao longo dos séculos muitos aventureiros, reis, sultões e arqueólogos procuraram em vão pelo túmulo do conquistador.

Aquela versão de que ele estaria no túmulo de São Marcos em Veneza, não passa de uma teoria de um historiador britânico chamado Andrew Chuqq.
Já ouvi falar também de uma teoria de que seus restos mortais estariam encerrados nas catacumbas de uma antiga igreja bizantina em Alexandria. Esta última parece ser mais confiável.

De qualquer forma, o túmulo desapareceu no final do século IV da nossa era. Uma rebelião de cristãos autônomos de Alexandria liderada pelo bispo Teófilo destruiu vários monumentos antigos tidos como pagãos. Entre estes poderia estar o formidável túmulo de Alexandre.

não morreria de um simples ataque de malária

Malaria é algo muito brabo. Bem mais letal que tuberculose (se lembra da gente aventando ela para Diocleciano?)

Eremita

Tô contigo, um cara vivendo a 1000km/h como o Cazuza não ia durar muito.

Galego,
uma coisa que você disse me deixou com outro palpite, há muitos alucinógenos de origem fúngica ou vegetal que mexe com sistemas de serotonina, dá alucinação e vomito a rodo e vicia o usuário com alguma percentagem, como a ayahuasca/santodaime. Vou ver se acho alguma destas substâncias que seja de origem eurasiática e conhecida de povos clássicos.

O que eu disse é que ele era muito forte... Aguentar ser ferido tantas vezes e sobreviver, ele deveria ser de aço...

Mas aço também pode ser dobrado.

Nossa! E malaria aguda (e reagudização) tem mais chance de dar sintoma grave que a crônica.