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Mitologia Grega

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Hermes Trismegistus
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:20

O mito de Dãnaos e Egitos

Belos, filho de Poseidon e Líbia, que por sua vez era filha de Épafos, tornara-se senhor de poderoso Império, abrangendo parte da Síria e do país dos quemitas cortado pelo rio Nilos. O seu nome, da raiz Ba’al, “senhor”, já demonstrava o seu próprio poder. Reinava em Khemmis, na região de Tebas africana. O filho de Poseidon e Líbia desposou uma ninfa, filha do deus-rio Nilos, Anquínoe (Akhirroé), com quem teve dois varões, gêmeos, Egitos (Aigiptos) e Dânaos (Danaus), e um terceiro filho, Ninos. Mais tarde, Belos unindo-se à sua própria mãe, Líbia, teve dela uma filha, chamada Lâmia.

Belos tornou-se o rei mais poderoso do Oriente, chegando a conduzir uma colônia de compatriotas (junto levou seu filho Ninos) a povoarem uma região rodeada por dois grandes rios, por isso foi chamada de Mesopotâmia, e, lá mesmo, na parte central, fundou uma cidade, Babilônia, chegando a desmoronar a hegemonia dos sumérios. Enquanto isso, Agenor, seu irmão, dominava a faixa-norte da Síria, reinando em Tiros e Sídon. Quanto ao outro irmão, Busíris, logo que morreu, foi posto no rol dos deuses quemitas.

Egitos e Dânaos, filhos do rei Belos, ao tornarem-se adultos, receberam do pai o direito de governar: o primeiro sobre a Arábia e o segundo sobre a Líbia. Ambos tomaram esposas. Egitos teve cinquenta filhos, chamados Egipcíades, e Dânaos, cinquenta filhas, as Danaides, que eram moças incomuns, de vozes pouco femininas, que praticavam esportes com carros de guerra e ora caçavam nas matas, ora colhiam tâmaras, cinamomo e incenso.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:22

Os cinquenta filhos de Egitos chamavam-se (por ordem alfabética): Agaptólemos (ou Agaptólemos), Agenor, Álcis, Alcménon (ou Alcmenor), Amíntor, Antípafos, Árbelos, Arquelaus, Arquítelos (ou Busíris), Astérias, Ásteris, Brômios, Calcédon (ou Calcódon), Cassos, Císseo (ou Cisseus), Clitos, Crísipos, Ctônios, Daífron, Drias (ou Driantes), Égios, Egitos (ou Egípios), Encélados, Estênelos (ou Esteneleus), Euquenor (ou Elquenor), Eurídamas, Eurílocos, Fantes, Hipocoristes, Hipólitos, Hipótoos, Hixóbios (ou Hipérbios), Ídas, Ídmon, Imbros, Íster (ou Istros), Lampos, Licos, Lirceus (ou Linceus), Lixos, Menalcas, Oineus (ou Eneus), Pandíon, Périfas, Perístenes, Políctor, Pótamon, Proteus e Quetos.

Quanto às cinquenta filhas de Dânaos, estas chamavam-se (por ordem alfabética): Actéia (ou Acte), Adiante, Ádite (ou Ádis), Agave, Amínome, Anaxíbia, Antódice (ou Clite), Astéria, Autoléia (ou Antélia ou Autóloe), Autômate, Autónoe, Bricéia, Calídice, Céleno (ou Eufêmia), Cleódore, Cleópatra, Clio, Crísipe, Crisotêmis, Critomédia, Dâmone, Dióxipe, Electra, Érato, Estênele, Estigne, Eurídice, Evipe, Fartis, Glauce, Gláucipe, Gorge, Gorgófone, Helcite, Hipéripe, Hipermnestra, Hipodâmia (ou Hipódame), Hipódice (ou Hipódicis), Hipomedusa, Ifimedusa, Mnestra, Ocípete (ou Ocíptoe), Oeme, Pilarge, Pírene, Podarce, Rode, Ródia e Téano.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:22

Com a morte de Belos, os dois filhos reis acharam-se no direito de ocupar o trono do maior dos reinos, e pretenderam subir no trono de Khemmis. Egitos, por sua própria conta, subjugou a região dos melâmpodes (os futuros egípcios do norte), estendendo seu Império. Mas Dânaos, inconformado, protestou e ameaçou fazer guerra contra o irmão. Egito, num gesto conciliatório da disputa, propôs que seus cinqüenta filhos se casassem com as cinqüenta filhas de Dânaos. Este suspeitou de que as intenções de Egito não eram boas, e foi consultar um Oráculo, que confirmou seu temor: Egitos pretendia matá-lo e às suas filhas para governar sozinho. Por isso, se preparou para a abandonar o continente.

Com a ajuda de Palas-Atena, a quem o seu povo chamava de Neitme, construiu um barco de cinqüenta remos para ele e suas filhas, que se dirigiram para a Europa.

Logo que chegou na região de Árgos, “terra brilhante”, na Hélade, para onde os Olímpicos o haviam conduzido, as Danaides edificaram um templo à deusa protetora, e Dânaos achegou-se ao rei daquela terra, Gelánor, propondo-lhe que o permitisse reinar em seu lugar, já que os deuses lhe haviam orientado que era descendente de Io, a filha do rei Ínacos. Mas Gelánor riu-se das pretensões do estrangeiro. A gente de Árgos se reuniu para decidir quem seria seu rei, já que haviam ouvido que o estrangeiro ali estava por vontade divina.

Gelánor (ou Esténelas), era filho de Crótopos (filho de Agenor e neto de Tríopas), da casa de Argos.

Nessa mesma noite, um lobo desceu as colinas e atacou o rebanho que se encontrava pastando perto da cidade, matou o touro, e tal acontecimento foi presenciado pelos argivos. Vendo nisto um pretexto, Dânaos decidiu comprar os vaticínios de um sacerdote influente para que convencesse a corte inteira de que isto era um sinal evidente a seu favor.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:23

O vidente, diante do povo de Árgos, explicou então o significado profético daquela cena:

— O sentido deste acontecimento é evidente e irrefutável. Significa que uma nova autoridade está prestes a assumir o comando do nosso reino.

E Dânaos, por conta própria, já se proclamava o novo rei:

— Ai daqueles que se recusarem a se submeter a esta autoridade!

O povo, assustado, interpretando pelos argivos como um sinal de que Dânaos tomaria o trono à força, persuadiram a Gelánor para que renunciasse pacificamente. No entanto, para mostrar suas verdadeiras intenções, Dânaos esforçou-se e organizou a construção da fortaleza de Árgos e escavou o primeiro poço, fazendo com que, em sinal de gratidão, o elegessem rei. E, de fato, Dânaos tornou-se o novo rei da terra dos seus antepassados. Dânaos, em agradecimento e estima, reconhecendo naquele prodígio a hospitalidade dos deuses daquela terra, erigiu um santuário em honra de Apolo-Lício.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:24

Lâmia filha de uma relação incestuosa entre o rei Belos e sua mãe Líbia. Portanto, por parte de mãe, seus tios Agenor e Busíris eram seus irmãos. E, por parte de pai, seus irmãos eram Egito, Dânaos e Antíope. Tornou-se rainha da Líbia, depois que seu irmão Dânaos deixou o país.

Jovem princesa ainda, foi possuída por Zeus, deus estrangeiro da Hélade, e teve vários filhos, que, um a um, foram mortos pela ciumenta Héra. Enlouquecida e invejosa das mães, passou a usar sua autoridade e arrancar dos braços de suas mães as crianças para devorá-las. Por fim, os deuses, cansados de sua selvagem crueldade, transportaram-na para uma caverna isolada nas encostas do monte Círfis, nas cercanias de Delfos, e ela, envenenada pelo Desespero, tornou-se um monstro arrebatador, que passou a raptar e chupar o sangue de crianças. No entanto, deixou de ser um castigo no momento em que notara que as suas vítimas convertiam-se em seres imortais, e adquiriam o mesmo hábito que ela: mamavam à noite nos seus peitos cheios de sangue. Héra, ainda não satisfeita, privara-a do sono até o momento em que Zeus, dela apiedando-se, lhe concedeu o dom de tirar os próprios olhos e voltar a pô-los quando quisesse, passando às vezes a dormir; e quando não o fazia, passava a vaguear à noite para espreitar as crianças para devorá-las. E esse monstro passou a também ser conhecido pelo nome de Síbaris.

Lâmia adquiriu um aspecto medonho, mantendo os peitos e a cabeça como os de uma mulher normal, porém o resto do corpo adquiriu escamas, como as serpentes, e nasceu-lhe um enorme par de asas em suas costas. E, de Zeus, obteve a capacidade de retirar da órbita os próprios olhos para que pudesse dormir durante o dia um sono tranquilo.

Segundo a tradição dos líbios, Lâmia foi assimilada a Neith, a deusa do amor e da guerra. E foi cantada por Safo como uma bela jovem de Lesbos. As amas passaram a utilizar-se desta figura medonha para atemorizar as crianças de quem cuidavam, especialmente as desobedientes.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:25

Enquanto Ninos, senhor de Babilônia, fundava Nínive na longínqua Assíria, assistido por sua madrasta, a rainha Semíramis, na Hélade, Árgos sofria de uma terrível estiagem por causa de um desgosto que tivera Poseidon com o deus-rio Ínacos por haver cedido as terras à deusa Héra. A vingança de Poseidon foi secar os rios que passavam pela Argólida, desde há muito tempo, quando Foroneus era rei.

Dânaos, vendo o sofrimento dos habitantes do lugar, pediu a suas filhas que procurassem água ou invocassem a Poseidon e, por qualquer meio, lograssem que este devolvesse a água aos rios da Argólida. Uma das Danaides, Amímone, enquanto procurava no bosque, próximo de Lerna — onde hodiernamente se localiza o sítio de Mili —, despertou a um sátiro sem querer. E Amínome, muito cansada, foi repousar um pouco, quando o sátiro pegou-a desprevenida e quis possuí-la ali mesmo, mas a moça pediu socorro, e Poseidon apareceu lançando seu tridente contra o sátiro, mas este esquivou-se e fugiu, ficando o tridente cravado em uma grande pedra.

Vendo a beleza da jovem, com certeza, Poseidon não perdeu a oportunidade de aproximar-se. Amímone estava muito feliz, pois seria uma boa oportunidade de cumprir as instruções de seu pai. O deus dos mares, escutando seu pedido, pediu a ela que retirasse o tridente da rocha. A moça, pensando que jamais conseguiria fazê-lo, mesmo assim tentou, e saíram três jorros de água que formaram as fontes do rio Lerna. E essa tripla fonte passou a levar o nome de Amínome. Ali mesmo, perto desse lugar, um dia, nasceria de Équidna um terrível monstro de nove cabeças: a Hidra de Lerna.

Quanto a Amímone, esta uniu-se ao deus dos mares e teve dele um filho, e chamou-o Náuplios, que, mais tarde, haveria de se tornar um grande navegador e o fundador da cidade de Náuplia.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:26

Dânaos havia-se tornado famoso soberano, chegando a formar alianças com reis de terras vizinhas. Chegou mesmo a mandar construir uma cidade na Hespéria (Itália, mais precisamente no Lácio), e chamou-a Árdea, onde passaram a residir o povo dos rútulos, onde Daunos foi seu rei maior.

Entretanto, Egitos (Sesóstris II?), o rei de Khemmis, já havia mudado o nome do país de Nilótis (Quemit) para Egito, da região dos quemitas à região dos melâmpodes (egípcios). O Egito tornava-se império e rivalizava com os grandes reinos da Ásia.

E a notícia do paradeiro de seu irmão chegava ao Faraó:

— Poderoso rei Egitos! Teu irmão, Dânaos, agora é novo rei de Árgos, a maior das cidades além do mar!

Temendo que isso pudesse lhe trazer complicações futuras, resolveu prevenir-se, mandando chamar seus cinqüenta filhos.

— Meus filhos, desejo vosso matrimônio o mais rápido possível com as filhas de vosso tio, o rei Dânaos. E não admito recusas! Dânaos agora é rei de um país rico e poderoso, e precisamos fazer uma aliança com ele para que não deseje a vingança contra este país e esta casa.

Egito tinha razão em tentar comprar a amizade de seu irmão. Dânaos só esperava uma ocasião para por em prática a sua vingança. Por isso, decidiu enviar um mensageiro à corte de Árgos para levar ao rei as cinqüenta propostas de casamento.

O mensageiro foi bem recebido e dispensado com dúvidas. E o mensageiro, sabendo que não poderia retornar sem uma resposta definitiva e reconhecendo que Dânaos poderia ceder, decidiu voltar para o Egito e dar as boas novas. Enquanto isso, Dânaos chamou suas filhas:

— Minhas adoráveis flores! Tenho uma surpresa para todas vós: acabo de confirmar o convite para um himeneu coletivo com os meus sobrinhos, os filhos de Egito.

— O quê? Como poderíamos aceitar, se nos traíram de modo tão vil?

— Que fizeste, meu pai?

— Calma, minhas filhas! Depois da cerimônia nupcial, tereis o prazer da vingança, matando-os durante a sua primeira noite de amor.

— Ah... assim está melhor.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:27

— Não vejo a hora de conhecer meu futuro marido...

Os filhos de Egito chegaram em Árgos e solicitaram ao rei a cumprir com os desejos de seu pai. Mas Dânaos, para não se mostrar fraco às vontades de seu irmão, recusou, e Árgos se viu sitiada por um exército de cinquenta homens dispostos a travar batalha pelo intuito de desposar as filhas do rei. Dânaos resistiu um tempo, auxiliado pelo exército argivo e por suas cinquenta filhas guerreiras, até que ficassem sem água e sem o acesso a qualquer rio da região. Ao ver que o seu povo iria morrer de sede ou cairiam debilitados, decidiu capitular, prometendo que suas filhas se casariam com eles uma vez que levantassem o sítio. E assim se cumpriu.

O dia das núpcias chegou. Uma grande festa parou toda a Argólida. Vieram também convidados de outras regiões vizinhas. Houve um luxuoso matrimônio coletivo, e o próprio Dânaos formou os pares, preferindo uni-los pela similaridade dos nomes, segundo a opinião e o desejo das mães, que eram várias. Durante a manhã, as cinqüenta filhas de Dânaos receberam como maridos os cinqüenta filhos de Egitos.

Um banquete faraônico deu seqüência às festividades, até ao cair da Noite. E o rei de Árgos decretou:

— Agora é preciso que os casais partam para os deliciosos jogos de Afrodite!

Os casais instalaram-se às margens do belo lago de Lerna, em alvas e espaçosas barracas. De tal forma estava o local protegido da curiosidade do povo, que apenas as estrelas teriam o privilégio de escutar as conversas dos amantes. Dentro de cada ampla barraca, cada uma das filhas de Dânaos já se despia, revelando aos olhos do respectivo marido as suas formas perfeitas. Sob os travesseiros, porém, repousavam cinquenta afiados punhais de prata.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:28

Embriagados pela visão de suas cinturas finas e aveludadas, os esposos também começaram a se despir. Antes, porém, que pudessem acalmar o fogo de seus desejos, deitados sobre os frágeis corpos de suas esposas, foram todos apunhalados, sem dó nem piedade. O sangue espirrou de suas feridas abertas, manchando de vermelho a honra e a dignidade.

Depois de consumado o crime, as filhas de Dânaos arrancaram as cabeças dos maridos, lançando os corpos, uma a uma, nas águas do lago, que se tingiu de vermelho, amaldiçoando-o.

Enquanto isso, ainda uma das esposas não havia executado o seu ofício: era Hipermnestra, a primeira das filhas, que vacilava enquanto se entregava a seu esposo Lirceus (ou Linceus). Em seus braços, esquecia-se das ordens do pai. E, no momento decisivo, lembrando-se que seria punida severamente, tomou o punhal fatídico, mas a deusa Ártemis apareceu-lhe numa visão e suplicava com um olhar meigo para cair em si e abandonar o seu intento.

Hipermnestra levantou-se bruscamente e jogou longe a adaga, e foi cair aos pés do marido, que nada entendia.

— Meu adorado! Te amo e por isto me vejo obrigada a desobedecer a meu próprio pai.

— Mas o que...

— Foge, foge para bem longe, porque se te virem vivo, não te pouparão!

E saiu correndo para fora. Lirceus, entendendo que corria perigo, mesmo ainda confuso, pegou suas coisas mais do que depressa e abandonou a cidade, buscando asilo em alguma cidade vizinha. Foi para uma pequena cidade que, mais tarde, se chamaria Lircéia, fundada por um ancestral seu.

De manhã, todas as filhas de Dânaos apresentaram-se diante do pai empunhando as cabeças de seus cônjuges. Ele exultou ao finalmente ver concretizada a sua vingança. Mas Hipermnestra escondia-se por detrás das demais, e foi delatada. Ao inteirar-se da desobediência de sua filha, atirou-a no calabouço, depois enviou-a a um julgamento. Para defendê-la das acusações, a própria deusa Afrodite intercedeu com estas palavras:
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:29

— O céu puro anseia por encher a Terra de amor; a Terra é possuída do desejo de amor, a chuva do céu a faz fértil e assim ela dá origem às plantas e animais que alimentam os homens.

E os juízes argivos a absolveram. E Hipermnestra, para dar uma boa notícia a seu amado Lirceus, acendeu uma fogueira, cuja mensagem foi em seguida respondida com uma fogueira vinda do reino vizinho, por parte dele. Porém, assim que retornou para a casa do pai, foi trancafiada outra vez.

As cabeças dos homens assassinados foram enterradas em perto das fontes de Lerna, entre os montes Pontinos e o mar. E as Danaides homicidas foram purificadas do crime pelos deuses Hermes e Atena.

Então, as filhas de Dânaos eram viúvas, e precisavam de maridos. Isto perturbava ao rei de Árgos. E, como a notícia do assassinato dos filhos de Egito pelas esposas não correu pela boca do povo, já temiam o seu rei, Dânaos teve uma ideia:

— Precisamos dar um jeito nisso.

Decidiu organizar um grande torneio, no qual os vencedores receberiam as princesas como esposas. E Dânaos disse às filhas:

— Uma corrida de quadrigas! Isto divertirá o povo e esquecerão dos últimos acontecimentos.

As moças aplaudiram a ideia do pai.

No dia das competições, apresentaram-se à corte centenas de concorrentes. As Danaides podiam estar certas, ao menos, de arrumar quarenta e nove esposos valentes e destemidos; afinal, não era qualquer um que se dispunha a morrer sob as rodas de uma quadriga para desposar uma mulher.

Os primeiros carros já estavam dispostos na linha de partida. Num balcão, acomodavam-se o rei e suas quarenta e nova filhas, dentre as quais somente Amínome não era virgem, mas gabava-se de ter um filho do grande Poseidon. Os competidores, em cima das quadrigas, tentavam conter os cavalos, que escavavam o chão, ansiosos para lançarem-se na pista. As Danaides percorriam com olhos ávidos os corpos semi-nus de seus pretendentes, que assim se encontravam para mostrarem-se às exigentes moças.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:29

Foi dada a partida. Uma onda de pó levantou-se à saída dos competidores. Os detrás, sem nada enxergar, logo se embolaram, virando seus carros num amontoado de cavalos, quadrigas e cabeças partidas. Um urro de prazer partiu das arquibancadas, tomadas pela plebe. A pista, no entanto, era grande e circular; assim, enquanto os competidores restantes faziam a volta, os mortos eram recolhidos e lançados num monturo. Enquanto isso, os da frente chicoteavam o dorso de seus cavalos e a cara de seus adversários. Estavam dispostos a tudo, pois certamente a vitória lhes valeria um belo quinhão, entre esposas, riquezas e futuros reinos.

Os braços rijos e suados dos homens seguravam com firmeza as rédeas. Do alto da cabeça descia-lhes um suor, que o vento secava rapidamente, mas que se renovava a cada novo esforço. Os olhos das Danaides faiscavam. Seus noventa e oito cotovelos cutucavam-se o tempo todo, a cada novo ângulo de observação que tinham dos corpos dos competidores.

— Aquele lá é meu!

Já escolhia uma das moças o líder da corrida. Mas, infelizmente para ela, o carro de seu eleito tombou numa curva, bem em frente à tribuna, lançando-o ao chão. Um grito de horror partiu das virgens, enquanto o corpo do rapaz rodopiava pelo chão. Em seguida, o carro que vinha atrás atropelou-o e esmagou-lhe a cabeça.

A corrida chegava ao seu final. Os mais resistentes cruzaram a linha de chegada, sob a ovação das moças e da ralé ajuntada nas arquibancadas. E imediatamente organizou-se uma nova bateria de competições, uma após a outra, até serem reunidos todos os vencedores, que, cobertos de pós, subiram os degraus da tribuna, indo ajoelhar-se diante de suas futuras esposas. Depois de limpar com seus lenços o suor e os pós dos corpos dos vitoriosos, as Danaides depositaram sobre suas frontes douradas coroas de louro, segundo a tradição iniciada pelo deus Apolo.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:30

Uma grande e nova festa foi organizada, desta vez respeitando os costumes do povo argivo. Casaram-se e tiveram filhos. Os descendentes destas uniões foram chamados Dânaos e este povo substituiu a dos Pelasgos.

Enquanto isso, num reino vizinho, Lirceus organizava um exército para uma missão de conquista. Ao seu comando estava um grande guerreiro chamado Tríopas. O exército, com o objetivo de por fim à tirania de Dânaos, marchou contra a Argólida e sitiou a sua sede. Instalou-se o caos.

Depois de um bom tempo de cerco, finalmente o exército de Linceus transpôs a muralha e invadiu a cidade e o palácio de Dânaos. Houve pouca resistência, já que o seu rei não mais ali se encontrava; havia abandonado a cidade e fugido para Lerna, com suas filhas, inclusive Hipermnestra, levada à força. Alguns dos maridos morreram em combate, outros preferiram desistir e renunciar.

Com a conquista de Árgos, Tríopas assumiu as rédeas da cidade e do reino, até que Lirceus pudesse cumprir por completo a sua vingança.

Egitos, logo que soube da morte de seus filhos em Árgos, abandonou Khemmis e foi a Ároe, aonde finalmente veio a falecer. Enquanto isso, nascia Abas, o filho de Lirceus e Hipermnestra.

Enquanto um ancião oriundo da terra dos caldeus, de nome Abrão, conduzia uma caravana de viajantes pelos desertos da Síria, rumo à terra dos cananeus, a ocidente, Lirceus conduzia um ataque à cidade de Lerna, a fim de tomá-la, pois lá se encontrava o mentor da morte de seus irmãos.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:31

O sangue correu pelas ruas de Lerna. Lirceus tomou a cidade e dirigiu-se com seus soldados até o palácio onde estava hospedado o rei Dânaos e suas filhas, que estavam enlouquecidas de medo. Pensando vingar a morte de seus irmãos, Lirceus conseguiu encontrar Dânaos e, sem pensar duas vezes, tirou-lhe a vida. As filhas de Dânaos conseguiram fugir e foram pedir asilo ao rei Tríopas, o novo regente de Árgos, e foram implorar-lhe proteção. No entanto, o rei, consciente do seu dever para com seu aliado, ordenou para que todas as perversas Danaides fossem passadas a fio de espada.

Só então Lirceus assumiu o trono de Árgos. E, para honrar o antigo rei, seu sogro, todos os seus descendentes homens passaram, a partir de então, a ser chamados de Dânaos, e as mulheres, Dânaes.

Então, as filhas de Dânaos não foram açoitadas pelas Erínias, porque, afinal de contas, tinham apenas obedecido às ordens severas e maléficas do pai. Mesmo assim, ao entrarem suas almas no reino sombrio de Hades, foram levadas ao impaciente juiz Minos, que lhes decretou uma punição coletiva. Carregadas de ferro, foram conduzidas até o Tártaros, onde foram condenadas a pegar água do rio Estige para encher o poço do Jardim de Hades. Os jarros, porém, tinham os fundos furados como peneiras, de modo que as Danaides se arrastavam indefinidamente entre o rio e o lago, sem jamais concluírem sua tarefa. Se, por acaso, conseguissem cumpri-la, seriam perdoadas e levadas a um lugar do Tártaros sem punição, o que jamais haveria de acontecer.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:32

Foi nessa época que se passara a belíssima mas desastrosa história de Píramos e Tisbe, na longínqua Assíria. Terminara em tragédia um caso de amor proibido entre uma filha e um filho de duas famílias declaradamente inimigas, próximo do túmulo de Ninos.

Finalmente, em 1.510 a.C., após longos anos, subia ao trono de Árgos, o jovem Abas, filho de Linceus e Hipermnestra. Nesta época, o grande soberano Hamurábi transformava Babilônia na capital dos amorreus, tornando-a sede de poderoso império na Ásia e fundando o Primeiro Império Babilônico.

Com sua esposa Aglaia, Abas teve dois filhos, gêmeos, e deu-lhes o nome de Acrísios e Proetos, destinados a serem inimigos eternos e reinar sobre Árgos e Tirinto.

FIM
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 19:34

Desculpem, minha gente!

Tentei diferenciar EGITOS (personagem) de EGITO (país), mas o texto foi mal digitado, fiz isto as pressas e confundi um pouco. Mas dá pra notar as diferenças.

O Antigo Egito, na concepção grega mitológica, era, inicialmente mencionada como parte da Líbia. Procurei não mencionar muito as denominações egípcias originais. Referi-me ao território ao sul com a denominação generalizada da cidade de Khemmis, cuja região tardiamente foi chamada de Alto Egito, cujo nome poderia ter dado origem ao reino, Kemit, o país dos Quemitas. Já a região norte, na qual abrangia a maior parte do Delta do Nilo, tardiamente chamada de Baixo Egito, referi-me ao povo dos Melâmpodes, "de pés de bronze", que não eram exatamente negros, mas morenos, e tiveram um maior contato com os gregos antigos. Tanto os Quemitas quanto os Melâmpodes, na concepção grega mitológica, pertenciam ao Nilótis (a região que acompanhava o rio Nilo - incluindo o Egito, a Núbia e pequena parte da Etiópia).

A denominação "Quemitas" não foi exatamente mencionada pelos gregos, que mal conheciam esse povo, referida principalmente nos mitos de Io, Épafos e Perseus. Era, segundo os gregos, um povo mítico, amplamente misterioso, que vivia num lugar paradisíaco da África (a Líbia grega). Perseus conheceu-o quando rumava para as terras da Fenícia, que ficava bem ao norte, onde hoje ficam as cidades de Jaffa e Tel-Aviv (Israel).
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 23:02

Fáon e Safo

Ciáxares, rei dos medas, impunha seu domínio aos persas e tentava aniquilar o poderio assírio, enquanto em Israel reinava Josias. Nabopolassar reinava na Babilônia, enquanto Psamético I ou Wahibre era Faraó do Egito. Drácon era legislador em Atenas.

Na mítica ilha de Lesbos vivia um velho de pele engelhada e seca, e tão cheio de macelas que parecia impossível conhecer a sua idade. O seu nome era Fáon e tinha uma barca com a qual ganhava a vida transportando pessoas e utensílios às costas próximas da Ásia. Em certa ocasião, aproximou-se da barca de Fáon uma mulher de aspecto velho, que cobria o seu corpo magro com sujos farrapos, e que vinha a solicitar os serviços do ancião barqueiro, pois tinha necessidade de passar para o Continente quanto antes. Fáon, que tinha tomado aquela mulher por uma mendiga necessitada, aprestou-se a socorrê-la em tudo o possível e não só a acomodou na sua barca como também a ajudou economicamente para que, assim, pudesse seguir o seu caminho. O velho Fáon recebeu em troca uma caixinha com unguento que, segundo ela, era uma espécie de elixir da juventude, pois tinha a propriedade de tornar jovem a pele de quem o aplicasse. Não fez muito caso o velho barqueiro das palavras da desconhecida, mas aceitou o seu presente como mostra de gratidão.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 23:03

De regresso com a sua barca para Lesbos, Fáon, talvez para matar o aborrecimento, decidiu aplicar no seu rosto enrugado aquele creme, procurando seguir as instruções da mendiga, e o seu assombro foi enorme, pois a pele de seu rosto se tornou imediatamente tão lisa e viçosa como a de um menino. Experimentou untar todo o corpo e, em poucos momentos, tornou-se exteriormente jovem como um efebo. Perguntou-se, então, quem seria a mulher indigente que tinha levado na sua barca e chegou a pensar que se tratava de alguma divindade, pois tanto poder não podia ser possuído por pessoa mortal. Efetivamente não andava muito desencaminhado Fáon nas suas apreciações, dado que aquela mulher que transportou na sua barca era a própria deusa Afrodite, que se tinha disfarçado de mendiga para provar a sensibilidade do barqueiro perante a desgraça alheia.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 23:04

Passou o tempo e todas as mulheres de Mitilene se apaixonavam por aquele belo jovem em que Fáon havia se tornado. Mas houve uma, uma especial, que tentou conquistar o coração de Fáon porque estava apaixonada; tratava-se da jovem e bela poetisa Safo. No entanto, Fáon fazia ouvidos surdos a qualquer pretensão e, cansado de receber tanta atenção por parte das raparigas de Lesbos, decidiu abandonar aquela região e estabelecer-se na Sicília. Mas Safo, que já não podia suportar a ausência daquele amor até a essa altura não correspondido, seguiu Fáon à sua atual residência e, uma vez lá, declarou-lhe o seu amor e recitou-lhe suas odes e ternos versos, compostos por ela própria, para ver se assim conseguia abrandar-lhe o coração. Mas Fáon tornou-se cada vez mais arisco e desprezou sem contemplação alguma o amor da desditada Safo, a qual decidiu pôr fim à sua vida por causa de tanto desamor e desprezo por parte do orgulhoso efebo; a jovem, como era costume aos desesperados, subiu decidida ao cume de um penhasco do monte Léucade e, sem pensar duas vezes, arrojou-se ao mar do alto para desaparecer entre as escuras águas do agitado mar. Em Lesbos, após a notícia de sua morte, todos choraram e, em sua memória, erigiram-se templos por toda a ilha, onde se lhe renderiam cultos e sacrifícios rituais, como a uma divindade. Além disso, cunharam-se moedas com a efígie da desditada rapariga, como recordação da sua auto-imolação.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 11/3/2021, 23:04

Entre as camadas populares da Grécia cresceu a admiração por aquela moça que tinha sido capaz de morrer de amor. E, entre a população culta, avaliaram-se e recitaram-se os seus odes e elegias, especialmente aquelas que tinham como tema principal a paixão amorosa. Até o seu nome figurou ao lado das nove Musas e o halo do lirismo que desprendiam as composições de tão singular poetisa estendeu-se por todos os cantos da ilha de Lesbos. Por todos os lados era venerada por causa dos seus versos carregados de sensibilidade e cheios de ardor e paixão, o que levou a população a considerá-la a “décima Musa”.

FIM
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Mensagem por Hermes Trismegistus 12/3/2021, 01:19

Cêix e Alcíone

Este mito se passara antes da época de Perseus, o matador da Górgona.

Quíone era filha de Dedálion. Seu avô paterno chamava-se Hésperos, filho do gigante Átlas e da deusa Éos. E seu avô materno era o rei dos Ventos, Éolos. Portanto, ela pertencia ao rol das divindades menores, e as Hespérides eram as suas primas.

Um dia, a ninfa Quíone, a “donzela da neve”, pois vivia nos bosques do Párnassos coberto de neve, recebeu a visita do deus Apolo, que a ela se uniu. E, na mesma noite, o deus Hermes, assumindo o aspecto de seu irmão, entrou também no Párnassos e uniu-se com Quíone.

Dessas duas uniões nasceram dois meninos: de Apolo nasceu Filámon, destinado a ser, como o pai, poeta, adivinho e músico, e de Hermes, Autólicos, o “próprio lobo”, que assumiria as características de seu pai: um renomado ladrão, rápido e astuto.

Quíone, extremamente orgulhosa pelos dois divinos amantes, ousou preferir sua fecundidade à castidade de Ártemis, ofendendo-a gravemente. A deusa, indignada, furou-lhe a língua com uma flechada, ferida que logo depois causou-lhe a morte.

Dedálion, o filho de Hésperos e da ninfa Filônis, sentiu tanto a morte de sua filha , que se precipitou do alto do Párnassos. O deus Apolo, compadecido, metamorfoseou-o em gavião.

Alcíone (Alkyónê) era uma das mais lindas donzelas de sua época, sendo umas das seis filhas da Praia e do Vento (Éolos, o rei dos Ventos). Amara um marinheiro tessaliano, que era também rei de Tráquis, e seu nome era Cêix, filho da ninfa Filônis e do deus Eósforos (o Lúcifer romano), o portador da luz e a estrela que anunciava o raiar do dia. (Este Cêix não deve ser confundido com aquele parente de Héracles). Ambos amavam-se apaixonadamente e em momento algum imaginavam separar-se. E o pai da moça, contente com a natureza do rapaz, deu sua filha em casamento. Casaram-se e foram muito felizes.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 12/3/2021, 01:20

Alcíone amava muito seu marido. Seu amor era tão intenso, que chamavam-se um ao outro Zeus e Héra. Uma homenagem aos deuses, talvez, mas um ultraje ao pretenderem comparar-se aos deuses. No entanto, amedrontado por oráculos nefastos, Cêix decidiu viajar para Claros, na Ásia Menor, onde existia um famoso oráculo de Apolo. E Alcíone, desconhecendo as intenções de seu marido, numa bela manhã, fez-lhe um convite para cavalgar, já segurando as rédeas de seu cavalo:

— Vamos cavalgar pelo campo, meu querido Zeus? Está um belo dia. Vê!

— Ah, perdoa-me, Alcíone, mas acho melhor ficar para amanhã. Hoje estou sem ânimo algum, pretendo descansar um pouco.

— O que está havendo? Onde está aquela alegria radiante que tu herdaste de teu pai? Há dias que andas perambulando por aí, como se uma grande tristeza te afligisse... Aliás, eu soube que andaste consultando oráculos. Não queres ser mais o meu Zeus e eu a tua Héra?

— É verdade, minha doce Alcíone, não estou sendo uma boa companhia para ti. Desde que meu irmão Dedálion morreu muitas coisas mudaram aqui em Tráquis; tenho a triste impressão de que os deuses me hostilizam. Eu estive, sim, consultando oráculos, e me parece que devemos deixar um pouco de lado esse negócio de “Zeus e Héra”. Isso pode ofender aos deuses.

— Tudo bem, eu entendo... meu querido Cêix. E isso é tudo?

— Não. Preciso fazer uma viagem a Claros, do outro lado do mar, para consultar o Oráculo de Apolo; só assim descobrirei que reais motivos têm os deuses para estarem desgostosos comigo.

Alcíone abraçou-o preocupadamente. Ela sabia que haviam outros santuários espalhados pela Hélade, e ouvia Cêix lhe dizer que teria que ir para tão longe. Ela, então, abraçada ao marido, deu as rédeas para o seu servo e acompanhou Cêix até o palácio, tentando confortá-lo:
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Mensagem por Hermes Trismegistus 12/3/2021, 01:20

— É natural que te sintas assim, querido! A morte de um irmão, afinal, não é coisa que se supere de um dia para o outro. Mas daí a pôr-te em mar aberto, sob a inclemente fúria dos Ventos, apenas para consultar um oráculo, já me parece exagero. Há muitos outros templos na Hélade...

Cêix escutou calado, mas seu semblante denotava uma obstinação ferrenha. E Alcíone voltou à carga:

— Não vejo com bons olhos essa viagem, ela me soa como um terrível presságio. Conheço perfeitamente a força das Tempestades, pois sou filha de Éolos, o rei dos Ventos. Quantas vezes vi do palácio de meu pai, nas altas montanhas da Eólia, navios serem jogados sobre os recifes, sendo feitos em mil pedaços, enquanto os destroços e os cadáveres trazidos pelas ondas se espalhavam horrivelmente mutilados pela praia. Foram muitos os funerais que realizamos.

— Muito embora tudo isto, Alcíone, ainda assim devo partir. Não posso negligenciar as ordens dos deuses.

— Tudo bem, então irei junto. Há lugar para mim, não há?

Cêix tomou o rosto de sua esposa em suas mãos e disse:

— Nada me daria maior prazer, acredita! Mas justamente pelas razões que tu acabaste de citar é que não posso me arriscar a levar-te.

Cêix, porém, tinha tanta experiência que, por mais que a esposa dissesse coisas ruins a respeito, não conseguia fazê-lo mudar de idéia.

— Conheço bem as correntes marítimas e os Ventos, querida. Meu barco é resistente, e ninguém veleja melhor do que eu. Além disso, o tempo está ótimo. E amanhã estará um dia maravilhoso, eu preciso empreender esta viagem.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 12/3/2021, 01:21

— Não nego que tu sejas um excelente navegante, meu amado esposo. Sei também que tu conheces bem o tempo e o mar. Mas houve vezes em que meu próprio pai foi apanhado de surpresa, apesar de ser o senhor dos Ventos. Sempre o ouvi dizer que, apesar de o dia estar calmo, que sempre há a possibilidade de desabar uma forte tempestade de um momento para outro. Portanto, eu te peço: ouve-me pelo menos esta vez e não entres no mar! Se pelo menos me deixasses seguir contigo, a teu lado, teria forças para suportar todas as adversidades que porventura sobre nós se abatessem.

Se Cêix tivesse visto as lágrimas nos olhos da esposa, teria feito o que ela lhe pediu. Mas, para seu desespero, a Confiança o cegava e o fazia surdo aos apelos. Estava comovido, mas decidido.

— Sei que a separação é difícil para nós, mas prometo que pelos raios de meu pai, Eósforos, da raça dos Titãs, que, assim que resolver tudo, voltarei antes da segunda lua nova.

E ela teve que conformar-se.

No dia seguinte, o dia amanheceu com algumas poucas nuvens brancas no céu. E o rei tratou de fazer os preparativos para a viagem. Mandou que lançassem às águas o navio e que substituíssem as antigas velas por outras novas. Quando tudo finalmente ficou pronto, Cêix abraçou fortemente a esposa e embarcou no navio com sua tripulação. Alcíone, em terra, ficou observando seu amado esposo, com o coração tão pesaroso que parecia estar prevendo tudo o que estava por vir. Ficou na praia, vendo Ceix acenando ao longe, até que o navio de Cêix desaparecesse no horizonte. E ela permaneceu ali por algum tempo, olhando para o vasto mar que se estendia triste e solitário a sua frente. Com um esforço tremendo girou devagar o corpo e tomou o caminho para o palácio, com as lágrimas descendo pelo rosto.

Alcíone, não conseguindo ocultar sua dor indizível, sussurrou ao Vento: — Adeus, meu amado!

E caiu desfalecida.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 12/3/2021, 01:22

Enquanto isso, os marinheiros manejavam os remos e alçavam as velas. A viagem transcorria tranquila, sem incidente algum. Porém, na metade do caminho, naquele dia, à noite, o tempo mudou de repente. Euros, o vento uivante do sul, começou a soprar furioso, coroando as ondas com uma espuma branca, e todos os Ventos entrechocaram-se, erguendo ondas. Nuvens negras empurradas pelos Ventos fecharam o horizonte, e o Mar transformou-se em um mundo de espumas brancas.

E o capitão do navio gritou:

— Depressa, baixai as velas! Amarrai-as com força ao mastro! Depressa, senão afundaremos!

Mas suas palavras ecoaram em meio ao estrondo da tempestade e das velas. Cada qual fazia o que lhe parecia melhor. Uns puxavam os remos para dentro, outros tapavam os buracos dos remos no convés; de um lado as velas eram arrancadas, e de outro a água que já entrara no navio era escoada. Em meio à confusão, aumentava a fúria dos ventos, que revolviam o mar até as suas profundezas. Atônito, o timoneiro estava paralisado em seu posto, sem saber o que fazer. A chuva caía com tanta violência que o céu parecia despencar no mar, e este, por sua vez, parecia lançar-se em direção às nuvens. A tripulação do navio, que era arrastado de um lado para outro, enlouquecia de terror, mas Cêix mantinha-se aparentemente tranqüilo, já que se rejubilava por ter Alcíone ficado a salvo daquele desastre que se abatia sobre o navio. O nome dela esteve em seus lábios até o momento em que as Moiras preparavam-se para cortar o fio da vida. Dentro de poucos minutos, após o mastro despencar, atingido por um raio, e o leme ser arrancado do seu lugar, as ondas tornaram-se altas como montanhas — e o barco de Cêix despedaçou-se. Cêix naufragou, agarrando-se a um pedaço de madeira do navio destroçado, e clamou pela vida ao próprio pai, mas foi tudo em vão: depois de ver-se engolido por duas ondas, dirigiu suas preces e aos deuses marinhos e seus pensamentos à sua esposa:
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Mensagem por Hermes Trismegistus 12/3/2021, 01:22

— Oh, minha amada! Que as ondas tenham piedade de mim, levando-te ao menos o meu corpo, para que possas, assim, fazer meu funeral e chorar por mim!

Então, viu a terceira onda que estava prestes a lhe engolir, e Ceix só conseguiu tempo de pronunciar suas três últimas palavras, conforme podia pronunciá-las:

— Alcíone! Alcíone! Alcíone!

E a furiosa onda fê-lo sucumbir. E seu pai divino, que não podia afastar-se do firmamento, cobriu o rosto com nuvens negras para não ver a morte do filho amado.

Alcíone mantinha-se ocupada, em casa, o tempo todo, tecendo um traje para o marido usar em seu retorno e outro para ela mesma, que assim se faria mais bela para recebê-lo. Várias vezes, durante o dia, orava aos deuses por ele, principalmente à deusa Héra. A mãe dos deuses comoveu-se com aquelas preces dirigidas a alguém que, não sabia mas, já havia morrido. Convocou então sua mensageira Íris, ordenando-lhe que fosse à casa de Hipnos:

— Íris, fiel mensageira, voa para o palácio do deus do sono, e pede-lhe para enviar a Alcíone um sonho através do qual ela possa inteirar-se da verdade sobre o destino de seu amado Cêix. Só assim poderá recomeçar a vida sem estar presa a uma enganadora promessa.

A mensageira Íris, após vestir seu traje multicolorido, voou para o país da Ciméria, através da estrada de sete cores, e chegou em um vale profundo que o radiante Hélios jamais conduzia os seus cavalos flamejantes. Naquele país corria o silencioso Létes, o rio do esquecimento, chamado outrora, pelos antigos, de “rio do azeite”, cujo murmúrio convidava ao Sono. Diante da porta, nas profundezas de uma enorme caverna, cresciam papoulas e outras ervas que induziam ao torpor dos sentidos. E Íris passou protegendo seu delicado nariz, para que não viesse a cair desmaiada devido ao seu aroma intensamente inebriador.
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