Alexandre, o Grande

acredito que ele era um homem extremamente forte e aguentou uma série incrível de ferimentos de guerra

Força física e resistência a ferimentos não implicam que a pessoa seja particularmente resistente em outros aspectos. Bruce Lee, por exemplo, morreu de uma reação alérgica a um remédio banal para dor de cabeça.

Já fiz essa pergunta e vou voltar a fazê-la.

Não teria a possibilidade de Alexandre ter morrido de uma intoxicação ou de outro mal proveniente do excesso de bebida e comida no banquete que antecedeu sua doença?

Como eu já disse muitas vezes neste tópico, certo é que Alexandre pegou uma febre, de etiologia desconhecida (provavelmente malária). Mas ele estava também dando uma festinha atrás da outra, regada a muita bebida, comida, farras homéricas etc. Além, é claro de estar com problemas de ferimentos graves, que talvez ainda não estivessem plenamente curados...Além de, como os pesquisadores que falei, disseram, ele costumava usar o Heléboro negro, planta que servia como vomitório, mas que também, em doses maiores, é altamente tóxica. Com todos esses aléns, apesar dele ser tremendamente forte, seu organismo não conseguiu ultrapassar tanta massacração... Creio que, juntando tudo, ninguém conseguiria sobreviver a tanta coisa errada...

Claro, é bem óbvio a morte dele por decorrência de uma infecção, e sua morte foi abrupta, e desse jeito fica difícil chegarmos a uma conclusão quanto ao que realmente o matou.

Eu estou de acordo que Alexandre estava doente de malária. Mas a malária é caracterizada normalmente por excessos de febres a cada 48 ou 72 horas, dependendo do agente patogênico. Depois é normal o aparecimento de outros sintomas, inclusive a anemia, decorrente da destruição das hemácias pelo protozoário. E por mais aguda que seja, não teria causado a morte de Alexandre em apenas dez dias, creio eu. Para isso, seria necessário a descrição detalhada de um médico sobre o ciclo e a progressão da doença. Talvez o Galahad possa descrevê-la melhor.

Mas uma coisa é certa: não foi só a malária que o matou. Um cara boêmio como o Alexandre não chegaria a uma idade avançada, e naquela altura do campeonato, qualquer infecção oportunista acabaria com seus dias gloriosos.

Galego, essa sua citação que Alexandre usava essa droga me chama muito a atenção. Não me admiro se ele a usasse com frequência e até mesmo fosse viciado nisso.

Estou apenas citando os estudos de um especialista em plantas tóxicas. Vou ver se descubro o estudo e posto aqui...

Isso seria muito interessante, porque alguns reis antigos eram usuários de drogas.

Por exemplo: Os imperadores incas eram usuários de alguma substância proveniente da folha de coca, a mesma de onde se extrai a cocaína.

Estudos recentes comprovaram a presença de uma substância similar substâncias em múmias egípcias.

À época de seu falecimento (323 a.C.) seus domínios se estendiam da costa do Adriático ao Paquistão e do Sirdarya ao Egito. Só que após sua morte, irromperam disputas entre seus comandantes e seu domínio se dividiu em vários reinos, como os Ptolomeus no Egito e os Selêucidas no Irã e na Síria. O que vocês pensam a respeito disso???
A morte de Alexandre foi repentina, e mesmo para os padrões da época ele morreu novo. Mesmo assim, faltou designar um herdeiro e não deixar ao mais forte, como disse quando morreu.

Sucessão era algo que Alexandre deixou no fim de suas listas de prioridades, antes disso vinha, a fundação da enésima Alexandria e o que vou usar no banquete de hoje na casa do Hephestion.

Há um poema que fala que o poeta mente tão bem que finge que é dor a dor que muito sente. Pois bem, Alex talvez no começo não se achava deus, só usava a ideia oriental. Mas depois com tantos sucessos e de tanto ouvir dos outros que era, ele reviu sua ideia. Se tu é deus, tu imagina tua própria morte e a necessidade de deixar um herdeiro que continue tua obra?

As plagas conquistadas por Alexandre eram maiores ou menores que a do império Romano?

Não sei!!!! Metro quadrado a metro quadrado, ACHO que o império romano era maior, mas teve algumas conquistas romanas que foram transitórias (Armênia toda, Mesopotâmia, Britânia entre linhas de Antonino e Adriano, Campos Decumatos, Bósforo. Dácia transdanubiana etc).

De todo modo também é legal compara-los em termos também de sua formação e duração. Um foi trabalho de um ou dois lideres e durou pouco tempo, o outro... já ouvimos todos que Roma não foi feita em um dia... e durou bem mais.

Realmente, não dá para se comparar o Império Romano com o de Alexandre. As conquistas dele foram meteóricas. O Império Romano levou séculos para se consolidar. Apesar de Alexandre, depois da malfadada campanha da Índia, ter dado uma refreada e tentado iniciar a consolidação do Império, sua morte prematura não lhe deu o tempo necessário para fazer isso. Além, é claro, das festanças de dias de duração e bebedeiras intermináveis (é o que as más línguas dizem)... Herdeiro ele tinha, mas já era costume macedônio o complô para a tomada do poder. Até o próprio Alexandre quase foi vítima e um, quando seu pai morreu.

Se tamanho impressiona tanto, o Império de Ghengis Kan foi o maior da história. Mas não foi nem de longe o melhor estruturado...

Mas o império do Khan ainda teve mais vida que o alexandrino. Os filhos e netos continuaram a expansão. Sem tantas lutas fratricidas como os diadocos e houve uma pax mongolica.

Agora, voltemos ao esfacelamento do Império de Alexandre. Poderiam me contar como foi a tal divisão entre os generais? Foi pacífica ou deu briga. Houve algum que ficou sem nada? Confesso a vocês que nunca me interessei muito pela história desse período. Gosto de épocas bem mais afastadas. Mas, agora, gostaria de aprender alguma coisa. Gostaria também de saber se já descobriram o túmulo de Alexandre. A lenda diz que é em Alexandria. É vero?????

Já disseram tanta coisa a respeito do corpo e do tumulo de Alexandre... Tem texto que diz que Calígula chegou a violá-lo. Há textos que afirmam que o corpo foi trocado com o de São Marcos. Então a múmia do Alexandre estaria em Veneza? O que é consensual é que inicialmente foi sepultado em Babilônia e depois transferidos os restos para Alexandria por pressão politica (eficaz) dos lágidas.
A guerra dos diádocos é cheia de detalhes que eu ao domino, o que posso dizer e que teve dois rounds.
No primeiro, eram todos os separatistas contra os que queriam manter a unidade (é claro, sob seus próprios dedos). O grupo dos unitaristas não era unido (neste grupo todos queriam ser o Regente, e não pestanejaram em matar Olimpia, Roxane, Alexandre IV, Arrideus e outros). O melhor sucedido do grupo unitarista foi o Antigono Monofltamo. Mas o território que controlava era central demais (com fronts para todos os inimigos) e não tinha o poder naval dos Ptolomeus.
Devidamente destruída a chance dos unitaristas pelos separatistas em Ipsus, 301aC, foi só o tempo dos separatistas consolidarem seus territórios, para eles num segundo round se engalfinharem tentando uma hegemonia contra a qual eles mesmo lutaram.
No segundo round, os Lágidas saíram com o império mais estável de todos, os Antigônidas conseguiram algum poder na Macedônia propriamente dita, mas a Hélade escapava pelos seus dedos, dando um renascimento efêmero a soberania de polis tradicionais ou de ligas de cidades. Os selêucidas enfrentaram seus próprios separatismos (reinos indo-gregos, Partia, Judeia), uma guerra cronica com os Ptolomeus e invasões (celtas, romanos) apesar de líderes como Antioco III e IV que rivalizaram com o Alex Magno em distancias percorridas.

O legado destes caras todos ainda está para ser avaliado de modo mais consensual.
Do ponto de vista político tentaram criar uma alternativa intermediaria entre as polis soberanas e os impérios multinacionais, mas a insistência na cultura helênica empatou a iniciativa, e as polis soberanas continuaram a ser o modelo no mundo greco-romano.
O modo como eles tentaram helenizar o Oriente também variou. Os lágidas (ptolomeus) tentaram um apartheid cultural no Egito. Os selêucidas tentaram catequizar na marra e por isso perderam a Judeia. A política cultural dos diádocos ainda se parecia mais com as ideias tradicionais de barbaroi inferiores aos helenoi do Aristóteles que a homonoia do Alexandre Magno.
Politicamente acabaram não inovando e seguindo o direito divino dos reis persas e faraos.
Já li um livro (Rostovtzeff?) que dizia que os diadocos tentaram diminuir a dissociação teoria-prática e conseguiram melhor resultado tecnológico que os romanos.

Outro legado dos diadocos é a arte da guerra que continuou até Hanibaal (o último general "alexandrino"). Quem vai questionar abertamente a escola tática alexandrina são os romanos que voltam a apostar no predomínio da infantaria. Mas com um cuidado administrativo (logística, treinamento, recrutamento, estradas, engenharia de cerco), nunca antes visto.

Você acredita que essa divisão entre eles deu oportunidade para que houvesse enfraquecimento em toda a região e facilitou aos romanos, 300 anos mais tarde, mais ou menos, a conquista da maior parte do império alexandrino? Há uma lenda sobre um sarcófago de vidro, escondido nos subterrâneos de Alexandria (que são muito extensos) com o corpo de Alexandre e que ele foi mumificado. Onde e quando surgiu essa lenda e há alguma possibilidade de ser verdadeira?

Facilitou a expansão romana e muito.

Mas também houve uma consequência econômica importante para todo o Oriente Médio. O enorme tesouro imperial persa era bem mais judiciosamente usado pelos aquemênidas que pelos conquistadores, lembra o tesouro e as minas dos incas após Pizarro.
Com a conquista pelos macedônios (sem tanta experiencia em administrar tal quantia), a dispersão entre vários diadocos e destes para suas tropas e depois as guerras inconclusivas servindo de buraco negro para capital, houve uma terrível inflação. Um cara com uma carroça de ouro não conseguia comprar. Não se investia mais na produção. Era melhor virar hoplita mercenário de algum dos diadocos. Imagina o inferno.

Quanto ao corpo do Alex não sei de nada mais, além da chance dos corpos trocados com S Marcos e o episodio do Calígula. Mas hipóteses abundam sobre o assunto.

É por isso que falo que houve uma pax mongolica se compararmos com a era dos diadocos. Dizia-se na Época do khan que uma pessoa poderia atravessar a estepe de Tanais a Karakorum com um pote de ouro na cabeça que não seria importunada (isso deve ser um baita exagero, mas que tudo tava mais estável tava).

Guerra cronica, inflação, invasão, separatismo nacionalista, ódio religioso onde antes bem ou mal havia a pax aquemênida. É por isso que os sassânidas espalharam o boato de que Alex era filho do capeta.

Este tópico está ficando ótimo. Agora, a pergunta: se houve esse declínio econômico, após a divisão do território, qual ficou em pior situação e qual conseguiu se equilibrar melhor? Podemos afirmar que essa luta pelo poder, que deve ter surgido, tem alguma coisa com a índole dos povos que se viram nessa situação de penúria e foi o motivo de tanta guerra tribal no Oriente Médio nos 500 a 800 anos seguintes?

Mais equilibrado: Egito lágida
Menos: Macedônia antigonida