Alexandre, o Grande

A índole... talvez. Mas a diversidade étnica era tão grande, especialmente no domínio selêucida, que você encontraria do Mahatma Ghandi a família Gracie.
Na Grécia-Macedônia, a característica cultural grega (polêmicos e crendo ainda na polis soberana) empatava qualquer integração mesmo.
No império selêucida, o que bagunçou foram os erros administrativos e não a diversidade.
No Egito, a submissão ao faraó era tradicional e os lágidas vestiram a coroa dupla direitinho. Só em Alexandria onde era inevitável o contato entre grego (polemista), judeu (proselitista) e nativo egípcio (tratado como merda em seu pais), que os choques costumavam a aparecer e serem esmagados. A principal força militar estava quase sempre perto da capital.

As guerras diadódicas no Oriente Próximo Asiático tiveram fim bem antes disso na ponta do gladio e do pilum. Duzentos anos depois o Oriente Proximo Asiatico será provincia romana e ficará dentro de uma pax até o seculo III dC. Depois disso uma outra crise, e mais uma pax relativa com diversas ameaças de invasão persa. Depois de Yarmuk (676 dC ?) boa parte do Oriente Próximo se torna islâmico como é até hoje.

Na Grécia/Macedônia foram as legiões que pacificaram a coisa após 4 guerras e anexação, 146aC

O povo do império selêucida amargou a má adiministração selêucida e a má-vontade romana em assumir a administração do Oriente ao mesmo tempo que Roma tentava esmagar qualquer alternativa de Estado reorganizador nativo do Oriente próximo Asiático. Roma na época só via o Oriente como fonte de saque fácil após a vitória fácil em Magnésia sobre o Sipilo 180aC. Depois desta batalha, ainda houve governo inicialmente promissor de Antioco IV que não segurou a crise porque ela já era imensa.

No Egito, o domínio ptolomáico não foi assim tão calminho. Houve, sim, muitas revoltas dos autóctones e conservar o poder custou muita dor de cabeça aos vários Ptolomeus. Até mesmo Cleópatra VII, que, para conservar o poder, deu ao trabalho de aprender a língua egípcia (coisa que seus predecessores não fizeram), teve que enfrentar revoltas, o que foi narrado em um templo.

Sim, mas a coisa ainda foi bem mais tranquila (ou menos intranquila) que nos outros Estados dos diádocos. As revoltas nacionalistas metiam bem menos medo que as crises dinásticas como a de Cleo VII com sua mana.

Estou lendo esse tópico e estou gostando muito, então não posso deixar de dar minha pequena contribuição.

Sobre os achados indicarem ser Alexandre quem estava na tumba, pra mim provam mais que quem estava lá era Filipe II, porque quem realmente necessitaria de grevas de tamanho diferentes seria um manco, e o rei Filipe era descrito como portador de um problema na perna depois de receber um ferimento na coxa (?).

E dando um piteco na disputa, acho que as conquistas de Alexandre foram maiores que o Império Romano, em extensão de "terras", ou seja, seria maior, já que o império romano possuía um mar no meio, o que dá uma impressão de superioridade, porém, sem população local, sem estradas, logo território morto, área "em branco".

Mesmo considerando o Mare Nostrum como não sendo domínio romano, o império romano ainda deve ser maior. Se cálculo de área de coisas tão antigas são problemáticos, talvez uma tarefinha hercúlea respondesse a duvida que não é tao crucial: Quem é maior, território da Alex ou de Roma?
Usando as áreas dos atuais países, que são bem conhecidas, chegando a um consenso entre nós se o país atual X está dentro ou fora do império do passado e somando uma a uma, as áreas deles chegaremos a uma estimativa mais segura mesmo com a mudança de fronteiras?
Vê se você concorda:
Roma abrangeria Portugal, Espanha, França, Luxemburgo, Bélgica, Holanda, Suíça, Inglaterra propriamente dita, Gales propriamente dito (Escócia não), Croácia, Itália, Eslovênia, Sérvia, Albânia, Áustria, Hungria, Bósnia, Macedônia, Romênia, Bulgária, Grécia, Turquia, Israel (com Cisjordânia e Gaza), Líbano, Síria, Georgia, Armênia, Azerbaijão, Jordânia, Egito, Chipre, 25% da Líbia, 25% da Argélia, Tunísia, Marrocos atuais...

Alex possuiria: Bulgária, Grécia, Turquia, Israel (com Cisjordania e Gaza), Líbano, Síria, Jordânia, Egito, Chipre, 25% da Líbia, Iraque, Iran, Kuweit, Pakistan, Afeganistan, Turcomenistan, Kazaquistan, Tadjikistan, Usbequistan, Caxemira atuais...

Agora faz a soma dessas áreas atuais e compara, só dará uma estimativa, mas quem tá curioso talvez seja divertido.

Errata

É melhor retirar o Kazaquistan da lista de domínios do Alex.

Tirar o Iraque dos domínios do império romano é uma boa porque permaneceu romano por muito pouco tempo.

Humm, finalmente algo de útil pra fazer nessas férias, uma continha básica de somas.

Daqui a pouco volto com a área aproximada dos impérios.

Todos

Mesmo assim, seria mais ou menos metade dos Khans...

Com certeza.

Galego

As revoltas nacionalistas só se tornaram mais problema no domínio lágida quando tiveram que ensinar as táticas alexandrinas para os nativos e alguns destes alcançaram baixo oficialato. Mesmo assim temos unidades judias em Elefantina (sul do Egito) bem fieis.
No caso do império selêucida por algum motivo isso (eu creio que foi sua politica religiosa agressiva intolerante) foi mais problemático, vide o súdito judeu militar do império, João Hircano e a revolta dos Macabeus (já usando guerrilha e táticas alexandrinas além de uma ajudinha romana).

O Egito como um todo lucrou com o governo lágida, o comercio terrestre e marítimo alcançou grau maior que durante os faraós e os shahs. A marinha de guerra e o território egípcios também foram maiores que na época faraônica. A religião foi respeitada apesar dos sincretismos e (na forma sincretizada) foi exportada.

O poder romano reduziu o Egito a um celeiro.
A cosmovisão egípcia só receberia golpe final com a cristianização forçada e ainda assim as influencias egípcias sobre a Igreja Católica e sobre a Igreja Monofisita são evidentes e deixam claro que os lagidas não mataram culturalmente o Egito.

Já que vocês estão comparando os territórios de Roma com o de Alexandre, acho que outro Império pode entrar ai, o aquemênida. Tinha mais ou menos o tamanho de Alexandre, e talvez pouco maior ou pouco menor que Roma. Enfim, os persas aquemênidas tinham em seu apogeu territórios dos seguintes países atuais:
Irã, Afeganistão, Turquia, Iraque, Paquistão, Azerbaijão, Armênia, Geórgia, Kwait, Turcomenistão, Tajiquistão, Uzbequistão, Bulgária, Romênia, Grécia, Síria, Líbano, Israel, Egito, norte da Arábia Saudita e possivelmente também a Moldávia.

Desisto de tentar calcular.

1º Não sou um ótimo agrimensor, sempre me perco nos meios das contas (muito zero, e muitas "dimensões chutadas" nos sites e livros)

2º quanto mais eu pesquiso os limites regionais dos 2 impérios, mas perdidas pro norte e oriente (no caso do Alex), e mais inexatas pro Reno, centro europeu (no caso do Romano) as fronteiras, limes, áreas de atuação ficam.


Mas, como resultado parcial, os dois impérios são MUITO, MUITO MUITO grandes (hehe, não consegui números confiáveis, nem em sites, nem nas minhas contas)

A fronteira romana mais braba para se delinear é o sul. No norte eu sugiro usar as fronteiras que historicamente teriam durado mais ou marcado culturalmente mais o que facilitaria o calculo: Muralha de Adriano, Reno, Danúbio, Cáucaso e Eufrates.

As fronteiras do Alex é que matam. O cara não dominou direito as montanhas Ponticas e o maciço armeniano que os aquemênidas controlavam. E permitiu uns enclaves semindependentes porque eram aliados. Não sei também qual a relação exata do Epiro reinado por parentes muito próximos do Alex. Entretanto o mais brabo de tudo é o Nordeste. Tem Alexandria do outro lado do Iaxartes!! Mas certamente os macedônios mantinham muito mal essa posição. Tirar o Kazaquistan e colocar o Turkmenistan da conta facilita.

Outra coisa que facilita a conta, já que queremos só responder "quem é maior que quem", é não colocar na conta os países que aparecem nos dois impérios!! Exp: França entraria na conta romana, Iran só na conta alexandrina e Egito em nenhuma conta.

Alexandre

Em 301 aC, quatro de seus generais já se haviam estabelecido no poder: Ptolomeu Lago sobre o Egito e a Palestina; Seleuco Nicátor sobre a Mesopotâmia e a Síria; Lisímaco sobre a Trácia e a Ásia Menor; e Cassandro sobre a Macedônia e a Grécia.

Todos

Não havia grandes bolsões não conquistados por Alexandre? Principalmente na região montanhosa do Curdistão?

A Divisão do Império de Alexandre

Para quem ainda tiver qualquer dúvida sobre a divisão do império de Alexandre o Grande, eis aí, segundo textos do livro Anabasis do historiador grego Arriano de Nicomédia, que sobreviveram graças a um exemplar do patriarca bizantino Fotius (que viveu entre 820 a 897 da nossa era):

Conferência de Babilônia

De acordo com Arriano, na conferência foi confirmada a proclamação de Arrhidaeus, na circunstancia de que o trono estaria compartilhado entre ele e Alexandre {3}, filho póstumo de Alexandre (o Grande) com Roxana. Ambos receberam os respectivos títulos de Filipe III Arrhidaeus e Alexandre IV Aigos [mas porque Arrhdaeus fosse considerado mentalmente deficiente e Alexandre fosse apenas um bebê, teria de ser nomeado alguém capacitado para assumir a regência]. Como efeito, Pérdicas, um dos líderes da cavalaria, foi designado regente e foi nomeado quiliarca, posto ocupado anteriormente por Heféstion, e isso lhe fez supervisor de todo o império. Antípatros foi mantido em sua função de chefe das forças da Europa, agora compartilhando com Cráterus a administração da Macedônia. Meleagro, por sua vez, foi designado tenente de Pérdicas (posto equivalente ao de vice-regente).
Imediatamente Pérdicas começou a agir com extrema tirania. No pretexto de remover o exército, Pérdicas prendeu os líderes mais conspícuos da sedição, e depois de tê-los posto a morte em sua presença, alegou ordens de Arrhidaeus. Logo depois ordenou a morte de Meleagro. Antes disso, Statira, outra esposa de Alexandre, já havia sido morta, como resultado da cumplicidade entre Pérdicas e Roxana.
Em consequência, as suspeitas mútuas eram contrastantes entre Pérdicas e os outros. Quando então, fingindo agir sob as ordens de Arrhdaeus, decidiu apontar para o comando das satrapias os homens que foram suspeitados por ele.

Continuação

• Ptolomeu, o filho de Lagus, foi apontado conformemente para o governo do Egito, da Líbia e as partes da Arábia que se encontram perto do Egito, quando Cleomenes, que tinha sido colocado por Alexandre na carga desta satrapia, devia ser tenente de Ptolomeu;
• Laomedonte governaria a Síria e as terras ao sul até a fronteira com o Egito;
• Filotas a Cilícia;
• Píthon a Média;
• Eumenes de Cárdia coube a Capadócia, a Papelagônia e as terras ao longo do mar Negro até a cidade grega de Trapezus, uma colônia de Sinope, estaria sob a sua jurisdição;
• Antígonus a Panfília, a Lícia e a Frigia;
• Asandro a Cária;
• Menandro a Lídia;
• Leonatus a Frigia Helespontina, que Calas tinha recebido de Alexandre para governar e que Demarcus tinha governado então.

Tal era a distribuição das províncias da Ásia. Na Europa, a Trácia, o Quersoneso e todo o território ao norte da Trácia até Salmidessus no mar Negro, foram entregues a Lisímacus; a própria Macedônia, as partes adicionais da Trácia até a Ilíria, os tribalianos e os agrianos, o norte do Épiro até as montanhas de Ceraunian e todos os gregos foram entregues a Antípatros e a Cráterus.
Esta era a nova divisão do império segundo a Conferência de Babilônia. Assim muitos territórios continuaram sob o comando anterior, como Alexandre havia organizado. Arriano ignora as satrapias mais orientais, mas de outras fontes sabemos que Pérdicas decidiu não mudar a administração de demasiadas satrapias.

• Taxiles e Porus retiveram seus reinos indianos;
• A região do Punjab ocidental manteve-se a seu sátrapa Píthon, o filho de Agenor;
• Oxyartes, o pai de Roxana, foi feito sátrapa de Gandara;
• Sibyrtius de Aracósia e de Gedrósia;
• Stasanor de Ária e de Drangiana;
• Filipe de Báctria e de Sógdia;
• Firatafernes de Partia e de Hircânia;
• Peucestas da Pérsia;
• Tlepolemos de Carmania;
• Atropates da região norte da Média (dividida em duas províncias);
• Arcon de Babilônia;
• Arcesilas das terras ao norte da Mesopotâmia.

Continuação

Um outro ato foi o cancelamento dos últimos planos de Alexandre. Pérdicas ainda quis estabelecer uma base para o poder, como forma de manter-se no controle absoluto. A expedição militar de encontro à Arábia, que Alexandre tinha planejado trá-lo-ia a periferia do Império. Adicionalmente, nessa nova guerra, a infantaria devia jogar um papel importante, e não confiou nestes homens. Como secretário de Alexandre, Eumenes publicou os “últimos planos de Alexandre”. Supõe-se que adicionaram diversos planos atrozes que foram usados somente para significar que seriam rejeitados.

Continuação

Conferência de Triparadisus

De acordo com Arriano, Antípatros fez uma nova divisão do império, confirmando em parte e anulando em parte a administração anterior, conforme as exigências dos casos referidos.

• O Egito com o norte da Líbia, e todo o referido além dele foi confirmado a Ptolomeu;
• A Síria foi dada a Laomedonte, o mitileno;
• A Cilícia a Filoxenus, que já tinha sido empossado antes;
• Entre as províncias mais elevadas, a Mesopotâmia e Arbelitis, foram dadas a Anfímacus, irmão do rei;
• A Babilônia a Seleucus;
• A administração da província de Susa [isto é, Elam], a Antígenes, que era capitão dos veteranos macedônios que tinham se oposto a Pérdicas;
• Peucestas foi confirmado em seu governo na Pérsia;
• A Carmania foi mantida a Tlepolemus;
• Píthon para a Média até o mar Cáspio [agora unificada];
• A Pártia a Filipe;
• A Ária e a Drangiana a Stasandro;
• A Stasanor, o soliano, foi atribuído a Báctria excedente e a Sógdia;
• Sybirtius sobre a Aracósia;
• O Parapamisio [isto é, Gandara] permaneceu com seu sátrapa Oxyartes;
• As partes da Índia, nos limites de Gandara mantiveram a Píthon, filho de Agenor;
• A respeito das regiões além disso, aquelas no rio Indo com a cidade de Patala (a capital desta parte da Índia) foram atribuídas a Porus;
• Já Taxiles foi mantido no controle da região acima do Hydaspes. Para ele não foi julgado nenhuma matéria fácil às disposições, já que ele tinha sido confirmado em seu território pelo próprio Alexandre, e assim seu poder foi sempre mantido;
• As regiões ao norte do Taurus, incluindo a Capadócia, foram atribuídas a Nicanor com a intenção de tomá-las de Eumenes de Cárdia;
• A Frigia, a Licaonia, a Panfília e a Lícia, como antes a Antígonus;
• A Cária a Asandro
• A Lídia a Clitus;
• A Frigia Helespontina a Arrhidaeus;
• Antígenes era o delegado coletor dos tributos na província de Susa, e 3 mil macedônios que haviam participado do motim foram apontados para atendê-lo;

Continuação

• Além disso, designou Agathocles, [o] filho de Autolicus, e mais Amintas, [o] filho de Alexandre e irmão de Peucestas, Ptolomeu, [o] filho de Ptolomeu, Polypercon, [o] filho de Alexandre, no comando da guarda real e na vigilância do rei;
• A seu filho Cassandro deu o comando da cavalaria;
• E a Antígonus as tropas que antes tinham sido atribuídas a Pérdicas, e mais a custódia do rei, com a ordem de levar ao cabo a guerra contra Eumenes de Cárdia.

Com efeito, Antípatros partiu triunfalmente, aplaudido muito por sua gerência sábia e prudente. Tomou a família real para a Macedônia, onde presumivelmente pretendia restabelecer a ordem e o poder. Entretanto, o velho general sucumbiu alguns meses depois. Tinha então oitenta anos.

Desfecho

Como todos sabem, a luta latente entre os generais de Alexandre (os diádocos) levaram ao surgimento do quatro reinos distintos. Esses reinos só ficaram realmente definidos após a Batalha de Ipsus em 301 a.C.:

O Reino de Cassandro, formado pela Macedônia e a parte norte e central da Grécia;

O Reino de Seleucus, que se expandia desde a Síria até as terras distantes do oriente (fronteira com a Índia);

O Reino de Lisímacus, formado pela Trácia;

E o Reino de Ptolomeu, que compreendia o Egito e a Palestina.

Excelente resumão, nunca tinha lido a coisa e entendido em detalhe.
Então as melhores chances de o império permanecer unido sob um monarca foi com Perdicas e depois com Antigono caolho?