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Mitologia Grega

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Hermes Trismegistus
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 14:48

Imediatamente, o monstro pôs Zeus nos ombros e levou-o ao país dos Arimas, em um antro, na região da Cilícia, chamado Coriciano. A seguir, costurou os tendões e os músculos cortados do corpo de Zeus dentro de uma pele de urso e colocou o saco numa arca debaixo do leito de Équidna, uma das Délfines — serpente da mesma espécie que Píton, que havia sido sepultada no mar pelo deus Apolo.

Logo, armado com os raios de Zeus, foi procurar uma pedra para bloquear a entrada. Porém, no caminho, atraído pela beleza de uma jovem deusa, Afrodite, quando esta acabava de tomar sua forma divina, apaixonou-se e passou a persegui-la a fim de violentá-la. A deusa, apavorada, fugiu para as bordas do Êufrates, e Tífeo já lhe ia pôr as mãos quando dois peixes a transportaram com seu filho Éros para a outra margem. Estes dois peixes, recompensados, mais tarde, seriam colocados entre as Constelações.

Entretanto, ao cair a Noite, enquanto Tífeo perdia tempo atrás de Afrodite, demorando-se a procurar pelo grande bloco ideal para encerrar a gruta, Hermes, Apolo e Pan, refeitos do susto, chegaram em socorro de Zeus. Soltando repentinamente um grito terrível, Pan fez Équidna pular de susto. Hermes então aproveitou para entrar sem ser visto. E Apolo, de longe, atingiu com uma flecha a cabeça do monstro.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 14:49

Conseguindo roubar os tendões que o monstro havia ocultado numa arca debaixo do leito da Délfine, com grande paciência e perícia, Hermes recolocou-os de volta nas mãos e pés de Zeus. Quando Tífeo, segurando um grande bloco em suas poderosas mãos, retornava, mesmo ferido, para fechar a entrada da caverna, surgiu Pan, disfarçado de pastor. Ele, com o som de sua flauta, conseguiu encantá-lo; o deus, demonstrando ter medo dos raios de Zeus que Tífeo portava, pediu ao monstro que deles se desfizesse. E Pan, atendido, recomeçou a tocar, acalmando o monstro. O deus Hermes, nisso, aproveitou a distração de Tífeo e apoderou-se dos raios, entregando-os a Zeus. Quando Tífeo percebeu o que acontecia, já era tarde demais. Zeus, livre e recuperado, despejou em cima dele uma fortíssima chuva de raios. Como consequência, Tífeo pôs o bloco de pedra sobre suas costas, tentando se proteger, e fugiu urrando e, na busca de um lugar seguro para refugiar-se, deixou para trás um longo caminho de destruição.

Ao chegar aos montes Nisa, na Trácia, Tífeo ficou desesperado. Ali, devido ao sangue de seus ferimentos, os picos ficaram manchados de vermelho. Desde então, essa cadeia de montanhas ficou conhecida pelo nome de Hemos, “sangue”. (Segundo outra versão, o nome teria surgido a partir de um herói trácio chamado Hemos). Tífeo estava cansado, atordoado, faminto. As Moiras, demonstrando querer ajudá-lo, deram-lhe de comer “frutos efêmeros” que, ao invés de matar-lhe a fome, diminuíram-lhe as forças. Então, muito aborrecido, pôs-se a lançar montanhas contra Zeus, mas este as devolvia com redobrada violência. Tífeo teve que fugir novamente.

Por fim, o monstro perseguido chegou à Trinácria (hoje Sicília). Foi ali que Zeus atirou cem raios de uma só vez, conseguindo assim destruir as cabeças de Tífeo com um único arremesso. Caindo o monstro por terra, suas caudas se desfizeram em línguas de fogo.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 14:51

Para não haver mais dúvidas sobre a morte do inimigo, Zeus agarrou a ilha Inárime e lançou-a contra o monstro, derrubando-o, indo cair o monstro a certa distância no meio do mar. Em seguida, fez rolar enorme quantidade de rochas contra Tífeo, sepultando-o na ilha de Ísquia.

Mais uma vez vitorioso, Zeus voltou ao Olimpo. Agora, todos os inimigos dos deuses haviam sido destruídos, e eles poderiam governar o mundo em paz.

Desde então, Géa, sentindo-se derrotada, tendo perdido seus filhos, decidiu conformar-se, e procurou não mais atormentar os Imortais, e deixá-los resolver seus próprios problemas, pois previa que uma conspiração entre eles estava se desenhando. Uma antiga profecia estava tomando forma devido à petulância e os excessos de Zeus, o senhor do Olimpo.

Pan era igualmente deus das montanhas, e sua região favorita era a Arcádia, onde nascera. Protetor dos pastores e caçadores, também gostava de dançar e cantar, porém o que mais amava era tocar sua flauta, feita por ele mesmo.

Infelizmente, sem querer, o deus de pés de bode despertava nas pessoas um terror incontrolável — que as pessoas comuns passaram a denominar de “pânico” em decorrência de seu nome. O pobre Pan não desejava fazer mal a ninguém, e nas lutas costumava apoiar aqueles cuja causa era justa, difundindo o pânico entre seus inimigos.

As Ninfas das regiões dos pelasgos zombavam incessantemente do pobre Pan, em virtude do seu rosto repulsivo, e o infeliz semi-deus tomou a resolução de nunca amar.

Mas Éros, o deus do amor, era cruel como sempre. Pan, desejando um dia lutar corpo a corpo com ele, foi vencido e abatido, diante das Ninfas que se riam. Pan sentiu-se envergonhado e foi isolar-se na floresta, o que não deixou Éros de querer molestá-lo.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 14:51

Um dia, percorria Pan o monte Liceus, como costumava fazer, e encontrou a hamadríade Sírinx, que jamais quisera receber as homenagens das divindades e que só tinha uma paixão: a caça. Seguia o exemplo de Ártemis. Quem a visse em suas vestes de caça a teria tomado pela própria deusa; a diferença mais gritante é que seu arco era feito de chifre e o da deusa, de prata. Éros resolveu agir e lançou contra o coração do semi-deus uma flecha certeira; Pan gravemente apaixonado, aproximou-se dela, e como nos costumes campestres, foi imediatamente ao objetivo, sem nenhum artifício, sem nenhuma hesitação, e disse-lhe:

— Cede, formosa ninfa, aos desejos de um deus que pretende tornar-se teu esposo.

Certamente não queria ferir Sírinx, a bela ninfa do bosque por quem se apaixonara à primeira vista. Queria falar mais; mas Sírinx, pouco sensível àquelas palavras, fugiu em pânico ao deparar tão singular figura. E Pan saiu atrás dela, numa perseguição que teve um fim imprevisível. Quanto mais ele corria, mais rápido corria a ninfa. Até que, por infelicidade, Sírinx viu seu caminho bloqueado pelo caudaloso rio Ládon, seu pai, e, horrorizada, viu que Pan se aproximava velozmente. Em desespero, sabendo da profundidade do rio, rogou às Ninfas, suas irmãs, e à deusa Ártemis. Quando Pan esticava o braço para alcançá-la e abraçá-la, só abraçou caniços. O próprio deus Ládon, providencialmente, resolveu ajudá-la.

Desolado com a perda da encantadora donzela, que desaparecera diante de seus olhos, Pan ficou olhando para o bambu que ficara em sua mão. Não queria jogá-lo fora. Ouvindo o barulho que o vento fazia ao passar pelo caule oco, enquanto suspirava desconsolado, teve curiosidade e decidiu averiguar, tentando compreender a razão daquele som maravilhoso:

— Pois bem, ninfa metamorfoseada, também a nossa ligação será indissolúvel.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 14:52

Cortou um dos caniços em vários pedaços pequenos, cada um pouco mais curto que o outro, e começou a testá-los, um a um, soprando-os, e sentiu-se realizado com os sons diferentes que produzia. E teve uma ideia: prendeu-os um no lado do outro, com cera, do maior ao menor. E, criando sons ainda mais belos, entendeu que havia criado um novo instrumento musical, e deu-lhe o nome de syrinx, que significa “junco”, “caniço”, hoje conhecida pelo nome de seringe ou flauta de Pan.

Com efeito, em breve, os melodiosos acordes de sua flauta fizeram a correr de toda parte as Ninfas que vinham dançar em volta do deus de chifres. A ninfa Pítis parecia tão enternecida que Pan renasceu com a esperança e acreditou que o seu talento fez com que fosse esquecido o seu terrível aspecto.

Sempre tocando a flauta de sete tubos, começou a procurar lugares solitários e percebeu, finalmente, um rochedo escarpado no alto do qual resolveu sentar-se. Pítis seguiu-o. E, para melhor ouvi-lo, aproximou-se cada vez mais, tanto que Pan, vendo-a bem perto, julgou o momento oportuno para lhe falar.

Porém, não sabia o infeliz que Pítis era amante de Bóreas, o terrível vento do norte, que naquele instante soprava com grande violência. Vendo a amante perto de um deus estranho, Bóreas foi acometido de um acesso de ciúme furioso, e, não se contendo, soprou com tal impetuosidade que a ninfa caiu no precipício, e despedaçou contra as pedras o formoso corpo, imediatamente transformado pelos deuses em pinheiro. Foi depois disso que essa árvore (pítis, “pinheiro”) foi consagrada a Pan, e por esse motivo o deus passou a andar coroado com ramos de pinheiro.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 14:53

Um dia, a deusa Atena encontrou um belo e longo chifre de cervo. Era um objeto interessante, e ela queria fazer com ele algo útil e atraente. Logo se decidiu e começou a trabalhá-lo cuidadosamente e com muita arte. Retirou as extremidades dos dois chifres, limpou-os bem por dentro, depois abriu orifícios no sentido do comprimento e, para terminar, fez belas embocaduras nas partes superiores. Havia inventado a flauta dupla e pôs-se a tocar, soprando na embocadura e dançando os dedos sobre os orifícios; e tocara nela algumas melodias encantadoras, tanto gostou, mas teve a infelicidade de, um dia, tocar durante um banquete olímpico. Héra e Afrodite, porém, começaram a soltar uns risinhos de escárnio, cobrindo a boca com as mãos, e Atena não conseguia entender o motivo.

— Por que estais rindo de mim? Todos apreciam a minha música, mas vós zombais de mim!

— Se tu visses teu rosto ao soprar esse instrumento, entenderias porque estamos rindo.

No entanto, Atena não se abalou, e murmurou:

— Elas devem estar com inveja de mim, pois sou criativa e a favorita de Zeus.

Então, Atena foi para a Frígia, onde achava poder tocar sossegadamente. E lá, estando sozinha, observou sua imagem em um riacho na montanha enquanto tocava a flauta. Quando viu a cara de boba com que ficava — as bochechas estufadas e o rosto todo vermelho — ela jogou fora a flauta, lançando uma maldição sobre qualquer pessoa, deus ou gênio que a pegasse:

— Maldito instrumento! Por tua causa fui ridicularizada. Maldito seja quem te pegar e te puser nos lábios!

O sileno Mársias, que estava à espreita, apanhou a flauta e, quando levou-a aos lábios, dela saíram melodias tão maravilhosas que decidiu aprender a tocá-lo, e foi elogiado muitas vezes pelos camponeses frígios.

— Muito bem, Mársias! Nem o próprio Apolo pode fazer melhor música!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 14:53

Mársias foi tolo o bastante para não os contradizer. Quis superar o deus Pan, da Arcádia, mas foi infeliz em querer desafiar a Apolo, o deus da música. Logo que tocava para outros ouvirem, dizia-se capaz de tocar melhor que o deus de cabelos dourados. E Midas, seu amigo, tentou, precavidamente, demovê-lo da ideia:

— Não sei, Mársias, mas não acho recomendável pretender bater-se com o próprio Apolo. Com sua lira, ele não tem rival.

— Afinal, tu és meu amigo ou amigo de Apolo?

E não demorou muito este em aparecer diante do sátiro. Desafiou o deus da música para um duelo, ele com sua flauta e Apolo com sua lira, foi vencido e alcançou a morte. Apolo atravessou o coração de Mársias com uma flecha. Depois, tirou a pele dele e deu-a aos Sátiros para que dela fizessem tambores. As Ninfas dos bosques choraram por Mársias e sepultaram-no perto de um rio. As Musas apiedaram-se do desditoso sátiro e pediram a Apolo que dele se compadecesse. Apolo , arrependido, quebrou sua lira e foi até seu pai Zeus a fim de pedir que o ajudasse. O senhor do Olimpo ouviu suas súplicas: Mársias não desceu para as negras profundezas de Hádes; seu espírito foi liberado no rio próximo à sua sepultura, que passou a levar o seu nome: Mársias, onde hoje dá lugar ao rio Tchina. Em seguida, consagrou a flauta a Dionisos.

E, por falar em Dionisos, Pan foi um dos seus inúmeros seguidores na sua expedição ao Oriente e depois ao Ocidente, acompanhado por seu filho Sileno. Pois um dia, o pai Hermes (segundo diziam) e o filho Pan encontraram-se.

— Bom dia, meu pai!

O deus Hermes, olhando aquela estranha figura, parou e permaneceu ali desconfiado.

— Bom dia. Como dizes que sou teu?

— Meu pai... Não és Hermes, o deus de Cilene?
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 14:54

— Ah... bem... sou. Mas, como és meu filho? Tu és velho, peludo... diferente... Ah, por Zeus! Lembro-me agora da aventura! Quer dizer que eu, que tanto me orgulho de minha beleza, da minha juventude, e que não tenho barba, devo ser chamado teu pai! Todos os deuses se riram de mim, por ser meu filho um sujeito tão bonito assim!

— Mas eu não vos desonro, meu pai. Sou músico e toco muito bem minha flauta. Dionisos não dá um passo sem mim. Escolheu-me por amigo e companheiro de danças, e sou eu quem lhe conduz os coros e o séquito.

Hermes ouvia tudo com clareza, lembrando-se que justamente Dionisos era o que mais ria no dia em que levara seu filho ao Olimpo. E lembrou-se no nome do filho:

— Pan! Este é o teu nome. Sabes como podes ser-me agradável? E queres, além disso, conceder-me um favor?

— Ordena, meu pai, e verei o que posso fazer.

— Vem cá. E me dá um abraço. Mas cuida de não me chamares de pai na presença de estranhos.

Pan, segundo consta, foi o único deus que morreu. Certo dia, Tamos, marinheiro em um navio com destino à Itália, ouviu uma voz divina em alto-mar:

— Tamos, quando tu chegares a Palodes, anuncia a todos que o grande deus Pan está morto!

E foi o que fez; e a notícia se espalhou e foi recebida com lamentos.

Como morreu? Ou foi somente um boato?

FIM
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:04

O mito de Bias e Melampos

Amitáon, um dos filhos de Creteus, vivia na Messênia, na cidade de Pilos. Ele casou com a sobrinha, Idomenéia, filha de Féres, e gerou dois meninos, Bias e Melampos, e duas meninas, Eólia e Perímele. Melampos recebeu esse nome porque, recém-nascido, colocaram-no adormecido na sombra de uma árvore, ficando apenas seus pés ao sol, que lhe queimou as solas e as tornou escuras.

Os dois irmãos gostavam muito um do outro, e ainda eram crianças quando seu pai os mandou para o campo, onde cresceram juntos e em paz, distantes dos atos pretensiosos de seus irmãos, que viviam propensos a conspirações.

Certo dia, no reino de Polífates, quando lenhadores derrubavam um carvalho, o pequeno Melampos impediu os criados de matarem uma ninhada de cobras cuja mãe morrera atropelada por uma carroça. Protegeu-as e cuidou delas. Agradecidas, as cobrinhas deslizaram para a cama dele, à noite, enquanto dormia, e lamberam suas orelhas.

Quando Melampos acordou, descobriu que podia compreender a linguagem dos pássaros, dos répteis e dos insetos. Embora ficasse muito desapontado ao constatar que a maior parte das conversas que ouvia era chata, vez ou outra ele ouvia segredos muito interessantes. E, aos poucos, começou a mostrar dotes proféticos. Mais tarde aprendeu também a arte de interpretar as entranhas dos animais e tornou-se protegido de Apolo, o deus dos profetas, que gostava de conversar com ele.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:04

Um dia, ao voltar de suas expedições do Oriente e do Ocidente, retornando para a Hélade, Dionisos passou pela Argólida e foi, a princípio, bem recebido pelo rei Acrísios. Reinavam na Argólida os gêmeos Acrísios e Proetos, netos da danaide Hipermnestra e do egipcíada Linceus. Desde a infância que os dois não se entendiam bem e, quando chegaram à idade adulta, disputaram o poder. Finalmente Acrísios venceu e expulsou Proetos do país. Mas Proetos fugiu para a Lícia, onde foi acolhido pelo rei Ióbates, que lhe deu como esposa sua filha, Antéia, e o acompanhou de volta à Argólida com um exército. Lá ele conquistou a cidade de Tirinto,e os Cíclopes construíram para ele uma fortaleza inexpugnável, cercada por gigantesca muralha. Acrísios, então, teve que dividir as terras com seu irmão. Tornou-se rei em Árgos, enquanto Proetos permaneceu como rei em Tirinto.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:05

Porém, com o retorno de Perseus, que voltava para reivindicar seu lugar de direito, o avô materno Acrísios teve que abandonar Árgos às pressas, e foi para a longínqua Lárissa, na Hemônia (Tessália), onde viviam os Lápitas. Em Árgos, onde Héra era especialmente honrada, o culto de Dionisos encontrava graves dificuldades para se estabelecer. Os habitantes recusaram-se a honrá-lo, e mataram as Mênades que o acompanhavam. O deus feriu de loucura furiosa as mães, que começaram a dilacerar os próprios filhos. O herói Perseus, já como protetor de Árgos, decidiu então combater seu irmão Dionisos, pois ambos eram filhos de Zeus, que contou com a ajuda das Hálias, “mulheres do mar”, mas pereceram em batalha, e Dionisos mandou que se lhe construíssem o monumento de Cória, “a dançarina”, uma de suas Mênades, e o túmulo das Sereias (Haliai). Em seguida, Dionisos voltou com mais força, acompanhado de seu séquito e de Ariadne, sua esposa. E Perseus, acuado, utilizou-se da cabeça da Górgona e mostrou-a às hordas inimigas, que viraram pedra, inclusive Ariadne. Mas Dionisos conseguiu vencer as forças argivas de Perseus, que teve que ceder. No entanto, sendo ambos filhos de Zeus, que impediu-os de continuar por mais tempo com os conflitos, acabaram firmando um tratado de paz. Então, dedicou-se um templo com um recinto sagrado a Dionisos-Cretense, onde mais tarde Ariadne foi enterrada. E, sem ter mais o que fazer pelo seu povo, Perseus deixou Árgos e foi em busca do avô Acrísios para trazê-lo de volta. Então, Dionisos foi-se hospedar no palácio de Proetos, em Tirinto.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:06

Bias, irmão gêmeo de Melampos, queria casar-se com sua prima Pero, filha de Neleus e Clóris. Mas o pai, que era tio de Bias, já havia recusado a vários pretendentes de sua filha e só aceitaria o casamento se Bias prometesse dar-lhe o rebanhos de vacas premiadas que pertencia a um rei muito mal-humorado, o tessaliano Fílacos. Esse rebanho era vigiado por um cão maravilhoso que, segundo diziam, jamais dormia. Bias lembrou-se que esse rei era vizinho de seu pai Amitáon e que, por mais dinheiro que lhe oferecessem, jamais venderia suas vacas.

Bias, desesperado, tentou roubar o gado, mas em vão, e por isso foi pedir a ajuda do irmão, pois entendia a linguagem dos animais, mas que, a princípio, não sabia muito bem como ajudá-lo. Porém, Melampos teve a sorte de ouvir o que duas gruas tagarelavam enquanto pegavam sapos no lago. Mais ou menos assim conversavam:

— Que pena... é triste a história de Bias e as vacas de Fílacos, não é?

— Pois é, mas eu ouvi dizer que se alguém, exceto o próprio Bias, tentar roubar o rebanho, irá passar exatamente um ano na prisão, mas, depois, ganhará as vacas de presente. Se Bias tentar roubar as vacas pessoalmente, o Destino determinou que ele seja morto por Fílacos.

— Hei! Olha aqui que sapo mais gorducho! Vamos pegá-lo!

Melampos, então, só viu as gruas perseguirem um sapo só, e foi preparar-se par ajudar o seu irmão. Gostava muito de Bias, e disse-lhe estar disposto a ajudá-lo, embora lhe dissesse que iria ser apanhado naquele ousado empreendimento e preso como um ladrão. Mas avisou-lhe também que, passado um ano, regressaria com o gado prometido.

Então, para ajudar Bias, foi sozinho para Féres, na Filácia, na Tessália, e tentou roubar as vacas, convencendo-as de segui-lo, e foi atacado pelo cão-de-guarda. Deixando-se apanhar, foi levado perante o rei Fílacos, “o vigilante”, que o mandou à prisão particular do palácio, iniciando as previsões ouvidas por Melampos.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:07

Dez noites antes de completar um ano aprisionado em Féres, Melampos ouviu dois carunchos conversarem na trave de madeira que ficava bem acima de sua cabeça. Um deles disse que se os dois comessem a madeira com vontade a noite inteira, no dia seguinte cairia tudo. Melampos bateu na porta e pediu:

— Guarda! Preciso trocar de cela! Guarda! Guarda!

Em seguida, Fílacos fora chamado a interrogá-lo.

— Por quê?

— Porque essa trave vai desmoronar de madrugada. Se ela me matar, tu serás punido pelos deuses por não fazer o que eu havia dito!

— Ora, bobagem!

— Não, é verdade!

Pouco antes da chegada de Éos, a Aurora, o rei achou prudente trocar Melampos de cela. Ele foi levado, e Fílacos mandou uma escrava buscar a cama de Melampos, já que pretendia tratá-lo com um certo zelo, pois havia sabido se tratar do filho de seu vizinho, o rei Amitáon. Quando ela ia começar a puxá-la, a trave caiu e a matou.

Os guardas ficaram estarrecidos. E não demorou muito para que o ocorrido chegasse aos ouvidos de Fílacos. Mandou que o libertassem e o levassem à sua presença.

— Tu pareces ser profeta, nobre Melampos, e talvez possas ajudar-me: eu tenho um filho paralítico desde a infância. Seu nome é Íficles. Se me ensinares como curá-lo, eu te darei não só a liberdade, como também meu rebanho de vacas premiadas que pretendeste roubar.

— Como aconteceu tal infortúnio?

— Íficles era um menino forte e saudável, mas por causa de um estranho acidente ele adoecera subitamente e desde então tornara-se frágil e doentio.

Melampos prometeu ao rei que tentaria, e Fílacos repetiu a promessa de que lhe entregaria o rebanho.

Em seguida, Melampos sacrificou um touro a Apolo e outro a Zeus, cuidando para que as entranhas permanecessem ao lado do altar, de modo que fossem comidas pelos abutres. Os abutres, como os grous, eram pássaros proféticos e, logo, dois deles ali pousaram. Enquanto um deles abocanhava pedaços das vísceras, Melampos ouviu-o dizer:
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:08

— Este é o primeiro alimento que recebo aqui, desde que, há dez anos, Fílacos sacrificou aquele carneiro a Zeus. Lembro-me bem como o covardezinho do filho dele gritou quando o viu tomar da faca e matar o carneiro. Fílacos correu para consolar o menino mas, primeiro, por precaução, enfiou a faca no tronco daquela pereira, esquecendo depois de tornar a tirá-la. A deusa Héra ficou muito irritada — já que as pereiras são-lhes consagradas — e, para castigá-lo, fez o menino ficar paralítico. Olha só, a faca ainda está lá onde Fílacos a deixou, quase que inteiramente envolvida pela casca da árvore.

O outro abutre retrucou, de boca cheia:

— Se Fílacos ao menos tivesse o bom senso de tirar a faca, raspar a ferrugem e misturá-la com água para dar ao menino beber pela manhã e à noite, durante dez dias, ele ficaria inteiramente curado da paralisia.

Melampos passou a Fílacos o conselho dado pelo abutre, que sacrificou um carneiro implorando em voz alta o perdão de Héra. Melampos procurou e encontrou o machado, raspou a sua ferrugem, dissolveu-a em vinho fez o menino beber todos os dias. Ao fim de dez dias, seu filho, Íficles, havia sido curado pela água com ferrugem.

O rei Fílacos, então, satisfeito, ao completar o prazo de um ano, deu liberdade a Melampos e a todo o seu rebanho.

Fílacos retornou para Pilos e deu as vacas ao seu irmão Bias, que as deu ao pai de Pero, o rei Neleus, que, por sua vez, deu a filha em casamento ao seus sobrinho. Bias agradeceu ao seu irmão Melampos pelo que houvera feito, tendo-o como o melhor dos irmãos e seu melhor amigo. E Bias, unindo-se a Pero, teve com ela quatro filhos, Tálaos, Perialces, Laódocos e Aréios, e uma filha, Alfasibéia. Quanto a Melampos, este foi morar em Árgos, cidade esta que fora disputada pelos irmãos Acrísios e Proetos. Era na época a maior cidade da Hélade e o lugar que convinha ao homem mais sábio e poderoso de todo o país.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:08

Dionisos estava hospedado no palácio do segundo rei, em Tirinto, Proetos tinha três filhas: Lísipe, Ifínoe e Ifianassa. Eram tão bonitas que muitos helenos as cobiçavam. Porém elas eram orgulhosas e arrogantes, e uma vez, quando chegaram ao antigo templo da rainha dos deuses, gabaram-se de que a casa de seu pai era muito mais luxuosa. Mas a casa de Proetos já estava maculada com os mal-tratos a Dionisos, que havia jurado vingança, e a deusa, em conformidade com o deus do vinho, não tolerando que seu santuário fosse desprezado, fez com que as infiéis donzelas enlouquecessem. Elas passaram a pensar que eram vacas e puseram-se a vagar pelos campos, mugindo. E assim vagavam pela Argólida, pela Arcádia, pela Messênia. O rei Proetos, inconformado, expulsou definitivamente de sua casa Dionisos, o filho de Zeus, na época em que nascia o príncipe herdeiro de Tirinto, Megapentes.

O rei Proetos encontrava-se muito abatido pelo lastimável destino de suas filhas, que mugiam como as vacas e pastavam pelos campos do Peloponeso. A vingança dos deuses se manifestava. Proetos lembrava com remorso do dia em que houvera expulso de sua casa o deus Dionisos, e de nada adiantavam suas orações, nem suas lágrimas eram vistas pelo Olimpo. O rei, acabrunhado pelo sofrimento, ofereceu grande recompensa a quem conseguisse curar as filhas.

Porém, um dia, Proetos ouviu falar de um homem com fama de profeta e médico; ouvira falar da cura do príncipe Íficles, em Féres, e de muitas outras histórias que se passaram da Hemônia até os confins da Messênia. Por isso, mandou chamá-lo e pediu-lhe que curasse suas infelizes filhas. Melampos respondeu-lhe:

— Satisfarei ao teu desejo, ó rei, desde que me entregues a terceira parte de teu reino. E lembra-te de sacrificar aos deuses e construir dois altares, um a Dionisos e outro a deusa Héra.

Mas o rei, que era excessivamente mesquinho, não quis concordar, de maneira alguma:
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Mitologia Grega - Página 12 Empty Re: Mitologia Grega

Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:09

— Isto eu não farei, jamais. Ora essa! Alienar-me de grande parte do meu reino? Prefiro que continuem minhas filhas dementes para o resto de suas vidas!

Melampos foi-se embora. E as donzelas enlouqueceram ainda mais. Sua loucura chegava ao ponto de contagiar outras mulheres. Elas deixavam suas moradias, matavam seus próprios filhos e, como as três irmãs, vagavam pelos campos, mugindo. Aterrorizado, Proetos mandou chamar Melampos novamente e pediu-lhe que o ajudasse:

— Teu preço é muito elevado, mas tão grande é minha aflição que estou disposto a aceitá-lo. Se tu debelares a insânia de minhas três filhas assim como das outras mulheres de Árgos, dar-te-ei a terça parte do meu reino.

— Oh não! Já uma vez recusaste minhas condições, e sofres agora as conseqüências de tua recusa. Desta vez não peço um terço, senão dois terços do teu reino, que destinarei ao meu irmão, e ainda por cima a mão da mais bela das tuas três filhas.

— Quê?! Como?

Embora de má vontade, o rei teve que concordar, pois temia que, se hesitasse de novo, Melampos acabaria por exigir-lhe o reino inteiro. Melampos, então, reuniu os mais fortes dentre os jovens à sua volta e conduziu-os às montanhas, de onde eles perseguiram o bando de mulheres enlouquecidas, que deliravam em seus cânticos e danças rituais, até perto de Sícion. Durante a perseguição, a mais velha das filhas de Proetos, Ifínoe, morreu, mas as outras duas foram capturadas. Então Melampos fez uma infusão da planta chamada heléboro negro, que poucos conheciam, e deu-a às princesas, que se encontravam amarradas, para que bebessem. Um tempo depois, acalmaram-se e ficaram curadas de sua loucura enquanto Melampos apaziguava a enfurecida Héra com preces e oferendas. Curou-as também através dos rituais de purificação e magia.

Depois, foram curadas as outras mulheres da mesma maneira, conforme iam sendo capturadas. Todas recuperaram a razão.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:10

Junto com as terras prometidas, seu pai deu Ifianassa como esposa a Melampos e Lísipe ao irmão Bias. Com Ifianassa, Melampos teve cinco filhos: Abas, Mântios, Pisénor, Gias e Císseo. Quanto a Bias, tendo-se unido a Lísipe, teve apenas uma filha: Anaxíbia, que haveria de ser desposada por Pélias, o rei de Iolcos.

Assim, consumado o casamento do rei Pélops com a princesa Hipodâmia e a sua soberania sobre todos os reinos da Ápia, ao sul da Hélade, durante algum tempo sentiu-se Pélops feliz com sua formosa esposa e seu novo reino. Grande foi sua felicidade quando Hipodâmia deu-lhe um filho a que puseram o nome de Piteus. Passado um ano, mais ou menos, começou ele a estender suas vistas pelas planícies e vales da Élide, fazendo incursões a cavalo cada vez mais distantes, para tomar conhecimento dos reinos que confinavam com o seu e saber que qualidade de gente os governava. Até que, finalmente, chegou a Micenas.

Ali encontrou um jovem soberano de nome Perseus, recém-casado com uma princesa oriental, Andrômeda. Ele, apesar de lamentar a recente perda do avô Acrísios, cuja morte ele mesmo provocara, o acolheu amistosamente. Sendo muito viajados e tendo passado por muitas aventuras, não lhes faltavam assuntos para demoradas conversas, e achavam, ambos, grande prazer na companhia um do outro. Por estranha coincidência também conseguira Perseus atingir a realeza em virtude de uma profecia, e das tentativas de certo rei, Polidectos, que o falecido Enômaus tivera o desprazer de conhecer, para impedir sua realização.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:11

Perseus contou-lhe ainda a história a respeito do que fizera o avô Acrísios à sua querida mãe Dânae, que ainda vivia, de como foi aprisionada no alto de uma torre e de como, mãe e filho, foram ter na ilha de Sérifos sob a proteção dos deuses. Contou-lhe sobre suas proezas e amizade que fizera com Hermes e Atena, e juntos foram ter com as bruxas Graias, nos limites do Mundo. Falou-lhe de sua aventura enfrentando as Górgonas, o seu confronto com o gigante Átlas e suas viagens sobre as areias de um grande deserto sob o lombo do fantástico cavalo Pégasos. Contou-lhe como conheceu a princesa Andrômeda e sobre os perigos que teve que enfrentar nas longínquas terras da Fenícia, concluindo uma das mais maravilhosas aventuras que Pélops pode ouvir. Sem dúvida, as suas histórias foram menos fantásticas, embora fossem muito incomuns, como por exemplo, a sua ressurreição e a sua estadia entre os deuses.

O rei Perseus, mais tarde, conduziu Pélops a Árgos, onde deveria se encontrar com o velho Proetos, irmão de Acrísios. Pélops ouvira também os relatos sobre a querela dos dois irmãos, história já muito conhecida. Mas havia outra história que lhe contara Proetos e ele mesmo, Perseus, nunca tinha ouvido da boca de ninguém. Era essa uma história tão maravilhosa quanto as próprias aventuras de Perseus. Era sobre um jovem de Éfira, conhecido pelo nome de Belerofonte. Ele foi acusado de violentar a esposa do rei Proetos, o que era mentira, e foi condenado a servir de escravo ao rei Ióbates, na Lícia. Naquela terra, Belerofonte teve que enfrentar muitos perigos, inclusive um monstro tricéfalo chamado Quimera, que lançava fogo pela boca. Alcançou a glória e tornou-se rei daquele povo.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:12

Pélops estava maravilhado de tantas histórias. Mas eram verdadeiras. Ouviu Proetos lhe contar sobre a loucura que se apossou das suas três filhas. E um famoso adivinho, Melampos, conseguiu curá-las espantosamente, e só fez isso exigindo do rei uma recompensa: dois terços do seu reino, e ainda por cima a mão da mais bela das suas filhas. Isso irritou Proetos, mas teve que ceder.

Isso tudo foi relatado pelo rei Proetos a Pélops, em Árgos, enquanto comiam e bebiam. E Pélops sentiu grande desejo de conhecer Melampos, de conversar com esse adivinho e médico que havia angariado tão grande fama. Ao deixar Árgos, dirigiu-se à casa de Melampos, onde este vivia com sua bela esposa Ifianassa. Apresentando-se a eles disse Pélops:

— Ouvi contar do rei Proetos a maneira pela qual tu curaste a loucura das mulheres de Árgos. Gostaria de saber como foi que obtiveste o divino dom de profecia e de adivinhação.

— Contar-te-ei isso com prazer. Na minha juventude estudei com o deus Apolo as propriedades das ervas e das plantas, e a confecção de remédios. Não ignoras ser a serpente tida em grande estima pelos médicos. Fiquei muito contrariado ao saber que meus serventes, ao encontrarem um casal de cobras num velho carvalho de meu quintal, as haviam matado. Ergui uma pira funerária e queimei os corpos das serpentes com honras e reverências e, encontrando alguns filhotes de serpentes no carvalho, criei essas pequenas órfãs com carinho e desvelo.

Pélops olhava-o assombrado.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:13

— Não, meu nobre Pélops, não sou louco. Um dia adormeci à sombra do carvalho. As cobrinhas, brincando ao sol, ao meu redor, aproximaram-se e com suas linguinhas palpitantes tocaram de leve minhas orelhas, meus olhos e minha boca. Podes acreditar: quando acordei fiquei surpreendido de constatar que podia ouvir e compreender o que diziam, uns aos outros pássaros, e outros animais, e até mesmo as cobras e as pequenas criaturas que se agitam na grama. Com elas aprendi a predizer o futuro. Foram elas que me desvendaram o segredo da loucura que os deuses enviaram às mulheres de Árgos, assim como a maneira de curá-la. Esse conhecimento me valeu, como tu vês, uma linda esposa e uma grande parte do reino.

Melampos disse ainda a Pélops que não vivera sempre em Árgos, mas viera de Pilos, donde fora expulso de seu lar pela crueldade de seu tio, o rei Neleus. Pélops admirou-se, pois Neleus era um rei vizinho da Élide. E Melampos contou-lhe sobre como ajudou seu irmão Bias a conquistar a bela Pero, a filha do rei Neleus. Para isso, teve que merecer os favores do rei Fílacos, que governava em Fílace, na Hemônia, e conseguiu dele uma manada de famosos touros que serviriam de dote para seu irmão Bias poder casar-se com a filha de Neleus.

Nessa altura estava Pélops convencido de que tivera conhecimento de tantas coisas maravilhosas que nada mais o poderia surpreender. As maravilhas, no entanto, não se haviam esgotado, como veio a verificar ao conhecer o rei Pandíon de Atenas, e ouviu-lhe as fantásticas narrativas enquanto comiam e bebiam juntos no palácio real. Contou-lhe sobre seu antepassado, também chamado Pandíon, que tinha duas filhas, Filómele e Procne, que passaram horrores nas mãos do terrível rei Tereus, que governava os trácios. Casou-se com Procne e violentou Filómele, mas o Destino lhe preparou uma vingança, e, sem saber, comeu a carne de seu próprio filho. E os três, Tereus, Procne e Filómele, foram metamorfoseados em aves.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:13

Disse-lhe que, após a morte de seu pai Pandíon I, sucedeu-lhe Erecteus, o filho mais velho. No entanto, entre umas histórias e outras, contou-lhe sobre o drama de Prócris e Céfalos, anscestrais da casa de Atenas. As desavenças do jovem casal e a visita de Prócris ao famoso rei Minos II, de Creta. Após algum tempo servindo a mesa e a cama do rei, Prócris retornou para casa e reconciliou-se com Céfalos, mas o Destino lhes pregou uma peça, e Céfalos matou a esposa acidentalmente.

Pandíon acrescentou a essa história sobre o filho que Céfalos tivera com uma ursa e lhe dera o nome de Arcésios.

Essas e muitas outras histórias ouviu Pélops dos lábios do rei Pandíon II, em seu palácio em Atenas. Os dois reis juraram eterna amizade na paz e constante aliança na guerra. Após diversos dias de festejos, escusou-se Pélops, partindo para visitar a antiga cidade de Tebas. O rei de Tebas chamava-se Créon, e fez Pélops calorosa recepção. Sentados juntos no palácio, comendo e bebendo, Pélops contou como viera ter à Hélade, e ouvira ao rei Créon contar a história da construção da cidade. Era sobre a história do rapto de uma princesa, Europa, pelo senhor do Olimpo, e da busca de seus irmãos por muitos lugares distantes. A filha do rei Agenor de Tiro havia sido levada a Creta, onde tivera de Zeus três filhos: Minos, Radamantes e Sarpédon. Era a história de Cadmos, um dos filhos de Agenor, que, após uma busca incessante por terras e mares, foi parar na Hélade e, na parte central do país, fundou uma cidade, Cadméia, no mesmo lugar onde um dia enfrentou um terrível dragão pertencente ao deus Áres.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:14

Contou-lhe sobre as filhas de Cadmos e seus casamentos desastrosos, e sobre o nascimento de uma divindade na casa real de Tebas: Dionisos. Narrou-lhe ainda a história de Actéon, que foi atacado pelos próprios cães, que o confundiram com um gamo. Contou-lhe também sobre as desgraças de Átamas e sua esposa Ino, uma das filhas de Cadmos, que tentou livrar-se a todo custo de seus enteados Frixos e Héle, e nunca mais se teve notícias das crianças desde que elas fugiram no lombo de um carneiro alado. E, após ouvir o relato sobre o desfecho da emocionante história de Cadmos e Hermíone, deixou Pélops a cidade de Tebas, voltando para o seu lar em Pisa, pensativo e maravilhado por tudo o que tinha ouvido contar a respeito dos reis de Micenas, de Árgos, de Atenas e de Tebas.

Com o correr dos anos, à medida que se tornava mais rico e poderoso, esquecia-se Pélops da maldição do áuriga Mírtilos, que o ajudara a conquistar sua esposa Hipodâmia e o reina da Élide. Sem dúvida, aparentemente, era Pélops um dos homens mais felizes do mundo. O casal tinha agora mais três filhos: Atreus, Tiestes e Alcátous, e uma formosa menina de nome Nícipe.

E não foram poucos os outros filhos que nasceram de Pélops e Hipodâmia: mais sete filhos varões, chamados Plístenes, Copreus, Troézenos, Hipálimos, Dias, Hípasos e Cínon, e três filhas, que foram Astidâmia, Lisídice e Hipótoe, e todos estavam destinados a ter descendência. No entanto, Pélops havia tido também um filho com outra mulher, Axioquéia, e chamava-se Crísipos, “o dos cavalos de ouro”, que não conseguiu obter a simpatia de Hipodâmia.

Em desagravo pela morte de Enômaos e pelas fortes alianças que obtivera por toda a Ápia, Pélops fundou um grande festival que se celebraria a cada quatro anos em honra do rei morto, e se chamou Jogos Olímpicos. Mais tarde, Héracles, neto de Pélops, decretaria que seriam em honra de Pélops e que os sacrifícios que haveriam de ser feitos deveriam acontecer antes que os dedicados a seu pai Zeus.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:15

Em seguida, Hipodâmia fundou, por gratidão a Héra, a rainha dos deuses, um festival em sua honra que também deveria se realizar de quatro em quatro anos e incluía uma corrida para moças. E Clóris, a filha de Anfíon e Níobe, foi a primeira vencedora dessa competição. E Hipodâmia, ela própria, preferia haver-se com cavalos e carros, uma de suas melhores habilidades.

Havia um rei frígio de nome Midas, tão rico quanto poderoso, que, por ter ousado optar por Mársias ao invés de Apolo numa competição musical, recebeu do deus um castigo: orelhas de burro. Foi então que o rei teve a ideia de inventar um chapéu alto, de modo que cobrisse suas novas orelhas: o barrete frígio. Em seguida, implorou às Musas que não comentassem o assunto, e fez sacrifícios ao deus Apolo.

Infelizmente, o barbeiro de Midas, chamado para cortar o cabelo de seu senhor, encheu-se de assombro ao deparar-se com as orelhas de asno. Quis rir, mas o rei, tomando-lhe a tesoura, ameaçou matá-lo se ele contasse seu segredo a um único ser vivo.

— Cala-te, não digas uma palavra, tolo! Se ousares abrir o bico e contares para alguém, corto fora as tuas orelhas!

Ele, assustado, silenciou rapidamente, executando a sua tarefa com discrição, mas segurando o riso que ameaçava explodir. E, ao final do trabalho, juntou seus instrumentos e afastou-se, e permitiu seu riso solto sair de sues pulmões. O barbeiro, com aquele segredo estourando dentro dele, tinha que desabafar, sua língua ardia. Não podendo mais se conter, decidiu correr para o bosque e foi cavar com sua tesoura um buraco na margem do rio Páctolos — então conhecido pelo nome de Crisórroas, de águas de ouro — olhou muito bem à sua volta, com medo de que alguém pudesse ouvi-lo ou vê-lo, e sussurrou para dentro dele:

— O rei Midas tem orelhas de burro...!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:16

E tapou imediatamente o buraco para enterrar logo o segredo. Depois, foi-se embora, muito satisfeito. Porém, um junco nasceu justamente naquele buraco e, sacudido pelo vento, passou a sussurrar para todos os outros juncos:

— O rei Midas tem orelhas de burro! O rei Midas tem orelhas de burro!

Logo, logo, os passarinhos já sabiam da novidade e levaram-na até um velho herói chamado Melampos, que vivia na Hélade e que compreendia a língua das aves. Melampos contou aos amigos, que levaram a novidade de volta para a Frígia. Finalmente, Midas, ao passar conduzindo sua carruagem, ouviu em coro o seu povo a gritar:

— Tira o barrete da cabeça, rei Midas! Nós queremos ver as tuas orelhas!

Depois disso, Midas tomou uma primeira atitude: mandou cortar a cabeça do barbeiro; depois, desapareceu da vista de todos, para sempre. Diziam que havia-se suicidado de vergonha. E seus filhos ocuparam o trono da Frígia.

Enquanto isso, na Hélade, os dois irmãos, Bias e Melampos, tornaram-se reis poderosos. E foi de Melampos que descendeu uma grande e gloriosa linhagem, a dos Melampotíades, os quais lhe herdaram o dom da vidência. E suas conexões mais estreitas estabelecera-as com o porto de Egostena, no sopé meridional de Citéron, onde Melampos teve um túmulo, mostrado em tempos mais recentes e celebrado um festival anual em sua honra. Quanto a Bias, em Argos reinaram seus descendentes, seu filho Tálaos e, depois, o neto Adrastos.

FIM
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:17

No terceiro post deste mito, Ariadne foi mencionada como participante da batalha de Dionisos contra Perseus. Apesar de eu ter postado essa informação, digo que não faz sentido, por isso discordo, visto que, nesta época, Ariadne nem havia ainda nascido, pois pertence ao mito de Teseus, da próxima geração do tempo de Héracles, bisneto de Perseus. São informações contraditórias partidas de determinados autores antigos ou modernos que não se preocupavam de relacionar um sentido cronológico aos mitos, mas preocupavam-se apenas com o mito em si.

Há algumas divergências sobre a sequência das visitas e conquistas de Dionisos, que também não fazem sentido cronológico, por isso evito postar dessa forma. Não se pode inserir num mito um personagem que nem ao menos teria ainda nascido ou reinado, desrespeitando o rol das gerações.
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