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Mitologia Grega

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Hermes Trismegistus
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 01:20

Esse mito daria um bom filme de terror. Mas passa sim uma excelente mensagem, como todo mito grego.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:12

Do nascimento de Zeus à Titanomaquia

CRONOS ENGOLE SEUS FILHOS

Depois que Cronos mutilou seu pai Uranos e assim que Prometeus criou a raça humana, cujo primeiro representante inteligente foi Foroneus, as conspirações no alto do Céu aconteciam enquanto os homens da Terra se multiplicavam, unindo-se às Ninfas que infestavam todas as regiões. Daí, surgiam Egiáleo, Pelasgos e Fegeus, filhos de Ínacos e Mélia, a mais abençoada das Oceânides. Os Ináquidas estavam destinados a reinar sobre todas as clãs, de sul a norte, de leste a oeste, e seriam conhecidos como os primeiros troncos da raça helênica. Porém, no alto do Céu, o reinado de Cronos, que havia começado por um ato de injustiça e violência, fez surgir as desgraças no mundo. Cronos embebedou-se com seu próprio poder.

— Aqui é assim; mando eu e ninguém mais.

Cronos gabava-se de seu poder o tempo todo, a ponto de suas palavras reverberarem noite e dia pelos céus.

Na tentativa de punir Cronos, a deusa Nix, a Noite, teve uma porção de filhos medonhos: Tânatos (a Morte) e seu irmão Hipnos (o Sono), a Mentira, os Íncubos (Pesadelos), a Guerra, Nêmesis (a Vingança), Guéras (a Velhice), Ftonos (a Inveja), as terríveis Queres (Kéres, os maus espíritos), entre muitos outros. Por isso, sentado no trono de seu pai, Cronos passou a reinar em um mundo dominado pelo terror, pela falsidade, pelo ódio, pela angústia, pela vingança e pela destruição. Foi a partir desses acontecimentos que tanto os homens quanto os deuses passariam a ser castigados por causa do crime cometido por Cronos.

Cronos, querendo ser respeitado pelas demais divindades do Universo, resolveu ter uma rainha, e tomou por esposa a Réia, sua irmã.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:12

Cronos e Réia reinavam sob vaga perdição, duvidosa profecia que consumava e assim dizia que Cronos, o senhor do tempo, governaria sem filhos, devorando, um a um, todo filho que nascesse. Com crença em outra verdade, isto se dava por temer, o duro rei, ser um dia destronado pela devida ambição de qualquer descendente, acontecendo com Cronos o que fizera a Úranos, seu pai e senhor do Céu. Constando que o mesmo Cronos, para subir ao trono, com a ajuda da mãe, havia castrado o pai, se casado com a irmã e dividido os poderes com os terríveis Titãs, seus irmãos, abocanhando vantagem. Daí, a maldição. Tal tragédia acontecia ainda por juras que o soberano fizera, assegurando aos irmãos que não deixaria herdeiros.

Sendo o deus do tempo, decidiu que seu reinado como senhor do Universo seria eterno. Adivinhando que Géa, sua mãe, não concordaria com sua resolução, resolveu agir sozinho. Ele sabia que Géa não acreditava no poder supremo de um único governante. Ela acreditava na mudança de épocas, no eterno movimento da vida; pensava que os jovens precisavam assumir o lugar de seus pais para renovar o mundo. Certamente, Cronos teria que ceder seu trono a um filho seu.

Certa feita, sua esposa, Réia, achegou-se lhe deu a notícia:

— Abraça-me, querido Cronos, pois serei mãe!

O velho Cronos, que estava mergulhado nos seus pensamentos, interrompido de repente pela alegria perturbadora de Réia, e encanecido no mando, esboçou um simples sorriso e resmungou:

— Muito bonito. Mas e daí?

— Ora, querido, daí que tu, meu esposo, será pai!

Esta última palavra despertou a fúria de Cronos. Pondo-se em pé, com os olhos acesos, esbravejou:

— Não quero ouvir falar mais nisso! Sai da minha frente, pois quero reorganizar meus pensamentos!

A praga que seu pai lhe lançara no dia em que o mutilara com a alfanje de diamante ainda ecoava em seus ouvidos:

— Que a minha maldição caia sobre ti, filho mau! Que um dia teus filhos façam a ti o que acabas de fazer a teu próprio pai!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:13

Géa havia afirmado a Cronos que um de seus filhos o mataria e tomaria seu lugar. Até mesmo o todo-poderoso Cronos começava a ficar amedrontado. Ele já não tinha mais tanta certeza que seu reinado duraria para sempre, pois, horrorizado, lembrava-se da maldição do pai e temia que os próprios filhos se voltassem contra ele, conforme ele próprio havia feito contra Úranos, e teria que tomar uma horrível decisão.

— Nada de filhos! Réia, vem aqui!

— Sim, meu esposo?

— Quando nascerá esta criatura que estás carregando? Vamos, diz!

— Nos próximos dias, Cronos querido...

— Pois assim que nascer, traze-o a mim.

Um sorriso saiu dos lábios de Cronos; Réia teve um temor em seu coração. Mas passou logo, convencendo-se que o esposo havia mudado de ideia e aceitado ser pai.

— Assim será, meu esposo.

Réia, correndo os dedos pelas madeixas, sorria candidamente, e não via a hora do dia de dar à luz o seu primeiro filho. De fato, como era comum entre os Olímpicos, a gravidez era breve, e muitas vezes indolor. Alguns dias depois, com efeito, nasceu o primeiro bebê. Réia deu-lhe o nome de Héstia. E Réia levou a criança recém-nascida diante do marido, que sussurrou com voz de mel:

— Deixa-me vê-la.

— Vê, querido, não é linda?

— Encantadora!

— Vamos, dá-lhe um beijo!

O velho deus tomou, então, a criança, envolta nos panos, e aproximou-a de seu rosto e de seus lábios.

— Dá mesmo vontade de engoli-la inteira.

E uma lágrima de ternura rolou pela face de Réia.

Num segundo Cronos abriu a bocarra, como duas portas do abismo, e engoliu inteira a pobre criança, que não teve nem mesmo tempo de soluçar. Réia deu um grito de horror.

Sem dar explicações, Cronos tomou a cabeça da esposa em suas mãos e exclamou:

— Nada de choros, hein? Nada de vinganças.

Depois, despediu-a, não sem antes adverti-la:

— E já sabes: nascendo outro, quero o bebê logo aqui. Vai!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:14

Cronos dava tapinhas na sua barriga cheia, como que parabenizando-se pelo engenhoso estratagema. Depois retomou o seu eterno refrão, agora com renovado prazer:

— E tu aí dentro, já sabes: aqui é assim, mando eu e mais ninguém!

O mesmo destino teve Deméter, que foi logo devorada. Foi entregue por Réia ao marido, que amedrontada obedecia. Réia estava tumultuada, vivendo seu desespero, tendo que parir alimento para o marido.

O NASCIMENTO DE ZEUS

Mas havia chegado o momento de Réia ter outro filho, e ela não sabia mais o que fazer, para salvar a criança, pois pressentia ser esse o último que teria. Resolveu, então, pedir ajuda a seus pais, Úranos e Géa, que aconselharam-na a deixar a criança nascer. E assim fez. Desceu ao monte Liceus, na terra dos pelasgos, onde nenhuma criatura projetava sombra, e, deu à luz um menino. E, logo que ouviu os gemidos de Réia, Cronos deu novos tapinhas na barriga e disse consigo mesmo:

— Temos nova peste.

O menino foi banhado no rio Neda. Encantada com o neto que nascia, a avó Géa foi até o lago de Móros, cujas águas previam o futuro, e observou seus reflexos, procurando descobrir o que a vida reservava ao último filho de Cronos e Réia. A face oculta do menino surgiu através da transparência das águas e, aos poucos, Géa notou que a cena ali estampada mostrava o pequeno como o futuro senhor do Universo.

Certa de que seu filho Cronos ficaria feliz em saber que seu poder seria herdado pelo próprio filho, comunicou-lhe o que o Destino lhe traria. Cronos enfureceu-se. Fez as horas começarem a correr e os homens a envelhecer, já que na Terra, nessa época, não existiam mulheres, só Ninfas. Para ele, desfrutar de um poder eterno era mais importante do que a vida de Zeus.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:14

Tentando proteger a vida de seu neto, voltou Géa ao lago mágico para descobrir o segredo do futuro. Ao fitar novamente as águas prateadas, percebeu que o futuro estava sempre em movimento e que o gênio que as habitava era uma espécie de conselheiro indicando-lhe as escolhas possíveis. A primeira cena mostrava a morte do pequeno Zeus. Afastou-o das águas, revoltada. Depois, reuniu toda a sua coragem e as observou mais uma vez. A segunda cena refletia sua própria imagem dentro de uma gruta. Foi então que ficou sabendo o que deveria fazer, dizendo à filha:

— Réia, entrega teu bebê para mim imediatamente. Cronos não pode vê-lo.

Chorando, a bela Réia passou-lhe a criança envolta num lindo tecido branco. Géa o abraçou com todo o carinho. Auxiliada pelo esposo Úranos, correu até uma gruta secreta do Egéon, nos montes Dicte, em Creta, na terra dos homens, um lugar escondido no coração da floresta. Lá chegando, escondeu o menino num canto aconchegante. Em seguida, confiou a guarda do menino ao pastor Olimpos, filho do velho rei Crés, que encarregou uma ninfa, Amaltéia, filha de Melisseus (ou Melidasseus), o rei de Lictos, para cuidar da criança, e logo, suas irmãs, Adrastéia e Ida, ajudaram a criar e alimentar o menino, longe dos olhos de Cronos, nutrindo-o com leite de cabra, propriedade de Olimpos. Logo juntaram-se a elas outras Ninfas, Cinossaura, Énoe, Hagno, Neda, Mélite, Idótea, Ega e Hélice.

Ao menino, as Ninfas deram o nome de Zeus, já que era o deus por excelência, o único entre os filhos de Cronos e Réia. Ele foi criado junto com Pan, seu irmão de criação. Pan pertencia à raça dos Sêmones. Diziam ter nascido da união entre Éter e a ninfa Ênoe, ou talvez fosse mais um dos filhos de Cronos e Réia, ou então um dos filhos de Úranos e Géa, pertencendo à raça dos Titãs.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:15

Em seguida, para guardar o antro, o rei Melisseus pôs à entrada um mastim de ouro com propriedades mágicas. E, para que os gritos de deus-menino não revelassem sua existência e presença a Cronos, a ninfa Amaltéia solicitou aos Curetes (Kurêtes) que dançassem em torno do recém-nascido, entrechocando suas lanças e escudos de bronze. Os Curetes, devido à violência de seu pai, Hecáteros (ou Sócos), que fixara residência na ilha de Eubéia, exilaram-se de lá com sua mãe, a ninfa Combis (filha do rio Ásopos), e passaram a errar pela Terra, até que Réia solicitou sua ajuda. Eram eles Príamos, Ocítous, Damneus, Melisseus, Ideus, Mimas e Ácmon.

Para que Cronos não encontrasse o menino, nem no céu, nem na terra, nem no mar, suspenderam o berço de ouro a uma árvore sagrada e misteriosa da gruta. E, para manter Cronos afastado de qualquer possibilidade de matar sua curiosidade, logo, um grupo de nove Coribantes (Korýbantes), filhos de Córibas e netos de Réia, passou a auxiliar os Curetes no ofício de encobrir o choro revelador de Zeus, encenando um ritual de guerra. Liderados por Célmis, os sacerdotes iniciaram uma dança de forma convulsiva, ao som de flautas, tambores e címbalos, enquanto os Curetes entrechocavam suas espadas e escudos. Diziam os gregos que os Coribantes chegavam a cair em transe e às vezes, no seu furor, mutilavam-se e realizavam cultos orgíacos, apesar de serem eunucos.

Cronos, por sua vez, perdendo qualquer desconfiança sobre os motivos de tanta algazarra, voltou sua atenção à ausência da esposa, que esperava outro filho.

Quando Réia secretamente regressou ao monte Taumásios, no país dos pelasgos, onde Cronos tinha um lugar de repouso, e para lá havia-se transferido, seguido de seus irmãos, Géa encontrou todos em polvorosa. O rei rosnava:

— Onde está meu filho? Onde está meu filho?
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:16

Cronos andava de um lado para outro, impaciente. Seu comportamento indicava que estava enlouquecido. Géa correu para Réia, que, temendo a desconfiança de Cronos, pôs-se a gemer fingindo estar sentindo as dores do parto. O terrível esposo acreditou que a criança estava nascendo e, entrando no quarto de Réia, aproveitou-se para repetir à esposa a ordem cruel:

— Acaba logo com isso, mulher, que não aguento ouvir essa barulheira! Entrega-me a criança assim que ela nascer!

Depois de dizer tais palavras, Cronos retirou-se. Assim que o marido virou as costas, Réia, obedecendo ao conselho das águas mágicas do futuro, com a ajuda de Géa, apanhou uma pedra branca — o Abadir — enrolou-a na toalha que usava para cobrir seus filhos recém-nascidos e entregou-a ao marido dizendo ser um menino. Sem ter a menor suspeita nem cerimônia, Cronos transformou-se num gigante imenso e, no mesmo instante, engoliu o pacote inteiro, tamanha era sua gula. E disse, limpando a boca com a parte de trás da mão:

— Este é o último, ou tem mais?

Convencido de que havia destruído o próprio filho, a quem via como um rival, deixou a esposa em prantos — fingidos, certamente, e foi sentar-se em seu trono dourado, alegre e satisfeito, pois ninguém mais o ameaçava, sempre repetindo:

— Bom mesmo é minha voz retumbando: aqui é assim, mando eu e ninguém mais!

E, assim que nasceram mais três crianças, Réia salvou-os da melhor forma possível, substituindo seus filhos. Cronos devorou Héra — ou pelo menos pensava que fosse Héra, já que Océanos e Tétis conseguiram salvá-la — depois foi a vez de Hádes, mas foi substituído por uma menina que nascia em seguida, chamada Glauca, que não conseguiu livrar-se da gula de Cronos. Poseidon foi salvo pela mãe e escondido num estábulo (na terra dos pelasgos), sob a forma de um potro recém-nascido, e em seguida entregue aos cuidados dos Télquines e da ninfa Cáfire, uma das Oceânides, que o criaram numa ilha chamada Telquínia (Rodes).
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:17

A PEQUENA HÉRA

Réia queria salvar a pequena Héra da fúria de Cronos, o pai terrível que devorava seus próprios filhos, sem matá-los, mantendo-os para sempre prisioneiros dentro de si. Mas precisava mantê-la distante de Cronos.

— Tenho um pressentimento de que a ela está destinado um lugar de honra na corte celestial. Preciso salvá-la...

Imaginava Réia que sua filha excederia em beleza e poder todas as outras filhas do Céu. Inquieta, sem saber o que fazer para afastá-la da gula insaciável de Cronos, olhou para o horizonte, em direção do Ocidente, e percebeu um fulgor imenso.

— Sim! Levarei minha menina para o país das Hespérides! Tétis cuidará dela como sua filha.

Réia, num momento de distração de seu esposo, foi ter com Tétis e as Ninfas da ilha de Antília, onde moravam.

— Querida Tétis, preciso entregar-te a minha bela filha, pois somente aqui ela estará em segurança.

As deusas abriram um largo sorriso, enquanto Tétis, a filha de Úranos, envolvia em suas vestes esvoaçantes a pequenina deusa. E disse-lhe:

— Vai em paz, rainha. Nós faremos de tua filha a mais graciosa e poderosa das deusas.

E Héra respondeu apontando seu dedinho para o céu.

A INFÂNCIA DE ZEUS

Durante aqueles terríveis anos, tempo em que o rei Cronos havia perdido o controle sobre os males espalhados pelo mundo, o nascimento de Zeus foi uma nova esperança, e o fato de ele sobreviver revelou o início de uma nova era.

Todas as divindades de Creta empenharam-se a tomar conta do bebê nascido na caverna do monte Dicte. Era como se uma voz interior houvesse revelado a essas divindades que o menino seria o libertador do mundo. As Dríades dos bosques e as Ninfas filhas de Melisseus cuidaram dele com especial carinho, colocando-o em um berço de ouro e, para que dormisse, ninavam-no cantando. Toda a vez que a criança acordava, elas se inclinavam sobre o berço e voltavam a cantar as mais lindas melodias.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:17

Certo dia, assim que as amas de Zeus começaram a limpar a poeira do antro onde o menino se ocultava, do pó que passou por entre seus dedos surgiram os Daktyloi idaiou, Dáctilos ideus, que passaram a divertir o pequeno deus, e eles criaram, assim, os Jogos Olímpicos.

Os seres da floresta também adoravam o pequeno deus e estavam sempre prontos para servi-lo. As próprias abelhas, as “melissas”, mostravam seu amor ao pequenino Zeus, todos os dias, trazendo-lhe mel.

Mas dentre tantos, o animal que mais serviços prestou ao deus foi uma cabra, “aix”, por muitos chamada Amaltéia (Amaltheya), tirada de sua dona, a princesa Amaltéia, filha do rei Melisseus. A cabra, de pelos espessos, tinha o aspecto tão medonho, que os Titãs, temendo-a, pediram a Géa que a escondesse numa caverna de Creta — talvez sua doçura os assustava. Ela foi encontrada pela princesa Amaltéia, que resolveu tomá-la para si. A bondosa cabra gostava do pequenino como se fosse sua cria, dava-lhe seu leite e cobria-o com carícias maternais. Sempre que o menino ia brincar, ela ficava por perto vigiando. Zeus também a amava. Não havia maior alegria do que brincar com ela ou passear em seu lombo. Amaltéia, por sua vez, dócil e paciente, a tudo topava.

Um dia, porém, o pequeno Zeus agarrou-se tão forte a um dos chifres da cabra que, quando notou, ficou com ele na sua mão. Amaltéia ficou desolada e olhou-o de um modo reprovador. Triste com sua falta de cuidado, o pequeno deus pediu a Amaltéia que não ficasse aborrecida. Prometeu-lhe que transformaria o chifre arrancado na Cornucópia, o Corno da Abundância, e dele haveria de sair todos os frutos que Amaltéia desejasse.

De fato, foi isso mesmo que aconteceu, tão logo Zeus conseguiu dominar o seu poder mágico. Toda a vez que a cabra Amaltéia virava a Cornucópia, saíam centenas das mais deliciosas frutas: figos, uvas, maçãs e tudo o mais que a cabra desejasse.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:18

Os animais da floresta brincavam com Zeus, as princesas Ninfas e as Dríades davam-lhe muitos presentes. Um deles — o da ninfa Adrastéia — era uma belíssima bola de lã com anéis de ouro. Quando o menino a atirava, a bola deixava para trás um rastro luminoso semelhante ao de uma estrela cadente. Zeus adorava aquele presente.

QUÍRON, O FILHO DE CRONOS

Certo dia, Cronos, acreditando ter direito de abusar de sua vontade sobre todas as criaturas da Terra, como senhor do Universo, viu na região da Hemônia uma das filhas de Océanos, Fílire, do alto do Céu, e desejou possuí-la, e pôs-se a persegui-la. A ninfa oceânide foi abrigar-se numa ilha distante, no oriente, próxima à cadeia do Cáucasos; ela chamava-se ilha de Cronos. Ela, para despistar o seu perseguidor, metamorfoseou-se numa égua, mas o rei e senhor dos Titãs conseguiu encontrá-la nessa situação, por isso metamorfoseou-se também num garanhão e cobriu-a.

Porém, ali mesmo, a rainha do Céu, a titânida Réia, surpreendeu os dois amantes, e Cronos, o pai dos deuses, saltou das costas de Fílire. Ela também fugiu, envergonhada, para o monte Pélion, na Hemônia, onde nasceu dessa união o centauro que ela pôs o nome de Quíron, ao passo que a ilha de Cronos passou a levar o nome de ilha de Fílire. No entanto, ao ver a monstruosidade a que dava à luz, um menino com corpo de potro, repudiou-o, e os deuses, para castigá-la, transformaram-na num limoeiro, para que não tivesse memória nem consciência, amargando para sempre na Terra. O pequeno Quíron foi recolhido e levado ao Olimpo, aonde com eles viveu por muito tempo.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:19

Quíron, desejando entender o Universo, começou a ler os pergaminhos das bibliotecas do Olimpo, adquirindo um conhecimento imenso de todas as artes. Mais tarde, passou a educar os filhos dos deuses e, em recompensa, Zeus lhe deu a Imortalidade, tornando-se também um deus, diferente dos demais Centauros existentes na Terra. E, mais tarde, retornando ao seu lugar de origem, o Pélion, haveria de se tornar mestre de grandes heróis, como Teseus, Héracles, Cástor, Pólux, Peleus, Télamon, Orfeus, Enéias e Aquiles. Versado em medicina, botânica, astronomia, ética, música, adivinhação e ritos religiosos, Quíron educaria os jovens heróis com base nos dons individuais, preparando-os para cumprirem seu destino.

ZEUS CONHECE HÉRA

Nos domínios do Oceano, o tempo passou e a pequena Héra cresceu, tornando-se deusa de maravilhosa beleza. As Hespérides eram unânimes em reconhecer este seu atributo, que fazia par com o da perfeita sapiência.

— Vede, irmãs: os animais e mesmo as flores parecem ficar felizes tão logo sua presença se anuncia.

A jovem Héra, contudo, apesar de estar satisfeita naquele lugar paradisíaco, ambicionava mais alto. Com os olhos postos no céu, suspirava todos os dias:

— Tudo é belo... mas eu queria mesmo era ser rainha do céu.

Longe do perigo, a pequena e bela deusa cresceu extremamente solitária, apenas tendo a companhia de seus pais adotivos e dos animais que lhe tinham como amiga.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:19

No entanto, um dia de primavera, o deus-menino encontrou-a fora de seu esconderijo, no monte Ida, bem longe da ilha das Hespérides, às margens de um rio, na ilha de Creta. Costumava perambular, seguro de si, de um lado para outro. Mostrou-se muito interessado por uma jovem que vira, chegando a pensar que fosse uma das inúmeras deusas do mar que costumavam visitar as praias de Creta. Não demorou muito a se apaixonar, quando então soube ser a filha do malvado Cronos, o rei do Universo. Juntos, conversaram durante horas. Falavam sobre o triste passado e futuros alegres. Héra sentiu-se feliz por conhecê-lo. E Zeus já estava tão apaixonado que não podia mais esconder seus sentimentos, e declarou -lhe todo amor e desejo que por ela sentia. Apenas ouviu-a recusar, mesmo que docemente, e mesmo depois de múltiplas tentativas.

Porém, Zeus não sentiu-se derrotado. Sabia que teria muito tempo para conquistá-la. Mas, talvez, para isso, teria que realizar alguma façanha que o fizesse merecer.

Enquanto crescia Zeus e reinavam os grandes reis Pelasgos e Melisseus na terra dos homens, surgiram os filhos de Foroneus, entre os quais Ápis, Pelasgos II, Lircos e uma moça, Níobe, a primeira até então semelhante às Ninfas, foi assim considerada por todos, como uma bênção, de raça imortal. Surgiram também Licáon, filho de Pelasgos e sobrinho de Foroneus, que estava destinado a tornar-se um dos reis mais poderosos de toda a Terra, e Têmenos, seu irmão, que haveria de cuidar de Zeus-Infante e continuaria a educação da bela e jovem deusa Héra. Mais tarde, construiria três santuários a ela consagrados.

ZEUS E A ÁGUIA

Zeus cresceu desfrutando das belezas da Natureza, caminhando pelos campos e praias, nadando em águas salgadas. O tempo foi passando, e Zeus tornou-se um jovem bonito, forte e corajoso.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:20

Havia ainda uma águia inteligente e encantada, que gostava muito do jovem deus. Ela sempre lhe trazia para beber o néctar de terras distantes, situadas do outro lado do Oceano. Todos os dias vinha de todas as partes do mundo contar novidades e instruir o jovem deus sobre as coisas da vida. Às vezes, contando-lhe histórias dos lugares que havia visitado, fazia-o sonhar. O garoto ficava ouvindo, olhos muito abertos e, com isso, aprendeu muitas coisas. As Ninfas e as Dríades viviam encantadas com a sabedoria do rapaz. Zeus crescera em pouco tempo, e chegava a hora de encontrar o seu caminho.

— Jovem Zeus, já é hora de saber sobre o terrível perigo que tu corres. Deves saber, antes, sobre todo o drama que passaste ao nascer.

E continuou:

— Tu és o filho de Cronos, o mais poderoso deus do Universo. Teu pai engoliu todos os teus irmãos, temendo que eles lhe tomassem o trono.

A águia, então, narrou ao deus tudo o que havia acontecido no Céu, antes dele ter nascido, tudo pelo que passara sua mãe e os acontecimentos acerca de seu nascimento. Nada escondeu, tudo revelou. E concluiu:

— Vai e liberta os teus irmãos da negra prisão em que se encontram, para que tu possas assumir o lugar de teu pérfido pai no comando do mundo.

Disse isso estendendo as longas asas, para enfatizar suas palavras. Mas deixou-o a par ainda que o seu pai havia sido aprisionado nas entranhas da Terra por Ógigos, o primeiro dos Titãs. Por isso, para poder realizar o seu intento, era necessário libertá-lo e conquistar a sua confiança.

Zeus, que era um rapaz extraordinariamente forte e corajoso, acatou imediatamente a sugestão de sua fiel conselheira. Assim, seguro de que descobriria um modo de realizar o seu sonho, mais um motivo para atrair a sua irmã Héra para si, Zeus imediatamente partiu de Creta.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:21

ZEUS E MÉTIS

Enquanto Ógigos (ou Ófion) foi expulso do Céu, Érebos, por ter auxiliado os Titãs, foi transformado em rio e precipitado no Orco. Ógigos e Eurínome foram, então, pedir asilo ao titã Océanos, nas profundezas do mar, e lá passaram a viver.

Zeus, chegando perto de um rio, além das fronteiras do mundo, encontrou um velho deus: era seu tio Océanos. Assim que o titã avistou o jovem deus, adivinhou quem ele era e o que desejava fazer. Océanos curvou-se diante de Zeus e pediu-lhe perdão por ter dado asilo a Ógigos e Eurínome. O jovem deus, reconhecendo a nobreza de Océanos, concedeu-lhe o perdão, e o velho ofereceu seus préstimos:

— Eu te ajudarei, meu rapaz. Mas, antes de mais nada, tu precisas libertar teus irmãos que continuam prisioneiros no estômago de teu pai, que é senhor do tempo e a tudo destrói.

Percebendo o olhar de aprovação do jovem deus, Océanos chamou sua filha Métis, uma esperta ninfa que conhecia o segredo de todas as plantas do mundo. Era muito bela, o que fez brilhar os olhos de Zeus. Zeus contou-lhe, então, que precisava de algo que obrigasse Cronos a devolver a vida aos filhos que havia engolido. Os olhos penetrantes de Métis fitaram-no por alguns instantes antes que lhe dissesse o que fazer:

— Tu tens irmãos, Zeus, e precisas salvá-los. Eles foram engolidos por teu pai, que temia que lhe tomassem o trono, mas não estão mortos, e tu poderás trazê-los de volta. Necessitarás da ajuda deles para conseguires conquistar o lugar que te pertence. Deves apresentar-te diante de teu pai como um simples mortal e dar-lhe esta poção.

Métis, a Prudência, entregou-lhe um lindo frasco de cristal, contendo um líquido brilhante, e prosseguiu:

— Esta poção, à base de mostarda e sal, foi preparada por Hécate, a pedido de tua mãe. Quando Cronos bebê-la, teus irmãos desaparecidos ressurgirão. Juntos, vencereis Cronos e os Titãs. Tu conseguiste conquistar a confiança de Cronos, e facilmente poderás servir de escanção ao senhor do Universo.
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Mitologia Grega - Página 24 Empty Re: Mitologia Grega

Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:21

— E onde posso encontrar o meu pai tirano?

— Cronos governa o Universo e possui inúmeros palácios. Se te apressares, o encontrarás no monte Taumásios, na terra onde vivem os pelasgos. Antes, procura tua mãe Réia, que te ama mais do que tudo. Dize quem és e fala tudo que sentes, e terás a melhor das aliadas.

Zeus, muito grato, lhe prometeu:

— Lembrar-me-ei de ti e de teu pai quando eu me sentar no trono de Cronos.

— Não te sentarás no trono de teu pai, nem governarás nos antros obscuros, mas, a seu tempo, terás um trono só para ti e um palácio construído em tua honra. Iniciarás uma nova geração de deuses e sobre eles reinarás até o fim dos tempos.

ZEUS DIANTE DE CRONOS

Zeus foi ao monte Taumásios, entrou no luxuoso antro do rei Cronos e aguardou na fila de indivíduos que lhe pediam favores: para fazer voltar o tempo, para retardar o tempo ou para apressar o tempo... Era o último da fila,e Réia viu-o e reconheceu-o. Abraçou o filho e, temendo por sua vida, lhe falou:

— Filho, o que fazes aqui? Se fores reconhecido por Cronos, serás aprisionado no Tártaros das trevas eternas!

— A deusa Métis enviou-me a ti.

— Métis?! Então, é chegada a hora... Te tornaste um deus forte e valente. Eu esperava que um dia irias aparecer diante de teu pai, e este dia chegou... Mas não poderás enfrentar Cronos de mãos vazias, precisas da foice que tanto mal fez ao desconsolado Úranos...

— Não, minha mãe, não agirei da mesma forma que meu pai agiu contra o nosso ancestral. Entrega a foice ao ser humano, para que bem a utilize nos campos. A boa deusa deu-me este frasco...

Réia baixou os olhos, e sem pensar duas vezes, tomou o frasco e, em seguida, entregou ao filho uma taça de pedras preciosas, cheia do precioso néctar misturado com a poção misteriosa.

— Vai, sê generoso e dá a Cronos o que ele merece. E não te esqueças de recompensar Métis pelos seus serviços.

Quando chegou sua vez, entre deuses, gênios, Titãs e Ninfas, Cronos surpreendeu-se:
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:22

— Um indivíduo da terra dos homens?! O que fazes nos domínios de Cronos? O que desejas, mortal? Pretendes adiar o tempo de tua morte? Pede, e Cronos te atenderá...

Zeus modestamente declarou:

— Nada desejo, senhor do Universo e mestre do tempo. Quero apenas homenagear-te e servir-te a mesa. O Tempo tem sido bondoso comigo, pois durante toda a minha vida só me senti feliz.

Curioso e muito contente com aquele ato de consideração, principalmente por ser um ser comum, adquiriu simpatia com a raça dos homens, aceitou-o e fê-lo seu escanção oficial. E Zeus ofereceu-lhe a bela taça contendo um líquido brilhante de um aroma muito agradável.

— O que é isso, meu jovem? Que espécie de néctar é este, que tem o brilho de todas as cores e se perfuma de todos os odores? Parece maravilhoso...

Zeus baixou o olhar em sinal de reverência, e disse:

— Uma bebida de sabor inigualável, feita com o doce mel de abelhas. É um néctar como nunca houve igual. Um presente para a Vossa Majestade.

Cronos sorriu e aspirou longamente o perfume. Zeus olhou para o chão, tentando ocultar sua ansiedade. De um só gole, Cronos bebeu o conteúdo da taça. Estalou os beiços, achando maravilhosa a bebida que lhe foi oferecida. Era mais doce que o mel, mais puro que o néctar. Durou pouco, entretanto, o prazer, pois logo em seguida o velho começou a praguejar:

— Mas o que é isto? Estou sentindo náuseas!

E logo em seguida começou a contorcer-se. Levantou-se com as mãos na altura do estômago e abriu a boca, convulsivamente; dela saiu uma toalha e uma pedra à mostra; e, em seguida, saltaram minúsculos bebezinhos, pelo menos quatro deles. Iluminados por raios de luz e, contrariando todas as leis do Tempo, as crianças cresceram numa fração de segundos. Livres, Héstia, Deméter e mais dois deuses sem nome correram a abraçar o seu salvador. Glauca jamais saiu da barriga de Cronos.

E Zeus desafiou com altivez e confiança:

— Exijo, Cronos cruel, que tu deves ceder-me agora o cetro do mundo!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:23

— Como ousas levantar mão ímpia contra mim, o soberano do mundo? Quem és tu, mortal insolente? Por muito pouco me fizeste amigo de tua raça, mas agora pagarás caro por tamanha afronta!

— Sou Zeus, o mais novo dos teus filhos, e tu não conseguiste me devorar! Fui há muito tempo substituído por uma pedra, e de pedra se tornará meu coração se não renunciares!

Cronos arregalou os olhos. No momento em que percebeu que havia sido enganado, era tarde demais.

— Mas isto é o fim dos tempos! Como te atreves?! Conspiram contra mim!

Cronos, então, com fúria no coração, partiu para cima de Zeus, quando surgiram ao seu lado seus irmãos Poseidon e Hádes, que instantaneamente se posicionaram para protegê-lo. Cronos, então, invocou o auxílio de seus poderosos irmãos, Hiperíon, Jápetos, Céos e Crios, que prontamente surgiram ao seu lado. Não podendo enfrentar os Titãs de mãos vazias, já que eram demasiadamente poderosos, Zeus e seus irmãos retiraram-se às pressas para reunir forças.

Zeus contou com o auxílio de seus irmãos e demais deuses. Não estiveram sozinhos na batalha que iriam travar. Aliaram-se a eles o poderoso Océanos e seus filhos, que lutavam pela ordem, pelo trabalho e pela paz, respectivamente a poderosa oceânide Estige e seus filhos Cratos, Zelos, Bia e Niqué, que foram os primeiros a prestarem auxílio a Zeus. Outro aliado foi um deus que gostava muito da raça humana: Prometeus, filho do titã Jápetos, que resolveu ir contra o seu próprio pai em prol da humanidade.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:23

Cronos era o senhor absoluto do tempo. Embora Zeus e seus irmãos fossem poderosos, seus movimentos foram retardados pela lenta passagem das horas, e sua luta chegaria até ao décimo ano terrestre. E a mãe-Terra profetizou a vitória de seu neto Zeus, se ele tomasse como aliados aqueles que Cronos confinara no Tártaros. Por isso, Zeus, antes de desafiar os Titãs num corpo-a-corpo, desceu secretamente ao Orco e, com a foice de Cronos, que lhe havia entregue a mãe Réia, cortou as correntes que prendiam os Cíclopes, fortaleceu-os com néctar e ambrosia e levou-os até seus exércitos. Gratos pela generosidade de Zeus, os Cíclopes fabricaram para ele e seus irmãos armas especiais: a Zeus, os raios e os trovões; a Hádes, o capacete mágico que o tornava invisível; e a Poseidon, o poderoso tridente, cujo poder, inserido pelos deuses Télquines, rompia terras e águas.

A maior proteção de Zeus, porém, era o manto que usava nos ombros, a pele de Amaltéia, a cabra sagrada que o havia criado no monte Dicte. Essa pele mágica — a Égide — protegia-o contra todos os perigos. Por isso, graças a Amaltéia, Zeus jamais seria ferido.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:24

Havia uma divindade chamada Arcé. Ela era filha de Taumas e Electra. Assim que os deuses fizeram seus preparativos, resolveu tomar partido ao lado dos que imaginava serem os mais fortes: os Titãs. Apesar dos conselhos controversos de sua irmã Íris, não deu-lhe ouvidos e foi ter com o rei Cronos. Quando Cronos soube dos preparativos de Zeus, reuniu os Titãs em Ótris, a montanha protegida por gigantescas pedras e que serviam de muralha contra os ataques inimigos. Se preciso fosse, eles poderiam rolar, lá do alto, as pedras para derrotarem os atacantes. E, reunindo também outros Titãs, seus sobrinhos, escolheu entre eles um comandante, Átlas, e deu-lhe a autoridade de lutar na vanguarda de seu exército. Átlas, trazendo consigo seu fiel mastim, Ortros, filho de Tífon e Équidna, prontamente se apresentou. Em seguida, Cronos, temendo que Zeus contasse com o auxílio dos Hecatônquiros, transferiu-os ao mais profundo e negro abismo do Tártaros sob a guarda da terrível Campê.

Aconselhados por Métis, Zeus e os demais deuses escolheram como campo um lugar do monte Olimpo. E profetizou que ali haveriam os deuses de construir a sua sede, um palácio magnífico e o seu santuário.

Antes de começar a luta, os deuses reuniram-se ao redor de um altar construído pelos Cíclopes e juraram lutar por um mundo mais justo, melhor. Para alcançar o objetivo, prometeram que dariam toda a sua força e até a última gota de seu ícor — o sangue divino — se assim fosse preciso. Depois, ergueram as lanças e, com um grito de guerra que estremeceu todo o Olimpo, investiram em direção dos Titãs, no monte Ótris.

O titã Prometeus, a exemplo de Océanos, Réia e Métis, resolveu não combater contra os deuses, mas ajudá-los, opondo-se à tirania de Cronos. Prometeus advertiu seus tios, primos e irmãos Titãs de que Zeus deveria ganhar a guerra. Epimeteus resolveu seguir o conselho do irmão, mas não Mênetos e Átlas, comandantes do exército de Cronos.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:24

Foi assim que começou a Titanomaquia, a batalha dos Titãs. Ela iria durar dez longos anos, na concepção dos deuses, o que poderia ter sido séculos ou milhares de anos, e varreria o mundo inteiro com seus efeitos destruidores.

A TITANOMAQUIA

Pouco a pouco, espessas nuvens negras esconderam o Sol, o dia escureceu e o vento transformou-se em furacão uivando como um milhão de demônios. As nuvens corriam pelos céus, chocavam-se uma às outras como se também estivessem lutando. De repente, a Terra foi sacudida pelos ensurdecedores trovões de Zeus, e os relâmpagos cegavam cortando os céus em todas as direções. Faíscas caíam como chuva no campo de batalha dos Titãs. Para se defender, com sua incrível força, os Titãs atiravam gigantescas rochas contra os inimigos.

E uma voz espantosa ecoou, vinda do alto do Olimpo, sobrepondo-se à massa inteira de ruídos:

— Irmãos de nobre causa, desçamos até onde rastejam estes vermes!

Zeus saltou das nuvens, dando grandes brados de fúria, e os deuses avançaram em direção ao monte Ótris e, abrindo o caminho com os braços e rangendo os dentes, com espadas e lanças, caíram em cima dos Titãs.

— Amantes da nobre verdade, recebamos as aves de rapina que descem dos céus, tal como elas merecem!

Eles lutaram como leões enlouquecidos. Grande era o ódio de ambos os lados, e não havia a menor piedade entre os que lutavam. A Terra era sacudida por terremotos, incêndios destruíram as florestas, a água do mar fervia e o mar ficou denso de fumaça enegrecida.

O barulho da batalha era ensurdecedor! O entrechocar de armas e o estrondo da batalha em terra confundiam-se com os gritos selvagens dos guerreiros. Tão forte era o uivo do vendaval que chegava a sufocar o ribombar dos trovões de Zeus.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:25

Durante essa batalha, as forças de Zeus atingiram o monte Ótris tanto pela costa quanto pela planície da Tessália. A certa altura da luta, os Titãs lançaram sobre os inimigos uma nuvem de vapor sufocante e, assim, obrigaram-nos a voltar para o monte Olimpo. A retirada, porém, não durou muito tempo. Reagrupando as forças, os deuses voltaram a descer o monte. A batalha recrudesceu novamente transformando a Terra, os mares e os céus num verdadeiro inferno. Entretanto, nenhum dos lados levava vantagem.

Os combatentes, misturados num pavoroso ataque corporal — atirando às cegas, uns contra os outros, cutiladas, raios, rochas imensas, vapores sufocantes e dentadas — assim estiveram por uma eternidade. Num certo tempo, Zeus, a conselho de Géa, sua avó, temendo que o inimigo estivesse ganhando terreno, anunciou um novo propósito:

— Companheiros, libertemos do Tártaros profundo os poderosos Hecatônquiros!
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:25

O poderoso Zeus, então, liderando os deuses, entrou nos Infernos, espantando os demônios que os infestavam, e matou a terrível Campê, a velha carcereira, que mantinha a guarda dos Hecatônquiros. Tomando a foice de Cronos, que tinha em seu poder graças a Réia, rompeu os grilhões que mantinham estas colossais criaturas presas ao abismo, conseguindo-os libertar. Chamavam-se Briareus, Cótos e Gias, e assim que surgiram das sombras, amedrontaram os próprios deuses. Zeus, então, fortaleceu-os com néctar e ambrosia, depois pediu-lhes que expressassem sua gratidão participando da guerra contra os Titãs. Cótos prometeu, em nome dos três, que assim o fariam. Vendo-se livres, os Gigantes, altos como as montanhas, abriram uma enorme fenda no chão, por onde saíram, como um vapor negro subindo de uma cratera, e atiraram-se furiosamente à luta. Os Hecatônquiros armaram-se, cada um, de pelo menos cem grandes rochas, uma em cada mão. Seus urros de ódio encheram de pavor a Terra, e os próprios Titãs tremeram ao ouvi-los. Pareciam terremotos a sacudir os alicerces que sustentavam o firmamento, que ameaçavam ruir. O urro colossal, partido de cento e cinqüenta bocas, atroou todo o Universo.

Os Titãs defenderam-se com tanto entusiasmo que a Terra estremeceu e se abriu deixando à mostra o mundo subterrâneo de Tártaros.

A destruição, porém, atingiu o máximo quando os Titãs e os deuses lutaram face a face. O fortíssimo terremoto provocou uma terrível devastação, as montanhas afundaram-se no mar, o mar cobriu as terras e os raios de Zeus partiram os rochedos aos pedaços. O fogo queimava tão alto que suas línguas lambiam o Céu. A pavorosa batalha deu a impressão de que toda a Terra estava sendo tragada para as profundezas de Tártaros, e de que o Céu ameaçava despencar, fazendo ruir seus alicerces.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:26

A luta mortal entre os dois exércitos durava nove anos. E, no décimo ano, a força dos Titãs diminuiu, iniciando assim a implacável perseguição nas terras e nos mares. Exaustos, sem defesa, na tentativa de escapar à horda inimiga, os Titãs fugiram. Os deuses, porém, levando a destruição da guerra, perseguiram-nos até os últimos limites do Oceano ou os pontos mais escondidos da Terra.

Por fim, os Titãs voltaram para seu território. E aí conheceram a derrota. Em um confronto final, como um furação destruidor, os deuses atiraram-se contra os inimigos. Desesperados, os Titãs tentaram defender-se na baía. A Terra e o Céu se encontraram, o fogo e a água participaram da luta, ficou tão forte a escuridão que não se sabia a diferença entre o Dia e a Noite.

Como se o Caos e a destruição ainda não bastassem, os temíveis Hecatônquiros armaram-se com trezentas pedras enormes e atiraram-nas de uma só vez sobre os Titãs. O mundo jamais foi sacudido por terremoto tão violento. Depois, ao cessar o terremoto, um estranho silêncio tomou conta de tudo...

Havia terminado a batalha. Os Titãs tinham sido derrotados. Cronos sentiu-se iludido por sua mãe, Géa, que a todos controlava, e então foi vencido pela força de Zeus e seus irmãos. Hádes, invisível pelo poder do elmo, arrancou as armas de Cronos, que ainda resistia, enquanto que Poseidon ameaçava-o com seu tridente.
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Mensagem por Hermes Trismegistus 14/3/2021, 14:26

Por sua vez, Zeus lançou o raio e jogou-o ao chão. Acorrentados os Titãs pelos terríveis Hecatônquiros com pesadíssimas cadeias, foram atirados pelos Deuses nas profundezas do Tártaros. Depois, fecharam a horrível prisão com fortes portas de ferro e ali deixaram como vigilantes os próprios Hecatônquiros. Viu-se, então, o velho Cronos despido de seus poderes. Sombrio, vagando prisioneiro, na estranha escuridão do Tártaros malfadado, com seus irmãos Titãs, onde passaram a viver horrores desconhecidos dos homens. Nesse lugar, sonhando em novamente ver a luz do Sol, os Titãs haveriam de permanecer prisioneiros para sempre. E com estes foi-se a geração de homens maus da Geração de Prata.

Então, Zeus resolveu recompensar Estige, que muito contribuiu para a vitória dos deuses, especialmente para a vitória final. Zeus concedeu que ela fosse a garantia dos juramentos solenes pronunciados pelos deuses. Deu-se também o nome de Estige a uma fonte da terra dos pelasgos, a qual nascia num alto rochedo e perdia-se nas entranhas da Terra. Suas águas tinham propriedades mágicas: eram um veneno mortal para homens e animais; corroíam e destruíam tudo que nelas fosse lançado. E essa fonte daria origem às águas infernais do Estige. Quando um dos Imortais quisesse se ligar por um juramento solene, Zeus enviaria ao Hádes a mensageira Íris, que traria uma porção de água fatídica para que servisse de testemunha ao juramento. O perjúrio, segundo as ordens de Zeus, seria considerado como falta muito grave e séria, e a punição seria terrível: durante um ano o deus criminoso seria privado de sopro, de ar, de espírito e lhe seriam negados o néctar e a ambrosia. E não seria só: nos nove anos subsequentes o culpado permaneceria afastado do convívio dos Imortais e não poderia participar de suas assembleias e banquetes. Só haveria de se reintegrar na posse de suas prerrogativas no décimo ano.
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