Alexandre, o Grande

Os gregos eram um povo de comerciantes e o Mediterrâneo era sua saída natural. Eu não imagino um Império heleno post-Alexandre sem um controle do Mediterrâneo. Bem é verdade que os macedônios eram mais uma potência continental do que marítima e a conquista de terras pudesse ser seu afá inicial por não ter uma tradição marítima. Mas no momento em que Macedônia se encardina com as polis e Ligas gregas, marcadamente marítimas, eu penso que o futuro daquele Império, de não ter morto Alexandre e haver continuado a dinastia, houvesse sido a expansão pelo Mediterrâneo, e isso só houvesse sido possível se enfrentando a Cartago e a Roma. Com a tradição marinheira grega, unido ao poder aplastante dos seus exércitos de terra dominando quase todo o mundo conhecido, eu acho que os helenos houvessem derrotado a Cartago e Roma sem problemas. Tudo isto não é mais que uma opinião, é claro, só especulações.

Eu acho Cleópatra VII uma mulher extremamente determinada e audaciosa, ainda mais para a época em que ela viveu, sendo uma mulher acima de uma rainha. Ela foi a última dos "Ptolomeus", mas de forma nenhuma foi a mais fraca e menos inteligente da dinastia.

Por duas vezes ela apostou em dois dos mais ilustres homens de Roma. Por duas vezes ela viu seus planos ambiciosos fracassarem lamentavelmente. Ela queria recuperar o espólio que seus primeiros antecessores, Ptolomeu I e Ptolomeu II haviam deixado, uma vez que em seu reinado a ilha de Chipre e a Cirenaica não estavam mais sob o controle egípcio. De uma forma ou de outra, ela sonhava em refazer pelo menos uma pequena parte das conquistas de Alexandre, e recuperar o prestígio dos primeiros "Ptolomeus".

Quando Otávio (César Augusto Otaviano) tomou o Egito em 30 a.C., este a muito tempo já havia se tornado um joguete nas mãos dos ambiciosos políticos romanos, e faltava apenas consolidar a conquista do país. Vendo-se derrotada e perdida, ela escolheu a tradicional forma romana para concretizar sua derrota: o suicídio.

Eu até prefiro que o Alexandre houvesse morto por um mosquito do que ao melhor haver sido assassinado por algum daquela caterva de bestas mais tarde ou mais cedo

Estou com você nisso. Os diádocos e seus sucessores eram todos inferiores a Alexandre no sentido de nunca terem repetido seus feitos e alcançado suas glórias.

Porque então, mesmo sob luta constante entre si, nenhum daqueles chacais e urubus que se levantaram nos próximos 200 anos buscou pelo menos refletir as idéias de Alexandre sobre um império unido e duradouro?
Porque nenhum deles buscou novos ares, triunfando sobre as terras que seu rei não conquistou?
Não estava Roma, Cartago e a Magna Grécia aos olhos deles?

Até o fim dos reinos helenísticos praticamente prevaleceu a mesmice de sempre que havia se instalado após a morte de Alexandre.

Custo acreditar que Alexandre foi vítima de uma conspiração. Prefiro crêr que ele morreu por um mosquito do que pelas mãos daqueles homens ambiciosos.

De ter vivido Alexandre e se enfrentado aos romanos, vocês acham que ele houvesse mudado a falange pela legião?

Aí está uma questão interessante: falange contra legião. Qual a formação militar que teve maior grau de aproveitamento em batalha????

Se não me engano, e se estou errado que alguém me corrija, mas a primeira vez que se enfrentou a falange contra a legião foi na guerra de Roma contra o rei Pirro de Epiro em Tarento (sulk da Itália). Foi na batalha de Heraklea em 280 a.J. Pirro utilizou 20 elefantes que os romanos nunca tinham visto. Essa batalha foi ganha por Pirro. Os romanos não conseguiam atravessar as linhas juntas das falanges, e num momento determinado os gregos lançaram os 20 elefantes e os romanos tiveram que recuar. Ao ano seguinte, em 279 a.J. Pirro voltou se enfrentar a Roma na batalha de Ausculum, e as falanges gregas com os elefantes voltaram derrotar as legiões romanas, só que desta vez os gregos perderam também muitos soldados, daí vem o de "batalha pírrica". Numa terceira ocasião se enfrentou Pirro a Roma, na batalha de Benevento em 275 a.J, e desta vez as falanges gregas foram derrotadas pelas legiões romanas. A chave onde esteve? Parece que o ponto fraco das falanges estava no terreno irregular e não plano, onde tem desnível. Aí parece que as falanges sofriam e as linhas perdiam coesão. Por isso os romanos nesta terceira batalha escolheram um terreno que não era uma planície, que não era um terreno plano, senão mais montanhoso. Ai as falanges foram superadas pelas legiões. Isso se repetiu logo após no século II a.J. durante as guerras macedônicas.

As legiões romanas tinham aprendido a lição. Por isso eu digo que sendo Alexandro um gênio, um inovador e um cara superinteligente, penso que talvez houvesse encontrado alguma fórmula criativa de misturar o melhor da falange e o melhor da legião.

Entendi. As falanges tinham que manter o quadrado perfeito. Terreno irregular fazia os soldados perderem a formação...

Exatamente. Por outro lado, as falanges tinham outros problemas, como o fato de ter movimentos muito limitados, daí que não costumavam perseguir ao inimigo quando o inimigo se retirava. Não tinham a mobilidade e flexibilidade das legiões.

Preferível se enfrentar aos tocários do que a mais mosquito... rsrsrs

Com certeza. Vale lembrar que os mongóis, em suas campanhas no Vietnã (1257/1258,1284/1285 e 1287/1288), tiveram problemas com doenças tropicais. E isso sem contar com as monções.

Galego

Embora a batalha que acabou finalmente evidenciando a obsolescência das falanges foi a batalha de Magnesia em 190 a.J, em que os romanos enfrentaram ao Império Seleucida de Antioco III nas planícies de Lidia, realmente houve uma batalha alguns anos antes que é a que aparece como o exemplo mais claro do final definitivo das falanges como tática militar. Estou me referindo à famosa batalha de Cinoscéfalos em 197 a.J., onde as legiões de Tito Flaminio derrotaram ás falanges do rei Filipo V de Macedônia, estando os dois exércitos com um número semelhante de soldados, uns 25.000 por bando. Num momento dessa batalha, que iam ganhando os gregos, os romanos perceberam que o exército macedônio estava dividido em duas metades separadas com os flancos expostos. Então os romanos mandaram rapidamente 20 manípulos das legiões atacar esses flancos. Os gregos foram todos a mãe que os inventou. rsrsrs Essa batalha figura nos anais da ciência militar como um dos exemplos mais evidentes da rigidez das falanges frente à flexibilidade das legiões.

Eu muitas vezes comparo as legiões de Roma com os Terços espanhóis do século XVI e XVII, precisamente nessa mobilidade e flexibilidade.

Marco

Vai ver que o bicho pegou, né? rsrsrrs Eu não me meteria por essas florestas do Suleste asiático ou da Indonésia nem me pagando... rsrsrsrs

Nao cabe dúvida que o Exército romano foi uma benção e uma glória. Eu até estou pensando se Alexandre Magno haveria tido igual fortuna no campo de batalha num enfrentamento com Roma a meio-longo prazo. Bem que eu como disse antes, ainda penso que Alexandre ao conhecer a Legião houvesse dado um jeito, se aproveitando dos ensinos.

Você tem alguma ideia de por que as legiões romanas foram derrotadas pelos germanos no campo de batalha já no final do Império?

Na Batalha de Magnus Campii, na II Guerra Púnica, Publio Cornélio Cipião derrotou as tropas númida-cartaginesas com um duplo envolvimento feito pelos Manípulos dos flancos de suas legiões, que cercaram as tropas inimigas.

Até onde eu sei, não foram "manípulos de flancos" que Scipio Africanus Major (ou Publius Cornelius Scipio) utilizou para o envolvimento. O que ele fez foi desdobrar as "linhas" (cada uma uma classe de soldados: hastati, principe e triarii) de modo a triplicar o tamanho de sua linha e envolver assim o inimigo. Basicamente a primeira linha deu o choque inicial (os hastatus eram jovens e levemente armados) e recuou. Na tradicional formação romana, o recuo se daria nos espaços pré-determinados na linha anterior, na formação em xadrez, mas Scipio fez diferente desta vez, mandando a segunda linha (pricipes, mais pesados, formaram a base do legionário republicano após as reformas de Gaius Marius) cerrar as fileiras e os hastatus se dividirem e metade foi para cada flanco. Então deu-se o novo choque, mas com o objetivo apenas de desestabilizar o inimigo para garantir a execução da última manobra: a última linha (triarii, veteranos pesadamente armados que lutavam em falange) cerrou fileiras e os principes também abriram para os flancos, gerando o envolvimento de toda a massa de infantaria inimiga.

Scipio tentou essa mesma manobra na Batalha de Zama, mas o genial Aníbal conseguiu a anular fazendo exatamente o mesmo com as suas 3 grandes massas de infantaria: mercenários gauleses, celtíberos, íberos e baleares na primeira linha, infantaria cartaginesa e líbia na segunda e seus endurecidos veteranos das campanhas na Itália na reserva e terceira linha. A intervenção dos veteranos, inclusive, estava prestes a romper as linhas romanas quando a cavalaria de Scipio (itálica e númidas) retornou da perseguição à derrotada cavalaria de Aníbal e finalizou o destino de Cartago com uma carga pela retaguarda.

Malanis - descendentes de soldados de Alexandre?

Malana teria sido fundada pelo líder macedônio depois da vitória contra o Rei Poro,em 326 a.c.
Malana está situada no noroeste da Índia. É um vilarejo com mais de 100 casas. Seus moradores, acredita-se, descendem de oficiais e soldados do exército de Alexandre, O Grande. Segundo a lenda, vários de seus oficiais e soldados teriam preferido ficar em Malana, e casando-se com mulheres da região. Testes de DNA serão feitos e sociólogos e antropólogos farão todos os levantamentos necessários para desvendar a origem dos malanis.
Apesar de indianos, os habitantes da aldeia têm cabelos aloirados, olhos puxados e pele clara.
Ao longo dos séculos e do isolamento,a população teria crescido em razão de um sistema fechado de casamento, do qual qualquer forasteiro é excluído, e de um dialeto somente compreendido pela população local. A religião, os costumes e as leis locais, de seu lado, também contribuíram para isso.

Até hoje, é vigente uma lei muito rígida segundo a qual os malanis não podem ser tocados por gente de fora da comunidade. Seus cerca de 1.600 membros acreditam ser tão puros que qualquer contato físico com pessoas de fora representa um sério risco de se tornarem impuros. Os turistas são proibidos em encostar um dedo nos malanis, caso contrário serão obrigados a pagar uma multa de mil rúpias.
As autoridades indianas garantem a autonomia desse vilarejo. Seus habitantes escolhem seu próprio Parlamento, com presidente e primeiro-ministro.
Há pouco, a Universidade de Upsala,da Suécia, e o Instituto de Estudos Tribais, de Simla, na Índia, uniram-se para criar uma equipe multidisciplinar de pesquisadores dispostos a resolver o mistério. Dela fazem parte médicos e geneticistas que conduzirão uma investigação comparada entre os genes dos modernos malanis e os dos gregos macedônios contemporâneos.
Linguistas, por sua vez, irão estudar as raízes profundas da estranha língua atualmente falada em Malana. Especialistas em História e na linguagem dos símbolos tentarão tirar a limpo se os malanis até hoje utilizam motivos simbólicos e alegóricos da Grécia Antiga em seus artefatos e obras de arte.

O professor P.K Vaid, do Instituto de Estudos Tribais, diz, ”Suas características são europeias”...”E mesmo o regime político do vilarejo pode ter origens gregas. É único.”

Pesquisando ao acaso sobre minorias étnicas do Afeganistão e do Paquistão, vi que há várias que clamam serem descendentes de soldados de Alexandre.

Assunto interessantíssimo...
Quais outras comunidades se intitulam descendentes do exército de Alexandre???

Para quem gosta de GE, aqui as coordenadas do local:
32.0626008°N 77.2603548°E

E aqui mais uma foto do seu povo:
http://farm4.static.flickr.com/3034/2878101835_6931f3ef30_b.jpg

Não achei eles com aparência grega ou macedônia, apenas mais um dos grupos étnicos da Índia.

Conspiração contra Alexandre

Um certo Dimnos contou a seu jovem amante que soubera uma conspiração estava em curso para matar o Rei dali a 3 dias.

Este, incapaz de manter o segredo confidenciou o caso a seu irmão mais velho. E este perturbado, procurou o oficial mais graduado a que tinha acesso.

Este oficial era Filotas, o filho mais velho de Parmênion. Filotas era um dos comandantes da Cavalaria dos Companions, portanto bodyguard pessoal de Alexandre.

Filotas teria demonstrado pouco interesse na denúncia, dizendo que Alexandre estava doente e não queria ser perturbado. Alexandre efetivamente estava se recuperando de um ferimento mas não estava em condições de ouvir, falar e andar.

O irmão do jovem tornou a procurar Filotas e recebeu a mesma resposta. Perturbado porque o prazo se esgotava, procurou outros oficiais que deram imediata notícia a Alexandre.

Este agiu rápido. Chamou os dois irmãos para interrogatório e através de outras testemunhas chegou-se a um total de 7 nomes como os responsáveis pela conspiração.

Dimnos, ao ser convocado matou-se pois sabia que seria torturado para confessar. Essa seria uma prova de que a conspiração existia e era séria.

Um coisa era verdadeira: Filotas soubera do caso e não o comunicara ao Rei por dois dias. Fox diz que Filotas teve a chance de livrar-se de quem o procurou. Se estivesse envolvido mesmo, seria um tremendo golpe de sorte.

Mas por mais que fosse inocente, por que não contou a Alexandre? Conclusão: ele queria que alguém fizesse o serviço por ele, por mais que não tivesse autoria.

Alexandre sabendo disso, mandou executá-lo e mais: tratou-o como um dos líderes da conspiração. Sabendo ainda da influência de Parmênion, o pai, mandou um amigo dele com uma carta secreta para os oficiais de Parmênion executarem-no.

O pobre fez a viagem e entregou a carta sem saber que era a ordem de execução do amigo.

As tropas que acompanhavam Parmênion se rebelaram e os assassinos se refugiaram num templo, até que mostraram as ordens de Alexandre e o selo real.
Ao ver isso a soldadesca se aquietou.
Filotas era suspeito por muitos motivos. Antes da morte de Filipe ele fez muitas escolhas do lado perdedor.
- Era amigo de Amintas, o nobre de casa real que queria o trono de volta para sua linhagem e teria sido executado por Alexandre na sua ascensão.
- Fez de tudo para casar sua irmã com Átalo, grego que era inimigo de Alexandre e teria-o chamado de bastardo na famosa briga que vemos no filme durante as bodas de Filipe com Eurídice.
Por muitos motivos - inclusive por ser um linha dura dos costumes macedônios - Alexandre já teria pensado em descartá-lo há tempos.
Filotas se portava como um príncipe e atraía a antipatia de muita gente. Principalmente Crátero, o líder da falange liderava a facção contrária a ele. E Crátero era ouvido pelos soldados.
Ele tinha redes de caça que chegavam a 11 km!! Parmênion constantemente dizia: Filho, faz-te menor.
Filotas não ouviu. Mas como tinha alguns amigos na cavalaria, houve uma certa debandada de cavaleiros do acampamento quando ele foi executado. Até que Alexandre garantisse que TODOS os culpados já foram punidos e ele não pretendia continuar mais no caso.